segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Brasil e França em um grande negócio militar

INSTITUTO AME CIDADE, 7 de setembro de 2009

O acordo de cooperação militar entre o Brasil e a França, anunciado nos últimos dias pelo presidente Lula ainda vai dar muita discussão tanto internamente quanto no plano internacional. Com ele, o Brasil aumenta sua força militar em relação aos outros países da América Latina.

O presidente Lula usou este Sete de Setembro para simbolizar esta realização de seu governo, trazendo inclusive o presidente francês, Nicolas Sarkozy, para participar das comemorações do nosso Dia da Independência.

O acordo não vai ficar barato para o nosso país. Apenas a primeira fase deve custar cerca de R$ 20 bilhões, a serem pagos até 2020. Além da discussão sobre a prioridade deste gasto em um momento difícil que a economia mundial atravessa, existem também vozes discordantes quanto a escolha da França como parceiro neste acordo.

Leia abaixo dois textos muito elucidativos sobre a questão, publicados nos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Em artigo na Folha, o experiente jornalista Janio de Freitas já deixa claro no título suas suspeitas sobre interesses escusos na transação.


Brasil terá maior força naval da América Latina
ROBERTO GODOY, O Estado de S. Paulo, 7 de setembro de 2009

Primeiro submarino nuclear deve ficar pronto até 2020; frota contará ainda com fragatas, navios leves e corvetas


SÃO PAULO - Até 2020 o Brasil terá a maior e mais poderosa força naval da América Latina, equipada com submarinos, fragatas, navios leves, corvetas - um volume estimado em 35 unidades - além de mísseis de longo alcance, torpedos, aviões e helicópteros de tecnologia avançada. A expectativa é de que em dez anos o primeiro submarino de propulsão nuclear, com 100 metros e 6 mil toneladas, já esteja pronto, e também definido o cronograma de uma segunda unidade.

O acordo de cooperação militar que os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, formalizam nesta segunda-feira, 7, em Brasília, dá início ao ambicioso programa de reaparelhamento.
O pacote envolve a compra e a produção de quatro submarinos convencionais, da classe Scorpéne, de 1.800 toneladas, mais a parte não nuclear de um modelo de propulsão atômica. As operações estão associadas à construção de um novo estaleiro e uma base operacional. Essa fase vai custar cerca de R$ 20 bilhões, com desembolso até 2024.

Do ponto de vista estratégico, haverá uma 2ª Esquadra, na Foz do Amazonas. A 1ª EsQ fica no Rio. Foi criada na administração do presidente Floriano Peixoto há cerca de um século.

"A Marinha revitalizada será um grupamento articulado e orgânico, destinado a garantir a negação do uso do mar a presenças hostis, ilícitas, e a promover efeito dissuasivo. Não estamos interessados em projetar poder", diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim. O novo desenho da Força, com mais bases e batalhões ribeirinhos, foi anunciado pelo ministro semana passada no Congresso.

O estaleiro francês DCNS, o dono do projeto Scorpène, terá como parceiro local o grupo empresarial Odebrecht Engenharia. A entrega do primeiro navio está prevista para 2014. Uma empresa mista (Marinha, 1% mais golden share; DCNS, 49%; Odebrecht 50%) fará o gerenciamento.

A próxima etapa, ainda sem prazo de execução, do Plano de Equipamento e Articulação (PEA), a que o Estado teve acesso, contempla a compra de seis a oito navios de escolta, fragatas de 6 mil toneladas com desenho que necessariamente incorpore tecnologia de furtividade e permita receber sistemas de armas, sensores e recursos eletrônicos.

A operação é semelhante ao programa F-X2, por meio do qual a Força Aérea está selecionando os novos caças de alta tecnologia. O método é de escolha direta, por meio do qual ofertas podem ou não ser aceitas e determinadas empresas são solicitadas a apresentar propostas.

