segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cornélio Procópio, a cidade do prefeito licenciado que não deixa o vice assumir de fato o cargo de prefeito

INSTITUTO AME CIDADE, 30 de maio de 2011


Cornélio Procópio assiste atualmente a uma situação muito esquisita que é a repetição do que já aconteceu em 2009. Naquele ano, no mês de outubro, o prefeito Amin Hannouche (PP) se licenciou e passou o cargo para o vice-prefeito, o petista João Carlos Lima. O mesmo aconteceu no mês passado. Hoje o vice João Carlos Lima está no exercício do cargo de prefeito pela segunda vez.

Mas, o que acontece de esquisito é que o prefeito licenciado não sai de cena. Desta vez sua alegação para a licença de 60 dias foi a necessidade de fazer um tratamento de saúde. No entanto, Hannouche continua dando ordens na prefeitura, participando de eventos oficiais, e falando a imprensa como se nunca tivesse saído do cargo.

Nem se pode falar em duplicidade de comando, pois o prefeito que se licenciou não procura nem manter a aparência de que legalmente o prefeito da cidade é o petista João Carlos Lima. Num evento ocorrido há três dias e tratado de forma oficial no site da Prefeitura, por exemplo, Lima nem esteve presente.

O departamento de imprensa e propaganda da Prefeitura distribuiu quatro fotos. Em duas está o prefeito licenciado. O prefeito em exercício não aparece em nenhuma imagem e nem poderia aparecer, pois a assessoria de imprensa e propaganda parece fazer questão de deixar claro quem é o chefe.

Leiam o trecho inicial do texto de divulgação. Os grifos são nossos: “Ultimando os preparativos para a inauguração do Centro, o Pastor Sindulfo Costa Filho, do Instituto Superar, recebeu uma equipe de assessores da prefeitura e vereadores, liderada pelo prefeito licenciado de Cornélio Procópio, Amin Hannouche, na manhã de sexta-feira (20) e aproveitou para agradecer a confiança do prefeito em seu trabalho”.

Isso tem sido usual desde que João Carlos Lima assumiu o cargo no mês passado. Hannouche mantém-se à frente de tudo, inclusive ordenando como os eventos devem ser divulgados pela assessoria ou, como diz o release da assessoria, “liderando” os assessores da prefeitura.

Cada um escolhe as companhias que quer, mas essa forma de agir é até um desrespeito pessoal ao companheiro de administração. É o tipo de circunstância que faz voltar também toda uma situação de pesar que os procopenses acabam sentindo com relação ao constrangimento público do vice.

Hannouche trata o cargo de vice-prefeito como se fosse um cargo de confiança do prefeito e não é nada disso o que reza inclusive a Constituição Brasileira. O vice tem um mandato eletivo e não tem o prefeito como chefe. O prefeito, aliás, pela lei não exerce nenhum poder sobre o vice. O mandato de ambos termina no mesmo dia e mesmo que haja discordâncias graves entre os dois, o vice não pode ser demitido como o prefeito pode fazer com qualquer cargo de confiança.

E é claro que, por lei, enquanto estiver no cargo o prefeito por direito é João Carlos Lima e não Hannouche. Tanto isso é verdade que numa das ocasiões criadas por Hannouche para aparecer na imprensa e numa rara situação em que o prefeito em exercício esteve presente quem teve que assinar o documento oficial foi Lima.

O que faz os procopenses se lembrarem da outra licença tirada pelo prefeito em 2009, na primeira vez que o vice assumiu a Prefeitura. Na época, Hannouche também andava pela cidade dando ordens em assuntos da Prefeitura e falando à imprensa como se, ao menos de direito, não houvesse um prefeito em exercício na cidade.

E naquela vez em que ele esteve licenciado ocorreu um fato deveras interessante e que, por suas conseqüências, pode servir de alerta para que o prefeito em exercício tome bastante cuidado com o que assina.

Naquele período, Hannouche também se intrometeu em tudo quando é assunto dos quais deveria se distanciar, ao menos em respeito pessoal pelo prefeito em exercício. Mas ele fazia do mesmo jeito que faz agora.

Porém, quando foi para assinar o contrato sem licitação com a empresa Ibrama, ele deixou a tarefa para o prefeito em exercício, João Carlos Lima. O que se seguiu os procopenses já sabem. A contratação sem licitação da Ibrama era ilegal. Tanto que assim que o Instituto Ame Cidade demonstrou sua discordância o prefeito voltou atrás e desfez o negócio.

O Instituto Ame Cidade apresentou uma denúncia ao Ministério Público Estadual, que entrou com uma Ação Civil Pública contra o prefeito e seu vice, além de outras três pessoas. Além da acusação de improbidade moral, na ação o MP pede também o ressarcimento a Cornélio Procópio por danos morais cometido pelos acusados contra a cidade.

