terça-feira, 30 de novembro de 2010

Beto Richa anuncia nomes de seis secretários

GAZETA DO POVO, 30 de novembro de 2010

Governador eleito informou quem comandará as seguintes pastas: Casa Civil, Fazenda, Administração, Saúde, Infraestrutura e Logística e também a Procuradoria Geral do Estado. O deputado federal Luiz Carlos Hauly, que é do Norte do Paraná, assumirá a Secretaria da Fazenda


O governador eleito do Paraná, Beto Richa (PSDB), anunciou nesta terça-feira (30) os nomes de seis secretários que farão parte de sua gestão (a partir de 1º. de janeiro 2011). Richa informou quem comandará as seguintes pastas: Casa Civil, Fazenda, Administração, Saúde, Infraestrutura e Logística e também a Procuradoria Geral do Estado.

Um dos secretários será o irmão de Beto, José Richa Filho, que assumirá uma pasta que será criada pelo tucano. Richa Filho comandará a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística, que será o resultado da integração de duas pastas – de Transporte e de Obras. Ele já ocupou o cargo de secretário municipal de Administração de Curitiba.

O deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) assumirá a Secretaria de Estado da Fazenda.

A pasta da Saúde será comandada por Michele Caputo Neto, que atualmente é secretário municipal de Curitiba para Assuntos Metropolitanos e que já foi secretário municipal da Saúde duas vezes.

Ivan Bonilha, ex-Procurador Geral do Município de Curitiba, será o Procurador Geral do Estado e o deputado estadual Durval Amaral (DEM) será o secretário-chefe da Casa Civil.

Além desses, o governador eleito já havia anunciado que Flávio Arns – eleito vice-governador do Paraná – será o secretário de Estado da Educação.

IBGE confirma que a população do Paraná é de 10,4 milhões de pessoas

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO GOVERNO DO PR, 30 de novembro de 2010


Após cerca de quatro meses de trabalho de coleta e supervisão, durante o qual houve o envolvimento direto de 14 mil pessoas, das quais 11.162 recenseadores, o resultado do Censo 2010 indica 10.439.6011 pessoas para a população do Paraná em 1º de agosto, data de referência. Em comparação com o Censo 2000 ocorreu um aumento de 876.143 pessoas.

O número demonstra que o crescimento da população paranaense no período foi de 9,2%, o que corresponde a 0,88% ao ano inferior ao observado na década anterior (13,2% entre 1991 e 2000). O Censo 2010 mostra também que a população é mais urbanizada que há 10 anos: em 2000, 73,4% dos paranaenses viviam em áreas urbanas, agora são 85,3%.

Na Região Sul, o estado do Rio Grande do Sul continua sendo o mais populoso, com 10.695.532 habitantes. Santa Catarina aparece com 6.249.682 habitantes. Em termos de crescimento, Santa Catarina supera de longe os outros dois estados, apresentando um crescimento de 16,7% na década, contra 9,2% do Paraná e 5,0% do Rio Grande do Sul.

Em termos de participação percentual, o Paraná manteve-se com 38,1%, Rio Grande do Sul passou de 40,6% para 39,1% e Santa Catarina aumentou sua participação de 21,3% para 22,8%.

Municípios - Houve mudanças no ranking dos maiores municípios do estado, com Foz do Iguaçu (de 5º para 7º) perdendo posições, Cascavel (de 6º para 5º) e São José dos Pinhais (de 7º para 6º) ganhando posições.

Em relação ao Censo de 2000, perderam população os municípios de Pitanga (-3.216), Altamira do Paraná (-2.693), Guaraniaçu (-2.618), Nova Cantu (-2.489) e Foz do Iguaçu (-2.462).

Outros 173 municípios tiveram suas populações reduzidas de 2000 para 2010. No ranking dos maiores municípios do Brasil, Curitiba passou da 7ª para a 8ª posição.

RMC - A população da Região Metropolitana de Curitiba aumentou em 400.586 pessoas. Em 2000, era de 2.768.394 e em 2010 passou para 3.168.960, um aumento de 14,5%.

Os municípios que mais cresceram na RMC foram Tunas do Paraná (73,3%), Fazenda Rio Grande (29,97%), Mandirituba (26,81%), Piraquara (28,0%) e São José dos Pinhais (28,0%). Em termos absolutos, Curitiba aumentou sua população em 159.581 pessoas e São José dos Pinhais em 59.172 pessoas. Adrianópolis (-9,0%) e Doutor Ulysses (-4,5%) foram os municípios da região que tiveram redução da sua população, comparado com 2000.

HOMENS - Os resultados mostram que existem 96,6 homens para cada 100 mulheres no Paraná, ou seja, existem 182.595 mulheres a mais que homens. Em 2000, para cada 100 mulheres, havia 98,1 homens e a diferença entre sexos apontava 90.483 mulheres a mais que homens. A população paranaense é composta por 5.311.098 mulheres e 5.128.503 homens.

Entre os municípios, o que tem o maior percentual de homens é Manfrinópolis (116 homens para cada grupo de 100 mulheres). Já Curitiba detém o menor percentual de homens (91 homens para cada grupo de 100 mulheres).

Levantamento - O Censo Demográfico compreendeu um levantamento exaustivo de todos os domicílios do estado. Foram visitados 3,8 milhões de moradiass e ao menos um morador forneceu informações sobre todos os moradores de cada residência.

Do total dos 3,8 milhões de domicílios recenseados, em 3,2 milhões os moradores foram entrevistados. Não foi possível realizar as entrevistas em cerca de 330 mil, mas, como havia evidências de que existiam moradores, esses domicílios foram classificados como fechados e o IBGE utilizou uma metodologia para estimar o número de pessoas.

O Censo Demográfico encontrou ainda 288 mil domicílios vagos, ou seja, aqueles que não tinham morador na data de referência, mesmo que, posteriormente, durante o período da coleta, tivessem sido ocupados. Prédios em construção, casa colocadas à venda (ou de aluguel) e abandonadas são exemplos de domicílios vagos.

Os domicílios de uso ocasional, que somaram 155 mil, são aqueles que servem ocasionalmente de moradia, usados para descanso de fins de semana, férias ou outro fim.

Já o número de domicílios coletivos (hotéis, pensões, presídios, quartéis, postos militares, asilos, orfanatos, conventos, alojamento de trabalhadores etc) foi de 5.564.

Em 2000, do total de 3,1 milhões de domicílios, 2,7 milhões eram ocupados, 11 mil fechados, 314 mil vagos e 115 mil de uso ocasional.

Iniciado em 1º de agosto de 2010, os 11.162 mil recenseadores percorreram os 399 municípios paranaenses e as entrevistas implicaram o recenseamento da população por meio de três métodos: entrevista presencial, questionário pela Internet e, por fim, a estimação do número de moradores em domicílios fechados.

Em suma, o Censo Demográfico 2010 consistiu na visita exaustiva de todos os domicílios e entrevistas. O IBGE agradece aos participantes das Comissões Censitárias Estaduais (CCE) e das Comissões Municipais de Geografia e Estatística (CMGE) e a população pelas informações prestadas.

O IBGE espera que os dados coletados sirvam de base para o planejamento público e privado, em favor da melhoria das condições de vida da sociedade brasileira.


Brasil tem 190 milhões de pessoas

GAZETA DO POVO, 30 de novembro de 2010

População cresce 12,3% em dez anos contra 15,6% na década anterior. Taxa de pessoas que vivem em áreas urbanas sobe para 84%


A população brasileira aumentou nos últimos dez anos, mas cresceu em um ritmo menor do que na década anterior. O país tem 190.732.694 de pessoas, ou seja, cresceu 12,3% contra 15,6% entre 1991 a 2000. Este é o resultado definitivo do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado ontem.

Para a felicidade das mulheres que vivem em São Paulo, é neste estado que se concentram nove dos dez municípios com maior proporção de homens. A primeira colocada no ranking é a cidade de Balbinos, com um porcentual de 88,2% de homens. A população da cidade cresceu 199,47% desde o Censo 2000 com a instalação, em 2005, de duas penitenciárias. Há dez anos, Novo Progresso, no Pará, tinha o título de cidade com maior concentração masculina (60,31% da população). Balbinos não figurava nem entre as dez cidades dominadas pelos homens.

Outros municípios do estado também figuram na lista: Pracinha (72,83%), Lavínia (70,46%) e Iaras (65,81%). Segundo o IBGE, o resultado está associado à agricultura e a fatores como instalação de fábricas.

No Paraná, a cidade com maior porcentual de homens é Manfrinópolis: 53,73% da população é masculina. Na contramão, Santos (SP) é o município com maior porcentual de mulheres (54,25%). A predominância feminina, neste caso, está associada também ao processo de envelhecimento da população. Como as mulheres vivem mais do que os homens, a partir de uma determinada faixa etária aumenta a participação feminina. No Paraná, Curitiba é a cidade com mais mulheres: elas representam 52,34% da população.

