terça-feira, 6 de setembro de 2011

Protesto contra buracos em Cornélio Procópio: o desabafo de uma cidade que sofre com o desleixo de uma Prefeitura

INSTITUTO AME CIDADE, 6 de setembro de 2011


O blog do jornalista Odair Matias noticia hoje uma interessante manifestação de comerciantes de Cornélio Pocópio denunciando o desleixo da prefeitura com a conservação das calçadas da Avenida XV de Novembro, uma das mais importantes da cidade. Foram distribuídas caixas de papelão ao longo das calçadas com o aviso “Cuidado Buraco!!!” escrito em cada uma.

Como pode-se ver na foto extraída do blog, a manifestação chama a atenção de forma ordeira e inteligente ao grave problema do abandono da conservação do patrimônio público dos procopenses, um descaso administrativo que vem dos mais de seis anos de mandato do prefeito Hannouche, que promete deixar uma herança maldita para seu sucessor.

O protesto é também um desabafo sobre o mau atendimento da Prefeitura aos apelos da população. Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, os buracos são um trantorno também muito perigoso. Já aconteceram vários acidentes nas calçadas, que são situadas em terreno inclinado. Já foram protocolados vários pedidos na Prefeitura mas não houve nenhuma resposta.

A XV de Novembro é uma longa avenida que desce do centro da cidade para depois subir até o morro do Cristo Rei, com as calçadas seguindo esse trajeto e contornando o monumento histórico da cidade. As calçadas foram construídas com pedra portuguesa em petit-pave, à exemplo do visual da Ruas das Flores, em Curitiba, e do famoso Calçadão de Copacabana, criado por Burle-Marx no Rio de Janeiro.

Este é um dos setores mais importantes da cidade, até pelo aspecto visual que confere qualidade urbana ao município. Mas sofre os efeitos do abandono geral da administração Hannouche com os cuidados com a cidade.


O propense se espanta com
o que está à vista e teme
aquilo que pode estar oculto

No que é visível na vida da cidade, percebe-se de cara a falta de atenção com a manutenção dos espaços públicos. As calçadas da avenida central que receberam as caixas em forma de protesto e desabafo dos procopenses servem apenas como exemplo de um panorama extenso de destruição de vias públicas, calçadas destruídas, lixo acumulado até em locais centrais e de uso cotidiano da população, terrenos cheios de matos, obras que se prolongam por anos e que até acabam servindo de “mocós” para prostituição, tráfico e uso de drogas, e tantos outros problemas gerados por uma ineficiência impressionante da parte do prefeito e sua equipe.

Além do desastroso efeito desta ineficiência que pode ser visto no cotidiano, os procopenses temem também o que pode ter sido criado nesses mais de seis anos nos bastidores da Prefeitura em termos de problemas administrativos dos mais variados. E seus dois mandatos consecutivos, o prefeito Hannouche vem tratando os negócios públicos como se fosse uma caixa preta que não pode ser aberta à população.

O que o procopense se pergunta é o que virá depois da eleição do ano que vem quando, sejam quem for eleito, o próximo prefeito for obrigado a abrir esta caixa preta depois de oito anos do desastre administrativo que pode ser visto e sentido nas ruas de Cornélio Procópio.


Ações da sociedade civil
evitam
que o pior aconteça
em
setores vitais da cidade
Parte do que está escondido nos meandros da Prefeitura acabou sendo revelado em algumas situações, sendo algumas dessas descobertas feitas pelo esforço cívico do Instituto Ame Cidade e da dignidade política da vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB), uma parlamentar que cumpre com seu dever de fiscalizar.

Recentemente, como resultado de uma Ação Popular impetrada pela vereadora, o grupo de vereadores ligados ao prefeito (que hoje dominam a Câmara) foi obrigado a voltar atrás na doação de um terreno público. O negócio era suspeitíssimo. Entre outras irregularidades, o empresário que havia recebido o benefício estava sendo processado pela própria Prefeitura por não pagar imposto.

Em julho deste ano, outro caso muito suspeito envolvendo a Prefeitura também trouxe preocupação sobre o que pode estar acontecendo nesta administração fechada à qualquer transparência.

O prefeito Hannouche foi obrigado a fazer um acordo com o Ministério Público do Trabalho que havia entrado com uma ação com denúncia de irregularidades na terceirização da limpeza pública. A ação já havia sido acatada pela Justiça.


O espanto de uma cidade
com a desumanidade feita a
trabalhadores humildes
Entre as irregularidades descobertas pelo MP, havia até uma cooperativa falsa que usava a força de trabalho de gente humilde, forçando-os a desisitir de direitos para poderem trabalhar.

O MP acusa na ação o desrespeito aos trabalhadores endossado pela Prefeitura como uma super exploração do trabalho feita de uma forma parecida com o que existia no século 19, antes da existência de leis de proteção ao trabalho.

Quando os promotores públicos revelaram a desumanidade feita a gente humilde que precisava desesperadamente de trabalho a reação da população foi de revolta e espanto, até porque o propaganda populista do prefeito Hannouche procurou sempre vender sua imagem como uma pessoa respeitosa para com os mais pobres.

O acordo feito pelo prefeito e outros responsáveis pelas irregularidades na terceirização acabou ficando caro para o Município. A Prefeitura teve que pagar uma multa de R$ 350 mil reais, em 19 parcelas que já estão sendo executadas na forma de serviço para a população. E a execução desses serviços vem sendo monitorada pelo MP, o que na prática é uma intervenção nesta administração.

Mas o mais grave é o que poderia ter ocorrido se não houvesse a intervenção do MP, que nasceu de uma ação inicial do Instituto Ame Cidade. A terceirização planejada pelo prefeito Hannouche poderia ter trazido o caos na limpeza pública de Cornélio Procópio, um área essencial para a saúde da população.