terça-feira, 31 de agosto de 2010

Prefeitura de Cornélio Procópio contrata empresa paulista para elaborar Plano Municipal de Saneamento Básico

AGORA CORNÉLIO E RÁDIO CORNÉLIO, 31 de agosto de 2010


O chefe da gerência regional da Sanepar em Cornélio Procópio, Acir Pedro Crivelari, disse que a Estatal continua operando normalmente o sistema de água e esgoto no município, apesar de não ter sido ainda renovado o contrato de concessão de serviços por mais 20 ou 30 anos. Ele ressaltou que o último contrato foi assinado durante a gestão do falecido prefeito Michel Dib, mas um termo aditivo assinado em 1996 durante o governo de Márcio Pozzi possibilita este trabalho.

Crivelari afirmou ainda que a prefeitura contratou a empresa Cinco Engenheiros de São Paulo para elaborar o Plano Municipal de Saneamento Básico, mas a Sanepar também vai ajudar neste projeto. Conforme ele frisou, representantes da empresa contratada já estiveram na Sanepar para colher dados sobre o serviço de água e esgoto prestado na cidade. Os representantes percorreram também as três estações de tratamento de esgoto e reservatórios da unidade local da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Paraná.

Ele destacou que a Sanepar continua fazendo os investimentos necessários para melhorar o serviço de água e esgoto na cidade de Cornélio Procópio e espera que o contrato para renovação entre a Estatal e o Município seja assinado em breve. Crvelari adiantou ainda que o prefeito Amin Hannouche está negociando pessoalmente a questão com a direção da Sanepar em Curitiba, assinalando que o município quer algumas vantagens para assinar o novo contrato já que o que estava em vigor expirou-se em 2005 durante a primeira gestão do atual prefeito. A Sanepar tem hoje cerca de 70 funcionários na regional de Cornélio Procópio.

Crivelari revelou ainda sua preocupação com a estiagem que atinge atualmente a região de Cornélio Procópio. Diante disso, o chefe da Sanepar local recomenda que os consumidores procopenses economizem água, porque o precioso líquido está cada vez mais escasso e pode comprometer as futuras gerações, apesar do Brasil ainda ter cerca de 8% da água do mundo.

Ele lembrou que a preocupação deve ser constante com o meio ambiente nos mananciais existentes no estado do Paraná. Crivelari citou o rio Congonhas como exemplo desta preocupação. “O rio que abastece os municípios de Cornélio Procópio, Congonhinhas e Uraí está livre da poluição e para que isso continue é necessário o envolvimento de toda comunidade para preservar esse patrimônio que Deus nos deixou”, observou. Apesar disso, ele reiterou que o rio Congonhas perdeu 20% de seu potencial de água nos últimos 30 anos. Cornélio Procópio tem hoje índice de 92.3% de cobertura de rede de esgoto, fato que orgulha a cidade e os procopenses.

Norte do Paraná: Descentralizar é a receita para crescer

GAZETA DO POVO, 31 de agosto de 2010

Concentração da riqueza em Londrina e Maringá atrasa o desenvolvimento de cidades menores. Norte do estado precisa de plano integrado


As donas de casa Edna Mendonça Lima, 53 anos, e Cleusa Viana Pires, 30 anos, não se conhecem. Mo­­­­ram em cidades diferentes, têm cotidianos diversos e expectativas de futuro distintas. Aos domingos, porém, as duas são mais felizes. Edna gosta de oferecer o tradicional almoço e reunir os filhos e parentes em Sa­­­báudia, cidade de 5 mil habitantes entre Maringá e Lon­­­drina. Já Cleusa tem o marido mais tempo em casa, descansando da cansativa rotina de servente de pedreiro. No domingo ele pega no violão, o que a faz esquecer um pouco a pobreza que cerca a família em Londrina.

A importância dos fins de semana para as duas donas de casa é o reflexo da divisão econômica da Região Norte do estado, que concentra a população, a riqueza e o desenvolvimento – bem como os problemas típicos dos grandes centros – em duas cidades: Londrina e Ma­­ringá. Essa divisão acaba afogando o potencial dos pequenos municípios, que veem a população jovem migrar atrás de oportunidades e têm dificuldades para atrair investimentos. Edna só tem a família reunida nos domingos, pois as oportunidades de trabalho e estudo são escassas em Sabáudia. Já Cleusa procura esquecer o futuro incerto: a pobreza acaba afastando a família dos possíveis benefícios de viver na segunda maior cidade do estado.