No Brasil, elas são maioria: 97.342 162 contra 93.390.532 homens. A relação é de 95,9 homens para cada 100 mulheres. Em 2000, para cada 100 mulheres, havia 96,9 homens. Essa superioridade feminina se repete em todas as regiões do país, com exceção da Região Norte. Lá são 8.004.129 homens contra 7.861.549 mulheres.

Mas se por um lado o crescimento da população foi menor, por outro aumentou a taxa dos que vivem em áreas urbanas nesta última década: subiu de 81% para 84%. O Paraná, com relação à média nacional, é um estado mais urbano (85,31%), mas mesmo assim tem um dos nove municípios brasileiros que computaram uma quantidade de habitantes de mais de 90% vivendo em áreas rurais.

É o caso de Antonio Olinto, na Região Sudeste do Paraná: tem 7.351 habitantes e apenas 687 pessoas que estão na cidade. O restante mora no sítio. O município foi habitado essencialmente por colonos poloneses e deve resistir à urbanização assim como outros três municípios do Rio Grande do Sul (Chuvisca, Itati e Barão do Triunfo), dois de Pernambuco (Curral de Cima e Barra de Santana), um de Alagoas (Limoeiro de Anadia), um do Amazonas (Careiro de Várzea) e um do Piauí (Aroeiras do Itaim).

“Estas cidades essencialmente rurais não devem mudar seu perfil, são exceção e foram as que resistiram à urbanização porque elas dependem essencialmente do que produzem”, afirma o coordenador do curso de Ciências Econômicas da Pontifícia Univer sidade Católica do Paraná (PUC-PR), Carlos Magno.

Para o professor de curso de Estatística da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ansel mo Chaves Neto, além da questão econômica, há também a cultural. “É um povo tradicionalmente ligado à agricultura e não pensam em sair dali até porque sabem que se venderem a propriedade, dependendo do local, não vão conseguir muito dinheiro para viver com conforto na cidade”, diz.

Catarinenses - Da Região Sul, Santa Catarina foi o estado que teve a maior taxa de crescimento anual nos últimos dez anos. Cresceu 1,66%, en quanto o Paraná subiu 0,88% e Rio Grande do Sul chegou a 0,49%. O presidente do IBGE no Paraná, Sinval Dias dos Santos, explica que os catarinenses receberam mais migrantes (inclusive dos dois estados vizinhos) e tiveram uma taxa de fecundidade maior entre as mulheres, o que explica o crescimento mais elevado.

“Há também a questão do emprego. A população tem encontrado uma boa oferta de trabalho em cidades interioranas de Santa Catarina. Joinville, por causa do seu polo industrial, teve um crescimento maior que o de Londrina e passou a ser a terceira maior cidade da Região Sul, deixando o município paranaense para trás”, explica.

Das cidades do Sul que perderam e ganharam população (veja no mapa desta página), no Paraná 21 municípios contabilizaram mais habitantes que os Censos anteriores e serão beneficiados com mais verba do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), enquanto outros 11 irão perder porque tiveram decréscimo no número de habitantes. Os dados do IBGE, principalmente por causa do FPM, estão sendo contestados por 24 municípios. Sinval Santos explicou que o instituto tem 30 dias para analisar, mas já garantiu que não haverá recontagem.

Multiplicação -A população do município de Balbinos (SP) foi a que mais cresceu nos últimos dez anos no país: passou de 1.313 para 3.932 habitantes, numa alta de 199,47%. Já no Paraná, a cidade que mais teve aumento de habitantes foi Tunas do Paraná, na região metropolitana de Curitiba, saltando de 3,6 mil habitantes em 2000 para 6,2 mil este ano (73,3%). “No porcentual da população é a que mais cresceu, mas não é um número absoluto tão expressivo assim. É porque a cidade é pequena e a migração de poucas famílias para lá, por exemplo, pode aumentar na proporção total de habitantes. Mas se pensarmos na segunda que mais cresceu, que é Pontal do Paraná, ela teve um saldo mais significativo de novos moradores (6,5 mil)”, explica Carlos Magno. Segundo ele, provavelmente há indícios de migração para o litoral por causa das notícias sobre o novo porto que deve sair em Pontal.


Londrina cresceu 13% em 10 anos

JORNAL DE LONDRINA, 30 de novembro de 2010

População oficial do Município é de 506.645 habitantes, segundo dados do IBGE divulgados ontem; mulheres são maioria


Em 10 anos, Londrina cresceu 13,33% e hoje contabiliza uma população de 506.645 habitantes. Os dados são oficiais do Censo 2010 e foram divulgados ontem, pelo chefe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Paraná, Sinval Dias dos Santos. O Paraná registrou 10.439.601 moradores e cresceu 9,2%, um índice inferior à década anterior e terceiro menor crescimento entre os Estados da federação. No País, o resultado do Censo 2010 indica 190.732.694 pessoas para a população brasileira em 1º de agosto, data de referência.

Segundo o chefe do IBGE, Londrina seguiu a tendência nacional, registrando uma população de mulheres (263.628) superior a de homens (243.017). A área urbana do Município possui 493.457 habitantes e a rural, 13.188. Segundo Santos, a cidade contabilizou 2.421 domicílios fechados e o IBGE realizou uma projeção para contar a população dessas casas. “Cada município tem uma taxa diferenciada para contabilizar esta população. Com esta taxa, Londrina chegou nesta população de 506.645 habitantes”, disse.

Ele não soube dizer qual foi o índice aplicado no Município, porém indicou que a última contagem (499.017), divulgada na semana passada já era bem próxima da final. Isto significa que o IBGE estimou uma população de pouco mais de 7.600 pessoas para os 2.421 domicílios não contabilizados, com uma média de 3,14 pessoas por domicílio.

Quanto à questão dos 80 domicílios do Jardim União, de Cambé, que teriam sido contabilizados como de Londrina e que gerou uma reclamação formal do prefeito de Cambé, João Pavinato, Sinval Santos afirmou que não existe tal possibilidade. “A população de Londrina foi contabilizada como de Londrina e a de Cambé, como de Cambé”, garantiu. Segundo ele, se houve realmente a formalização do protesto de Cambé, será analisado e terá uma resposta. Porém, descartou a possibilidade de correções serem feitas. “O trabalho de coleta foi bem feito e não cabe contestação agora porque os dados são conclusivos”, disse.

Ranking - O trabalho de coleta e supervisão de dados do IBGE levou quatro meses e, no Paraná, envolveram cerca de 14 mil pessoas, das quais 11.162 recenseadores. O levantamento apontou que houve mudanças no ranking dos maiores municípios do Estado, com Foz do Iguaçu (de 5º para 7º) perdendo posições, Cascavel (de 6º para 5º) e São José dos Pinhais (de 7º para 6º) ganhando posições.

Tunas do Paraná foi a cidade que mais cresceu proporcionalmente, em relação ao Censo de 2000, com aumento de 73,30% na população, passando de 3.611 para 6.258 moradores. Pontal do Paraná cresceu 46,05% e Mauá da Serra, 32,17%. Em relação ao Censo de 2000, perderam população os municípios de Pitanga (-3.216), Altamira do Paraná (-2.693), Guaraniaçu (-2.618), Nova Cantu (-2.489) e Foz do Iguaçu (-2.462). No ranking dos maiores municípios do Brasil, Curitiba passou da 7ª para a 8ª posição.

Maringá impulsiona crescimento da região

O DIÁRIO DE MARINGÁ, 30 de novembro de 2010


Maringá foi o município onde a população mais cresceu nos últimos dez anos entre os trinta que integram a Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep). O número de habitantes aumentou em 68.464 pessoas, o equivalente às populações de Paiçandu e Mandaguari juntas. É o que indica os primeiros dados oficiais do Censo 2010 anunciados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostraram que a população de Maringá saltou de 288.653 moradores no ano 2000 para 357.117 em 2010.

O Censo revelou que todos os municípios conurbados a Maringá tiveram os mais elevados índices de crescimento populacional, o que não se verifica nos municípios mais distantes, com alguns deles encolhendo o número de moradores entre 2000 e 2010. Por outro lado, a maioria dos municípios dobrou o número de veículos no período, inclusive, os que reduziram as populações .

Os prefeitos de Paiçandu, Mandaguaçu e Sarandi concordam que o crescimento "excepcional" que os municípios experimentaram se deve à proximidade com Maringá, cidade em que o setor imobiliário está aquecido e leva muitos dos moradores a procurar os municípios próximos para investir em imóveis.

O prefeito Vladimir da Silva (PMDB), de Paiçandu, diz que o município dele, cuja população cresceu quase 15% na última década, vive uma grande corrida imobiliária, com a abertura de novos loteamentos e a construção de casas de bom padrão.

Segundo ele, muitos desses imóveis hoje pertencem a pessoas que moram em Maringá, mas em breve serão cidadãos de Paiçandu. Morar em Paiçandu, segundo ele, pode ser mais vantajoso do que em certos bairros de Maringá, inclusive pela proximidade.

Além disso, segundo Vladão, os imóveis na cidade dele tendem a seguir a valorização dos de Maringá.

