sexta-feira, 18 de junho de 2010

Volta a cantilena da municipalização da água em Cornélio Procópio e o risco da privatização

INSTITUTO AME CIDADE, 18 de junho de 2010


Com o Calçadão de Cornélio Procópio finalmente inaugurado oficialmente o prefeito Amin Hannouche (PP) pode finalmente se debruçar sobre outras obras do município que estão igualmente atrasadas, todas elas tocadas de forma lenta, muitas vezes até parando, da mesma forma que ocorreu com o Calçadão.

Como bem lembrou a assessora jurídica do Instituto Ame Cidade, Claudia Eli Anselmo, em entrevista à rádio Cornélio, a população agora espera que a Prefeitura agilize outras obras do município que estão paradas ou avançando lentamente. Entre elas estão a revitalização do monumento do Cristo Redentor, a reforma da praça Brasil, a construção do Clube do Povo e do Frigorífico do Peixe.

É preciso tratar também com mais atenção importantes serviços básicos do município, como o cuidado cotidiano com as ruas e vários espaços públicos, atividades que têm deixado muito a desejar, além da manutenção de bens públicos que não têm sido conduzida de maneira apropriada.

A história da construção do Calçadão vai ficar na memória dos procopenses, tantos foram os transtornos que causou à cidade e a cortina de mistério que cercou todas as dificuldades em torno da obra.

Não sabemos se o Guinness, o famoso livro de recordes, tem algum quesito que contempla adiamento de entrega de obra, mas se tivesse o Calçadão certamente estaria presente, já que certamente poucas obras no país tiveram tantos adiamentos de prazo de entrega. O último anúncio de inauguração feito por Hannouche foi para o final de novembro do ano passado. Nesse ponto a população até deixou pra lá o assunto, até que a inauguração aconteceu no último sábado.

Nos dias que antecederam o anúncio do término do Calçadão, no entanto, outro anúncio vindo da Prefeitura trouxe muita preocupação à população. Como dissemos, não faltam problemas para serem atacados em muitas áreas, mas voltaram é com a história da “municipalização” da água em Cornélio Procópio. Esta é uma conversa antiga e que já sofreu o repúdio dos procopenses, que além de serem muito bem servidos pela Sanepar, ainda têm um carinho especial pela empresa pública estadual de saneamento, que sempre fez esse trabalho na cidade.

O contrato de concessão do serviço de água e esgoto da cidade precisa ser renegociado entre o Município e a Sanepar, mas estranhamente os dois lados estão adiando esta questão deste o início desta administração.

Cornélio Procópio conta com 100% de esgoto tratado e o esgoto coletado está próximo disso. O abastecimento de água na cidade é total. É uma situação privilegiada em todo o Brasil, como provam notícias publicadas inclusive neste blog. Para se ter uma idéia, em 81 das maiores cidades brasileiras somente 36% do esgoto gerado recebe tratamento.

Hoje mesmo publicamos um texto sobre a cidade de Sarandi, onde o serviço é municipalizado, com a notícia de que por falta de organização a Autarquia Municipal que cuida do saneamento perdeu R$ 600 mil reais em verbas.

Entre as questões que são debatidas entre os procopenses, que voltam a se mostrar contrários à municipalização, está a estranheza sobre o motivo de um prefeito com tanto serviço atrasado e com a responsabilidade sobre uma cidade com tantos problemas querer mexer logo em algo que já está funcionando e que não traz preocupação alguma para os cidadãos.

E um outro ponto causa também temor, pois se for aplicado à água da cidade a competência demonstrada em outras áreas, como é o caso das obras paradas ou em marcha lenta, o procopense corre o risco de morrer de sede.

Asfalto esburacado, obras que não terminam ou acabam malfeitas, falta de limpeza urbana, tudo isso acaba chateando bastante, mas é possível conviver com tais problemas. Já o saneamento básico e a água tratada não podem faltar nem um dia, pois aí a própria sobrevivência humana acaba sendo afetada.

Movimento Água da Nossa Gente de olho na municipalização e no risco da privatização da água

INSTITUTO AME CIDADE, 18 de junho de 2010


Como não pode atacar a qualidade do serviço de água e esgoto de Cornélio Procópio, o prefeito Hannouche vem novamente com a promessa de baixar o preço para o consumidor, o que é uma demagogia, pois a Sanepar já pratica a tarifa social para pessoas de baixa renda e a tarifa da Sanepar para o consumidor está no limite para a excelência do serviço que presta na cidade. Uma tarifa menor poderia inviabilizar o sistema. E não podemos esquecer também que entramos no quinto ano sem nenhum reajuste na tarifa, medida que evidemente nenhuma empresa privada teria condição de manter tanto tempo no setor.

