O GLOBO, 24 de janeiro de 2011
Um estudo feito por um especialista da Uerj e divulgado domingo pelo "Fantástico", da TV Globo, constatou que a água de um rio, a lama e o ar de Nova Friburgo, a cidade mais atingida pela enxurrada, estão altamente contaminados e oferecem risco à população. Mais de uma semana após a tragédia, Gandhi Giordano viajou ao município para apontar as principais doenças a que os moradores estão expostos. O primeiro item testado foi a água do Rio Bengalas, que corta o município.
- Na água, analisamos a concentração de Escherichia coli, bactéria presente no intestino das pessoas. O limite dela permitido é de 800 unidades por cem mililitros, que é um copo pequeno de água. Lá, há 68 mil unidades - diz o professor.
O número encontrado é 85 vezes maior que o limite. Amostras de lama e poeira também foram coletadas para teste, além da água fornecida pela rede de abastecimento da cidade. Na lama, foram encontrados 92 mil coliformes fecais a cada cem mililitros: 115 vezes mais que o tolerado. No ar, havia mais de duas mil bactérias por metro cúbico. Uma pessoa respira dois metros cúbicos de ar por hora. Dessa forma, os moradores de Nova Friburgo estão inspirando cerca de quatro mil bactérias e quatro mil fungos por hora.
Muitos moradores têm usado máscaras ao sair às ruas. No entanto, segundo Esper Kallás, infectologista da USP, o acessório não resolve o problema.
- Ajuda muito pouco, porque a máscara perde a eficiência rapidamente. Além disso, ela só protege contra a poeira mais grossa. A mais fina passa pela máscara - explicou.
A poeira contaminada pode provocar conjuntivite, rinite e sinusite.
- Ela aumenta o risco de alergias respiratórias nas pessoas que têm essa sensibilidade - alertou Esper.
Quanto mais gente vive num mesmo ambiente, mais facilmente vírus e bactérias podem se espalhar. Os hospitais da região, que já está cheios, começam a receber pacientes com problemas diferentes dos registrados logo após a enxurrada do último dia 12. Duas doenças que preocupam são a hepatite A e a leptospirose.
- Num primeiro momento, eram mais pacientes politraumatizados, vítimas de acidentes graves, muita fratura, muita lesão de bacia, lesão de membros inferiores... Agora, a gente já está tratando as complicações, que são as feridas infectadas, diarreias, vômitos. São aquelas pessoas que tiveram algum tipo de contato com a água contaminada - disse a secretária municipal de Saúde de Nova Friburgo, Jamila Calil Salim Ribeiro. - Há uma previsão do Ministério da Saúde de que teremos pelo menos um ano de problemas decorrentes das enchentes.
Todos que apresentam cortes pelo corpo e entraram em contato com a água contaminada estão tomando vacina antitetânica. A medida é importante para evitar que um pequeno arranhão leve a uma infecção generalizada, que pode causar até a morte.
O teste feito pelo especialista da Uerj, no entanto, resultou numa boa notícia também: a água fornecida pela rede de abastecimento está limpa.
Um estudo feito por um especialista da Uerj e divulgado domingo pelo "Fantástico", da TV Globo, constatou que a água de um rio, a lama e o ar de Nova Friburgo, a cidade mais atingida pela enxurrada, estão altamente contaminados e oferecem risco à população. Mais de uma semana após a tragédia, Gandhi Giordano viajou ao município para apontar as principais doenças a que os moradores estão expostos. O primeiro item testado foi a água do Rio Bengalas, que corta o município.
- Na água, analisamos a concentração de Escherichia coli, bactéria presente no intestino das pessoas. O limite dela permitido é de 800 unidades por cem mililitros, que é um copo pequeno de água. Lá, há 68 mil unidades - diz o professor.
O número encontrado é 85 vezes maior que o limite. Amostras de lama e poeira também foram coletadas para teste, além da água fornecida pela rede de abastecimento da cidade. Na lama, foram encontrados 92 mil coliformes fecais a cada cem mililitros: 115 vezes mais que o tolerado. No ar, havia mais de duas mil bactérias por metro cúbico. Uma pessoa respira dois metros cúbicos de ar por hora. Dessa forma, os moradores de Nova Friburgo estão inspirando cerca de quatro mil bactérias e quatro mil fungos por hora.
Muitos moradores têm usado máscaras ao sair às ruas. No entanto, segundo Esper Kallás, infectologista da USP, o acessório não resolve o problema.
- Ajuda muito pouco, porque a máscara perde a eficiência rapidamente. Além disso, ela só protege contra a poeira mais grossa. A mais fina passa pela máscara - explicou.
A poeira contaminada pode provocar conjuntivite, rinite e sinusite.
- Ela aumenta o risco de alergias respiratórias nas pessoas que têm essa sensibilidade - alertou Esper.
Quanto mais gente vive num mesmo ambiente, mais facilmente vírus e bactérias podem se espalhar. Os hospitais da região, que já está cheios, começam a receber pacientes com problemas diferentes dos registrados logo após a enxurrada do último dia 12. Duas doenças que preocupam são a hepatite A e a leptospirose.
- Num primeiro momento, eram mais pacientes politraumatizados, vítimas de acidentes graves, muita fratura, muita lesão de bacia, lesão de membros inferiores... Agora, a gente já está tratando as complicações, que são as feridas infectadas, diarreias, vômitos. São aquelas pessoas que tiveram algum tipo de contato com a água contaminada - disse a secretária municipal de Saúde de Nova Friburgo, Jamila Calil Salim Ribeiro. - Há uma previsão do Ministério da Saúde de que teremos pelo menos um ano de problemas decorrentes das enchentes.
Todos que apresentam cortes pelo corpo e entraram em contato com a água contaminada estão tomando vacina antitetânica. A medida é importante para evitar que um pequeno arranhão leve a uma infecção generalizada, que pode causar até a morte.
O teste feito pelo especialista da Uerj, no entanto, resultou numa boa notícia também: a água fornecida pela rede de abastecimento está limpa.
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