quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vereadores de Cornélio Procópio aprovam em primeira votação o aumento dos próprios salários

INSTITUTO AME CIDADE, 15 de junho de 2011

Os vereadores da Câmara Municipal de Cornélio Procópio aprovaram em primeira votação o aumento de seus próprios salários. Na sessão de ontem os únicos vereadores que votaram contra o aumento foram Emerson Carazzai Fonseca (PRB) e a vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB). Favoráveis ao aumento foram Helvécio Alves Badaró (PTB), Ricardo Leite Ribeiro (PPS), Edimar Gomes Filho (PPS), Sebastião Cristóvão da Silva (PP), Reinaldo Carazzai Filho (PP), Sebastião Angelino Ramos (PTB) e Vanildo Felipe Sotero (PP).

No âmbito da transparência pode-se dizer que foi praticamente uma votação secreta. Desde a sessão da semana passada a Câmara não disponibiliza em seu site nenhum assunto da pauta de ontem.

A única menção ao aumento está na pauta da semana passada. Porém, esta pauta só pode ser vista se o internauta, eleitor e contribuinte clicar na coluna da esquerda do site e chegar até lá. Na página de abertura não há nenhuma menção aos assuntos tratados na única sessão semanal da Câmara.

A transparência é zero. A notícia em destaque na página da Câmara é a pintura nova do prédio em um texto 17 de março. Ao lado, uma foto do prefeito Amin Hannouche (PP) quando passou o cargo ao vice, no dia 29 de abril.

E lá na página da pauta o assunto está no meio de outros e identificado de forma obscura como "recomposição inflacionária e correspondente atualização aos Subsídios dos Vereadores".

Um assunto como este exigia um destaque na página da internet, mas apagar a transparência é exatamente a intenção dos vereadores que domina hoje a Câmara sob o mando do prefeito Amin Hannouche (PP). De comum acordo com o prefeito, este grupo de vereadores mantêm o Legislativo municipal totalmente submisso ao Executivo. É o prefeito quem dá ordens na Casa de Leis.

Outros assuntos não freqüentam a comunicação da Câmara Municipal de Cornélio, como a Ação Civil Pública do Ministério Público que acusa de irregularidades no uso de diárias de viagens pagas pela Câmara seis vereadores e um suplente, além de alguns funcionários. A investigação e a ação do MP partiram de uma representação do Instituto Ame Cidade e a denúncia por improbidade administrativa foi acatada pela Justiça. Os acusados já tiveram seus bens indisponibilizados.

E é claro que esconderam também o pedido de instalação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para investigar as diárias, feito pela vereadora Aurora e negado pelos vereadores que agora exigem este aumento em seus salários.

Aurora pediu também que a Câmara investigasse a suspeita de serem falsas notas fiscais descobertas por ela em negócios de publicidade da Prefeitura com uma empresa privada. Em um caso que se desenrola desde a gestão passada de Hannouche, foram encontradas até notas fiscais da mesma empresa com números de série idênticos. O acontecimento é conhecido pelos procopenses como 'Caso das Notas Frias".

Mais um assunto que os vereadores do prefeito tentam apagar é outra ação também do Ministério Público, esta contra o prefeito Hannouche, que, junto com seu vice, é acusado por improbidade administrativa.

Como faz com qualquer assunto do interesse do prefeito, a Câmara esconde qualquer menção a esta Ação Civil Pública que acusa Amin Hannouche e mais três pessoas, inclusive seu vice, por improbidade administrativa. Na ação do MP, que resultou de uma investigação feita a pedido do Instituto Ame Cidade, também é pedido o ressarcimento do Município por danos morais.

Além do prefeito, são denunciados na ação do MP o vice-prefeito João Carlos Chechin Lima, o procurador da Prefeitura, Alfredo José de Carvalho Filho, e Cláudio Roberto Nunes Golgo, advogado responsável pela Ibrama, empresa contratada pelo Município sem licitação.

Aumento de salário de vereadores de Cornélio Procópio vai custar caro e o dinheiro terá de ser retirado de áreas como saúde e educação

INSTITUTO AME CIDADE, 15 de junho de 2011


O aumento de salário que os vereadores de Cornélio Procópio aprovaram ontem em primeira votação vai sair caro para o contribuinte. Os vereadores de Cornélio Procópio ganham hoje muito bem. O salário líquido mensal de cada um é de R$ 2.900. Isso num estado onde o rendimento médio mensal dos trabalhadores é de R$ 1.527,48. E numa cidade como Cornélio Procópio, que fica numa das regiões mais pobres do Paraná e sofre com um orçamento apertado e uma variedade de problemas.

Com o aumento que os vereadores ligados ao prefeito estão querendo e que aprovaram em primeira votação haverá um significativo aumento nas despesas do Município.

Cada vereador custará só em salários R$ 445,20 a mais por mês, fora a contribuição previdenciária. Ao ano, isso acrescentará R$ 5.342,40 a mais de gastos no orçamento, sempre sem contar a contribuição previdenciária.

Os nove vereadores custarão ao contribuinte procopense mais R$ 48.081,60 a mais, por ano.

Para ter uma idéia do tamanho do aumento em gastos que, evidentemente terão de ser retirados de despesas em outras áreas, basta pensar a falta que quase 50 mil reais por ano não farão na saúde ou na educação, setores que já estão hoje com sérias deficiências. Como os vereadores acrescentam 50 mil reais por ano em seus salários, a cidade pode contar que vão faltar esses 50 mil em áreas como a saúde e a educação.