Os primeiros contatos começaram em 2008. O estaleiro espanhol Navantina, o americano Northrop-Grumman Ship, o japonês Hyundai, o alemão Blohm-Voss e o francês DCNS estão dispostos a participar. Todos aceitam, embora ainda informalmente, as cláusulas mais sensíveis: a compra de um projeto de navio que esteja em operação, a obrigação de execução no País e a reforma do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro para comportar o empreendimento.

O Comando da Marinha está mantendo o programa de contratação de até 27 navios leves, de patrulha. Deslocando 500 toneladas e armados com dois canhões, custam, cada um, R$ 44 milhões. Seis foram encomendados ao estaleiro Inace, do Ceará. Levam 27 tripulantes e têm autonomia de 4,5 mil quilômetros. "É um bom meio de a Força estar presente nas proximidades das plataformas de petróleo", afirma o ministro Jobim.


O negócio armado

JANIO DE FREITAS, Folha de S. Paulo, 6 de setembro de 2009

Contrato militar Brasil-França segue opiniões de civis, como Lula, e não a de militares habilitados a defini-las


O contrato militar que os presidentes Lula e Sarkozy assinam amanhã, e atrela o Brasil aos caros armamentos e às concepções francesas, tem uma peculiaridade bem brasileira: segue basicamente as opiniões de civis, como o próprio Lula, o ministro Nelson Jobim e o ex-ministro Mangabeira Unger, e não a dos militares habilitados a defini-las.

A partir da peculiaridade, a iniciativa militarizadora cerca-se de uma tapeação gigantesca do governo Lula quanto ao custo estimado do plano, pelo menos dez vezes superior à maior cifra citada.

Não precisou de explicações a atitude original da FAB sobre os aviões de caça que devessem ser comprados: apenas entregou à decisão governamental apreciações sobre cada uma das marcas de caça possíveis, e não a indicação do modelo de maior conveniência para o Brasil em conformidade com os longos estudos e testes realizados.

Ou seja, feita e declarada por antecipação a escolha do caça francês Rafale por Lula, a FAB dispôs-se a aceitá-la sem a subscrever. Ou quis deixar claro que a escolha era dos civis, ou que não chegara à mesma escolha a que Lula foi induzido.
Os quatro submarinos mais modernos da Marinha são modelos alemães e foram construídos com assistência e transferência de tecnologia alemãs. Ou a Marinha escolheu mal, para fazê-los, ou, para acrescentar outros quatro à flotilha, quer passar como autora da escolha de submarinos que já veio, agora, no pacote transado com a França.

A discrição da FAB não foi acompanhada pela Marinha, que tratou as escassas referências jornalísticas ao negócio dos submarinos de modo agressivo, com notas insultuosas ainda à maneira de tempos idos (mas, vê-se, nem tanto) e com afirmações duvidosas, quando não de inverdade explícita.

Os alemães negam, por exemplo, que não tenham oferecido transferência de tecnologia inclusive para o casco de um submarino nuclear. Importa porém, para a peculiaridade do episódio, que os pequenos submarinos franceses já vieram no pacote decidido por civis.

Se a concorrência em qualificações militares foi por aí, a concorrência financeira simplesmente inexiste. E não são poucos os indícios de que o mais pesado dentro do pacote são os preços das partes, incluída a exigência absurda de que uma nova base naval e um estaleiro sejam construídos pela empreiteira Odebrecht. Sem concorrência e a custo estabelecido, sem trocadilho, aereamente. Só mesmo em país onde sobra dinheiro para saúde, educação e alimentação de 40 milhões de pobres e miseráveis.

E onde, por isso mesmo, o Senado aprova sem discussão e sem repercussão em imprensa e TV, como ocorreu na quarta-feira, a tomada de empréstimo externo e o gasto pelo governo de 6,1 bilhões. Dos quais, perto de um terço com 50 helicópteros, a serem divididos entre FAB, Marinha e Exército, e cerca de dois terços com quatro submarinos convencionais e orientação tecnológica para o submarino nuclear.

