quinta-feira, 14 de julho de 2011

Vereadores que cassaram prefeito de Uraí são ameaçados de morte

INSTITUTO AME CIDADE, 14 de julho de 2011


Vereadores de Uraí que votaram pela cassação do mandato do prefeito Susumo Itimura (PSDB) estão sendo ameaçados de morte. O presidente da Câmara, Altair Murilho (PTB), disse que depois da votação na Câmara que decidiu a cassação ele e mais três colegas receberam telefonemas anônimos com ameaças diretas. Num dos telefonemas alguém disse que os vereadores poderiam aparecer “com a boca cheia de formiga”.

Os outros vereadores ameaçados foram Willians Hideto Iwai (PMDB) e Gilmar Pulcinelli (PRTB) e Ângelo Tarantini Filho (PMN). Todos votaram a favor da cassação, sendo Tarantini Filho o vereador que protocolou as denúncias contra o prefeito que acabou sendo cassado depois de ser instalada uma Comissão Especial de Investigação (CEI) no Legislativo uraiense.

Itimura foi cassado por seis votos a dois no mês passado. O processo na Câmara se baseou em denúncias de corrupção sobre desvio de verbas ocorrido na secretaria municipal de Esporte. O assunto foi alvo de investigações do Ministério Público, que na conclusão do inquérito indicou a cassação do prefeito por improbidade administrativa.

O prefeito cassado foi acusado pela CEI por pagamentos feitos a uma empresa que nunca prestou serviços para a prefeitura. O caso teve também o uso de notas fiscais frias.

Segundo um dos vereadores que sofreram ameaças, além dos telefonemas anônimos eles também recebiam recados ameaçadores por meio de terceiros. Tarantini Filho diz que as ameaças começaram logo que a Câmara passou a se movimentar para a investigação da corrupção em Uraí. “Desde que a gente começou essa luta nós vínhamos recebendo ameaças. Depois do processo de cassação recebi uma ligação e a pessoa dizia: 'o pessoal está atrás de você'. Fiquei três dias fora da cidade", ele disse ao jornal Folha de Londrina.


Presidente da Câmara teve
que pedir ajuda à PM depois
de ameaçado de morte

O presidente da Câmara, Altair Murilho, teve que pedir escolta policial depois da cassação. "Aqui são poucos lugares para se freqüentar, por ser uma cidade pequena, então ligavam dizendo que sabiam onde eu estava, que era para eu ter cuidado, que eu tinha filhos e tinha que pensar no que estava acontecendo", disse Murilho ao jornal O Diário de Maringá. Numa das vezes em que foi ameaçado de morte por um telefonema anônimo, o presidente da Câmara estava num pesque-pague com a família e amigos e teve que passar em um Batalhão da PM para comunicar o fato e pedir proteção. As ameaças já foram registradas na polícia, que está investigando o assunto.

O prefeito cassado Susumo Itimura é um político com ligações muito próximas com o prefeito de Cornélio Procópio, Amin Hannouche (PP). Além de fazerem parte do mesmo grupo regional — do qual fazem parte também o deputado federal Alex Canziani (PTB) e o deputado estadual licenciado e atual secretário do Trabalho, Luiz Carlos Romanelli (PMDB) —, Itimura e Hannouche cultivam antigas ligações profissionais. Hannouche advogou por um longo tempo para o prefeito cassado. Veja ao lado o prefeito cassado entre seus dois companheiros, Hannouche (à esquerda) e Canziani (no meio), numa festa em Uraí. A foto é de um episódio político dos mais estranhos: Hannouche estava comemorando a instalação de uma fábrica perdida por Cornélio Proocópio para Uraí.

Na prefeitura de Cornélio Procópio também existe a suspeita do uso de notas fiscais frias em pagamentos feitos a uma empresa de publicidade na gestão anterior de Hannouche, que está em seu segundo mandato consecutivo.

A denúncia foi feita ainda na gestão passada pela vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB). A investigação começou a partir de um pedido de informações feito em 2008 pela vereadora e o ex-vereador Élio Janoni (PMDB). Na análise de documentação fornecida pela prefeitura. Junto com as notas fiscais que parecem ser falsas foram encontradas também notas fiscais que apresentavam suspeitas de outros tipos de irregularidades.

Mas apesar de tantos indícios de irregularidades, os vereadores ligados ao prefeito procopense impedem qualquer investigação por meio da Câmara. Hoje o Legislativo procopense é dominado por um grupo de vereadores que obedecem ao comando de Hannouche. Com a votação contrária de todos os vereadores do prefeito, a vereadora Aurora teve recusado o pedido de uma CEI para investigar o caso.

Atualmente o prefeito de Cornélio Procópio está respondendo a uma ação civil pública do Ministério Público em razão de contratação sem licitação de uma empresa. O prefeito Hannouche é acusado de improbidade administrativa. Na ação pública, o MP pede também o ressarcimento do município por dano moral.