terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Na data de sua entrega, o Calçadão ainda está inacabado e com problemas no piso

INSTITUTO AME CIDADE, 1 de dezembro de 2009

No dia de ontem terminou o prazo em que o prefeito licenciado de Cornélio Procópio, Amin Hannouche (PP), garantiu que seria entregue o Calçadão da cidade para o uso da população. É claro que qualquer um com um pouco de bom senso sabia que uma promessa como esta não teria condições de ser cumprida, por questões práticas e bem evidentes na complexidade e extensão do projeto, sem contar na incapacidade técnica demonstrada pela empresa e pela Prefeitura no decorrer da obra.

O resultado foi que a construção praticamente se arrastou nesses três meses, atrapalhando o cotidiano da população e até causando prejuízos econômicos aos comerciantes da região. E pelo que se vê hoje, tudo indica que aquela região da cidade terá que conviver com o clima de obra inconclusa até o final do ano.

O Calçadão tem atrapalhado bastante a vida do procopense na entrada das festas de Natal e de Ano Novo e vai acabar sendo visto como uma marca de incapacidade administrativa, mas é apenas uma das obras encalacradas da Prefeitura. Também estão atrasadas as obras do Frigorífico do Peixe, o Clube do Povo e da praça Brasil, todas iniciadas apressadamente e depois tocadas com lentidão, sendo que algumas, como o próprio Calçadão ou a Praça Brasil, passaram dias praticamente abandonadas.

Talvez não só por coincidência, todas fazem parte de um rico lote a cargo de apenas uma empreiteira, a ILB Construções, que conquistou um conjunto de obras pelas quais receberá mais de 3 milhões de reais. No entanto, mesmo com este alto volume de ganhos, a empreiteira vem atrasando todas as obras, sendo o Calçadão o exemplo mais visível desta incapacidade de cumprir prazos.

Em agosto passado ano o engenheiro da construtora havia dito que no final de novembro a obra estaria finalizada e se faltasse algo, seria apenas “um detalhe ou outro, como um retoque ou alguma pintura”.

Na mesma época, o prefeito Amin Hannouche garantia que a obra tinha “prazos pré-estabelecidos de conclusão”, afirmando que tudo estaria pronto “até o final de novembro devido às festividades alusivas ao Natal”.

Não é o que aconteceu. Ontem o Calçadão tinha pronto apenas a pavimentação e mesmo assim feita às pressas, de modo que podem ser vistas imperfeições graves como falta de nivelamento no piso e pedras soltas.

Além desses problemas visíveis, que antecipam a necessidade de intermináveis reformas em uma obra que sequer foi inaugurada, ainda há muito para ser feito até que construção esteja de fato concluída. Nenhuma das edificações está pronta, sendo que está previsto que elas terão inclusive sanitários. Ontem no Calçadão faltava muito mais que “um retoque ou pintura”.

Por incapacidade de gestão o prefeito está entregando uma obra incompleta e que já apresenta problemas antes da finalização. Ainda falta muito para que a população possa de fato utilizar plenamente este bem público. E o procopense até já faz piadas dizendo que, quando cortar a fita, o prefeito estará apenas inaugurando os problemas que surgirão inevitavelmente já que nunca se viu algo feito às pressas terminar bem.

Obra que nasce mal planejada tem sempre um desenvolvimento com dificuldades, mesmo depois de terminada. E como essa ainda foi feita com muita pressa, por razões políticas ou de qualquer outro tipo, tudo indica que ainda vai exigir muito reajuste técnico e até reformas num futuro muito breve, o que deve esticar bastante o orçamento previsto, que já é bem alto.

Incapacidade de gestão e dificuldade em ouvir a população acaba dando em obra malfeita

INSTITUTO AME CIDADE, 1 de dezembro de 2009

Um piso de obra que na entrega já apresenta pedras soltas parece piada pronta. Este tipo de problema até tem a probabilidade de acontecer em construções como este Calçadão, mas apenas depois de uns bons anos de uso.

Esta questão apresenta sérias dificuldades de gestão, sem dúvida, mas se também não houvesse junto uma certa prepotência política os problemas até que poderiam ser menores. A incapacidade de ouvir de forma democrática a população foi que levou à desastrada pressa em iniciar a obra no período inadequado e também no erro do tempo para a conclusão.

