quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Vereadores finalmente agem e cassam prefeito de Teresópolis

INSTITUTO AME CIDADE, 2 de novembro de 2011


Tem Câmara Municipal que toma vergonha e acaba tendo alguma atitude decente. Na noite desta terça-feira, os vereadores de Teresópolis cassaram o prefeito Jorge Mario Sedlacek. O afastamento foi decidido por unanimidade. Em agosto, como o leitor pode ver na republicação do post abaixo, eles já haviam decidido afastar o prefeito por 90 dias.

Sedlacek era do PT e foi expulso só depois de denunciado pelo envolvimento em um esquema de corrupção e pagamento de propina.

As graves irregularidades foram reveladas pelo jornal O Globo numa série de reportagens. O prefeito cassado é acusado de desviar dinheiro que deveria ser destinado ao socorro às vítimas dos temporais ocorridos no início deste ano na região serrana do Rio de Janeiro e que atingiram Teresópolis de forma trágica: morreram mais de 900 pessoas na cidade e milhares ficaram desabrigadas.

O Ministério Público Federal apurou que na semana da tragédia que comoveu o Brasil e o mundo representantes de empresas e secretários da administração de Sedlacek acertavam reajustes de propina. A reunião foi na prefeitura, onde a propina passou de 10% para 50%.

Com o resultado das investigações, a Controladoria Geral da União (CGU) já havia determinado o bloqueio da conta da prefeitura de Teresópolis. A CGU está exigindo o ressarcimento de R$ 7 milhões transferidos para a cidade.

O roubo de dinheiro público numa situação dramática como a que ocorreu em Teresópolis é revoltante, mas cabe aqui lembrar que em última instância qualquer ato de corrupção acaba sempre penalizando alguém necessitado, seja o doente que fica sem atendimento médico, a criança mais pobre que perde a merenda na creche pública ou qualquer outro serviço ou obra municipal que sofre prejuízo na cidade.

Outra questão importante é que, mesmo tendo tomado uma atitude digna agora afastando o prefeito, os vereadores de Teresópolis falharam na fiscalização quando ocorria o saque aos cofres da prefeitura.

Com uma Câmara Municipal atuante o roubo nem teria ocorrido. E Teresópolis não teria sofrido junto com a tragédia provocada pelas chuvas esta outra grande tragédia brasileira: a corrupção.

Teresópolis: o terceiro prefeito que assume o cargo em um período de menos de uma semana tem encrencas com a Justiça

INSTITUTO AME CIDADE, 8 de agosto de 2011


A cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro, vem vivendo uma sucessão de problemas que demonstram como a desonestidade prejudica gravemente a vida nos municípios brasileiros. Afetada pelas chuvas de janeiro, na tragédia ocorrida na região serrana do Rio, quando morreram mais de 900 pessoas, na última semana Teresópolis teve afastado o prefeito Jorge Mario Sedlacek, acusado de desviar verbas destinadas à recuperação da cidade. Na quarta-feira passada escrevemos sobre o assunto aqui no blog.

A Controladoria Geral da União (CGU), em Brasília, encontrou indícios de uma ação criminosa dentro da prefeitura de Teresópolis, envolvendo a aplicação dos R$ 7 milhões enviados pelo governo federal para socorrer as vítimas da tragédia de janeiro.

Com o afastamento de Sedlaceck, o vice Roberto Pinto assumiu o cargo na última sexta-feira, mas morreu no sábado, após sofrer um infarto. Com sua morte, assumiu o cargo Arlei de Oliveira Rosa (PMDB), presidente da Câmara de Vereadores.

Oliveira Rosa é o terceiro prefeito da cidade em um período de menos de uma semana, mas já começam a ser reveladas encrencas em sua vida. Ele é alvo de dois processos cíveis.

Desde agosto de 2008, ele é processado por ter vendido um Chevette com dívidas de IPTU e multas. A última publicação do Tribunal de Justiça, de quarta-feira, atestava penhora de bens "frustrada", pois ele não possuía bens em seu nome. E desde novembro o atual prefeito de Teresópolis enfrenta também uma ação exigindo a reintegração de posse de parte do terreno ocupado pelo anexo de uma loja. A Justiça já determinou ao prefeito a devolução do terreno apropriado indevidamente.

Abalada por uma grande tragédia e agora pela morte de seu prefeito, Teresópolis tem dificuldade de se recompor por causa dessa grande desgraça das cidades brasileiras, a desonestidade dos dirigentes públicos.