A volta desta questão da municipalização preocupa bastante porque os procopenses sabem que na verdade por detrás desta proposta está a intenção de privatizar este serviço. Esta suspeita corre na cidade desde o início de 2007. Inclusive, foi esta ameaça que deu origem naquela época à criação do Movimento Água da Nossa Gente, entidade de defesa do meio ambiente que surgiu em torno de funcionários da Sanepar e da sociedade civil procopense. O Água da Nossa Gente teve como um de seus líderes o engenheiro Milton Borghi, então gerente regional da empresa pública e que sempre foi um batalhador pelo interesse público.

Na época em que foi gerente-regional Borghi, levou diversas vezes suas preocupações com o andamento da negociação à alta direção da Sanepar e procurou facilitar os entendimentos entre a Prefeitura e a Sanepar. O engenheiro também trabalhou intensamente pela mobilização dos funcionários da empresa, os primeiros a serem prejudicados com uma municipalização, e na conscientização da cidade sobre a importância da preservação deste serviço como um bem comum.

O Movimento Água da Nossa Gente se mantém firme na defesa da água como um bem comum. A organização esteve centrada em outras atividades ecológicas neste entretempo, mas volta a ser exigida pelos procopenses a atender o assunto da municipalização e o risco da privatização.

Como sempre acontece nesta administração municipal, o assunto não é tratado com transparência. Mas o que já se sabe é que a empresa de consultoria que estaria por detrás do projeto de municipalização tem como cliente grandes empreiteiras e empresas de privatização de serviços públicos, entre elas a Econorte, concessionária de estradas rodoviárias do Paraná que cercou várias cidades do interior com seus pedágios.

Em Londrina, 21 pessoas são denunciadas por fraude milionária em contratos públicos

JORNAL DE LONDRINA, 18 de junho de 2010

Representantes e dirigentes do Ciap, com base em Londrina, foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por prática de crimes de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro


O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta quinta-feira (17) que 21 pessoas foram indiciadas sob acusação de participar de um esquema milionário de desvio de recursos públicos através do Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap)). Representantes e dirigentes da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), com sede em Londrina, foram denunciados, na terça-feira (15), por prática de crimes de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. A ação penal é resultado da Operação Parceria, realizada no início de maio e que resultou na prisão de 12 pessoas, entre elas, o coordenador do Ciap, Dinocarme Aparecido Lima.

De acordo com o MPF, as investigações da Polícia Federal (PF), em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU) e Receita Federal (RF), apontam que os dirigentes do Ciap “construíram uma organização criminosa, estruturada no Paraná, com atuação em todo o país, voltada ao desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro”. Pelas investigações, a organização tinha ajuda, inclusive, de funcionários do Ciap.

Entre os denunciados pelo MPF estão Dinocarme Aparecido Lima; a mulher dele, Vergínia Aparecida Mariani; a enteada dele, Elzira Vergínia Mariani Guides Martins; além dos filhos José Roberto de Lima e Sergio Ricardo de Lima; e o genro Alexandre Pontes Martins. Todos ocupavam cargos de administração no Ciap ou empresas do grupo que, segundo a investigação, eram utilizadas no esquema.

Também foi denunciado o advogado da Oscip, Fernando José Mesquita, que chegou a ser preso e pagou fiança de mais de R$ 300 mil para sair da cadeia. Outros denunciados, segundo o MPF, são o responsável pela área de contabilidade, José Ancioto Neto; e funcionário do Ciap que tratava da administração geral dos negócios relacionados às parcerias e convênios, Said Yusuf Abu Lawi. O MPF aponta ainda que foram denunciados lobistas, outros funcionários e controladores de empresas envolvidas no esquema de lavagem de ativos.

Organização criminosa - O MPF identificou que o modo de ação da organização “identificava recursos públicos disponíveis para celebração de termos de parceria ou convênios, com prévia atuação de lobistas pertencentes ao grupo para direcionar os recursos para o Ciap”. Para que a Oscip pudesse desviar o dinheiro, os planos de trabalho não detalhavam as despesas, o que dificultava a verificação da aplicação do recurso público firmado em parceria.

