terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ataque à vereadora Aurora é também uma agressão tramada contra a democracia

INSTITUTO AME CIDADE, 8 de dezembro de 2009

O processo pedindo a cassação da vereadora Aurora Fumie Doi encaminhado pelo Partido Progressista (PP) à Câmara de Vereadores de Cornélio Procópio e aceito por unanimidade pelos vereadores deve ser visto como um dos ataques mais graves à ética e à transparência na vida pública brasileira. Aurora, que tem uma carreira política e vida profissional inatacáveis, é agora o alvo direto da ação do PP, mas certamente o partido está mirando em objetivos mais amplos.

Felizmente a população de Cornélio procópio já percebeu a conspiração contra a ética. A indignação do procopense vê no ataque à Aurora uma agressão à democracia.

A pressão que o PP está fazendo sobre o Legislativo procopense provavelmente está inserido em um plano mais amplo do partido. Se der certo em Cornélio procópio, é grande a chance do partido tentar colocar em prática em outros municípios paranaenses esta forma autoritária de calar a oposição e implantar o domínio do Executivo sobre o Legislativo.

O PP já vem executando este plano para tentar constranger e subjugar o Legislativo por meio de discursos e entrevistas de vários vereadores da base aliada que buscam desqualificar as divergências e anular qualquer voz crítica. Estas manifestações autoritárias atingem inclusive a sociedade civil procopense.

Na cidade, o prefeito Amin Hannouche é vinculado ao PP, sendo um de seus chefes na região. Sob o comando do PP a Prefeitura também não respeito algum pela transparência administrativa e tampouco pela independência entre os poderes. A maioria dos vereadores é da base aliada do prefeito. Em vez de representar o Legislativo, o presidente da Câmara age e fala como se fosse do Executivo.

Aurora é voz discordante deste processo de domínio do Lesgislativo, entretanto tem tido negados pelo Executivo até pedidos básicos de informações sobre os atos da Prefeitura.

É preciso que a sociedade civil se levante contra a agressão ao mandato da vereadora Aurora, pois se uma investida deste peso contra a ética tiver sucesso, com certeza todos os procopenses acabarão sendo atingidos posteriormente pelo clima autoritário que pode ser instaurado na cidade.

E o partido que hoje agride os direitos políticos da Aurora tem uma notória história de ligação com o obscurantismo e a destruição da democracia. Em relação à ética na história brasileira, o PP sempre tem militado do lado contrário.

Partido é do lado oculto do poder e historicamente contra a ética

INSTITUTO AME CIDADE, 8 de dezembro de 2009

O PP tornou-se no Brasil um partido que simboliza o atropelo da ética, tantas são as denúncias de corrupção contra seus integrantes. Seu expoente máximo é o deputado Paulo Maluf, cuja carreira é dominada por denúncias de corrupção e processos na Justiça. Maluf ocupou cargo executivo por diversas vezes, sempre nomeado pela Ditadura Militar.

O político que responde pela simbologia moral do PP começou a carreira na antiga Arena, partido da Ditadura, depois transformada no PDS, para finalmente fundar o PP. Esta cronologia é também a do Partido Progressista, partido que historicamente descende do regime autoritário.

Até 1982 não havia no país eleições diretas para governador. E somente após 1985 as capitais passaram a ter eleições diretas. Maluf se beneficiou disso, construindo uma carreira com indicações para cargos executivos como prefeito de São Paulo e governador do Estado.

Em todos os cargos que ocupou aconteceram muitas denúncias de corrupção e processos que enfrenta até hoje.

Maluf ganhou apenas uma eleição para o executivo, a de 1992 para prefeito de São Paulo. Em 2008 disputou a prefeitura de São Paulo e ficou em quarto lugar, com uma votação bem pequena para a capital paulista: 376.734 votos.

Com o advento das eleições diretas, Maluf perdeu eleições para governador do Estado e prefeito da capital. Em 1986 perdeu a aeleição para governador para Orestes Quércia, ficando em terceiro lugar. Em 1988 perdeu a eleição para prefeito de São Paulo. O PP também tentou a presidência da República em 1989 com Maluf e ficou em quinto lugar. No segundo turno, o partido apoiou Fernando Collor, a quem se aliou até sua queda por corrupção.

Na campanha contra os candidatos com “ficha suja” organizada pelo Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em 2008, Maluf aparecia como o político que mais responde a processos na Justiça, totalizando sete.

O PP atua no lado encoberto do poder. Hoje essencialmente é um partido do baixo clero, com deputados inexpressivos e que atuam como meros instrumentos do Governo Federal, na base da troca por nomeações políticas no governo e em empresas estatais. Também participa dessa forma do apoio a governos estaduais e municipais, mas sempre é visto como um risco político, já que em todo o país vive envolvido em escândalos políticos.

Janene, chefe do PP no Paraná e amigo pessoal do prefeito Amin Hannouche, é réu no mensalão

INSTITUTO AME CIDADE, 8 de dezembro de 2009

O partido que entrou com o processo contra a vereadora Aurora está também implicado no escândalo do mensalão, o esquema de pagamento a parlamentares em troca de apoio ao governo. Tem quatro importantes nomes na condição de réus, no processo da Procuradoria Geral da República que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os denunciados por corrupção está o ex-deputado e então presidente do partido, Pedro Corrêa, cassado por falta de decoro. Ele responde pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Atualmente está na executiva nacional do PP no cargo de vice-presidente.

É desse modo que o MP define o partido que está processando a vereadora Aurora: “Os denunciados José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry, João Cláudio Genú, Enivaldo Quadrado, Breno Fischberg e Carlos Alberto Quaglia montaram uma estrutura criminosa voltada para a prática dos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais. O recebimento de vantagem indevida, motivada pela condição de Parlamentar Federal dos denunciados José Janene, Pedro Corrêa e Pedro Henry, tinha como contraprestação o apoio político do Partido Progressista (PP) ao Governo Federal. Nessa linha, ao longo dos anos de 2003 e 2004, José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry e João Cláudio Genú receberam aproximadamente quatro milhões e cem mil reais a título de propina”.

Outro pepista que está sendo processado no STF é o ex-deputado José Janene, manda-chuva da sigla no Paraná e um dos chefões da executiva nacional. Genú, citado acima, era na época seu chefe de gabinete. Conhecido pelo estilo prepotente, depois que foi denunciado o então deputado fez-se de vítima, alegando problemas de saúde. Janene quase teve seu mandato cassado: 210 deputados votaram pela cassação, 128 pela absolvição. Seriam necessários 257 votos para cassá-lo.

No STF, o pepista é acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A procuradoria Geral da República define assim sua atuação: “O Deputado Federal José Janene sempre integrou a Executiva Nacional do PP, tendo fechado o acordo financeiro com o PT e assumido postura ativa no recebimento da propina”.

No Paraná, Janene age sempre nos bastidores, atuando politicamente em prefeituras do interior. Na última administração em Londrina de Antonio Belinati ele detinha grande poder. Belinati acabou sendo cassado por corrupção depois de um movimento da sociedade civil londrinense liderado pelo movimento “Pé Vermelho! Mãos Limpas!”.

Em Cornélio Procópio, Janene não só tem influência na Prefeitura como também é amigo pessoal do prefeito Amin Hannouche, o líder político do PP na cidade.