Um plano para desenvolver econômica e socialmente a região passa por uma mudança de cultura e um processo de planejamento regional, com as duas cidades-polo atuando em conjunto e integrando os municípios pequenos na atração de investimentos. “Os localismos e os bairrismos são muito fortes e arraigados e por isso não se conseguiu até hoje fazer nada regional”, acredita a coordenadora do Observatório das Metrópoles Ana Lúcia Ro­­drigues, professora de Ciências Sociais da Uni­­­versidade Es­­­tadual de Maringá (UEM).

Oportunidades distintas - Moradora do Morro do Carra­­­pato, em Londrina, Cleusa é um exemplo de que a concentração leva à exclusão. Ela luta contra uma depressão há anos, depois de ver o primeiro dos cinco filhos com fome, e teme pelo futuro dos dois meninos e três meninas com idades entre 6 e 14 anos. “As crianças choravam de fome. Não tinha nem feijão”, lembra.

Hoje, a fome não é o problema mais grave. É o futuro que preocupa. Com os bicos do marido na construção civil e os R$ 162 do Bolsa Família, Cleusa se vira. “Dá para comprar comida para menos de um mês e comprar o material escolar, porque sem o material escolar não dá para ficar”, diz. Ela torce para que os filhos estudem e mudem a perspectiva de vida. Apesar do esforço, Cleusa tem consciência de que a riqueza e as oportunidades que Londrina oferece não chegam à família.

A Universidade Estadual de Londrina (UEL), por exemplo, uma das mais importantes universidades públicas estaduais, está perto da família, mas Cleusa não imagina seus filhos estudando lá. A universidade acaba sendo uma chance de qualificação para jovens de outras cidades, que deixam família e amigos. A concentração de emprego e renda em Londrina também atrai moradores de cidades próximas, o que diminuiu as chances da família de Cleusa.

É o caso da família de Edna. A filha dela, Francine, de 27 anos, se formou em Farmácia em Londrina e conseguiu seu primeiro emprego em Maringá. Atualmente trabalha em Ara­­­pongas, mas sonha voltar a morar perto da família, em Sabáudia, que tem apenas duas farmácias. “Aqui não tem campo. Se tivesse oportunidade, eu voltaria”, diz Francine. O primo dela, Henrique, está em Londrina para estudar Zootec­­­nia e sabe que dificilmente voltará a morar perto da família. “Para mim as oportunidades estão em São Paulo”, afirma.

O outro filho de Edna, Charles, faz malabarismo para não deixar Sabáudia. Ele é vendedor e a maioria dos clientes está em Londrina, mas prefere encarar a estrada todos os dias a fazer com que a mulher e o filho de 3 anos encarem a violência de uma cidade grande. “Aqui tem como acompanhar a educação dele mais de perto”, diz Charles. Ele não está errado. O número de homicídios coloca a região de Londrina como uma das mais violentas do estado, com 221 mortes no ano passado, 35% acima de 2007. Os dados levam em conta o número de assassinatos dos municípios do entorno, mas eles se concentram na cidade-polo (veja abaixo).

E a violência, normalmente, explode nas áreas onde faltam oportunidades e sobra pobreza. É o caso de Londrina, terceira cidade do Paraná em renda per capita (R$ 439,35) – atrás apenas de Maringá (R$ 465,39) e Curitiba (619,82) –, mas que tem inúmeros bairros pobres, como o Morro do Carrapato. A falta de estudo e emprego para a população dessas áreas aumenta as chances de os jo­­vens se envolverem com o crime. Ao lado das filhas e algumas sobrinhas, Cleusa não sabe dizer onde estão os dois filhos mais velhos. “Estão por aí, tentando trabalho.”

Trem e investimentos - Uma das maneiras de criar mais oportunidades de desenvolvimento para a região é integrar Londrina e Maringá. Um meio para isso, segundo especialistas, é melhorar a mobilidade entre as duas cidades. Depois, começar a planejar o futuro em conjunto.

