segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A cada dia um servidor do Governo Federal é cortado por irregularidades

ESTADÃO ONLINE, 2 de agosto de 2010

Maior parte das punições diz respeito ao aproveitamento indevido do cargo, com 1.351 ocorrências (34,4%) desde 2003, seguida pelos casos de prática de improbidade administrativa, com 751 (19,1%), e pelo recebimento de propina, 245 (6,2%)


Levantamento feito pela Controladoria-Geral da União (CGU) mostra que apenas nos primeiros seis meses deste ano o governo federal já excluiu 201 funcionários públicos que tiveram comprovado seu envolvimento com irregularidades.

O mapa das punições dentro do governo federal, ao qual o Estado teve acesso, exibe um dado impressionante. Na prática, esse total representa a marca de mais de uma punição a servidor público por dia, entre demissões, cassações e destituições. É como se, a cada 24 horas, o governo fosse obrigado a cortar algum de seus empregados por envolvimento com algum tipo de problema.

No ano passado, essa média altíssima já tinha acontecido, com 429 punições (1,1 demissão por dia). E a previsão da CGU é que esse número cresça ainda mais no segundo semestre, quando tradicionalmente as punições aumentam.

O mapa das punições mostra que 25% de todos os cortes feitos dentro do serviço público por irregularidades, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são de funcionários do Ministério da Previdência Social.

Pelo levantamento feito, de janeiro de 2003 até junho deste ano, já foram expulsos do serviço público 2.599 funcionários. Desses, 655 eram ligados à Previdência Social (25,2% do total de punições).

A maior parte dos problemas registrados pela CGU na série histórica diz respeito ao aproveitamento indevido do cargo, com 1.351 ocorrências (34,4%). Essa situação é seguida pelos casos de improbidade administrativa, com 751(19,1%) e pelo recebimento de propina, com 245 (6,2%).

Sem surpresa. Para o governo federal não há surpresa na constatação de que o maior número de punições acontece exatamente nessa área. "A Previdência Social mexe com muito dinheiro. Por isso, junto com outros órgãos federais que são responsáveis por fiscalizações, acaba se tornando um alvo em potencial para a ocorrência de problemas", diz o secretário executivo da CGU, Luiz Navarro. "Mas não se deve demonizar a área porque esse resultado mostra como está havendo empenho da parte deles em relação ao combate às fraudes no setor."

A descoberta de tantas ocorrências também é explicada pelo aumento, a partir de 2007, de especialistas no combate de fraudes na área previdenciária dentro da Advocacia-Geral da União (AGU).

Além disso, o próprio Ministério da Previdência mantém uma Força Tarefa Previdenciária, na qual trabalha junto com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal no combate de evasões fiscais e crimes previdenciários.

Para se ter uma ideia da extensão dessa ação, a Força Tarefa Previdenciária realizou 41 operações apenas em 2010, com a emissão de 112 mandados de prisão, 157 mandados de busca e apreensão, condução coercitiva de oito pessoas, além da prisão de 14 servidores públicos.

Desde 2003, ela foi responsável por prender nada menos do que 1.337 pessoas, das quais 314 funcionários públicos.

Se essa média de operações for mantida no segundo semestre, representará uma marca histórica para a Força Tarefa, podendo chegar a quase 80. Até hoje, o ano em que houve a maior quantidade de operações foi 2009, com 58.


Fraudes previdenciárias lideram estatísticas
Durante todo o ano passado, as operações da Força Tarefa Previdenciária descobriram um impressionante movimento de tentativas de fraudes. Em 3 de fevereiro, por exemplo, a Operação Richter, no Rio Grande do Norte, desarticulou duas quadrilhas que fraudavam a Previdência Social na cidade de João Câmara, com a prisão de 19 pessoas. Uma delas usava documentos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de João Câmara e a outra aproveitava documentos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Poço Branco.

Assim, transformavam em segurado especial pessoas que nem poderiam requerer benefícios previdenciários. Cálculo preliminar da Força Tarefa estima em R$ 4 milhões o prejuízo provocado pela ação dessas quadrilhas.

Já a Operação Romênia, no Espírito Santo, foi desmembrada em três e investigou a fraude previdenciária liderada por pessoas de origem cigana. Dez pessoas tiveram mandado de prisão emitidos.