A cada parceria, uma conta bancária era aberta, de onde o dinheiro desviado era sacado, em espécie, e transferido para empresas ligadas ao grupo ou outra conta do Ciap. A partir destas contas, o dinheiro era sacado novamente em espécie e depositado em contas dos denunciados ou terceiros favorecidos, além de novas transferências para empresas ligadas ao grupo. Para justificar os gastos nas prestações de contas, o grupo utilizava fraudes contábeis e documentais, dando a “aparência de licitude às operações financeiras que concretizavam o desvio e a apropriação dos recursos”.

A denúncia cita diversas empresas ligadas ao coordenador do Ciap, Dinocarme Aparecido Lima, tais como a Meridional Locadora de Veículos S/S Ltda, que recebeu R$ 12 milhões; Divicon Construtora e Incorporadoria Ltda, que recebeu R$ 2,9 milhões; Inesul Instituto de Ensino Superior de Londrina, para onde foram R$ 2,9 milhões, entre outras. Segundo o MPF, as empresas estão envolvidas no crime de peculato, pois foram beneficiárias do recurso público. Já em relação aos convênios firmados no Paraná, a Controladoria Geral da União apontou desvio de cerca de R$ 20,2 milhões.

A reportagem entrou em contato com a Meridional Locadora de Veículos. Ao aguardar na linha, a mensagem de propaganda no telefone falava sobre cursos da Inesul. As duas empresas funcionam no mesmo endereço. Na Inesul, a pessoa responsável pelo setor jurídico não estava. O JL não conseguiu contato com a Divicon Construtora e Incorporadoria.

Convênios - Dentre os convênios firmados com o Ciap, diversos deles são com a prefeitura de Londrina. Nas parcerias com o município, os desvios chegam a R$ 14,7 milhões, relativo a programas na párea da saúde entre 2004 e 2009. São eles: o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), as Policlínicas, o Programa Saúde da Família (PSF), além do programa de Endemias e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf).

Em Rolândia, foram desviados, de acordo com as investigações, R$ 1,9 milhão dos Programas Saúde da Família e Controle Ambiental de Endemias, entre 2003 e 2007; Em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), o convênio do Ciap com a prefeitura é dos Programas Saúde da Família e Estruturação de Unidades de Atenção Especializada (Policlínicas), abrangendo os anos de 2003 a 2005.

Há ainda outros dois convênios, um firmado com pelo Ministério do Trabalho e Emprego referente ao “Consórcio Social da Juventude de Londrina” e outro entre o Ministério do Trabalho e a Secretaria de Estado do Trabalho e Promoção Social do Estado do Paraná para capacitação profissional em diversas cidades do Paraná, sendo o Ciap o executor do projeto. Nesses dois convênios foram desviados R$ 1,9 milhão e R4 1,6 milhão.

Dentre as prefeituras envolvidas e conveniadas com o Ciap, a única que ainda mantém contratos com a Oscip é Londrina. O secretário de Gestão Pública do município, Marco Cito, disse que aguarda confirmação de indícios para possivelmente rescindir o contrato com o Ciap. “Nós precisamos materializar os indícios. Se forem confirmados, cabe-se a rescisão”, declarou o secretário. De acordo com ele, as informações divulgadas pelo MPF ajudam a acelerar o trabalho da controladoria do município, que investiga os contratos com a Oscip. “A informação de que a data dos contratos chega a 2009 reforça e ajuda a controladoria a ser mais especifica.”

Cito disse que, do ponto de vista formal, o contrato é regular e seria uma irresponsabilidade romper com a empresa neste momento. “Não podemos ser irresponsáveis de rescindir sem ter elementos senão a gente abre a possibilidade da empresa entrar na Justiça contra o município”, afirmou. De acordo com ele, entretanto, a secretaria de Saúde já está organizando uma possível nova licitação. “Não podemos interromper o serviço e prejudicar os trabalhadores.”

A assessoria de imprensa de Rolândia informou que atualmente não há nenhum contrato com o Ciap. Segundo a prefeitura, todas as parcerias foram da gestão anterior. A assessoria de imprensa de Campo Largo informou que o contrato com o Ciap se encerrou no primeiro ano da gestão do prefeito Edson Basso (PMBD), reeleito e atual prefeito da cidade. De acordo com a prefeitura, os contratos já haviam quando Basso assumiu a prefeitura, e se mantiveram até agosto daquele ano, por meio de aditivo, “para que os serviços não paralisassem”.