Essa é a ideia também de Carlos Alberto de Paula Júnior (PDT), prefeito de Sarandi, que revela que a construção de casas hoje em alguns bairros de Sarandi está tão acelerada quanto em Maringá.

O município dele ganhou 11 mil novos moradores em dez anos. Alguns bairros, como o Ouro Verde, são planos, contam com toda a infraestrutura oferecida por Maringá e se localiza a pouco mais de dois quilômetros do limite com Maringá.

Outros estão na divisa e estão mais perto do centro de Maringá do que muitos bairros maringaenses.

A coordenadora da Subárea de Maringá do Censo 2010, Sônia Maria Calixto Gomes, disse que quando foram divulgados os dados preliminares, há um mês, muitos prefeitos se revoltaram e ameaçaram entrar com recurso por não concordarem com os números apresentados pelo IBGE. "É que existiam estimativas elevadas, mas depois os prefeitos concordaram que a contagem não teve falhas e revela a realidade de cada município".

Segundo ela, a preocupação dos prefeitos é que as cidades dele apresentem crescimento populacional para receber uma fatia maior no rateio do bolo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), um repasse feito mensalmente pelo governo federal e que é a maior fonte de recursos para a maioria das prefeituras.


Novo dono da Viação Garcia assume com investimento inicial de R$ 30 milhões

FOLHA DE LONDRINA, 30 de novembro de 2010


Mário Luft assume comando do grupo amanhã 'com procuração', posse exige anuência do DER e da ANTT


O empresário Mário Luft, de São Paulo, assume amanhã o comando da Viação Garcia já anunciando contratações e investimentos. Em entrevista à FOLHA, ele informou que pretende contratar, pelo menos, 30 funcionários em janeiro e comprar 50 novos ônibus a partir de julho, num investimento aproximado de R$ 30 milhões Segundo o empresário, a negociação com a Viação Garcia foi fechada no último domingo à noite em Londrina Até ontem no final da tarde, a empresa londrinense ainda não confirmava oficialmente a venda.

Luft não revelou o valor do negócio, mas disse que ''não chega a R$ 400 milhões''. Quanto às dívidas da Garcia, ele informou que as auditorias realizadas apontam cerca de R$ 100 milhões. O empresário, que é presidente da Luft Logistics - um dos maiores grupos de serviços logísticos da América do Sul -, disse que o negócio não está ligado à sua holding e é um ''projeto pessoal'' dele.

Luft não revelou se há outros empresários envolvidos no negócio e disse que nenhum de seus três filhos deve participar da administração da empresa, pelo menos, no início. Ele informou que chegará em Londrina amanhã de manhã para assumir a Viação Garcia ''com procuração''. ''Só serei o novo proprietário de fato, depois que os poderes concedentes (das linhas de ônibus) derem a sua anuência'', explicou.

A transferência do poder acionário precisa da anunência do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo o empresário, os dois órgãos devem ser comunicados oficialmente sobre o negócio ainda nesta semana.

Conforme Luft, a negociação com a Viação Garcia foi iniciada há cerca de 90 dias e ''afivelada'' há uma semana. Ele justifica que o contrato só foi assinado num domingo à noite por falta de horário na agenda dele nos últimos dias. ''Já que tinha um compromisso aqui no Sul no final de semana, resolvi convocar meus assessores e advogados para virem a Londrina. O pessoal da Garcia concordou e deu tudo certo'', disse ''Esses espanhóis (proprietários da Garcia) são gente muito séria, clara e honesta. Nem precisou daqueles contratos leoninos, unilaterais Tudo que se falou, se fez claro''.

O patrimônio adquirido, conforme Luft, envolve também as empresas Princesa do Ivaí e Ouro Branco, num total de 562 ônibus, 97 caminhões, 50 equipamentos de apoio (carros, empilhadeiras, entre outros) e 35 garagens espalhadas por vários Estados. Ele afirmou que pretende comprar novos ônibus, visando a participação no processo de licitação de cerca de duas mil linhas de ônibus interestaduais que deve ser realizado em 2011 pela ANTT.

''É possível que venhamos a fazer integração com outras linhas de ônibus que já temos em alguns outros Estados'', disse, sem dar mais detalhes de quais seriam essas linhas e se estariam ligadas a empresa Leads (ver matéria nesta página), dirigida pela filha dele. Hoje, a Garcia opera nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Quanto às contratações, o empresário não revelou em que setores pretende investir, mas adiantou que, inicialmente, a prioridade é o marketing. ''É um setor em qual sempre temos preocupação em investir Vamos deixar a empresa melhor ainda, inclusive com um logotipo mais moderno'', adiantou.

Luft descartou a possibilidade de demissões e garantiu que não pretende mudar a sede administrativa de Londrina. ''A sede atual é um patrimônio psicológico da empresa Queremos honrar os seus fundadores e funcionários'', destacou.


"Vou encarar esse novo desafio aí com vocês"
O empresário Mário Luft disse que está realizando um sonho com a compra da Viação Garcia. ''Há 20 anos ou mais, acalento o sonho de ter ônibus'', disse o empresário, lembrando que o desejo ficou ainda mais forte depois que a filha, Andrea Luft, comprou uma empresa de ônibus - a Leads Transportes, que trabalha com fretamento de ônibus, micro-ônibus, vans e carros executivos em São Paulo.

''Tem mais umas duas empresas (de ônibus) no Brasil com as quais também sempre sonhei. Sempre pensava: 'um dia ainda terei essas danadinhas'. Quando surgiu a oportunidade da Viação Garcia não pensei duas vezes'', revelou, enaltecendo a tradição e importância da empresa londrinense: ''É a joia da coroa dos transportadores de passageiros do Brasil A família Garcia fez um trabalho incrível esses anos todos'' .

Aos 67 anos, o gaúcho Mario Luft - que tem formação em odontologia e deixou a profissão para se tornar empresário do setor de transportes - disse que já passou a administração do Grupo Luft para dois dos seus três filhos e que agora pretende se dedicar à Viação Garcia. ''Vou morar três dias da semana em Londrina e o restante em São Paulo. Como estou me sentindo um pouco ocioso e não quero me aposentar, vou encarar esse novo desafio aí com vocês e também brincar um pouco'', disse, demonstrando simpatia e temperamento brincalhão.

Questionado sobre o que foi decisivo na escolha da Viação Garcia, ele cita o ''faturamento bom, os ônibus com excelente conservação, e a região que a empresa atende, que é uma das mais ricas do País''. Ele também considera ''ideal'' a distância média de 400 a 500 quilômetros que existe entre as linhas operadas pela empresa londrinense.


Valor do pedágio no Paraná sobe a partir desta quarta-feira; confira os novos preços

O DIÁRIO DE MARINGÁ, 30 de novembro de 2010


A Justiça Federal concedeu liminar, nesta segunda-feira (29), garantido às concesionárias de rodovias do Paraná o reajuste nas tarifas de pedágio. Assim, todas as praças do Anel de Integração – Econorte, Viapar, Ecocataratas, Caminhos do Paraná, Rodonorte e Ecovia – vão aplicar o percentual referente à inflação anual do setor – em média, 5% - a partir da zero hora desta quarta-feira (1º).


Confira as novas tarifas:

VIAPAR

P1 – Arapongas – BR 369 – R$ 5,60 passeio/ R$ 4,80 eixo/ R$ 2,80 moto

P2 – Marialva/Mandaguari – BR 376 – R$ 5,60 passeio/ R$ 4,80 eixo/ R$ 2,80 moto

P3 – Castelo Branco – BR 376 – R$ 7,50 passeio/ R$ 6,30 eixo/ R$ 3,80 moto

P4 – Floresta – PR 317 – R$ 8,40 passeio/ R$ 7,10 eixo/ R$ 4,20 moto

P5 – Campo Mourão – BR 369 – R$ 8,40 passeio/ R$ 7,10 eixo/ R$ 4,20 moto

P6 – Corbélia – BR 369 – R$ 8,40 passeio/ R$ 7,10 eixo/ R$ 4,20 moto

ECONORTE

P1 – BR 369 – Cambará/Jacarezinho – R$ 11,30 passeio/ R$ 10,00 eixo/ R$ 5,70 moto

P2 – BR 369 – Jataizinho – R$ 12,30 passeio/ R$ 10,00 eixo/ R$ moto 6,20

P3 – BR 323 – Sertaneja – R$ 10,50 passeio/ R$ 10,00 eixo/ R$ 5,30 moto

ECOCATARATAS (BR 277)