Mas esses 6,1 bilhões -no câmbio atual e irreal, mais ou menos R$ 17 bilhões- não representam um terço do projeto militar, cujo custo em 10 a 20 anos foi citado, tão depressa quanto possível, em 20 bilhões, não se sabe de reais, de dólares ou de euros.

Londrina é a quarta do País em remessas de dinheiro do exterior

FERNANDO ARAÚJO, Jornal de Londrina, 7 de setembro de 2009

Segundo o Banco do Brasil, no primeiro semestre deste ano, londrinenses que estão fora do País mandaram para a cidade R$ 14,3 milhões


De janeiro a junho deste ano, os londrinenses que vivem e trabalham no exterior, especialmente no Japão e Estados Unidos, enviaram para a cidade cerca de R$ 14,3 milhões. Segundo informações do Banco do Brasil, foram 11 mil remessas no primeiro semestre, com valor médio de R$ 1,3 mil. Esses números colocam Londrina como a quarta cidade no Brasil que mais recebe remessas de dinheiro de emigrantes, atrás dos municípios de Governador Valadares (MG), Goiânia (GO) e Ipatinga (GO).

O Banco do Brasil não possui dados específicos do número de londrinenses fora do País, mas o diretor de comércio exterior do Banco do Brasil, Nilo Panazzolo, salientou que a comunidade nipônica da região de Londrina é umas maiores. Outra grande participação vem dos Estados Unidos, onde existe a maior colônia de brasileiros do mundo - 1.450 milhão, segundo números oficiais.

Japão e Estados Unidos, juntos, representam quase 80% da soma de valores enviados por brasileiros que vivem no exterior. Só no Banco do Brasil, o total de recursos chega atualmente a US$ 2 bilhões por ano – cerca de R$ 3,78 bilhões. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estima que esse valor chegue a US$ 7,2 bilhões (R$ 13,636 bilhões) com remessas por outros brancos ou ilegais.

Esse dinheiro representa, muitas vezes, a manutenção dos familiares que ficaram no Brasil ou investimentos, como a compra de imóveis. E apesar do grande volume global, as remessas, em grande parte, têm valor médio de US$ 500. “É dinheiro de quem trabalha duro fora do País e manda para a subsistência de filhos ou parentes próximos”, explicou o diretor do BB.

Segundo Panazzolo, a crise que o mundo enfrentou no final do ano passado e no primeiro semestre de 2009 diminuiu em 20% o volume de recursos, mas já existe uma tendência de crescimento projetada para o segundo semestre. “Estamos prevendo chegar ao mesmo volume pré-crise, aumentando um pouco mais o valor que negociamos”.

Um dos caminhos encontrados pelo Banco do Brasil foi melhorar as formas de remessas feitas por brasileiros no estrangeiro. O BB Money Transfers Inc., recém-lançado nos Estados Unidos, vai auxiliar na transferência de dólares para reais. Instalado em estabelecimentos comerciais americanos, “é uma modalidade que vai proporcionar menores taxas e mais rapidez, além de praticidade”, destacou Panazzolo.
Imóveis estão entre investimentos preferidos

A construção civil é um dos setores da economia local que estão atentos à essa fatia de recursos que chega a Londrina todos os meses. Conforme o diretor da Plaenge, Alexandre Fabian, 12% das vendas dos apartamentos da construtora em Londrina são feitos com dinheiro que vem do exterior. O padrão de imóveis é considerado intermediário com valores entre R$ 100 mil a R$ 300 mil. “As pessoas compram tanto para que seus parentes tenham uma casa quanto para investir em aluguel”, disse Fabian.

A Plaenge também é um termômetro que demonstra a importância desse volume na economia de Londrina. Com atuação em Curitiba, Joinville (SC), Campo Grande (MS), Cuiabá, Dourados e Três Lagoas (MT), além do Chile, os números da empresa apontam os valores mais significativos para Londrina. “Aqui é onde são maiores as compras por brasileiros que residem no exterior”, disse.