Procurador - A reportagem tentou contato com o procurador responsável pela denúncia, Alexandre Melz Narde. Entretanto, por meio da assessoria de imprensa, informou que não dará entrevistas neste momento. A assessoria informou ainda que não poderia disponibilizar a denúncia porque há detalhes que estão sob segredo de Justiça.

O JL tentou contato com todos os envolvidos. Três deles estão presos, segundo a assessoria de imprensa do próprio Ciap. Dinocarme Aparecido Lima, Elzira Vergínia Mariani Guides Martins e José Ancioto Neto. O restante não foi localizado pela reportagem, exceto o diretor Paulo Cesar Chanan Silva. “Não posso falar nada sobre o assunto. Foi instrução do advogado”, afirmou, por telefone. Chanan disse ainda que não poderia nem revelar o nome do advogado responsável pela defesa dele e de outros envolvidos. A assessoria de imprensa do Ciap informou que não tinha informações naquele momento.

Por desorganização Sarandi perde R$ 600 mil reais de verba para o saneamento

BLOG DE O DIÁRIO DE MARINGÁ, 17 de junho de 2010


Quase inacreditável, mas é verdade. Durante cerca de cinco anos permaneceu desaparecida a papelada referente a um convênio firmado entre o município de Sarandi e a Fundação Nacional da Saúde (Funasa) para ligar 600 domicílios à rede de esgoto sanitário.

A papelama desapareceu e ninguém falou mais nisso, tanto que as últimas administrações da autarquia Águas de Sarandi nem sequer sabiam da existência tal convênio.

Há poucos dias, quando o novo presidente da autarquia, Valdir da Silva, mais conhecido como Valdir do Açougue, tentava tomar pé da situação da Águas de Sarandi, durante o abre-pasta-fecha-pasta, alguém achou algo que, quando analisado, descobriram tratar-se de um convênio de R$ 600 mil.

Gaeco vai indiciar em Londrina todos os envolvidos no caso Centronic

JORNAL DE LONDRINA, 18 de junho de 2010

Dono da empresa foi ouvido ontem sobre pagamentos ao vereador petista Jacks Dias e ex-secretário de Gestão do governo Nedson Micheleti; delegado acredita que “houve negociata”


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) concluiu que não houve concussão – exigência indevida de vantagem por funcionário público – e sim corrupção no relacionamento entre o vereador Jacks Dias (PT) e a Centronic, empresa de segurança privada que ainda presta serviços à Prefeitura de Londrina.

Na quarta-feira, Jacks foi denunciado à Justiça em um caso semelhante e teve bens bloqueados – inclusive uma casa em condomínio fechado. A investigação apontou que ele recebeu pagamentos que chegariam a R$ 227 mil da empresa Setrata, uma terceirizada de limpeza de prédios municipais, quando era secretário de Gestão Pública, entre 2005 e 2008.

Até antes do depoimento de Nilson Godoes, proprietário da Centronic, no dia de ontem, o Gaeco ainda averiguava a possibilidade de que Jacks tivesse pressionado a empresa a pagar propina. Após o empresário ser ouvido, agora o delegado Alan Flore acredita que “houve uma negociata, um claro acordo por parte de ambos”. Em um depoimento está a informação de que o então secretário de Gestão costumava enviar currículos, pessoalmente, para a Centronic, como forma de indicação política para contratações de trabalhadores. Nas eleições em que Jacks venceu como vereador, a Centronic, por sua vez, abriu as portas para que ele conversasse pessoalmente com os funcionários.

Ao delegado, Godoes confirmou em depoimento informal que pagou convites para um jantar do PT em 2008 – mas se negou a responder oficialmente e confirmar no depoimento a mesma questão que fora objeto de um comentário espontâneo. “Orientado pelo advogado, decidiu ficar calado. O estranho é ter silenciado apenas quanto a este ponto”, afirmou Flore.

O delegado do Gaeco avaliou como “interessante” a afirmação do dono da Centronic, que se sente vítima de perseguição ou vingança de Paulo Iora, gerente da empresa em Londrina. Aos investigadores, Iora relatou ter ouvido de Godoes sobre pagamentos ao ex-secretário. O delegado afirma que, diante das suspeitas, deve indiciar todos os envolvidos em breve. O inquérito aguarda a conclusão de uma auditoria em documentos apreendidos na casa de Paulo Iora e na sede da Centronic em Londrina. Em um deles, a expressão “pagamento por fora à Prefeitura” chamou a atenção.