E o prefeito em exercício João Carlos Lima é um dos acusados exatamente por ter assinado a contratação. Lima não governou e teve que suportar o constrangimento de ver sua autoridade desrespeitada o tempo todo em que esteve no cargo de prefeito. E no final ainda ficou com este pepino.

Moinho Pacífico se instalará em Cornélio Procópio quando o Brasil estiver bem em"questões econômicas, políticas e tributárias"

INSTITUTO AME CIDADE, 30 de maio de 2011

Foi em um evento com a presença do diretor da empresa Moinho Pacífico que o prefeito em exercício João Carlos Lima teve que assinar um documento oficial — pois afinal ele é o prefeito da cidade, mesmo que o prefeito licenciado Amin Hannouche não reconheça isso de fato em público. Na foto ao lado, os três (Hara, Lima e Amin Hannouche).

A reunião com Roberto Hara, diretor do Moinho Pacífico, foi para a assinatura de uma minuta de contrato de permuta de um terreno entre a empresa e a Prefeitura. E o próprio release da assessoria de imprensa e propaganda da Prefeitura deixou escapar o que os procopenses já suspeitam de há muito: o Moinho Pacífico não virá para Cornélio Procópio.

Hara disse que a instalação da empresa na cidade seria “uma questão de tempo”, mas a justificativa que deu para a empresa não ter vindo até agora deixa claro que até o final do mandato de Hannouche isso não acontecerá.

O diretor da empresa afirmou que a instalação não aconteceu até agora “em função de questões econômicas, políticas e tributárias".

Aqui cabe bem o ditado que diz que meia palavra é suficiente para um bom entendedor. Se até agora o Moinho Pacífico não se instalou em Cornélio Procópio em razão de “questões econômicas” dificilmente isso poderá ocorrer pelo menos até o final do ano que vem, um período que até economistas do PT confirmam que, no mínimo, será de muitas incertezas.

Além do mais, uma empresa da dimensão do Moinho Pacífico não tem possibilidade de tomar uma decisão de tal importância em questão de meses. Que ninguém se engane: o talvez do diretor do Moinho Pacífico é uma maneira diplomática de dizer não.

A instalação dessa empresa na cidade foi uma promessa de campanha de Hannouche e evidentemente puxou muitos votos para ele. Lembramos isso somente porque foi o próprio Hannouche que trouxe o fato de volta, ele que não desce do palanque há pelo menos sete anos.


Logo que foi reeleito, o prefeito recebeu o mesmo Roberto Hara que, segundo a assessoria de imprensa e propaganda de Hannouche, “veio para cumprimentá-lo pela vitória nas urnas”. Isso foi em outubro de 2008 e Hannouche estava acompanhado por Arnoldo Marty Júnior, seu vice que então era o prefeito em exercício. Marty Júnior foi posteriormente acusado de roubo de trator e preso pelo Gaeco. Veja os três (Hannouche, Hara e Marty Júnior) na foto ao lado.

Nesta reunião de 2008 Hannouche disse o seguinte: “É a prova de que não estávamos mentindo, como insinuaram nossos adversários na campanha. A instalação da indústria aqui é só uma questão de tempo”.

Pelo visto, quase três anos depois a definição da vinda também é “uma questão de tempo”, como o assunto foi tratado pelo diretor Hara na semana passada. O representante do Moinho Pacífico justificou a demora alegando “questões econômicas, políticas e tributárias”.

Hara sabe do que está falando. Em reportagem do jornal Valor Econômico há menos de duas semanas o próprio dono e presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, definiu o ano de 2010 de forma bem forte: “foi medíocre”, ele disse. O setor está com sérios problemas com a alta dos preços internacionais do trigo no mercado internacional, sem ter como repassar toda alta ao valor do produto final, a farinha de trigo. Além do moinho, os negócios do grupo Moinho Pacífico também se estendem ao setor imobiliário.

Mas, voltando às promessas de campanha, já que o prefeito trouxe de volta o assunto, nesta reunião em outubro de 2008 anunciaram que a previsão era que no ano seguinte (ou seja, já em 2009) começaria a construção da unidade da empresa em Cornélio Procópio.


Acertem ao menos
o nome dos parceiros
que pretendem conquistar

Uma ajuda aos assessores de imprensa e propaganda do prefeito Amin Hannouche (PP). Tentem ao menos grafar direito o nome de parceiros de quem o prefeito precisa tanto. É até uma questão de dever profissional, mas no aspecto político também pode ser um atrapalho escrever errado o nome de empresários tão conhecidos como o dono e presidente do Moinho Pacífico.

O nome de Lawrence Pih foi trazido também pelo prefeito Hannouche, em outra retórica de palanque. Só que os negociadores tem dificuldade para escrever direito o nome do empresário. O certo é Lawrence Pih, como escrevemos aqui no blog do Instituto Ame Cidade, e não "Lawrence Pee", como escrevem no site da Prefeitura.