A crise que diminuiu as remessas influenciou positivamente o mercado. Conforme Fabian, muitos dos trabalhadores que moravam no exterior acabaram optando mais rapidamente pela compra de apartamentos. “Muitos por medo de perder o emprego no exterior ou mesmo porque escolheram voltar para o Brasil”.
Poupança garantiu a casa própria

H.S. , 36 anos, é mecânico de automóveis, e hoje dono do próprio negócio na zona oeste. No ano passado, ele e a esposa C.S., 32 anos, decidiram tentar a sorte no Japão. Trabalhando em média de 14 a 16 horas diárias, numa indústria de confeitos e bolos, conseguiram guardar de R$ 10 mil a R$ 12 mil por mês. H. depositava seus ienes no Banco do Brasil no Japão, que convertia tudo automaticamente em dólares. O casal usava o câmbio no Brasil e no Japão como termômetro para mandar o dinheiro para a conta no Brasil. Se o dólar estivesse em alta no Brasil e no Japão a poupança era mandada para cá. Caso a moeda americana estivesse em baixa, esperava a alta para ser enviada. Eles tiveram que voltar por um problema de saúde de C. Mas em dez meses – o casal chegou de volta em março deste ano – conseguiram juntar R$ 80 mil. A maior parte da poupança - R$ 60 mil - foi gasta na compra de uma casa; e o restante está aplicado na oficina.

Casas noturnas de São Paulo já respiram ar ''ideal''

FERNANDA ARANDA, O Estado de S. Paulo, 7 de setembro de 2009

Com um mês da lei antifumo, medição em locais fechados revela que redução de monóxido de carbono ultrapassa 50%


Trinta dias de vigência da lei antifumo trouxeram algo de novo à atmosfera das casas noturnas paulistanas. O Estado comparou, antes e depois da legislação que proibiu o uso do cigarro entrar em vigor, a concentração de um dos poluente mais nocivo do tabaco, o monóxido de carbono (CO) no ar de três casas noturnas de São Paulo - Vegas, Sarajevo e Funhouse, todas na região central. Por meio de um aparelho especializado - monoxímetro - foi atestada redução da substância em mais de 50%. O padrão de ar encontrado nos locais passou de "contaminado" para "ideal", segundo as agências ambientais.

Hoje, a legislação que determinou o fim até mesmo dos fumódromos em qualquer tipo de estabelecimento "celebra" um mês. Quando as baforadas ainda eram permitidas, a reportagem encontrou índices de CO nas boates parecidos com o de ruas de tráfego movimentado, como a Avenida Paulista, entre 10 e 14 ppm (parte por milhão). Anteontem, porém, no mesmo horário de visita (entre 23h30 e 0h30), a marca máxima ficou entre 5 e 6 ppm. "Índices de até 5 ppm são considerados ideais. Vamos estudar os efeitos dessa redução de concentração, mas a expectativa é de diminuição de doenças cardíacas", afirma a pneumologista do Ambulatório do Tabagismo do Instituto do Coração (Incor) Jaqueline Issa, que avalia a qualidade ambiental pré e pós lei antifumo em 840 bares e boates de São Paulo. Os resultados devem ficar prontos no final do ano.

Por ora, nenhum estudo brasileiro foi concluído sobre a lei antifumo paulista, mas publicações feitas em países que adotaram normas parecidas com a de São Paulo mostram que a qualidade ambiental dos bares melhoram em até 83% e a concentração de substâncias tóxicas na saliva dos garçons em 86%. "Dados internacionais mostram que o banimento do uso do cigarro em ambientes fechados traz redução de 15% de ataques cardíacos", afirma Mônica Andreis, vice-diretora da Aliança Contra o Tabagismo (ACTbr), ONG que também estuda a legislação de SP. "Na Inglaterra, após um ano de lei semelhante, aumentou em 400 mil o número de pessoas que deixaram de fumar", completa.

Paulo Afonso de André, do Laboratório de Poluição da USP, outra entidade que tem feito pesquisas sobre a lei antifumo, também cita dados do exterior como referência. "Mas a expectativa para São Paulo deve levar em conta que o cigarro é um grande vilão, mas não o único. Ainda existe a poluição dos carros (na porta das baladas pesquisadas no sábado, o índice de CO chegou a 10 ppm), casas mal planejadas e que a fumaça tóxica das cozinhas se espalha para os ambientes", pondera ele.


