quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Romanelli na disputa da prefeitura de Cornélio Procópio: o boato sobre um político que sempre está ao lado do poder

INSTITUTO AME CIDADE, 21 de setembro de 2011


Nas últimas semanas tem crescido os rumores de que o deputado estadual licenciado e atual secretário do Trabalho, Luiz Carlos Romanelli (PMDB) teria transferido seu título eleitoral para Cornélio Procópio, com a intenção de candidatar-se a prefeito da cidade. A notícia tem sido divulgada no rádio, em notas de jornais e nos blogs e sites da internet, além de ser o assunto das rodas políticas da região.

Romanelli tem ligações fortes em Cornélio Procópio e região, onde sempre buscou votos. Na foto acima, ele faz campanha para deputado estadual em Cornélio Procópio ao lado do prefeito Amin Hannouche (PP) e de vereadores acusados pelo Ministério Público pelo uso irregular de diárias de viagem pagas pela Câmara.

Oficialmente Romanelli é um secretário estadual, mas na prática sua atuação é de um deputado estadual cuidando da “adubação” das regiões onde costuma colher votos de quatro em quatro anos para se manter na Assembléia Legislativa. Nisso, ele é favorecido pelo privilégio mais que especial permitido aos deputados paranaenses, que quando ocupam cargo no governo mantêm o gabinete na Assembléia, com todos os custos bancados pelo contribuinte.

E como o seu suplente assumiu o mandato e tem que ter também um gabinete, os paranaenses acabam pagando por um deputado o preço de dois. E levando em conta que o Legislativo estadual não é lá essas coisas, a desvantagem fica ainda maior.

Na prática, os deputados do Paraná que vão para o governo têm hoje um escritório eleitoral altamente equipado, sem terem que arcar com nenhum gasto. Os cidadãos paranaenses é que pagam todos os custos desta categoria política especial que existe neste estado, a do secretário-deputado.

Como secretário-deputado, Romanelli tem estado presente em várias situações que nada tem a ver com os assuntos de sua pasta. Ele freqüenta até inauguração de trecho de asfalto em bairros de várias cidades da região. O importante, como dissemos, é agir o tempo todo sobre suas bases eleitorais. E ele faz isso escorado no discurso político matreiro que transforma o cargo de deputado numa atividade de despachante que libera verbas para os municípios e abre portas na capital para políticos do interior.

Apesar de ser secretário do Trabalho, Romanelli faz hoje o mesmo que sempre fez como deputado: sai pelo interior do estado participando de entrega de ambulância, viatura policial e ônibus escolar. Ou seja, usa direitos básicos da população cidadão para favorecer sua carreira política. E o interessante é que nessa prática, agora Romanelli tem estado o tempo todo invadindo os setores de outros secretários. Mas enquanto ele encena o papel do bom político que dá ambulância para o povo, como estão sendo tocados os assuntos da sua secretaria? Esta é uma boa pergunta.

Não à toa, no caso das diárias irregulares pagas pela Câmara de Cornélio Procópio, o nome de Romanelli é o mais citado pelos vereadores procopenses para justificar o recebimento de várias diárias de viagem para Curitiba. As diárias foram denunciadas pelo Instituto Ame Cidade ao Ministério Público, que entrou com uma ação acatada pela Justiça. O escandaloso caso é chamado em Cornélio Procópio de “Farra das Diárias”.

O período investigado pelo MP é de 2009, quando Romanelli era apenas deputado estadual. Conforme se pode ler nos documentos anexados à ação do MP, teve semana que o deputado então “requianista” deve ter tido que fazer fila de espera para receber vereadores procopenses.


De Requião a Beto Richa,
um político que acompanha
a caneta do Poder
É claro que esta forma de fazer política está totalmente fora do dever básico de um deputado que é o de estar de olho na administração estadual, fiscalizando o uso do dinheiro público e acompanhando a qualidade dos serviços oferecidos à população. É uma forma de fazer política que também não faz questão de avaliar qualidade ética ou qualquer outro conteúdo político e administrativo. Na imagem ao lado, Romanelli, confraterniza com o ex-prefeito de Uraí, Sussumo Itimura, que ele dizia ser um "grande realizador e agente político". Em junho deste ano Itimura foi cassado por corrupção pela Câmara de Uraí.

A lógica dessa atividade é a mesma que tem conduzido Romanelli ao apoio do governo, de qualquer governo, ele que foi líder do governo de Roberto Requião e depois passou para o lado de Beto Richa, assim que o atual governador começou a mostrar muitas chances de ganhar a eleição para o governo.

Romanelli representava um governo (o de Requião) que era uma contraposição a Beto Richa, com diferenças que, de tão grandes, faziam Richa e Requião até partirem para o insulto político. E hoje o secretário-deputado é um dos homens de frente de Richa. O deputado-secretário é um daqueles políticos que acompanham a caneta do poder, independente da mão poderosa que a segura no momento.