P1 – São Miguel do Iguaçu – R$ 9,80 passeio/ R$ 8,70 eixo/ R$ 4,90 moto

P2 – Céu Azul – R$ 7,50 passeio/ R$ 6,60 eixo/ R$ 3,80 moto

P3 – Cascavel – R$ 8,10 passeio/ R$ 6,80 eixo/ R$ 4,10 moto

P4 – Laranjeiras – R$ 8,10 passeio/ R$ 6,80 eixo/ R$ 4,10 moto

P5 – Candói – R$ 8,10 passeio/ R$ 6,80 eixo/ R$ 4,10 moto

CAMINHOS DO PARANÁ

P1 – Prudentópolis – BR 277 – R$ 8,00 passeio/ R$ 7,50 eixo/ R$ 4,00 moto

P2 – Irati – BR-277 – R$ 7,00 passeio/ R$ 6,20 eixo/ R$ 3,50 moto

P3 – Porto Amazonas – R$ 8,00 passeio/ R$ 7,50 eixo/ R$ 4,00 moto

P4 – Imbituva – BR 373 – R$ 7,00 passeio/ R$ 6,20 eixo/ R$ 3,50 moto

P5 – Lapa – BR 476 – R$ 8,00 passeio/ R$ 7,50 eixo/ R$ 4,00 moto

RODONORTE

P1 – São Luiz do Purunã – BR 277 – R$ 5,90 passeio/ R$ 5,60 eixo/ R$ 3,00 moto

P2 – Witmarsun – BR 376 – R$ 8,40 passeio/ R$ 6,60 eixo/ R$ 4,20 moto

P3 – Carambeí – PR 151 – R$ 7,00 passeio/ R$ 5,90 eixo/ R$ 3,50 moto

P4 – Jaguariaíva – PR 151 – R$ 5,30 passeio/ R$ 4,40 eixo/ R$ 2,70 moto

P5.5 – Tibagi – BR 376 – R$ 7,80 passeio/ R$ 6,40 eixo/ R$ 3,90 moto

P5.6 – Imbaú – BR 376 – R$ 7,80 passeio/ R$ 6,40 eixo/ R$ 3,90 moto

P5.7 – Ortigueira – BR 376 – R$ 7,80 passeio/ R$ 6,40 eixo/ R$ 3,90 moto

ECOVIA (BR 277)

P1 – São José dos Pinhais – BR 277 – R$ 13,30 passeio/ R$ 11,20 eixo/ R$ 6,70 moto

EUA apontam para corrupção na gestão de Lula

ESTADÃO ONLINE, 30 de novembro de 2010

Em telegrama secreto revelado pelo Wikileaks, a crítica é feita pelo próprio embaixador americano


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluirá seus oito anos no poder com uma gestão marcada pela corrupção entre seus "mais próximos aliados", com uma "praga" de compra de votos no PT e sem ter dado uma resposta ao crime no Brasil. Essa é a avaliação da diplomacia americana sobre a gestão de Lula e os principais elementos de seu governo, escancarando a avaliação do governo americano em relação a Lula.

Em um telegrama secreto revelado pela organização Wikileaks, a crítica é feita pelo próprio embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel.

"A principal preocupação popular - crime e segurança pública - não melhoraram durante sua administração (de Lula)", afirmou o telegrama enviado entre a embaixada americana em Brasília e o Departamento de Estado norte-americano.

O documento ainda cita os vários escândalos de corrupção durante a gestão de Lula. "A Administração Lula tem sido afetada por uma grave crise política", afirma o documento, indicando que "escândalos de compra de votos e tráfico de influência" se transformaram em "pragas para certos elementos do partido de Lula, o PT".

Sobel, porém, deixa claro que a "popularidade pessoal do presidente não sofreu, mesmo depois que muitos de seus associados mais próximos foram pegos em práticas de corrupção".

O telegrama faz parte de um relatório que a embaixada americana em Brasília enviou para Washington, com vistas a preparar uma visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim. A meta dos americanos no início de 2009 era o de se aproximar ao Brasil, propondo acordos de cooperação no setor militar e uma colaboração para garantir certa estabilidade na América Latina.

O documento ainda insinua que teria sido o Bolsa Família que o teria ajudado a se reeleger em 2006. "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito em 2002 em grande parte diante da promessa de promover um agenda social ambiciosa, incluindo generosos pagamentos aos pobres. Diante da força da popularidade desses medidas, ele foi reeleito em 2006, ainda que um apoio diminuído da classe média", completou.

Para EUA, Brasil oculta prisão de terroristas, revela WikiLeaks
Relatório de embaixador aponta que supostos terroristas eram presos sob outras acusações

Exército ficará no Complexo Alemão e na Vila Cruzeiro até julho

O ESTADO DE S. PAULO, 30 de novembro de 2010

Governador Sergio Cabral quer que 2 mil homens das Forças Armadas permaneçam na cidade até meados de 2011


Mesmo contrariado, o Exército vai permanecer no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro até julho de 2011. As tropas federais substituirão as Polícias Civil e Militar nas duas comunidades ocupadas. A avaliação da cúpula da Força é que há um consenso político, irradiado a partir do Planalto, que prega a permanência das tropas e torna a ampliação da missão irreversível. Acrescente-se ainda o clamor da população, que apoiou maciçamente a operação contra o tráfico.

A pressão política já era notada pela manhã, quando o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), anunciou a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, na zona norte, para 2011. Todo o processo deve levar de seis a sete meses. Esse é o tempo estimado para a realização de concursos públicos e treinamento dos policiais militares que vão atuar nas comunidades.

A Secretaria de Estado de Segurança está elaborando nova requisição ao Ministério da Defesa, com o estabelecimento das previsões legais para a operação. “Como nós temos a previsão de formar 7 mil homens em 2011, temos um cronograma. E a presença das forças do Ministério da Defesa no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro nos dará a garantia dessa nossa cronologia”, explicou Cabral. “É, na verdade, uma antecipação enorme de datas e de conquistas, mas, ao mesmo tempo, uma tranquilidade para que possamos continuar fazendo, sem comprometer nosso calendário de UPPs.”

De acordo com o governador, o ministro Nelson Jobim já teria aceitado a permanência das tropas, faltando apenas detalhes técnicos. O Estado apurou que a Defesa editará uma nova Diretriz Ministerial para resguardar as tropas de complicações legais, em casos de eventual e necessário uso da força.

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Na quinta-feira, o ministro editou a Diretriz Ministerial n.º 14, que determinou apenas o reforço do apoio da União ao Estado, com a disponibilidade de blindados das Forças Armadas. Por nota, o Ministério da Defesa confirmou que vai avaliar “com celeridade” os eventuais novos pedidos de ajuste no apoio militar.

Bastidores. Os militares, porém, estão preocupados com a mudança da missão no Rio de Janeiro, que deixará de ser apenas de vigilância de perímetro, isto é, de controle das entradas e saídas do morro, para se tornar uma tarefa quase policial, desempenhada no interior do Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro. A legislação sobre operações de “Garantia da Lei e da Ordem (GLO)” abriga a nova missão do Exército. No entanto, uma mudança técnica será necessária para deixar claras as novas atribuições da Tropa.

O receio do comando das Forças Armadas, no entanto, é de que a duração da missão, somada ao novo perfil de operação nos morros, coloque os militares em contato íntimo com o narcotráfico, o que pode contaminar setores do Exército. Nesse período de quase oito meses, o efetivo de 800 homens do Exército deverá ser mantido.

Já se sabe que o modelo de atuação não será nos moldes de UPP. As tropas terão um comando militar e poderão reagir em caso de risco à segurança.

População reclama que casas foram arrombadas

O ESTADO DE S. PAULO, 30 de novembro de 2010

Moradores ainda denunciam a entrada indiscriminada de policiais nas residências


A elogiada ação das forças de segurança na retomada do Complexo do Alemão também deixou um rastro de destruição e revolta entre moradores atingidos pela operação. Não faltaram reclamações em relação às tropas. Sem mandados de busca para o conjunto de favelas, a polícia garantiu que só procuraria armas, drogas e criminosos em locais onde sua entrada fosse autorizada, mas parte da população denunciou invasão indiscriminada.

Blindados destruíram carros de moradores durante a ocupação
Outros moradores que deixaram as favelas, por causa dos tiroteios, contam que voltaram para casa e perceberam que haviam tido pertences roubados. Testemunhas ainda relatam que ladrões aproveitaram o arrombamento das portas feito pela polícia para invadir as casas.

Um comerciante conhecido como Edilson, de 46 anos, acusou os policiais de terem arrancado a porta de sua mercearia, no bairro da Fazendinha, e furtado mercadorias. "Beberam cerveja, refrigerante e levaram sacolas com biscoitos", disse. Segundo ele, os vizinhos impediram que o saque, ocorrido às 10h40, continuasse. "Meus amigos disseram que eu era trabalhador, mas (os policiais) falaram para irem embora, senão sobraria para eles."

Na Rua Joaquim de Queirós, um mercadinho foi atingido durante a manobra de um blindado. A porta entortou e abriu. De manhã, o comerciante contabilizava o estoque. "Passou a noite aberto, não sei se algo sumiu." Já a moradora Sonia, de 24 anos, saiu para trabalhar e deixou a chave com um vizinho. Os policiais entraram e teriam levado os pares de tênis dos filhos da dona de casa. "Viram que sou uma pessoa de bem. Para que saquear?", reclamava. A residência da balconista Cláudia, de 24 anos, na Rua Antonio Austregésilo, também foi arrombada. "Não mexeram em nada, mas vou ter de trocar a porta."