Ainda que a comunidade médica festeje boas novas trazidas pela lei antifumo paulista - que já inspirou os governos de Norte a Sul do País - existem "efeitos colaterais" creditados à legislação. Alguns estabelecimentos adotaram medidas truculentas contra fumantes, como o confisco de maço de cigarros na entrada. Fiscais caça-fumaça também já foram agredidos ( em Araraquara, interior, dois agentes apanharam, na semana passada). Marcus Vinicius Rosa, diretor da Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo (Abresi) estima diminuição de faturamento de até 30% em casas noturnas.

São os proprietários dos estabelecimentos que recebem multas de até R$ 1.585 em caso de infração, valor que dobra na reincidência. No quarto flagrante, há suspensão de atividades por 30 dias. A Secretaria de Estado da Saúde diz que a taxa de cumprimento da lei está em 99%. Evandro Lopes, gerente da casa FunHouse - confirma a adesão. "No início, tínhamos clientes fumando no banheiro, mas agora está tranquilo."

Como consequência da lei, ainda precisam ser resolvidos o excesso de bitucas nas calçadas e o barulho dos fumantes, de madrugada, nas calçadas. O diretor do Programa de Silêncio Urbano (Psiu) da Prefeitura, Wanderley Pereira, confirma que as reclamações aumentaram, mas, como se trata de perturbação da ordem pública, é a Polícia Militar que deve ser acionada.

Paris: Estudo publicado no ano passado pelo Instituto Nacional de Prevenção à Saúde e o Observatório de Qualidade do Ar de Paris. Após um mês de proibição do uso de cigarro em ambientes fechados na capital francesa, os médicos constataram diminuição de 15% nos casos de enfarte

Escócia: Pesquisa realizada em 2007 pelo Instituto de Medicina Ocupacional. Os médicos coletaram a saliva de 371 trabalhadores de 72 bares de três cidades, sendo uma a capital, Edimburgo. A medição foi realizada duas vezes. A primeira foi sem a vigência da lei que proibiu o fumo em ambiente interno e a segunda, dois meses após a legislação. Nos não fumantes, a concentração de cotinina (um marcador do tabagismo) caiu 51%, Nos fumantes, caiu 12%

Boston: Estudo publicado em 2006 pelo Departamento de Saúde Pública da cidade americana. A qualidade do ar de seis pubs foi aferida antes e dois meses após a vigência da lei que proibiu o uso do cigarro em ambiente interno. A concentração do poluente hidrocarbonetos diminuiu de 179 mg/m³ para 7,7 mg/m³

Nova York: Pesquisa divulgada em 2004 pelo Departamento de Saúde Pública da cidade. No total, 104 trabalhadores não fumantes de bares foram acompanhados aos três meses, seis meses e um ano após a adoção da lei antifumo. Sessenta e oito deles concluíram o estudo. A reclamação de problemas respiratórios diminuiu 88%



NÚMEROS

14 partículas por milhão (ppm)
era a concentração de CO na FunHouse antes da lei antifumo, medida na pista de dança da casa noturna à 0h30

5 ppm
é a concentração atual de CO na mesma casa noturna, avaliada à 0h20 na pista do último sábado

11 ppm
era a concentração de CO no Vegas antes da legislação passar a valer, medida à 1h, com 350 pessoas na pista

5 ppm
é a concentração atual do poluente resultante da combustão do tabaco na mesma casa

10 ppm
era a quantidade de CO na pista de dança do Sarajevo antes da legislação começar a render multa

6 ppm
foi o último registro, com 60 pessoas na pista, às 23h40 de sexta

Casas de madeira de Maringá resistem ao tempo, não ao mercado

O DIÁRIO DE MARINGÁ, 7 de setembro de 2009

Construídas há mais de meio século, elas dividem espaço nobre da área central. Mas o mercado imobiliário as rejeita: valem o que vale o terreno. E só


Enquanto nos bairros novos, mesmo aqueles habitados por operários ou conjuntos habitacionais destinados a famílias de baixa renda, predominam as casas de alvenaria, nas áreas mais antigas, principalmente aquelas consideradas nobres, a quantidade de casas em madeira é grande, muitas delas localizadas ao lado de mansões ou edifícios. Elas fazem parte da paisagem urbana e algumas competem em pé de igualdade com os imóveis modernos.

