terça-feira, 29 de junho de 2010

Calçadão procopense é muito menor que o Calçadão de Londrina, mas custou quase o mesmo preço


A diferença desperta a atenção: o Calçadão de Cornélio Procópio (à esquerda) é metade do Calçadão de Londrina. Porém, os preços dos dois são praticamente iguais






INSTITUTO AME CIDADE, 29 de junho de 2010


Nas inevitáveis comparações entre o Calçadão de Londrina e o de Cornélio Procópio surgem dúvidas sérias que exigem um esclarecimento da parte do prefeito Amin Hannouche (PP). Em Londrina, a licitação da segunda fase da obra foi suspensa pelo prefeito Barbosa Neto (PDT) após uma denúncia sobre um superfaturamento que chegaria a R$ 50 mil em um orçamento de R$ 450 mil, o custo da primeira fase. O Calçadão de Londrina é exatamente igual ao de Cornélio Procópio, que teve uma construção que demorou quase um ano e foi bastante conturbada, causando muita perturbação na vida da cidade e até prejuízos aos comerciantes da área onde ele foi instalado.

A imprensa vem chamando de “reforma” a obra de Londrina, mas o que a Prefeitura daquela cidade fez na verdade foi um novo Calçadão, totalmente diferente do anterior, que era da década de 70 e foi retirado inteiramente.

Em Cornélio Procópio foi feito da mesma forma, com a diferença que nesta cidade foram retiradas as calçadas e a rua asfaltada do trecho onde foi instalado o calçadão procopense.

Na aparência e construção os dois Calçadões são praticamente iguais. O mesmo tipo de grelhas e bancos e um piso em “paver”, sistema de peças intertravadas que tem sido usado em vários lugares.

Porém, entre os dois calçadões existe uma visível desproporção que põe em dúvida o preço do Calçadão procopense. Veja nos mapas acima a diferença de tamanho entre os dois. O calçadão procopense é o do lado direito. Se quiser ampliar a imagem, basta clicar nela.

As duas primeiras fases do Calçadão de Londrina se compõem de duas quadras, da Rua Prefeito Hugo Cabral até a Rua Professor João Cândido. Já o Calçadão de Cornélio Procópio tem apenas uma quadra, da Rua Mato Grosso à Rua dos Bandeirantes. Os mapas acima permitem uma visão comparativa.

Pela lógica, com uma diferença deste tamanho o Calçadão de Cornélio Procópio deveria custar bem menos que o de Londrina.

Mas isso não acontece. No total, o preço de cada um é quase o mesmo. O Calçadão de Cornélio Procópio custou “mais de R$ 700 mil”, como informa de maneira até ufanista o site da Prefeitura.

Já o Calçadão de Londrina, somando as duas fases do projeto, tem o custo total de R$ 800 mil reais. Considerando a denúncia de superfaturamento no primeiro trecho, que foi de cerca de R$ 50 mil, o preço real baixa para 750 mil.

São cifras bem desproporcionais, dada a grande diferença de tamanho entre uma obra e outra. Tamanho contraste exige um esclarecimento de Amin Hannouche, um prefeito que infelizmente faz tudo para manter em segredo contas que, por direito, teriam de ser públicas.

Obviamente não vai nisso nenhuma acusação, mas como Hannouche se nega de forma absoluta a abrir qualquer tipo de conta pública do Município, usando contra a transparência inclusive sua maioria na Câmara Municipal e até escritório de advocacia da Capital, a população não tem acesso aos dados que poderiam esclarecer o assunto. Desse modo, aumentam as dúvidas dos procopenses e a desconfiança em relação à obra.

Um dos efeitos da falta de transparência é sempre o surgimento natural de um clima de suspeição sobre os atos do administrador público. O fechamento do prefeito à opinião pública e a recusa absoluta em revelar números sobre a obra marcou toda a construção do Calçadão. E ocorre a mesma coisa em outras obras municipais.

Desde julho do ano passado o Instituto Ame Cidade tenta conseguir da Prefeitura informações sobre o Calçadão e outras obras municipais, mas Hannouche se recusa a revelar como está sendo gasto o dinheiro do contribuinte. Mesmo com a determinação da Justiça depois de um Mandado de Segurança, o prefeito tem se negado a cumprir a decisão.

No entanto, o estouro da denúncia de superfaturamento em Londrina traz elementos novos ao caso do Calçadão procopense, além de tantos fatos perturbadores ocorridos em sua demorada construção. Além dos problemas de diferenças altas entre preço de mercado e preço cobrado pela empreiteira que fez a obra, descobertos em Londrina e que precisariam ser conferidos também na obra de Cornélio Procópio, agora surge esta discrepância nos custos totais entre calçadões de tamanhos bem diferentes.