Em São Paulo, a Operação Evidência prendeu 13 pessoas acusadas de envolvimento em fraudes na concessão de auxílio-doença previdenciário.

O cálculo é de que 400 benefícios irregulares tenham sido concedidos, causando um prejuízo de R$ 9 milhões.

"Os avanços na gestão permitiram à Previdência Social reduzir o número de fraudes e desmontar quadrilhas que atuavam no desvio de recursos", avalia o ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas.

"Essa melhoria trouxe celeridade à apuração de ilícitos e, quando há servidores envolvidos, eles são responsabilizados em processos legais que podem culminar em demissões ou cassação de aposentadorias", acrescenta o ministro.

Apesar de a Previdência ser responsável pelo maior número de cortes de maus servidores, esse total acaba até sendo pequeno dentro do seu universo de funcionários. O corte de 655 pessoas feito desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva significa apenas 1,6% do quadro da Previdência, que soma 40,7 mil pessoas.

Em números absolutos, o Ministério da Educação aparece como o segundo órgão federal com maior número de servidores afastados definitivamente da administração pública, com 420 ocorrências. Como tem um quadro muito maior que o de outras pastas (181 mil pessoas), isso representa apenas 0,2% de todo o seu universo de servidores. Proporcionalmente, o segundo local com maior número de punições é o Ministério do Meio Ambiente, com 124, mas representando um porcentual de 1,4%, já que tem 8,6 mil funcionários.

A maior ocorrência de casos de uso indevido do cargo é justificada por Luiz Navarro como sendo mais simples de ser tipificada nas investigações promovidas dentro do governo.

"É muito difícil você conseguir provar que houve um pagamento de propina para um servidor, por exemplo. Mas o uso indevido do cargo é mais fácil de ser identificado", diz.


Governo quer incentivar denúncias de empresas
O governo federal quer incentivar a participação das empresas privadas na troca de informações sobre denúncias de irregularidades cometidas por servidor público. Para isso, a ideia é expor na internet, dentro do chamado Cadastro Pró-Ética, a lista das empresas que estejam comprometidas com o combate e prevenção à corrupção.

De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), a iniciativa está sendo tomada porque dificilmente o setor privado procura o governo para apresentar denúncias de casos de irregularidades.

Os números da Controladoria-Geral da União deixam clara essa lacuna. Desde 2003, das cerca de 35 mil denúncias de corrupção recebidas pelo órgão, somente 115 partiram da iniciativa privada. Além disso, a maioria se tratava de reclamações contra processos de licitações, nas quais empresas derrotadas se queixavam por se considerarem prejudicadas dentro desses processos.

Propina. Nenhuma dessas ocorrências também dizia respeito, por exemplo, a situações de pedido de propina por parte de servidores públicos. E essa é justamente uma das principais causas que acabam levando o governo federal a excluir funcionários dos seus quadros. A CGU avalia que esse tipo de troca de informações com os empresários ainda é muito tímida porque existe uma relação histórica de desconfiança entre os dois lados.

Londrina é cenário lógico para lavagem de dinheiro, diz novo delegado da Polícia Federal

FOLHA DE LONDRINA, 1 de agosto de 2010

Novo delegado-chefe da PF fala dos trabalhos contra a lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas e garante ações para coibir também crimes eleitorais


O novo delegado-chefe da Polícia Federal (PF) em Londrina, Nilson Antunes, assume o posto oficialmente, nos próximos dias, com um diagnóstico prévio da cidade já imbuído do posto que até então ocupava na PF de Curitiba – onde era chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários: um dos grandes desafios de enfrentamento à criminalidade em Londrina, avalia, é a lavagem de dinheiro, que, em todo o País, movimenta milhões de reais.

Após sete anos Antunes volta a Londrina. Na PF londrinense, onde substituirá Evaristo Kuceki – que está se aposentando por tempo de corporação –, o delegado chefiou a unidade de combate e repressão a entorpecentes entre 2001 e 2003, antes de seguir para a PF de Itajaí (SC), onde ficou cinco anos, e de Curitiba. Foi na capital que, em janeiro passado, coordenou a investigação de um ano da ‘‘Operação Moeda Falsa’’, pela qual 20 pessoas foram presas, lá e em Barretos (SP), acusadas de integrar uma quadrilha especializada na falsificação de notas de R$ 100 e R$ 50.