“Essas já foram as casas de luxo de Maringá”, diz o aposentado Sílvio Neves, que mora há 50 anos em uma casa de madeira na Zona 2, um dos bairros de terrenos mais valorizados da cidade. “As primeiras casas de Maringá eram ranchões e quando começaram as casas de madeira serrada, só os ricos podiam construir”, lembra.

Ele, que foi dono de uma das primeiras empresas de pintura da cidade, lembra que algumas das casas que pintou 50 anos atrás continuam em pé e bem conservadas. As casas substituíam a floresta, derrubada justamente por causa da madeira para a construção. As casas dos operários eram geralmente construídas sobre toros grossos, ao passo que as dos ricos tinham alicerce em tijolos.

“Isso é peroba, e com cuidado não acaba nunca, dura até mais do que tijolo”, aponta Neves. Sua casa, na rua Tomé de Souza, aparenta ser nova, não tem sequer uma tábua podre. Pudera: ele e a família relembram os tempos de quando as casas eram pintadas pelo menos duas vezes ao ano.

Vizinha de Sílvio está uma das casas mais antigas, construída pela família Pifer quando se iniciou a povoação de Maringá. A casa, em que mora Marina Pifer, conserva as janelas com lâminas que abriam para fora e vitrôs elevadiços, detalhes comuns na arquitetura de meados do século passado.

Valor, só histórico
Na opinião dos corretores de imóveis, as casas de madeira são um atraso para a cidade e estão impedindo a valorização de alguns bairros. Na Zona 2, por exemplo, que já foi um dos bairros mais valorizados do Maringá, seus imóveis não conseguiram se valorizar tanto quanto em outras áreas devido à grande quantidade de casas de tábua, mesmo algumas sendo de padrões elevados para a época em que foram construídas.

Segundo o corretor João Carlos Araújo, da Imobiliária Daros, “a casa não conta quando é de madeira”, pois um comprador só aceita pagar pelo terreno. A situação mudaria de figura se a casa fosse de tijolos. Essas casas normalmente são habitadas pela mesma família há 50 ou 60 anos e geralmente não são vendidas por falta de acordo entre os herdeiros ou por não alcançarem preço que os proprietários estimam.

Esse fenômeno é mais comum na Vila Operária e nos chamados bairros nobres, como Zona 5, Zona 4 e Zona 2, porém não se repete em bairros como Zona 7, Vila Morangueira e Vila Santo Antônio, onde muitos proprietários negociaram os terrenos com construtoras. A família Locatelli, por exemplo, tem dois apartamentos em um prédio na esquina das ruas Visconde de Nassau e Oswaldo Cruz, construído no mesmo lugar onde tinha uma casa de madeira.

A negociação foi na base da troca, com vantagens para os Locatelli, que não tinham intenção de reconstruir a casa de madeira de mais de 50 anos. “Se meu pai (o falecido pioneiro João Antonio Locatelli) não tivesse aceitado a troca, hoje a casa estaria se acabando, ao passo que os filhos herdaram dois bons apartamentos”, diz o fotógrafo Antonio Carlos Locatelli.


Valor sentimental. E só

Nem todas as casas do início da história de Maringá são de madeira. Uma das primeiras construções da cidade, a 16ª moradia, foi erguida em 1944 em frente à Capela Santa Cruz, onde hoje é o Maringá Velho, pelo pioneiro Ernesto de Paiva.