"Quando cheguei, a porta estava arrombada, e o computador e um ventilador haviam sumido", relatou ainda um pedreiro, morador da Favela da Grota, que não quis ser identificado. "A polícia deveria esperar o morador chegar antes de entrar."

Na Favela da Fazendinha, em Inhaúma, outro vendedor encontrou a porta de sua residência destruída. Na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, os saques acontecem desde a ocupação, no dia 25, afirmam testemunhas. E o morador Ronai Braga acusa a polícia de roubar R$ 31 mil que ele guardava em casa, fruto de uma rescisão trabalhista.

Um professor de 45 anos, que está fora do conjunto de favelas desde o dia 25, quando começaram os confrontos, não sabe o que vai encontrar quando voltar para casa. "A polícia entra e verifica a casa, mas a porta fica aberta e alguns moradores mal-intencionados saqueiam. Os vizinhos estão apavorados. Acho inconstitucional abrir a casa das pessoas sem mandado e absurdo que a polícia deixe a residência aberta", disse o homem, que mora no Complexo do Alemão.

OAB. A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ) informou que acompanha as operações no Complexo do Alemão com o objetivo de evitar excessos. "De fato, essa é uma situação de crise, em que criminosos podem estar escondidos em residências, mas a lei tem de ser respeitada", afirmou o presidente da OAB-RJ, Wadih Damous.

Bancada do Paraná consegue só R$ 1 para cada R$ 15 dos gaúchos

GAZETA DO POVO, 30 de novembro de 2010

Na liberação de emendas coletivas no Congresso, Paraná fica em último lugar das regiões Sul e Sudeste. Para deputados, falta coordenação política


As emendas de bancada dos deputados federais e senadores do Paraná têm sido proporcionalmente as menos atendidas entre as apresentadas pelos parlamentares dos sete estados das regiões Sul e Sudeste aos orçamentos da União de 2009 e 2010. Os paranaenses perdem para todos os vizinhos na relação entre recursos empenhados (reservados no orçamento para o pagamento de obras) e tamanho da representação no Legislativo. Os dados ressaltam falhas de articulação entre os congressistas e os governos estadual e federal.

No ano passado, as propostas coletivas da bancada do Paraná foram as que tiveram menor volume de autorização (valor fixado como teto para os empreendimentos sugeridos) e de empenho na comparação com Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Entre os R$ 91,2 milhões autorizados para o estado, apenas R$ 23,2 milhões foram empenhados. As quantias foram, respectivamente, 79% e 93% inferiores às previstas para o Rio Grande do Sul (R$ 444,2 milhões e R$ 350,2 milhões).

Em outros termos, para cada R$ 1 reservado no orçamento da União em emendas coletivas para os paranaenses, houve R$ 15 para os gaúchos. O tamanho da representação legislativa dos dois estados em Brasília, no entanto, é praticamente igual. São 34 congressistas gaúchos (31 deputados e 3 senadores) e 33 paranaenses (30 deputados e 3 senadores).

O estado também perdeu em valores absolutos para bancadas bem menores. A capixaba, que tem um terço dos deputados do Paraná, conseguiu mais que o dobro de empenhos em 2009 – R$ 47,6 milhões. Já a catarinense, com 16 deputados, teve R$ 23,3 milhões – R$ 84 mil a mais que a paranaense.

Em 2010, a situação continua desigual, mas foi amenizada. Dados do Sistema de Admi nistração Financeira da União (Siafi) atualizados no último dia 24 mostram que o volume de emendas de bancada do estado empenhadas neste ano já é de R$ 47,6 milhões. Ainda assim, a quantia só é maior do que a prevista para o Espírito Santo (R$ 23,5 milhões).

O Paraná permanece em último lugar quando é feita a comparação proporcional entre o total de empenhos e o número de parlamentares por estados. Até agora, são R$ 1,44 milhão empenhado por congressista do Paraná contra R$ 11,44 milhões por representante mineiro. A penúltima bancada na relação é a paulista, com R$ 1,59 milhão empenhado por deputado ou senador.

Deficiências - Além de ter a sexta maior representação no Congresso Nacional entre as 27 unidades da federação, o Paraná também é o quinto maior colégio eleitoral do país e tem o quinto maior Produto Interno Bruto. Para o coordenador da bancada, deputado Alex Canziani (PTB), apesar de esses números serem favoráveis, o que tem prejudicado o estado é a falta de interlocução com o governo do estado. “Pre cisamos que alguém que lidere o processo de negociação com o Executivo federal. E o ideal é que quem faça isso seja o governador”, diz.

Segundo ele, o ex-governador Roberto Requião (PMDB) nunca se dispôs a fazer um trabalho em conjunto com os parlamentares para facilitar a liberação das emendas. “Deveria ser algo normal, corriqueiro. Nessa semana mesmo eu vi os governadores do Ceará e do Amazonas fazendo reuniões com suas bancadas na Câmara para definir as emendas de 2011.”

Canziani afirma que o panorama melhorou quando Orlando Pessuti (PMDB) assumiu o governo, em abril. Pessuti vai se reunir com a bancada na terça-feira para discutir a execução das emendas previstas para 2010. Também vão participar do encontro os ministros do Pla nejamento, Paulo Bernardo, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

“É sabido por todos que havia uma deficiência na atenção dada à nossa bancada em Brasília. Mas eu estou tentando reverter. Não há viagem que eu faça à capital em que não procure os nossos parlamentares”, diz Pessuti.
Em declarações recentes, Paulo Bernardo avaliou que o problema do estado na liberação de recursos é a falta de sincronia entre governador e bancada. “A mobilização tem que passar por um esforço conjunto”, disse, em entrevista à Gazeta do Povo publicada há três semanas. A decisão final sobre a aplicação das verbas, porém, cabe ao Planejamento.

Segundo vice-presidente da Comissão Mista de Orçamento, o deputado federal Eduardo Sciar ra (DEM) garante que as emendas de bancada dos paranaenses não têm problemas técnicos que inviabilizem a sua execução. “Temos uma série de parlamentares que atua com muita desenvoltura na definição do orçamento. O problema não é esse, é a falta de acompanhamento para que o dinheiro saia.”

Por último, o Paraná – pelo menos em tese – não deveria ser prejudicado por questões políticas. Dos 33 congressistas do estado, 21 são da base de apoio ao presidente Lula. Além disso, nos últimos oito anos Requião e Pessuti sempre foram alinhados ao Palácio do Planalto, ao contrário dos governadores de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.

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Barrado pela Lei da Ficha Limpa, Jader Barbalho renuncia ao mandato

O ESTADO DE S. PAULO, 30 de novembro de 2010

Deputado disse estar em situação 'extravagante' devido ao impasse sobre a aplicação da norma


O deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) apresentou na manhã desta terça-feira, 30, na Mesa da Secretaria da Câmara dos Deputados a sua renúncia ao mandato que termina no dia 31 de janeiro de 2011. Ele concorreu nas últimas eleições a uma vaga ao Senado, mas teve seus cerca de 1,8 milhão de votos anulados, com base na Lei da Ficha Limpa. Em 2001, já havia renunciado ao mandato de senador para fugir de um processo de cassação.

Na carta-renúncia, endereçada ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), Jader Barbalho afirma que, em face da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ele se encontra na "extravagante situação" de ser, ao mesmo tempo, elegível e inelegível, em decorrência de empate que acaba por anular o voto de 1,8 milhão de eleitores no Pará, "cassando meu mandado de senador da República para o qual, repito, fui democraticamente eleito". Na vaga de Jader Barbalho assume a suplente Ann Pontes (PMDB-PA).

Jader foi o segundo colocado na disputa por uma das duas vagas do Senado reservada para o Estado. Por ter renunciado em 2001 ao mandato de senador, foi barrado pela Justiça Eleitoral, decisão já confirmada pelo STF.

O julgamento da constitucionalidade e da aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições deste ano atingiu um impasse no STF e é aguardada a nomeação do substituto do ministro Eros Grau, que deverá "desempatar" a votação que terminou cinco a cinco. Em entrevista na última quarta-feira, 24, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai deixar a indicação do novo ministro da corte para o próximo governo.

Tribunal de Justiça do Paraná nega habeas-corpus a Abib Miguel

GAZETA DO POVO, 30 de novembro de 2010

Relatora da ação, a juíza Lilian Romero afirmou no texto da decisão que a prisão de Bibinho não representava constrangimento ilegal, que foi um dos argumentos apresentados pela defesa


O ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel – o Bibinho - continuará preso por decisão do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). O tribunal negou na segunda-feira (29), em caráter liminar, o pedido de habeas-corpus impetrado pela defesa.

A relatora da ação, a juíza Lilian Romero, afirmou no texto da decisão que a prisão de Bibinho não representava constrangimento ilegal, que foi um dos argumentos apresentados pela defesa.

A juíza afirmou ainda que não havia fatos novos que poderiam fazer com que os desembargadores acatassem a liminar e se posicionassem de forma contrária às decisões anteriores. Outros habeas-corpus já tinham sido negados pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça em maio.