Desde o início da investigação, Jacks nega todas as denúncias e informações. Ontem, afirmou que não pretende falar publicamente sobre tais casos. Responderá, apenas, em juízo – “e aos meus eleitores, de forma direta”.

O advogado da Centronic, Elias Mattar Assad, avaliou como positivo o depoimento. Segundo ele, a pergunta sobre o jantar pago ao PT não foi respondida para “evitar interpretações erradas”. Assad afirmou ainda que o dono da Centronic nega com veemência qualquer tipo de ilegalidade. “Não houve pedido nem pagamento por parte do agente público. Mesmo porque não havia motivos para isso”, frisou.

Lavagem de dinheiro condena dirigentes de construtora

GAZETA DO POVO, 18 de junho de 2010


O juiz Sérgio Fernando Moro, da 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, condenou dois dirigentes da construtora curitibana DM por crime de lavagem de dinheiro. De acordo com a sentença, a empresa teria recebido indevidamente um desconto de R$ 7,3 milhões em um em préstimo que tinha com o Ba nestado. O caso envolveria doações ilegais para campanhas políticas de 1998 por meio de uma empresa fantasma. Os ad vogados dos empresários afirma ram que vão recorrer.

Na sentença, o juiz condenou Darci Mário Fantin e Giovano Conrado Fantin a cinco anos e meio de prisão, em regime semiaberto – ambos poderão recorrer em liberdade. Eles ainda terão de devolver aos cofres do Paraná os R$ 7,3 milhões de desconto fraudulento recebidos do Banestado, acrescidos de juros e correção monetária desde 1998. Os ou tros três acusados no processo – Osvaldo Francisquinho da Silva, Gerhard Fuchs e Ernesto de Veer – foram absolvidos por falta de provas.

A ação foi proposta pela Minis tério Público Federal (MPF) há um ano, com base em um desconto de 47,5% que a DM conseguiu do Banestado em agosto de 1998, referente a uma dívida de R$ 15,5 milhões. Na ocasião, o banco também dispensou as garantias da dívida, incluindo a cessão de direitos de crédito da construtora com a Copel, no valor de R$ 12 milhões. Além disso, a existência dessa garantia, que propiciaria R$ 4 milhões a mais aos cofres do Banestado, não consta na ata de aprovação do desconto decidida pela diretoria do banco.

Com o desconto, a DM recebeu R$ 19 milhões da Copel em setembro de 1998 sem nenhuma retenção por parte do Banestado. Desse montante, cerca de R$ 10 milhões foram transferidos para a conta da empresa fantasma Silver Cloud. Na sequência, esse dinheiro foi sacado em espécie e, segundo testemunhas, utilizado para doações ilegais em campanhas políticas de 1998. Para justificar as transferências, a DM simulou um contrato de aquisição com a Silver Cloud de títulos prescritos da dívida pública federal do início do século 20.

Um dos advogados dos dois condenados, René Dotti, criticou a sentença e afirmou que o juiz não examinou suficientemente a ação. Segundo ele, o caso envolveu uma repactuação de dívidas, pois o Banes tado estava em situação de “quase liquidação”. “O banco propôs a vá rias empresas reduzir as dívidas desde que houvesse pagamento mais imediato. Não houve prejuízo ao estado, ao contrário do que diz o despacho”, defendeu. Dotti ain da classificou o juiz como suspeito para julgar a ação, uma vez que ele teria antecipado a condena ção dos dirigentes da DM quando negou, em 2009, um habeas corpus aos condenados.

Questionado sobre quais campanhas políticas teriam recebido o dinheiro “fraudulento” da DM em 1998, o MPF afirmou que só comentará o assunto quando receber os autos do processo.

Ibama: ex-diretor denunciado por desvio de verba

CORREIO BRAZILIENSE, 18 de junho de 2010


O Ministério Público Federal em Brasília abriu uma ação civil pública contra Flávio Montiel da Rocha, ex-diretor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), acusado de desviar recursos de financiamentos internacionais. Baseada em relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU), a procuradora da República Raquel Branquinho acusa o ex-dirigente de utilizar R$ 42 milhões da União e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para fazer contratações irregulares, fraudar licitações e realizar compras superfaturadas. O MPF pediu também ao Ministério das Relações Exteriores maior controle na aprovação de projetos desta natureza.

