segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Novo ano em Cornélio Procópio começa com obras atrasadas ou totalmente paradas


INSTITUTO AME CIDADE, 4 de janeiro de 2010

O prefeito Amin Hannouche (PP) adentra o ano de 2010 com bastante serviço atrasado. São várias obras iniciadas no ano passado e que estão sendo tocadas de forma muito lenta e atrapalhada, causando bastante preocupação entre a população não só pelos prazos que não se cumprem, mas também pelo estado em que essas construções serão entregues.

Os procopenses temem que a necessidade de acelerar o serviço acabe prejudicando a qualidade e a segurança desses bens públicos. As dificuldades de execução mostram falhas graves de planejamento e por isso um dos temores da população é que mesmo depois de concluídas essas obras apresentem falhas que exijam mais investimento.

O novo Calçadão, situado em um setor comercial da cidade, simboliza bem a dificuldade demonstrada pela prefeitura na concepção e administração de suas obras. Os trabalhos começaram em agosto, tomando quase metade do ano e tornando difícil para comerciantes e pedestres principalmente o último trimestre de 2009. Em alguns dias as obras ficaram totalmente paradas.

O comércio da região chegou a sofrer prejuízo, com alguns comerciantes avaliando as perdas em até 30%. Quando as obras ainda não haviam sido iniciadas, algumas pessoas já alertavam o prefeito Amin Hannouche sobre o risco em iniciar obras em data tão próxima do Natal, época vital para o comércio. Mas é claro que ele não deu atenção.

Mais adiante, em outubro, com a morosidade das obras já causando queda nas vendas e temendo que os problemas não terminassem antes do Natal, comerciantes e o Sindicato do Comércio Varejista procuraram a Prefeitura, onde foram recebidos pelo secretário municipal da Indústria e Comércio, Iran de Resende. Mas também nada foi resolvido.

Enquanto a cidade vivia este clima de dificuldades e preocupações, o prefeito Amin Hannouche estava em viagem ao Oriente Médio, de carona na caravana do prefeito curitibano Beto Richa (PSDB).

Na origem dos transtornos com tantas obras atrasadas evidentemente estão graves dificuldades de gestão, incapacidade que é ainda mais estranha em um prefeito reeleito. Mas boa parte dessas adversidades vem também do perfil autoritário e centralizador do prefeito. E o pior é que este traço parece ter contaminado seus colaboradores, como funcionários nomeados e secretários, que demonstram uma grande dificuldade de diálogo com a sociedade civil. Mesmo quando recebem os cidadãos, como no encontro entre os comerciantes e Iran de Resende, as sugestões não são encaminhadas de forma prática.

O drama da questão do calçadão até obrigou comerciantes a fazerem uma manifestação pública de protesto contra a demora nas obras e a falta de diálogo das autoridades municipais. Foi aí que se viu com mais clareza o caráter impositivo de uma administração que parece não admitir a convivência democrática com a divergência de opinião.

O protesto aconteceu de forma pacífica no dia 12 de novembro. Comerciantes e funcionários estenderam faixas próximo às obras que prejudicavam seu trabalho. O secretário municipal da Indústria e Comércio, Iran de Resende, esteve no local durante a manifestação e em vez de dialogar fez críticas agressivas e exigiu a retirada das faixas. A faixa da imagem acima foi a que mais irritou o secretário.

Os manifestantes reclamavam principalmente do período inoportuno das obras e pediam mais empenho na conclusão. Além de não serem ouvidos novamente, desta vez ainda foram tratados com agressividade por um secretário de Amin Hannouche.

O caso do Calçadão é a marca simbólica de uma administração que termina seu primeiro ano de forma atrapalhada e mostrando graves dificuldades de gestão.

Várias outras obras estão bem atrasadas ou totalmente paradas, como é o caso da revitalização da Praça Brasil, um dos locais mais importantes da cidade e que passou este período de festas toda quebrada para o início de reformas que não avançaram até agora.

Outras obras, como o Frigorífico do Peixe e o Clube do Povo, também sofrem da mesma dificuldade de execução. Por coincidência, todas elas estão a cargo da mesma empreiteira, a ILB Construções, que deve receber cerca de 3 milhões de reais pelo pacote.

A data de entrega dessas obras veem sendo mudada várias vezes. Para o Calçadão, a última promessa de Amin Hannouche foi de que tudo seria concluído no final de novembro “devido às festividades alusivas ao Natal”. Mas as obras se arrastaram por dezembro todo, prejudicando a população e comerciantes, e entram neste ano ainda sem a conclusão. Nesta primeira semana de 2010 provavelmente já deve vir da prefeitura novas datas para a inauguração.

Mas pelo visto a população não tem mais confiança alguma. Na última enquete de 2009 feita pela Rádio Cornélio — emissora mais ouvida em Cornélio Procópio e a de maior credibilidade —, em resposta à pergunta “O Novo Calçadão da Massud Amin fica pronto ainda em 2009?”, apenas 15,69% disseram sim. 84,31% responderam que o Calçadão não ficaria pronto. E o tempo mostrou que eles estavam certos.

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