Abib Miguel é acusado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) de chefiar o esquema de desvio de dinheiro da Casa de Leis e está sendo julgado em dois processos, que foram adiados por causa do estado de saúde de Bibinho.

Denúncia do MP-PR - Em maio, o MP-PR denunciou 13 pessoas por causa do esquema de contratação de funcionários fantasmas e desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa do Paraná. A denúncia foi assinada pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Segundo a denúncia, o Gaeco encontrou 18 situações em que foram cometidos os crimes de formação de quadrilha, peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Contratos do Ciap terminam no dia 7; prefeitura de Londrina ainda não definiu substituto

JORNAL DE LONDRINA, 30 de novembro de 2010

Rompimento foi anunciado em julho deste ano e até agora administração não definiu as empresas que assumirão o controle do Samu, Programa Saúde da Família e Policlínica


A menos de uma semana do encerramento dos contratos com o Centro Integrado de Apoio Profissional (CIAP), entidade suspeita de desvio milionário de recursos públicos, a Prefeitura de Londrina ainda não definiu as empresas que assumiram os serviços. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, a Secretaria de Saúde está finalizando os últimos detalhes para a contratação dos novos gestores do Samu, Policlínica e Programa Saúde da Família.

O primeiro anúncio do rompimento dos contratos com o Ciap foi feito no dia 29 de junho deste ano. Pouco mais de um mês depois que a Polícia Federal, Receita Federal e Controladoria Geral da União deflagraram a Operação Parceria. No dia 10 de agosto, a promessa do secretário de Gestão Pública, Marco Cito, era que a substituição aconteceria em 60 dias. Sem chegar a uma definição, a prefeitura anunciou, em 7 de outubro, a contratação de novas empresas em caráter emergencial e os 1,1 mil funcionários do Ciap receberam aviso prévio. No dia 25 de outubro, a administração prorrogou o contrato por mais 30 dias, com vencimento no próximo dia 7 de dezembro.

Nesta terça-feira (30), terminou o contrato dos agentes de endemias, responsáveis pelo combate a dengue na cidade. Segundo o coordenador de Endemias da Secretaria de Saúde, Elson Belisário, dos 230 agentes, 75 já foram contratados pelo município, que assumiu a gestão do serviço. “Nas próximas semanas o restante dos agentes devem regularizar a situação junto a prefeitura”, disse.

Questionado se o número reduzido de profissionais poderia prejudicar o combate à dengue na cidade, Belisário afirmou que a situação da infestação do mosquito está sob controle, no entanto, as contratações não podem demorar para serem finalizadas.

Avisos prévios do Samu - Nesta terça também chegou ao fim o aviso prévio de funcionários do Samu. São 130 profissionais que não sabem qual será o futuro dos empregos. O coordenador do Samu, Elândio Câmara, afirmou que não sabe como ficarão os serviços a partir desta quarta. Segundo ele, não houve nenhum comunicado oficial de quem assumirá o serviço. “Alguns profissionais já informaram que não permaneceram no Samu. Outros dizem que vão definir somente depois de ser escolhida a nova empresa. Então, na verdade, não sei como o serviço vai ficar”, ressaltou.

O secretário de Gestão Pública, Marco Cito, informou pela assessoria que não falaria sobre a contratação das novas empresas. A reportagem tentou contato com o secretário de Saúde, Agajan Der Bedrossian, mas ele está em viagem para Curitiba.


A bolha vai estourar?

O ESTADO DE S. PAULO, Heitor Mello Peixoto, 30 de novembro de 2010


O Brasil vive um boom imobiliário. Milhões de famílias adquirem o primeiro imóvel, mudam para um maior ou investem num ativo real que tende a se valorizar com o tempo. É uma euforia geral. Nunca antes neste país o preço dos imóveis subiu tanto em tão pouco tempo.

Um amigo, por exemplo, vendeu há três anos um imóvel de dois dormitórios nos Jardins, em São Paulo, por R$ 160 mil. Hoje esse imóvel custa R$ 450 mil - valorização de 30% ao ano por quatro anos consecutivos. Um retorno invejável se comparado a outras aplicações. Pesquisa da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) revela que o preço do metro quadrado de imóveis de dois dormitórios em São Paulo subiu 42,86% no primeiro quadrimestre de 2010, na comparação com igual período de 2009. Segundo cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo, o capital investido no período em CDIs valorizou-se 9,19% e na caderneta de poupança, 6,68%. Em ouro, teve desvalorização de 6,84% e, em dólar, retração de 23,83%. Outro estudo da Embraesp mostra que o preço médio do metro quadrado do apartamento de um dormitório subiu 75% entre 2008 e 2010.

A questão é: esse crescimento é sustentável? Vivemos uma bolha imobiliária?

Para o grande grupo que afirma que não (banqueiros, investidores e construtores), esse crescimento é sustentável e a tendência é de mais alta nos preços. Essa maioria argumenta que o crédito imobiliário no País é baixo em relação ao PIB, algo em torno de 2%, insignificante se comparado aos 68% nos EUA, 75% na Inglaterra ou 20% no Chile. Também aponta o grande déficit habitacional do País, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 como impulsores do crescimento do setor.

Não nos vamos iludir. Vivemos uma bolha imobiliária e ela pode estourar em breve. Alguns "sinais periféricos", no jargão dos futuristas, nos levam a pensar assim.

Regras básicas do negócio de imóveis: um pronto vale mais do que na planta, o aluguel gira em torno de 0,5% a 1% do seu valor, o preço do metro quadrado de dois semelhantes varia consideravelmente se tiverem "idades" muito diferentes. Para uma boa compra, muita pesquisa e paciência. Tais regras não valem atualmente.

Pode parecer sedutor um apartamento na planta no litoral sul de São Paulo vendido pelo mesmo preço de outro já pronto no mesmo empreendimento, em outra torre, com melhor localização. Mas o valor é parcelado, terá incidência de juros após a entrega das chaves. Tão estranho quanto isso é o fato de esses imóveis serem vendidos pelo mesmo preço de uma cobertura vizinha, pronta há três anos, mas com o dobro da área útil.

E por que pagar 50% a mais pelo metro quadrado por uma diferença de apenas três anos entre os imóveis, já que as demais condições (localização, infraestrutura, etc.) são as mesmas? A justificativa do corretor é a grande alta no preço dos terrenos nos últimos três anos. Ah, bom, então está explicado! Imóveis têm sido vendidos no prazo de uma semana - o prazo normal era de meses e até anos em épocas anteriores. Quebras de lógica assim já ocorreram no boom dos negócios da internet, no final dos anos 1990, e no boom dos flats em São Paulo, no início dos anos 2000. Ambas viraram bolhas que estouraram.

Recente reportagem na TV mostrou um casal que foi passear num shopping, entrou no estande de uma construtora e saiu com apartamento novo. Compra de apartamento por impulso? Essa é nova. Os aluguéis reforçam a suspeita. Em tese, a locação de um imóvel que duplicou de preço deveria também dobrar. Mas a renda do inquilino não duplicou no mesmo período. Se esses aumentos generalizados forem absorvidos pelo mercado, causarão pressão inflacionária generalizada pelo País. Imóveis residenciais para todas as faixas de renda e comerciais de todos os tamanhos sofrem alta. Pesquisa da Cushman & Wakefield aponta, por exemplo, que o preço em reais de locação do metro quadrado comercial de alto padrão, no Rio de Janeiro, subiu 60% entre o terceiro trimestre de 2009 e o terceiro trimestre de 2010.

Essa pressão inflacionária, se somada a outras possíveis, como o aumento da taxa de câmbio, pode desencadear inflação, já que um quinto dos bens consumidos hoje no Brasil provém do exterior. Mais inflação significa aumento da correção e do valor das parcelas de financiamentos superior ao que muita gente pode pagar. Começaria uma onda de inadimplência. Resultado: algo semelhante à crise do subprime americano. E lá a taxa de juros do crédito imobiliário é de 5%, ante os 12% daqui.

Se os aumentos de aluguel não forem absorvidos pelo mercado, o investimento em imóveis deixaria de ser interessante, pois o valor da locação cairia muito em termos porcentuais em relação ao valor do imóvel. Investidores teriam de vender "estoques" e buscar algo mais rentável, desencadeando uma onda de vendas, contribuindo para estourar a bolha.

O brasileiro, em geral, calcula se a parcela cabe no salário, esquece taxas de juros, manutenção, impostos e fator de correção monetária escolhido. Também nunca teve tanta disponibilidade de crédito, e aproveita - para imóvel, carro, eletrodomésticos, computador, etc. Recente Relatório de Inflação do Banco Central informa que as dívidas "comem" 23,8% da renda dos brasileiros, ante 17,02% dos americanos. E se a inflação subir? E se a China parar de crescer tanto? E se todo esse dinheiro estrangeiro que inunda o Brasil deixar o País em busca de outras praias, como será o dia seguinte? Em tempo: há uns dois anos não víamos tantos anúncios de imóveis novos em jornais com comparativos de preços por metro quadrado. Será um sinal de mudança no rumo dos ventos?