Na ação, Raquel Branquinho relata auditoria feita pela Secretaria Especial de Controle, que já havia constatado falta de monitoramento de despesas de reembolso e adiantamentos na aquisição de combustível e de passagens aéreas, na contratação de consultores, entre outras irregularidades. Todos os técnicos contratados com recursos do Pnud, segundo a procuradora, eram pessoas indicadas pelo ex-diretor do Ibama, muitas vezes sem comprovar habilidade na sua área de atuação. “Grande parte dos projetos limitava-se a textos copiados da internet, monografias já apresentadas e transcrição de legislação”, descreve Raquel Branquinho, em seu relatório.

Além da ação, a procuradora da República encaminhou ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, uma recomendação para que a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) — encarregada de fiscalizar projetos com organismos internacionais — evite aprovar propostas que contrate serviços terceirizados, como a contratação de pessoal.

Comércio do PR é o que mais emprega e fatura no Sul

GAZETA DO POVO, 18 de junho de 2010

Estado tem o 3.º maior polo comercial do país, mas o avanço concentrado nos pequenos negócios impede um aumento mais forte do salário médio


No ano em que a economia foi atingida pela maior crise das últimas sete décadas, o comércio paranaense apresentou desempenho invejável. Além de formarem o terceiro maior polo comercial do país em receita bruta (atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais), as empresas desse setor no Paraná passaram em 2008 a ser também as que mais empregam na Região Sul. Naquele ano, os 118,5 mil varejistas e atacadistas paranaenses empregaram 621,5 mil pessoas e faturaram R$ 126,6 bilhões. Com isso, responderam por 38,6% de toda a movimentação financeira do comércio sulista. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O principal motor do Paraná esteve no varejo e, mais especificamente, nas pequenas lojas. Enquanto no Brasil se destacam os números do segmento de veículos, no estado foram as áreas de vestuário, alimentos e aquela fatia que o IBGE identifica como “outros produtos em lojas especializadas” que mais aumentaram sua relevância. Esse último tipo de atividade, que inclui uma grande variedade de lojas (de locadoras de vídeo e lan houses a papelarias e livrarias), empregou 216,3 mil pessoas no Paraná em 2008 – um crescimento de 29,5% em relação ao ano anterior. “O comércio de menor porte vem crescendo já há algum tempo na esteira de benefícios fiscais, como o regime de tributação Simples”, cita o assessor econômico da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), Vamberto Santana.

Hipermercados e supermercados, o segmento específico que é o maior empregador do comércio, também aumentaram seus quadros de funcionários, mas num ritmo bem menor: 1,9%, para 63,8 mil pessoas. O emprego na venda de combustíveis e lubrificantes, outra área com grande peso no comércio geral, recuou 4,8% no mesmo período. “O comércio do Paraná segue de perto a distribuição verificada nacionalmente, com o atacado se destacando em receita e o varejo em número de empresas pessoal empregado”, diz o técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Fábio Carvalho.

Salários menores

A força do comércio “formiguinha” no Paraná tem reflexo na menor massa salarial do comércio local em relação ao gaúcho. Mesmo tendo um contingente de pessoas maior trabalhando no setor – e um faturamento bruto também mais forte –, o Paraná distribuiu um total de salários e outras remunerações de R$ 5,9 bilhões. Com isso, a remuneração média do trabalhador no estado foi de R$ 9,5 mil ao ano. No Rio Grande do Sul, a massa salarial chegou a R$ 6,1 bilhões, com renda média anual de R$ 10,4 mil.

“Há uma diferença de perfil de comércio. O maior número de trabalhadores em pequenas empresas pode gerar uma média salarial mais baixa, uma vez que as grandes companhias tendem a remunerar melhor os funcionários”, diz Cid Cordeiro, economista e técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (Dieese-PR).

Fotografia - “A Pesquisa Anual do Comércio tem um caráter estrutural. Há menos análise dos números porque sua função é apresentar os dados gerais do setor”, explica Carvalho, do IBGE. Pois desse “retrato” surge, no Paraná, um comércio altamente concentrado no atacado. No Brasil, 44,6% da receita setor está nas mãos dos atacadistas. No Paraná, essa fatia é de 49,4%, enquanto em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, ela fica em torno dos 40%. Uma das explicações estaria na localização geográfica do estado, que propicia a instalação de centros de distribuição de produtos para outros estados.