Não foram poucas as pessoas que alertaram o prefeito e seus técnicos de que não haveria condição da obra ficar pronta no prazo anunciado, ainda mais levando em conta que o tempo estava chuvoso em todo o Paraná.

Alguns comerciantes também alertaram que esta época de festas de final de ano não é propícia para obras como o Calçadão, pois o comércio geralmente acaba sendo afetado negativamente.

O resultado foi que as lojas da região tiveram dificuldades terríveis durante um período importante para o equilíbrio anual de suas vendas. E foram problemas que o prefeito nem chegou a ver, pois no momento crucial das dificuldades na realização, quando a região sofria com o pó ou a lama, Amin Hannouche viajava pelo Oriente Médio em companhia do prefeito curitibano Beto Richa.

A entrega do Calçadão do modo que está sendo feito pela Prefeitura se assemelha a uma casa para onde o morador pode até se mudar, mas desde que não use o banheiro, a cozinha e alguns quartos. E que também tenha cuidado com o chão que, na pressa, não foi possível ajustar bem.

Vocabulário político

SUPRAPARTIDÁRIO: Este adjetivo recebe uma definição concisa em qualquer dicionário: é o que está acima dos partidos. É assim que se define uma atividade política que não está relacionada e muito menos se subordina à ideologia de qualquer partido.

Não é correto, portanto, tentar definir como “suprapartidário” um evento com carreata, rojões, banda de música e que reúne vereadores, ocupantes de cargos políticos e dirigentes partidários, além de outros políticos, organizado para festejar a presença de um pré-candidato ao governo do Estado metido numa disputa partidária interna para a conquista da candidatura.

Visita eleitoral de Beto Richa faz uso do setor de comunicação e do site da Prefeitura de Cornélio Procópio

A esquizofrenia política no comando da Prefeitura de Cornélio Procópio chegou às alturas na recepção que o prefeito licenciado Amin Hannouche deu ao prefeito de Curitiba, Beto Richa, neste sábado em sua visita flagrantemente eleitoral à cidade.

O prefeito em exercício, João Carlos Lima (PT), fica numa situação cada vez mais vexatória com o prefeito licenciado passando por cima de sua autoridade. João Carlos Lima hoje é um político notado por sua ausência.

A recepção a Beto Richa teve ares eleitorais, com banda de música, escolta de motociclistas e carreta e lançamento de fogos em tal profusão que fez vários procopenses questionarem qual foi a origem do dinheiro que bancou um gasto tão excessivo.

Mesmo se não for ilegal, com certeza há algo de imoral neste tipo de exibicionismo político, ainda mais levando em conta que ao divulgar publicamente seu apoio à possível candidatura de Richa ao governo do Estado, o prefeito licenciado Amin Hannouche (PP) apresenta-se como presidente da Associação dos Municípios do Norte do Paraná (AMUNOP), uma entidade que congrega municípios que estão passando por séria crise econômica.

Além disso, por ser uma entidade que agrega prefeitos de variadas posições políticas e que lida com o interesse dos municípios e não de partidos políticos a AMUNOP tem que ser necessariamente suprapartidária, qualidade essencial para suas atividades. Não é correta de forma alguma a associação de seu nome a um evento com fins partidários e eleitorais, com inserção até mesmo numa disputa partidária interna.

Hoje saiu a notícia da recepção no site da Prefeitura. Em um texto em formato claramente promocional e de marketing político, na abertura inclusive Amin Hannouche é apresentado como “prefeito” da cidade. A publicação traz fotos com teor publicitário e citações de Beto Richa como pré-candidato ao governo do Paraná.

Há poucos dias o site publicou também o anúncio da visita de Richa — de forma totalmente fora do contexto até porque a visita de qualquer aspirante a candidato ao governo do Estado nada tem a ver institucionalmente com a Prefeitura.

Isso se configura como o uso da estrutura de comunicação da Prefeitura de Cornélio Procópio para a publicidade de um evento que nada tem a ver com administração pública. Ao contrário, a visita de Beto Richa à cidade é claramente de conteúdo partidário e eleitoral, expressados de forma evidente nas palavras do prefeito licenciado e de políticos presentes, inclusive do presidente do PSDB paranaense, o deputado Luiz Carlos Hauly.