Mais recentemente, o delegado que volta a Londrina foi uma das bases de ação da ‘‘Operação Parceria’’, a qual, em maio passado, prendeu 12 pessoas suspeitas de desvios de verbas públicas e formação de quadrilha por meio de convênios entre prefeituras e o Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap). Ao todo, 21 foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) e quatro, da cúpula da oscip, seguem presos em Curitiba. ‘‘Foi mesmo uma operação de parceria entre a PF e outros órgãos envolvidos (como Receita Federal, Gaeco e Controladoria Geral da União); acredito que uma das mais bem sucedidas já feitas no estado’’, avaliou.

Ontem, em entrevista à FOLHA, Antunes falou sobre os principais direcionamentos dos trabalhos da PF, na cidade e na região, e sobre a atuação da instituição durante as eleições gerais de outubro no sentido de coibir crimes eleitorais.

Para o delegado, além do combate ao tráfico de drogas – um dos setores que, afirmou, serão reforçados nos próximos meses, com ações administrativas já em curso –, a lavagem de dinheiro é fator de preocupação em cidades como Londrina, mesmo porque pode encobrir outras práticas criminosas.

‘‘Londrina já é uma metrópole, portanto, a criminalidade nela, hoje, não se resume ao tráfico de drogas. E como é uma cidade onde há um fluxo razoável de recursos, um crescimento imobiliário muito grande, nosso desafio é no sentido de trabalhar para combater a lavagem’’, disse, para completar: ‘‘Porque é justamente esse desenvolvimento em ritmo acelerado, em local propício, que pode atrair o delinquente que lava dinheiro – pois esse crescimento também é uma seara para esse tipo de delito. A gente percebe isso pelos nossos inquéritos e operações: que nessas localidades há uma forte tendência de simular capitais’’. E concluiu: ideias ligadas a desenvolvimento e pujança de uma cidade não podem remeter apenas ao que de bom há nelas. ‘‘Onde há uma cidade pujante, sempre tem alguém que vai tirar proveito disso e colocar dinheiro nessa pujança – e nem sempre dinheiro lícito. Pode-se dizer que todas as cidades com um bom desenvolvimento estão suscetíveis’’.

Sobre o combate de repressão ao tráfico de entorpecentes, o delegado-chefe definiu que a prioridade será atender a cidade e a circunscrição abrangida pela PF local, para, só então, dar apoio a outros estados, se solicitado. ‘‘Temos feito bons trabalhos, mas eles têm refletido em outras cidades, outros estados. Queremos atuar mais de forma localizada, pois é o cidadão daqui que paga nosso salário – e combater o tráfico é dar uma satisfação a quem paga nosso salário; à nossa casa’’.


"A sensação é a de que a impunidade impera no Brasil"
Além dos trabalhos de combate ao tráfico e à lavagem de dinheiro, a Polícia Federal (PF) tem uma missão extra este ano: coibir a prática de crimes eleitorais, dentre os quais a compra de votos é dos mais comuns, mas, também, dos mais difíceis de se prevenir.

Conforme o novo delegado-chefe da PF em Londrina, Nilson Antunes, para o pleito 2010 os planos de ação em apoio às outras polícias e à Justiça Eleitoral já estão prontos desde o início do ano.

''Cada delegacia fez seu planejamento para as eleições, com ações coordenadas por Brasília, no primeiro escalão, e, no nosso caso, também na Superintendência da PF no Paraná'', explicou. Segundo Antunes, ''todo o suporte'' será dado ''para que as eleições ocorram da melhor forma possível''.

Em crimes como o aliciamento de eleitores, no entanto, o delegado ressalva a importância de o cidadão denunciar esse tipo de prática ao Ministério Público Eleitoral (MPE), que encaminha a situação, se for o caso, aos policiais federais. ''Só existe a compra de votos se alguém vender. Dependemos muito das denúncias, pois sabemos que se trata de um crime muito disseminado - é uma ação mais repressiva nossa e das polícias Civil e Militar''. Sobre a expectativa para o que vem por aí, dada a proporção do atual processo eleitoral, Antunes resumiu: ''Será uma eleição bastante animada...''