Por isso a região espera que seja tirado do papel o antigo projeto de ligar as duas cidades por uma linha de trem de passageiros. Hoje, a ligação principal é pelas rodovias BR-369, BR-376 e PR-444, com duas praças de pedágio. “De carro temos pedágio. O ônibus é caro e demorado. Não temos uma grande circulação de pessoas entre as cidades. O trem daria uma melhor mobilidade entre os dois polos”, defende a professora Ana Lúcia Rodrigues.

A melhoria do transporte rodoviário (leia na página seguinte), com a duplicação de alguns trechos de rodovia e a recuperação das estradas ligando os municípios pequenos às cidades polo, também são prioridades. A ideia é que, com uma mobilidade maior na região, as trocas comerciais sejam facilitadas, o que incentivaria novos investimentos nos municípios menores.

Com forte característica agrícola, a Região Norte se consolidou também como polo industrial no estado com a produção de alimentos, açúcar e álcool. Apenas Apucarana e Arapongas conseguiram quebrar a hegemonia de Londrina e Maringá e se consolidaram como polos têxtil e moveleiro, respectivamente. Porém a região quer e precisa de mais. “Os Estados Unidos fazem 92 produtos do milho. Nós pegamos o milho em um caminhão e levamos para o Porto de Para­­naguá para ser mandado para fora”, reclama o prefeito de Sa­­báudia e presidente da Asso­­ciação dos Municípios do Médio Paranapanema, Almir Batista dos Santos.


Segunda região mais rica do estado tem rodovias simples
Região Norte é a segunda mais rica do Paraná, concentra um diversificado parque industrial, uma forte produção agrícola, quase um quarto da população do estado, é rota de passagem da soja e do milho produzidos no Centro-Oeste e tem um fortíssimo setor de prestação de serviços. Porém a ligação com Curitiba e o Porto de Paranaguá depende de rodovias em pista simples até Ponta Grossa. As duas principais estradas – BR-376 (Maringá/Apucarana – Ponta Grossa) e PR-445 (Londrina até a BR-376) – têm um tráfico intenso de caminhões, filas no perío­­do de safra e pedágios em alguns pontos. O único trecho duplicado é o da Serra do Cadeado, na BR-376.

Os motoristas pedem a duplicação, mas já se sentiram mais seguros com a revitalização de alguns pontos. Com 25 anos de experiência, o caminhoneiro Luiz Carlos de Almeida acredita que a ampliação dos trechos com terceira faixa na na PR-445 melhorariam as condições de segurança. “Na subida, demora para passar um caminhão pesado. A terceira faixa evitaria que carros pequenos arriscassem para podar”, afirma.

A PR-445 é de responsabilidade do governo do estado. Já a BR-376 é administrada pela Rodonorte e tem um movimento médio de 6,3 mil veículos por dia (com um movimento acima de 6 mil, a duplicação já é indicada). A concessionária informou que já investiu R$ 60 milhões na duplicação no trecho da Serra do Cadeado, em 2001, e que construiu 53 km em terceiras faixas. Sobre a duplicação dos 230 km entre Apucarana e Ponta Grossa, a empresa informou que o contrato prevê que a obra seja feita entre 2015 a 2021 – na época da concessão, o custo era estimado em R$ 834 milhões.

Em uma área agrícola, o prefeito de Sabáudia, Almir Batista dos Santos, também reclama. “O governo estadual recuperou recentemente o asfalto da PR-444 (ligação de Arapongas a Maringá), mas a estrada não tem acostamento, não tem trevo, não tem viaduto, não tem área de aceleração. Imagine um caminhão bitrem com 40 toneladas entrando numa pista sem área de aceleração.”

E não são poucos os caminhões bitrens que circulam no Norte paranaense. Ali são colhidas 3,6 milhões de toneladas de soja, em 1,1 milhão de hectares. Isso significa 26% de toda a produção do principal grão da pauta de exportação do Paraná. E a maioria sai de caminhão por causa do alto preço do transporte ferroviário.

Retirar a produção também é difícil. Prefeituras de municípios pequenos, com baixa arrecadação, têm dificuldade para manter as estradas rurais, o que acaba encarecendo os produtos agrícolas. “Uma máquina custa R$ 300 mil, R$ 400 mil. É [o equivalente] à arrecadação de um ou dois meses inteiros. Não tem como comprar. Precisamos da ajuda do governo federal ou do governo estadual”, diz o o prefeito de Mandaguari, Cyllênio Pessoa Pereira Júnior.