Além de moradia da família Paiva, a casa foi a primeira padaria da cidade, a Arco-Iris, e depois de vendida no início da década de 50 foi a primeira relojoaria da cidade. Ela continua firme e forte, testemunhando a passagem do tempo e resistindo às modernizações. Aliás, o Maringá Velho ainda conservaria, em sua maior parte, ares dos anos 50 não fosse a presença do asfalto, calçadas e postes.

“Essa casa ainda é original”, diz Clara Tostes Micheletti, referindo-se à casa em que ela e os irmãos cresceram. O pai, Irineu de Paula Tostis, que foi um dos primeiros taxistas de Maringá, construiu um casarão na Zona 2, com cômodos de sobra para criar com conforto seus oito filhos.

“Hoje vivemos em uma área valorizada, mas não temos como construir uma casa nova”, diz Maria de Lourdes, filha de Irineu, que continua morando no casarão, com a mãe, dona Adelina, de 90 anos.

A situação é a mesma de sua amiga de infância Maria Aparecida Bongiorno, que continua morando na casa vizinha, também de madeira, comprada pelo pai no início da cidade. As meninas que brincavam de amarelinha na rua hoje são anciãs vivendo nas mesmas casas em que cresceram, criaram os filhos e agora recebem os netos.

Segunda fuga de presos em duas semanas encerra acordo na delegacia de Ivaiporã

JORNAL DE LONDRINA, 7 de setembro de 2009

Cadeia pública da cidade foi construída há 28 anos e está superlotada. Acordo firmado com o delegado Cadeia Pública da cidade permitia que os presos dormissem nos corredores e no solário


A fuga de 14 presos da Cadeia Pública de Ivaiporã, região Central do Paraná, por volta das 21 horas de sexta-feira (4), colocou um fim no acordo firmado entre o delegado Osnildo Carneiro Lemes e os detentos, que tinham autorização para dormir nos corredores e até no solário. Foi a segunda fuga em duas semanas: no dia 23 de agosto três presos já haviam fugido da carceragem. O pacto, feito em por causa da superlotação da carceragem, permitia mais conforto para os presos. Agora, nas celas destinadas a seis pessoas ficarão 14.

Segundo o investigador Adalberto Antônio dos Santos, a fuga ocorreu na hora do lanche da noite, quando o carcereiro abriu a porta principal de entrada para as celas. “Com armas improvisadas um grupo de detentos dominou o carcereiro e depois saiu caminhando normalmente pela porta da frente da cadeia”, relatou Santos.

Os fugitivos são Antônio Marcos Bento, José Vilson dos Santos, Célio Viana Vechia, Marcos dos Santos, Diego Estevan Luiz, Rafael Oliveira Rodrigues, Diogo Dias da Silva Mota, Sebastião Alves da Silva, Eduardo Rosa de Souza, Fabio Fernando de Souza, Fernando dos Santos, Jean Rodrigo Pereira, Jefferson Gusmão Quiles e José de Oliveira.

Dois deles (Fábio Fernando de Souza, 20 anos, e Jean Rodrigo Pereira, 19 anos) foram recapturados pela Polícia Militar ainda na noite de sexta, em Lunardelli. Eles tomaram de assalto duas pessoas com um Volkswagen Gol, na área central de Ivaiporã, mantendo-as como reféns.

De posse do veículo roubado, os fugitivos foram interceptados próximo de Lunardelli, na Rodovia Natal Pessuti, mas jogaram o automóvel contra os policiais, furando o bloqueio.

Mais adiante, a PM disparou contra um pneu do carro, que parou após colidir contra uma cerca. Dois fugitivos foram presos e um terceiro conseguiu fugir a pé. Os reféns Geovani José Gozo, 30 anos, e Cristiane Marcelino Nunes, 20 anos, foram libertados sem ferimentos.

“Trata-se de uma tragédia anunciada, só não vê quem não quer”, disse no sábado (5) o delegado da 54ª Delegacia Regional de Polícia de Ivaiporã, Osnildo Carneiro Lemes. Segundo ele, a Cadeia de Ivaiporã tem capacidade para 32 detentos e antes da fuga estava com uma superlotação de 141 presos.