Além das operações envolvendo o Ciap e a falsificação de dinheiro, o delegado também foi quem coordenou o inquérito instaurado em março, na capital, para investigar os chamados Diários Secretos da Assembleia Legislativa do Paraná. A reportagem quis saber dele - que é paulista de Itapetininga, mas tem sotaque do Sul - qual a sensação diante do trabalho sobre a casa política. ''É a sensação de que a impunidade realmente impera no Brasil'', desabafa. Se vê perspectivas de isso mudar? ''Só o dia em que o cidadão tiver de fato consciência da importância de seu voto e de dar uma boa educação a seu filho, a ponto de ele não trocar o próprio voto por uma compra de sacolão, uma promessa de emprego, e não trabalhar com pessoas que ofereçam isso a ele. Eis algo que se obtém só com educação e formação de pessoas, formação de caráter: não adianta se querer formar apenas bons profissionais.''

Números de guerra em acidentes nas rodovias do Paraná: 48 mortes

FOLHA DE LONDRINA, 2 de agosto de 2010


Em julho, pelo menos 48 pessoas morreram em decorrência de acidentes nas rodovias estaduais do Paraná. As estatísticas da Polícia Rodoviária Estadual não incluem mortes posteriores. Foram registrados neste mês 1001 acidentes e 802 pessoas ficaram feridas. Apenas neste anos, já ocorreram 6.651 acidentes no Paraná, que deixaram 5343 feridos e 430 pessoas mortas.

A maioria dos acidentes fatais – 14 em julho – foi registrada na região dos Campos Gerais, sob subordinação da 5ª Companhia, com sede em Ponta Grossa. Em seguida, está a 4ª Cia, com sede em Maringá, no Noroeste, com 11 óbitos. A 2ª Companhia, com sede em Londrina, está em terceiro lugar, com 10 óbitos.

Este mês, os policiais militares rodoviários do Paraná aplicaram 11.734 multas. No ano, já foram 92 mil autuações. O número de motoristas autuados este mês por dirigir embriagado foi de 25.

Norte do Paraná - Na região da 2ª Companhia da Polícia Rodoviária, com sede em Londrina e que abrange 2.578 quilômetros de rodovias no norte do Paraná, foram registrados em julho 194 acidentes, com 188 feridos e 10 óbitos. Apesar de os números serem bastante elevados, são menores do que no mês anterior, quando 13 morreram em 207 acidentes com 174 feridos.

"A principal causa dos acidentes são a desobediência às leis de trânsito, à sinalização das vias, o excesso de velocidade e a falta de atenção", resumiu o sub-tenente Vanderlei Veríssimo, do setor de acidentes da 2ª Cia.

Neste mês, 3.764 motoristas foram autuados no norte do Paraná. A principal infração foi ultrapassagem em local proibido e não uso do cinto de segurança. "Acidentes em que ocorrem esses fatores são muito graves, com probabilidade maior de ferimentos graves e óbitos", disse o subtenente.

A Polícia Rodoviária Federal ainda não divulgou o balanço dos acidentes do mês de julho.


Na área urbana de Londrina, em julho foram 8 mortes no trânsito
Julho foi mais um mês violento nas ruas de Londrina: oito pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito, sendo três na Avenida Dez de Dezembro, a Via Expressa, cujo principal motivo foi excesso de velocidade. Cinco pessoas que morreram estavam conduzindo motocicletas; um era condutor de automóvel e os outros pedestre e ciclista.

De acordo com dados divulgado hoje pela Companhia de Trânsito de Londrina, em julho foram registrados 440 acidentes e 220 pessoas ficaram feridas, o que perfaz uma média diária de 14,19 ocorrências por dia. Isso significa dizer que a cada dia pelo menos sete pessoas são levadas a hospitais para tratar de ferimentos ocasionados por acidentes de trânsito.

Segundo os balanço da companhia, 29,32% dos acidentes ocorreram porque alguém invadiu a preferencial; 23,41% porque não foi respeitada a distância regulamentar e 18,64% porque houve falta de atenção de um dos condutores.

As vias com mais acidentes foram a Avenida Dez de Dezembro, com quase 11% das ocorrências; a Juscelino Kubitschek, com 7,6% e a Avenida Leste-Oeste, com 5,48%, todas com possibilidade de desenvolvimento de maior velocidade.