Diante de prefeitos, Osmar Dias e Beto Richa intensificam ataques

GAZETA DO POVO, 31 de agosto de 2010

Pedetista e tucano criticam projetos um do outro em sabatina da Associação dos Municípios do Paraná


Diante de uma plateia de cerca de 200 prefeitos, os dois principais candidatos ao governo do Paraná, Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT), intensificaram ontem os ataques disparados um contra o outro. Os dois participaram de um evento promovido pela Associação dos Municípios do Paraná (AMP) que tinha o objetivo de ouvir as propostas dos candidatos. Richa e Osmar responderam às perguntas dos prefeitos em horários diferentes, só que na entrevista aos jornalistas e nas considerações aos administradores municipais partiram para o ataque. Em parte do tempo, o evento com objetivo propositivo virou um palco de acusações.

Osmar chegou a chamar Richa de imaturo e criticou a proposta do tucano para a saúde. Richa propõe um programa de resgate aéreo para a saúde, no qual quatro helicópteros fariam o transporte de pacientes em situação de emergência ao hospital. O tucano rebateu dizendo que o adversário é boneco de ventríloquo, referindo-se ao fato de o pedetista ter participado do evento ao lado do ex-governador Roberto Requião (PMDB), com quem conversava enquanto as perguntas eram feitas.

Na plateia, a principal preocupação dos prefeitos era com o transporte escolar. Segundo a AMP, o custo do serviço poderá chegar a R$ 153,7 milhões em 2010, mas o governo teria repassado R$ 53 milhões às prefeituras. Deste valor, R$ 30 milhões seriam dos cofres do Tesouro estadual. Osmar defendeu que o valor repassado pelo governo do estado ao transporte escolar é de cerca de R$ 180 milhões e propôs o repasse integral de recursos federais. Já Beto Richa disse que irá rever os repasses feitos pelo governo do estado às prefeituras.

Prefeitos chegaram a levantar a possibilidade de, a partir de 2011, parar de oferecer o serviço, a exemplo do que fez Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. A prefeitura não assinou o convênio com o governo do estado para o repasse de recursos para o transporte escolar. Com a queda de R$ 163 mil, em 2009, para R$ 59 mil, em 2010, o município alega que não existe viabilidade econômica para o transporte dos alunos.

Ataques - Outra grande preocupação dos prefeitos foi em relação aos repasses da saúde. A AMP questionou se os candidatos pretendem investir o mínimo constitucional de 12% da receita corrente líquida do estado para a área. Apesar de se comprometerem com o repasse, Beto Richa e Osmar Dias trocaram farpas sobre o tema saúde.

Osmar, que foi o primeiro a falar na AMP, criticou a proposta de resgate aéreo de Richa. “Não quero fazer brincadeirinha na tevê”, disse Osmar, referindo-se ao programa eleitoral do rival. O pedetista disse ainda que a aeronave teria dificuldade em dia de chuva. Osmar rebateu que pretende usar helicópteros para a segurança pública.

Em entrevista aos jornalistas, o pedetista criticou Richa, dizendo que o tucano assumiu o compromisso de ficar até 2012 à frente da prefeitura de Curitiba. “Ele [Beto Richa] mostra a cada dia mais imaturidade”, disse. “Pela sua imaturidade não merece ser governador.”

Informado por assessores sobre os comentários de Osmar, Richa começou sua fala aos prefeitos respondendo as críticas. “Não tenho padrinho. Não de­­­pendo deste ou daquele presidente eleito. Não preciso ser boneco de ventríloquo”, afirmou. “Não sou biruta de aeroporto.” O candidato defendeu seu programa de resgate aéreo e completou que “helicóptero não é de açúcar”. Segundo ele, a restrição seria em relação à visibilidade e não à chuva. As aeronaves, no entanto, não podem operar com nevoeiro nem durante à noite.

Richa disse em seguida que a única coisa previsível no adversário era a agressão e a truculência. “Me chama de lernista e privatista”, disse Richa. “Ele quer transferir para mim as agressões que sofreu do outro [Roberto Requião, adversário de Osmar em 2006].”