Agora é acompanhar a escolha de toda a equipe de Dilma, a inflação, a entrada de recursos no País, o desemprego e o mercado imobiliário em si. Sinceramente, espero estar errado. Mas não vou investir no mercado imobiliário até 2012.

A polícia e o estado de direito

O GLOBO, Merval Pereira, 30 de novembro de 2010


Os relatos que começam a surgir de abusos de poder por parte de policiais na ocupação do Complexo do Alemão têm que ser investigados e reparados o mais rapidamente possível pelas autoridades responsáveis pela segurança pública no Rio, para que não se quebre o clima de solidariedade entre a população e as forças da lei, a principal razão do sucesso da operação.

Houve uma mudança fundamental na atuação das forças de segurança nesse episódio, com os limites da lei sendo respeitados e os direitos dos cidadãos, até mesmo dos traficantes, norteando a ação de repressão. Desvios eventuais têm que ser reparados.

No domingo, a Globo News colocou no ar diversos depoimentos de estudiosos que destacaram em uníssono o que fez a diferença desta ação policial das anteriores.

O psicanalista Joel Birman, professor da Uerj e da UFRJ, considera que a população sentiu que a polícia deixou de ser ambígua, o que a motivou a sair da inércia.

"A polícia se firmou como sujeito de um estado de direito. O imaginário das pessoas faz com que elas se sintam protegidas por uma autoridade e saiam do medo paralisante que até então os dominava", comenta Birman.

O recorde de telefonemas para o disque-denúncia demonstra, segundo ele, que quando os cidadãos passam a acreditar na ação das autoridades, no momento em que fazem a denúncia acham que estão trabalhando para ajudar a limpar a comunidade de elementos nefastos.

"Foi a maneira decidida de agir que deu à população a sensação de segurança", diz Birman, ressaltando que não só a polícia não se deixou intimidar pelos traficantes como se apresentou com uma força muito maior, e não negociou para entrar na favela.

O recado dado aos traficantes e à própria população foi: "Nós vamos entrar e prender vocês. Nós estamos do lado do bem e vocês do lado do mal. Nós estamos do lado da lei e vocês do lado do crime. O Estado vai recuperar esse território". Para Joel Birman, a imagem da fuga dos bandidos "foi como se a gente sentisse a reconstituição da sociedade do Rio".

Uma sociedade é uma associação de pessoas, lembra Birman, e com a operação "surgiu a possibilidade de uma população fragmentada, assustada, cada um tratando de sobreviver no seu canto, de repente reconstituir os laços sociais e participar com solidariedade através do disque-denúncia, através das redes sociais, do Twitter".

Para Joel Birman, o fato de a TV Globo ter transmitido ao vivo os primeiros momentos da ocupação deu maior transparência à operação e evitou que qualquer excesso eventual fosse cometido.

O sociólogo Ignácio Cano, da Uerj, preocupa-se com o reforço da lógica da guerra, e ficou aliviado por não ter havido um banho de sangue.

Ele temeu que tivéssemos um retrocesso com a ação da polícia meramente reativa às ações dos bandidos, deixando de lado o planejamento estratégico que rege a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

"Há centenas de comunidades no Rio de Janeiro ainda dominadas pelo tráfico e pela milícia, e não há sentido em cantarmos vitória", ressalta.

Para ele, o mais importante é a retomada do território, e, para isso, as forças de segurança terão que continuar no Complexo do Alemão até que se instale uma UPP.

Diante de um comentário meu, Cano ressalvou que não é possível punir as comunidades que estão sob o domínio do tráfico com a falta de obras públicas.

Eu me referia às bandeiras hasteadas no teleférico do Complexo do Alemão que, se por um lado sinalizam uma vitória das forças legais, também relembram que as obras do PAC estavam sendo feitas com a favela dominada pelo tráfico, o que demonstra que havia um acordo com os traficantes.

A própria rota de fuga pelas tubulações subterrâneas e os túneis que os operários teriam sido obrigados a construir mostram que não há possibilidade de fazer acordo com bandidos sem se envolver com algum tipo de desvio.

Francisco Carlos Teixeira, professor de história contemporânea da UFRJ, classifica de "uma vitória" não ter acontecido a grande explosão de violência, o banho de sangue que se temia.

A operação, destaca, mostrou que as forças policiais e militares tiveram uma boa atuação dentro do estado de direito. "Vimos que é possível ser duro, manter a ordem, sem violação dos direitos civis, do direito da população. Também vimos que há eficiência, há competência".

Ele destaca, no entanto, a importância de o governo federal agir. "Não se trata de colocar à disposição do estado carros blindados e tropas, por que isso é uma exceção. Tem que agir é no cotidiano: a Receita Federal tem que controlar a lavagem de dinheiro, a Polícia Federal tem que tomar para si a missão constante de controle de fronteira, não apenas na crise, e a Polícia Rodoviária Federal não pode deixar chegar cocaína, maconha e armas ao Rio de Janeiro".

Ele acha que houve nitidamente uma diferenciação na ação, destacando que "infelizmente nos lembramos claramente que as incursões da polícia nas comunidades populares no Rio eram movidas pela vingança e culminava em coisas lamentáveis como Vigário Geral e outras tantas até recentemente".

Jacqueline Muniz, antropóloga, professora da Ucam e da UFRJ, diz que a diferença desta vez "foi a qualidade da ação do governo. Diante da incerteza, da imprevisibilidade, do temor, responderam com superioridade de método, regularidade".

Também demonstraram, ressalta, uma capacidade de ação coordenada, integrada, e, portanto, "uma ação de natureza federativa".

Jacqueline Muniz também acha que foi importante a prestação de contas regular que foi feita à população. "Na normalidade democrática, as forças da lei dependem da cooperação da população. Como fazer busca e rastreamento sem mandado de busca e apreensão? As próprias casas são geminadas, umas se ligam às outras. É preciso fazer isso com a cooperação da população. Quanto menor o nível de resistência da população à polícia, menor é o risco em operações especiais", destaca.

Ela destacou dois aspectos importantes na operação do fim de semana: o centro de triagem e identificação, para minimizar a possibilidade de erro nas detenções, e a montagem de centros de socorros.


Antes tarde

O ESTADO DE S. PAULO, Dora Kramer, 30 de novembro de 2010


Entusiasmo é material perecível, assim como senso crítico é matéria prima indispensável ao desenvolvimento da humanidade. Agora, desqualificar o trabalho das forças estadual e federal no combate ao poder do tráfico no Rio de Janeiro na última semana é, além de uma atitude retrógrada, um exercício de crítica à deriva. Um equívoco, sobretudo.

São poucos, mas ainda há focos de resistência ao reconhecimento de que o que houve no Rio significou um avanço incontestável em relação ao que estávamos acostumados a ver. Principalmente nos últimos 20 anos, quando o crime já havia consolidado suas posições e as autoridades ainda resistiam - por incompetência, compadrio ou indiferença - ao enfrentamento.

Embora seja pertinente o questionamento sobre as razões pelas quais não houve antes uma atuação semelhante às retomadas dos territórios de Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, na região da Penha, zona norte da cidade, a mera repetição dessa pergunta não leva a lugar algum.

Melhor que perguntar por que o Estado não agiu antes é cobrar das autoridades a continuidade desse tipo de ação. No País todo. Já ficou demonstrado que o poder público, quando quer e se empenha, ganha sempre.

É mais forte que o crime. Detém a legitimidade da força e, a despeito de enfrentar a "desvantagem" da obrigação de atuar dentro da lei frente a um inimigo livre dos ditames legais, é infinitamente superior a ele.

Portanto, não há mais daqui em diante nenhuma justificativa para que não se prossiga nesse combate. Muito menos existem quaisquer explicações para que o governo federal em conjunto com os governadores não elabore e institua uma política de segurança pública de caráter nacional e com sentido prioritário.

Essa é uma tarefa que se impõe ao governo de Dilma Rousseff. Depois de 16 anos consecutivos de fracassos na área, nos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio da Silva, é hora de a sociedade aplicar o critério da tolerância zero em relação à responsabilidade dos governantes no cumprimento do dever constitucional de garantir o direito à vida aos cidadãos.

Isso abrange a inclusão de diferentes áreas: legislativa, judicial, trabalho de fronteiras, posição do Brasil em relação aos países que exportam drogas e não fazem o combate necessário à exportação de armas, combate duro aos barões da criminalidade, o expurgo da corrupção (da polícia, da política, do Judiciário), sem prejuízo também de se revelar responsabilidades sobre décadas de omissão.

A população que não sofre na pele a escravidão pelos traficantes no cotidiano parou de considerar o bandido um herói e, de um modo geral, a mentalidade em relação à defesa dos direitos humanos está se alterando: há o viés social, mas não há que se desprezar o poder da repressão.

A cultura do protesto vão - passeatas da elegantzia e da intelligentzia que o ex-chefe de polícia Hélio Luz denunciava por "protestar de dia e cheirar à noite" - deu lugar à participação objetiva e mais que efetiva por intermédio do Disque-Denúncia.