O número de acidentes e de feridos neste mês foi menor que em junho, quando foram registradas 523 ocorrências com 241 feridos. O número de mortos foi o mesmo.

Deputados batem recorde de faltas da legislatura

CONGRESSO EM FOCO, 2 de agosto de 2010

Em tempos de eleição, deputados faltaram 7.567 vezes no primeiro semestre, de acordo com levantamento. É o maior número de ausências registrado desde 2007. O paranaense
Affonso Camargo é o deputado mais faltoso, num semestre em que a Câmara bateu o recorde de ausências em toda a legislatura



Os deputados brasileiros acabam de obter mais um recorde, ainda que isso não seja motivo de orgulho. No primeiro semestre de 2010, eles registraram o maior número de faltas acumuladas em sessões deliberativas em plenário da legislatura (sessões de votação de proposta), em comparação aos semestres anteriores desde 2007. Ao todo, os deputados faltaram 7.567 vezes, justificadamente ou não, o que representa 25,6% de ausências em 59 sessões deliberativas realizadas entre fevereiro e julho.

O número de faltas quase dobrou em relação ao primeiro semestre do ano passado, quando foram registradas 4.892 faltas gerais (com ou sem justificativa). O total de ausências nesses seis meses foi também quase igual ao número de faltas registradas durante todo o ano de 2008, quando os deputados tiveram 7.643 faltas.

As ausências saltam aos olhos, especialmente, em termos percentuais, ou seja, na relação do total de faltas com o total de sessões deliberativas realizadas no semestre. O percentual de ausências no primeiro semestre de 2010 é superior ao obtido nos três anos anteriores.

O levantamento de assiduidade parlamentar é feito pelo Congresso em Foco ao final de cada semestre/ano. O estudo tem como base a própria página eletrônica da Câmara dos Deputados. Todos os parlamentares que exerceram o mandato, independentemente do período e da condição (titular ou suplente), são incluídos para efeito de cálculos e comparações.

Ano eleitoral - O aumento das ausências na Câmara no primeiro semestre do ano tem como motivo o ano eleitoral. Deputados afirmam que, nesse período, cresce a necessidade de recorrer às bases nos estados e de estar mais próximo dos eleitores. O fato é visto pelo cientista político Otaciano Nogueira como um momento de “condescendência” dos parlamentares em relação às faltas nas atividades legislativas.

“São as conjunturas. Não se pode esperar que 2010, ano eleitoral, tenha o mesmo nível de frequência dos outros anos. Está todo mundo empenhado nas campanhas desde o início do ano. A condescendência de deputados e senadores em relação à frequência aumenta”, afirma Otaciano, acrescentando que “circunstâncias peculiares, particulares” contribuem para o aumento das faltas.

Otaciano alerta, no entanto, que o problema maior não decorre do grande número de faltas em ano eleitoral, mas dos sucessivos aumentos de ausências que vêm ocorrendo ano a ano. Como o Congresso em Foco tem mostrado em reportagens semestrais sobre o tema, a cada ano os parlamentares elevam o percentual de faltas em relação ao ano anterior. “Se em 2009 o nível de faltas foi maior do que 2008, isso é preocupante, porque não tem eleição. Não há razão para tantas faltas”, diz Otaciano.

Em 2009, em relação ao ano anterior, os deputados aumentaram em mais de duas mil a quantidade de faltas em votações plenárias. Em 2008, se comparado com o ano de 2007, também houve aumento nas ausências. No segundo ano do mandato, os deputados faltaram 16% das sessões, enquanto no ano anterior esse percentual foi de 13,88%.

Campeões - Os dez mais faltosos do primeiro semestre deste ano tiveram juntos 433 faltas. O campeão de ausências foi o deputado Affonso Camargo (PSDB-PR) que compareceu em apenas sete sessões das 59 reuniões deliberativas realizadas no período. Em seguida, está o parlamentar maranhense Zé Vieira (PR), que faltou a 49 sessões, e o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), que faltou a 80% das sessões (47 ausências).

Dois deputados de expressão nacional também aparecem entre os mais faltosos: o ex-líder do PSDB na Câmara José Aníbal (SP) e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que chegou a ensaiar uma candidatura à Presidência da República. Aníbal esteve presente em apenas 14 das 59 sessões de votação, enquanto Ciro faltou a 69% das reuniões deliberativas.