Estado teria retido repasses do ICMS para prefeituras
Levantamento da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) aponta que o o governo do estado deixou de repassar cerca de R$ 90 milhões, em valores corrigidos, às prefeituras de parte dos recursos do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICMS) e do ICMS Ecológico, entre 2002 e 2007.

Segundo o departamento jurídico da AMP, a associação ingressou com uma ação judicial na 1ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba. No Ministério Público, a Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público de Curitiba instaurou procedimento pedindo informações à Secretaria de Estado da Fazenda sobre o caso e aguarda os dados. A reportagem tentou ontem contato com os dois principais dirigentes da Secretaria, mas os celulares deles estavam desligados.

No evento promovido ontem pela AMP, os prefeitos fizeram perguntas sobre a falta de repasse aos candidatos. Osmar disse que nunca tinha ouvido essa reclamação da associação. “Essa reclamação tinha que ser feita em 2007 e não em época de eleição”, disse o pedetista. O candidato afirmou que não viu o relatório no qual constasse a falta destes repasse. “No nosso governo nenhum centavo será retido”, disse.

Richa disse que irá cumprir a lei e não dará “calote” nos municípios. “Esse dinheiro vamos devolver com juros e correção monetária porque o Estado não pode se apropriar daquilo que não é seu.”

A estiagem parece não ter fim

FOLHA DE LONDRINA, 31 de agosto de 2010

Tempo seco elevou a demanda nas unidades de saúde e município adotou medidas para evitar problemas com estudantes


A estiagem parece não ter fim. Basta olhar e constatar que uma enorme nuvem de poeira toma conta do céu. Em todo o Estado, são 26 dias sem chuva e o que é pior: sem nenhuma previsão para os próximos dias, segundo dados do Instituto Tecnológico Simepar. Na última semana, a Copel registrou 48 desligamentos no Norte, em função de queimadas ou incêndios, prejudicando 96 mil domicílios. De acordo com informações da assessoria de imprensa da empresa, os desligamentos ocorrem quando o fogo chega próximo das redes de transmissão, que são programadas para interromper a passagem de energia em caso de calor intenso.

Em algumas unidades de saúde de Londrina o número de atendimentos dobrou. O clima seco é tamanho que até os cuidados básicos parecem, muitas vezes, ineficientes. Na casa de Arlete Aparecida Oliveira Silva, o consumo de água dobrou assim como os cuidados com a higiene, mas não foram suficientes para impedir que a pequena Ana Luiza, 2, fosse encaminhada ao Pronto Atendimento Infantil (PAI), na Região Central. ''Há dias está com febre, pulmão carregado e o nariz trancado. Essa é a terceira vez que busco atendimento médico, fora as inalações que tenho feito em casa, três vezes ao dia.''

Na sala de urgência, Danielle Dias observava o filho Pedro Henrique, cinco anos, internado para receber oxigênio. ''É a segunda vez que o tempo seco prejudica a respiração dele. Ano passado, ele teve pneumonia e esta semana ele estava sentindo muita falta de ar e com tosse.''

De acordo com Adriana Ladeia de Carvalho Parreira, gerente do PAI e do Pronto Atendimento (PAM), só na manhã de ontem foram registrados 100 atendimentos a crianças menores de 12 anos e 120 a jovens e adultos. ''Estamos com uma média de duas a três horas de espera. Os casos mais agravantes são os quadros respiratórios. Há duas semanas estamos com cerca de 300 atendimentos diários'', afirma. A média diária era de 100 a 150 atendimentos.

Na UBS do Jardim Leonor (Zona Oeste), a procura aumentou em 30%. Segundo a enfermeira Telma Trevisan, as pessoas apresentam tosse seca, sangramento no nariz e crises de asma.

Atraso na execução do programa da casa popular

O ESTADO DE S. PAULO, Editorial, 31 de agosto de 2010


O programa de habitação do governo federal Minha Casa, Minha Vida contratou 600 mil unidades entre 2009 e 2010, mas só foram concluídas 183 mil, das quais 3.588 para famílias com renda de até 3 salários mínimos - e quase 90% do déficit de habitações do País, estimado pela Fundação João Pinheiro em 6,2 milhões de unidades, está nas faixas de renda de até 3 salários mínimos. Foi o que mostrou reportagem de Flávia Tavares no Estado de ontem, baseada em dados da Caixa Econômica Federal (CEF), gestora do projeto.