Quanto ao acordo para que os presos permanecessem no corredor e solário, o delegado se justifica com uma lei da física. “Não tem como dois corpos ocuparem um mesmo espaço”, argumenta Lemes, acrescentando que, “enquanto as autoridades do setor penitenciário não tomarem providências, as fugas vão continuar ocorrendo”.

A Cadeia Publica de Ivaiporã foi construída há 28 anos e, com o crescimento da cidade, hoje está situada em uma área residencial em plena expansão. A prefeitura de Ivaiporã e outras entidades, incluindo o Conselho das Associações de Moradores, OAB, Rotary Club e a Associação Comercial, há vários anos vêm reivindicando ao Governo do Estado a construção de uma nova delegacia ou penitenciária na região centro norte.

Segundo o delegado, para controlar os presos na base da hierarquia e da disciplina, ele necessitaria de mais espaço físico e um número adequado de policiais. “Seria preciso ao menos uns 15 policiais, para dominar por completo a situação. Com 140 detentos, em um espaço destinado a abrigar apenas 32 e com apenas um carcereiro para cuidar de tudo, imagine a nossa dificuldade”, desabafa o delegado Osnildo Carneiro Lemes.

Tamiflu só chegará às farmácias depois que demanda do ministério for atendida

AGÊNCIA BRASIL, 7 de setembro de 2009


A informação foi divulgada pelo próprio laboratório produtor do medicamento, que informou ainda que a prioridade no abastecimento para o governo em situações de emergência segue orientação da OMS

O medicamento Tamiflu só vai chegar às farmácias e drogarias depois que a demanda feita pelo Ministério da Saúde for atendida. A informação foi divulgada pelo próprio laboratório produtor do medicamento, que informou ainda que a prioridade no abastecimento para o governo em situações de emergência segue orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por meio de nota, o laboratório explicou que, em momento algum, o Tamiflu foi recolhido de farmácias e drogarias. O estoque antigo, segundo ele, apenas deixou de ser reposto na rede privada em decorrência da pandemia de influenza A (H1N1) – gripe suína.

A capacidade de produção do remédio, de acordo com a empresa, já foi ampliada com o objetivo de suprir estoques adicionais. A meta é alcançar um total de 36 milhões de kits produzidos por mês.
Na última quinta-feira (4), o diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de

Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, rebateu as críticas de que a pasta tenha concentrado toda a produção e alegou que o medicamento só não chegou aos estabelecimentos comerciais porque não havia estoque para suprir a demanda.

Bando armado rendem vigias e roubam caixa eletrônico da prefeitura de Ibiporã

FÁBIO LUPORINI, 7 de setembro de 2009

Polícia suspeita de que os bandidos sejam os mesmos que realizaram assalto parecido em Cambé, na semana passada


Dois vigias da prefeitura de Ibiporã, Norte do Paraná, foram rendidos por seis homens armados, que arrombaram o caixa eletrônico do local. A polícia trabalha com a hipótese de que o grupo seja o mesmo que assaltou o caixa eletrônico da prefeitura de Cambé, também no Norte, no último domingo (30). Ninguém foi preso.

O cabo Gérson Pereira, da Polícia Militar (PM) de Ibiporã, contou que os seis homens renderam os dois vigias por volta das 6h45 deste domingo (6). “Enquanto um segurava duas pistolas apontadas para os vigias, os outros cinco arrombavam o caixa eletrônico”, afirmou. Segundo ele, os bandidos utilizaram um maçarico para retirar o dinheiro do caixa.

A polícia suspeita de um grupo que esteja agindo na região. “No domingo passado, houve um assalto na prefeitura de Cambé, do mesmo jeito. Não sei quantos bandidos foram, mas eles utilizaram um maçarico”, contou o cabo.
A reportagem não conseguiu contato com a assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal (CEF), proprietária do caixa eletrônico, para saber o valor do dinheiro roubado.