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Censo começa a visitar 58 milhões de casas

ESTADÃO ONLINE, 2 de agosto de 2010


A partir deste domingo, 190 mil recenseadores irão traçar o perfil de um novo Brasil. O Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz novas perguntas que mapearão da quantidade de famílias formadas por pessoas do mesmo sexo ao número de domicílios com acesso à internet. Ao todo, serão 58 milhões de domicílios visitados até o dia 31 de outubro.

Por meio da pergunta que verifica o grau de parentesco das pessoas que moram sob o mesmo teto, a pesquisa permitirá saber, por exemplo, quantos adultos ainda moram com a mãe. Pela primeira vez também será conhecido o número de pessoas que residem em domicílios coletivos, como penitenciárias, orfanatos e asilos. Até o último censo, de 2000, essa população era agrupada sem diferenciação. A fatia de brasileiros que mora no exterior também será conhecida. Além disso, o censo permitirá saber onde essas pessoas viviam antes de deixar o País.

No censo de 2000, o IBGE contabilizou uma população de 169,8 milhões. Orçada em R$ 1,68 bilhão, os dados da pesquisa começarão a ser conhecidos já no final de novembro, quando os resultados serão apresentados ao Tribunal de Contas da União (TCU) para definir o reparte de verba do Fundo de Participação dos Municípios.

O presidente do IBGE, Eduardo Nunes, explicou que os técnicos do instituto dedicaram três anos de preparação para o trabalho. "O censo é uma fonte vital de preparação do País para a próxima década", afirma Nunes. "Ele vai registrar também as características do entorno dos domicílios e revelará a existência ou não de calçamento, iluminação pública e saneamento básico", explica. Os 8,5 milhões de quilômetros quadrados do Brasil foram divididos em 314 mil setores - cada um receberá a visita de um recenseador.

Censo 2010 mostrará mais que números

CORREIO BRAZILIENSE, 2 de agosto de 2010


A importância dos dados que o IBGE começa a colher hoje ultrapassa a mera contagem da população. Mais do que saber quantos somos, o Censo 2010 traçará o perfil de uma sociedade que sofreu profundas transformações ao longo de uma década. A mais importante é, sem dúvida, a ascensão das classes C e D. Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas, 49,22% da população subiu na escala social. O novo desenho da pirâmide demográfica significa mais que incremento da renda, que oscila entre R$ 1.115 e R$ 4.807. Significa alteração nos padrões de consumo. O enorme contingente de pessoas que viviam à margem integrou-se à economia de mercado.

Vários fatores respondem pela agregação do segmento mais pobre ao mundo capitalista. Entre eles, políticas públicas acertadas como o Bolsa Família e o Luz para Todos, que tiraram populações da idade média e as puseram nos trilhos da idade moderna. Mais acesso à escola melhorou o nível da educação, a qualificação profissional, os cuidados com a saúde e a higiene. As taxas de natalidade e mortalidade decresceram. O crédito mais fácil, decorrência do empréstimo consignado e farta oferta de catões de crédito, incrementou a procura por bens duráveis e semiduráveis.

Novos focos da pesquisa levantarão informações sobre como somos e como vivemos. Cor da pele, etnia, religião e preferência sexual pintarão com cores mais vivas os moradores dos 50 milhões de domicílios espalhados pelos 5.565 municípios. O recenseador observará o entorno das residências — iluminação pública, limpeza, segurança. Também obterá dados sobre o tempo gasto no deslocamento da casa para o trabalho ou para a escola.

O resultado, previsto para 27 de novembro próximo, mostrará o retrato de corpo inteiro do Brasil. Os dados demográficos atualizados e confiáveis apontarão os rumos das políticas públicas a serem adotadas no futuro. Elas terão de olhar para a frente e também responder a desafios antigos. Entre eles, o deficit habitacional, o saneamento básico, o analfabetismo de adultos, a segurança, a saúde e a qualidade do ensino. A degradação da infraestrutura deve ocupar lugar de destaque. Novos clientes significam mais consumo — de transporte, de estradas, de aeroportos, de energia, de lazer. O Estado tem de atender a demanda. Com informações corretas, a população fornecerá o insumo fundamental para traçar o rumo a seguir.