Em 2009, centenas de milhares de pessoas acorreram às prefeituras e agências da CEF para se inscrever no programa, que prevê subsídios de até R$ 23 mil para imóveis com preço de venda de até R$ 75 mil. O governo federal anunciou a construção de 1 milhão de moradias, em um ano, número que logo se verificou superestimado, mas serviu para alimentar a propaganda da candidatura oficial à sucessão de Lula.

A construção civil opera em ritmo acelerado neste ano, como consta da Sondagem da Construção Civil de julho, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), distribuída ontem. Entre junho e julho, o indicador de evolução da atividade passou de 53,8 pontos para 54,9 pontos, enquanto o nível de atividade em relação ao usual situou-se em 55,4 pontos, bem acima da média. Mas a sondagem - embora favorável quanto aos próximos seis meses - já revela alguma cautela dos empresários, conscientes de que a oferta de recursos poderá ser menor depois da fase de euforia, quando será preciso evitar a deterioração das contas fiscais.

Há problemas na construção de casas populares, como a falta de empresários especializados. Também há falta de terrenos em condições de receber os projetos - com boa infraestrutura urbana, transporte e serviços públicos, além de valores razoáveis, que justifiquem o enquadramento das propostas dos construtores.

A maioria das construtoras preferiu atender a faixa de trabalhadores com renda de 3 a 10 salários mínimos, à qual são destinados imóveis com preços de R$ 100 mil ou pouco mais, pois também aí há boa demanda, em especial, por pessoas que passaram das faixas de renda mais baixas para a classe C. As construtoras evitam atuar nas faixas de renda mais baixas, pois também são baixas as margens de lucro, mas o risco é elevado.

No passado, a tentativa de construir imóveis para os estratos de baixa renda foi insatisfatória, salvo exceções. O atraso atual indica que as dificuldades não foram removidas.

Só duas ambulâncias do Samu estão operando em Londrina

BONDE, 31 de agosto de 2010

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Londrina está operando em condições precárias desde o dia 10 de agosto, quando o Centro Integrado e Apoio Profissional (Ciap), oscip responsável pelo serviço, deixou de repassar verba para a manutenção das ambulâncias.


De acordo com o coordenador de enfermagem do Samu, Willian Paduan, das 12 ambulâncias apenas duas estão em funcionamento. As demais estão quebradas e precisam passar por manutenção. "Duas já foram consertadas mas dependemos do repasse de verba para retirarmos da oficina". O custo do conserto das duas totaliza cerca de R$ 7 mil.

Seis ambulâncias da frota encontram-se em oficinas mecânicas e quatro estão desativadas no pátio do Samu, aguardando a resolução do problema. "Nem as oficinas estão aceitando o encaminhamento delas para a manutenção. A situação foi devidamente exposta ao atual secretário de Saúde, Agajan Der Bedrossian, durante a posse dele, e também ao promotor público na semana passada mas até agora nenhuma providência foi tomada", desabafa Paduan.

A falta de ambulância do Samu deixa o serviço em desacordo com o que está preconizado pelo Ministério da Saúde na portaria 2048, que regulamenta o serviço de urgências e emergências no País.

Segundo a portaria, para cada 100 mil a 150 mil habitantes é indicado uma ambulância de suporte básico e para cada 350 mil a 400 mil é necessário uma avançada. "O ideal para Londrina que tem mais de 500 mil habitantes seria ter pelo menos quatro ambulâncias de atendimento básico e duas avançadas, mas hoje temos apenas uma de cada", revela Paduan.

A situação tem provocado uma sobrecarga no uso das atuais ambulâncias que estão em funcionamento. Segundo Paduan, o Samu recebe uma média de 200 ligações por dia, das quais 60 demandam a ida de uma ambulância para o local. Com isso, cada ambulância atende diariamente 30 chamadas por dia. O medo dos socorristas é de que estes veículos não suportem o uso intenso e venham a quebrar´, deixando o Samu de Londrina "sem rodas".