A polícia, por sua vez, começou a atuar como aliada do cidadão, substituindo a arbitrariedade pela inteligência e o planejamento estratégico, sob um comando sério e integrado.

Nada está resolvido, mas está provado que o Estado sabe o caminho. Se não enveredou por essa trilha até hoje, a hora é agora. Sem recuos, pois as condições estão postas e o rumo da recuperação da soberania do Estado está dado. Sem margem para ambiguidades.

O papel da oposição

O GLOBO, Rodrigo Constantino, 30 de novembro de 2010


Democracia não é a ditadura da maioria. O regime democrático requer condições básicas para funcionar, tais como liberdade de imprensa, limite constitucional ao governo, independência dos poderes e uma sólida oposição. Todos esses importantes pilares estão enfraquecidos no Brasil. O último deles será o foco deste artigo.

Mais de 40 milhões de brasileiros mostraram nas urnas que não estão satisfeitos com os rumos do país. Trata-se de um brado retumbante que garante legitimidade aos opositores do governo. Resta saber se a oposição vai cumprir com responsabilidade, união e coragem esta função delegada por tantos brasileiros. É o que se espera dela, e cabe às suas lideranças o papel de coordenar seus partidos nessa direção comum. Eximir-se dessa tarefa significa trair milhões de eleitores.

O papel da oposição é fundamental para fortalecer a democracia. Hibernar por quatro anos para reaparecer nas eleições é suicídio político. Compreende-se o receio de enfrentar um governo popular como o do presidente Lula, mas ter deixado de fazê-lo foi como dar um tiro no próprio pé. Com Dilma na Presidência, sem o mesmo carisma, esta negligência passa a ser indefensável.

Ao que tudo indica, a oposição terá uma excelente oportunidade para mostrar a que veio, lutando em defesa dos milhões de brasileiros que não suportam mais tantos impostos. Mal acabara a contagem das urnas, e a coligação eleita já falava em recriar a CPMF, com nome diferente para ludibriar o povo. Trata-se de um verdadeiro "estelionato eleitoral", uma vez que a própria Dilma chegou a afirmar que não aumentaria os impostos, já em patamares indecentes no Brasil.

Segundo Alberto Carlos Almeida, em "O dedo na ferida", o povo brasileiro sabe que paga muitos impostos e gostaria que eles fossem reduzidos. Almeida acredita que há o script pronto, mas falta o ator. Eis a chance da oposição. O povo brasileiro está mais atento, e dificilmente cairá na retórica do governo, de que é preciso mais recursos para a saúde. O povo entendeu que dinheiro não tem carimbo, e que seus impostos acabam desviados para destinos menos nobres, como corrupção e inchaço da máquina pública.

A questão da recriação da CPMF será um teste crucial para verificar se ainda há oposição de fato neste país. Em vez de o governo criar mais imposto, ele deveria focar na redução dos gastos públicos, que estão em trajetória explosiva. A pressão inflacionária já começa a incomodar, e usar somente a política de juros para combatê-la significa usar uma bazuca para matar uma formiga: o estrago é geral.

O presidente Lula, no afã de eleger sua candidata, mandou às favas a responsabilidade fiscal durante o final de seu governo. Não só a gastança pública saiu de controle, como o crédito estatal também foi estimulado de forma irresponsável. O resultado foi um forte crescimento econômico, fator extremamente relevante para decidir a eleição. Mas a fatura ainda terá que ser paga. Se o governo Dilma não reverter o quadro, demonstrando maior austeridade fiscal, o crescimento será insustentável, tornando-se mais um voo de galinha. Os "desenvolvimentistas", estes alquimistas da ciência econômica, terão que aceitar a realidade como ela é.

Além da CPMF, existem várias outras batalhas que a oposição deve lutar. Os escândalos do Enem, para começo de conversa, ou então o trem-bala, cujo orçamento está claramente subestimado, e mesmo assim já representa enorme desperdício de recursos públicos frente a tantas alternativas mais urgentes. Ou ainda o estranho episódio envolvendo a Caixa Econômica e o Banco PanAmericano. Há muito que explicar nesses casos. A oposição não pode deixar tudo por conta da imprensa.

Há também a postura neutra lamentável do governo, quando a ONU resolveu condenar a teocracia iraniana por desrespeito aos direitos humanos. Para o governo, "negócios são negócios". Cabe à oposição sustentar que essa não pode ser a postura de um país que ainda leva em consideração a questão ética. Milhões de brasileiros esperam esta reação da oposição.

Existem muitos outros pontos em que o papel da oposição se faz necessário para a construção de uma democracia mais sólida. O povo merece o contraditório, até para poder julgar melhor os atos do governo. Quando a oposição está fragilizada, desorganizada e passiva, a democracia corre perigo. A experiência mexicana mostrou como isso pode ser fatal. A oposição precisa resolver seus problemas internos e assumir seu papel legítimo em prol da democracia brasileira. Milhões de brasileiros contam com isso.

Antibióticos sob controle

CORREIO BRAZILIENSE, 30 de outubro de 2o1o

Nova exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em relação ao comércio de antimicrobianos: venda com retenção da segunda via, e identificação do paciente e do comprador


Terminou no domingo o prazo para que as drogarias se adequem às novas exigências para a venda de antibióticos determinadas no fim de outubro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desde ontem, as farmácias só podem vender os antimicrobianos com apresentação e retenção de segunda via da receita médica de controle especial. A reportagem do Correio visitou dez estabelecimentos e tentou obter medicamentos sem seguir o protocolo, mas não obteve sucesso. Na maioria das farmácias, há informes fixados nos balcões ou panfletos com explicações sobre a mudança.

A Resolução nº 44/2010. da Anvisa, publicada no Diário Oficial da União em 28 de outubro, estipula que os dados do paciente e de quem faz a compra serão recolhidos pelo estabelecimento e os dados do antibiótico vendido terão de ser registrados no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) ou anotadas em um livro exclusivo para esse cadastro. O procedimento é adotado para outras classes de medicamento, como os antidepressivos.

O início da aplicação da medida surpreendeu a aposentada Paula Araújo, 63 anos. Ela não conseguiu comprar o antibiótico prescrito para o marido, que está hospitalizado, porque o médico não emitiu a receita em duas vias. A substância cefalexina indicada para o tratamento da infecção do marido está entre as 93 substâncias antimicrobianas que passarão a ter a venda controlada. “Vou ter que voltar ao hospital, localizar o médico e pedir outra receita. Concordo com o controle, mas uma receita só resolvia o problema. Criaram ainda mais burocracia”, criticou.

O presidente do Conselho Regional de Farmácia do DF, Hélio José de Araújo, esperava estranhamento da população, mas defende a medida. “É uma questão de tempo até as pessoas se habituarem. A automedicação deve ser combatida, não só para diminuir a resistência das bactérias, como para diminuir índices de intoxicação por remédios, que são altíssimos segundo a Organização Mundial de Saúde”, diz.

O surto de infecção hospitalar causada pela superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) — que afetou principalmente o Distrito Federal, onde de 246 pessoas foram contaminadas e houve 22 mortes relacionadas à infecção desde o início do ano — forçou a Anvisa a adotar medidas mais duras em relação às práticas que aumentam o risco de infecção ou incentivam o desenvolvimento de resistência por parte das bactérias. A restrição do acesso aos antibióticos é uma tentativa de dificultar o hábito da automedicação, apontada pela Anvisa como uma das causas para a crescente resistência de bactérias como a KPC, que desafiam a eficácia de poderosos antimicrobianos.

Além de passar a ser emitida em duas vias, a receita do antibiótico terá a validade reduzida de 30 para 10 dias. Expirado o prazo, o paciente terá de voltar ao médico para obter nova receita. As indústrias farmacêuticas ainda têm um prazo de 150 dias para alterar a embalagem — que passa a ter o dizer “Venda sob prescrição médica – Só pode ser vendido com retenção da receita” — o rótulo e a bula dos 93 antibióticos que têm permissão para venda no Brasil.

Hora extra por conta da KPC
» Servidores da rede pública de saúde afirmam não ter recebido o pagamento referente às horas extras que passaram a fazer para controlar o surto de KPC uma vez que não há profissionais suficientes. Segundo um servidor do Hospital de Base, os valores referentes à outubro deveriam ser pagos na folha de dezembro, mas não constam nos contracheques, recebidos no dia 26. Os funcionários reclamam da falta de informações e não descartam a hipótese de paralisação caso não sejam pagos. A assessoria da Secretaria de Saúde não prestou maiores esclarecimentos.


Denúncia
O telefone 0800 642 97 82 é o canal aberto pela Anvisa receber denúncias de estabelecimentos que não cumprem a lei


Fique atento
A prescrição de antibióticos deve ser em duas vias: uma será retida pela farmácia e outra será carimbada e ficará com o paciente.

Os dados do paciente e de quem comprar ficarão registrados na farmácia.

O receituário terá validade de 10 dias. Se o medicamento não for comprado nesse prazo, o paciente terá que voltar ao médico e pedir nova prescrição.