quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Empresário de Cornélio Procópio preso tem regalias em unidade da PM

Após ter sido preso, ele foi levado para o CDR em Londrina. mesmo assim, os advogados dele solicitaram a transferência e conseguiram levá-lo de volta a Cornélio


Por ordem da Justiça, um empresário preso em Cornélio Procópio, Norte do Paraná, é mantido com certas regalias, em uma unidade da Polícia Militar (PM). Alexandre Cardoso Simão foi detido em junho, suspeito de chefiar um esquema de exploração de máquinas caça-níqueis. Ele foi encaminhado para Londrina, mas voltou a ser transferido para Cornélio.

A reportagem do ParanáTV 2ª Edição flagrou o preso circulando livremente pela unidade policial. Logo após ter sido preso, em junho, ele foi levado para o Centro de Detenção e Ressocialização (CDR) em Londrina, uma prisão como outra qualquer. Apesar de permanecer sozinho em uma cela, os advogados dele solicitaram a transferência e conseguiram levá-lo de volta a Cornélio.

A unidade onde ele está detido fica a poucos metros do prédio onde mora a família e a volta contrariou a promotoria e a juíza. Entretanto, a juíza que despachou em favor do preso, afirmou não ver problemas. “Ele tinha curso superior e precisava de uma sala especial. Veio a informação que em Cornélio havia essa estrutura, então eu autorizei”, afirmou a juíza Zilda Romero, em entrevista à TV Coroados.

“O correto seria custodeá-lo em uma unidade prisional em que não houvesse possibilidade de exercer influência sobre a autoridade policial”, argumentou o promotor Cláudio Esteves.

Obama deveria aprender com falhas da Saúde no Brasil, diz artigo

Em uma reportagem publicada na edição deste mês, a revista Foreign Policy afirma que o presidente americano, Barack Obama, que vem se esforçando em aprovar um amplo programa de Saúde, deveria se guiar pelo exemplo do Brasil, tanto em seus ''louvados êxitos, como em suas preocupantes falhas''. Mas o texto prefere se concentrar mais nos supostos pontos fracos do projeto brasileiro

BRUNO GARCEZ, BBC BRASIL, 9 de setembro de 2009

O artigo, assinado por Eduardo J. Gómez, professor-adjunto do departamento de Políticas Públicas da Rutgers University de Camden, em Nova Jérsei, afirma que o programa brasileiro trouxe ''melhorias reais em acesso aos pobres, ao lado de escassez de verbas, declínio em infra-estrutura e novas e inesperadas formas de desigualdade em termos de seguro saúde''.

Gómez destaca que o Brasil aprovou suas reformas há mais de 20 anos, ''durante uma fase econômica surpreendentemente similar à dos Estados Unidos de hoje, déficits fiscais, recessão, desigualdade em acesso a seguro-saúde e pesados pedidos por mudanças''.

Segundo o autor, o sistema de saúde universal brasileiro teve início em 1988 com o intuito de mudar tudo isso. E, ''o plano contava com duas vertentes: uma pública e uma privada, muito parecida com a proposta que o governo Obama defendeu no início".

Os serviços prestados pelo governo, lembra o texto, são canalizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ''que depende de financiamento e gerenciamento por parte dos governos federal, estadual e municipal''.

Custos

''Financiar o plano público (de saúde) sempre foi uma preocupação, da mesma forma que nos Estados Unidos. Os governos federal, estadual e municipal precisam obter rendimentos para ajudar a pagar pelo plano de Saúde. Impostos sobre renda, propriedades, bens e serviços, transações bancárias ajudam a encher o pote.''

Mas, acrescenta o professor da Rutgers, ''apesar de o Brasil ter assegurado múltiplas formas de financiamento (algo que será muito difícil de obter sob o governo Obama), o custo de manter um plano de Saúde universal está rapidamente superando o rendimento necessário para mantê-lo''.

O texto cita dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo os quais os gastos do Brasil para o setor subiram de 6,7% do PIB em 1995 para 7,5% em 2006.

''Apesar de estas cifras ainda serem bem inferiores aos 15,3% do PIB que os americanos gastaram com seguro saúde em 2006, os gastos do Brasil estão crescendo mais rapidamente'', afirma Gómez.

O autor acrescenta também que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não parece estar comprometido em aumentar o orçamento do SUS porque isso ''poderia privar os demais programas de governo de combate à pobreza e deixar investidores estrangeiros nervosos a respeito da estabilidade econômica do Brasil''.

Desigualdades

O artigo destaca que o SUS faz um extraordinário trabalho ao prestar assistência básica, mas que, ''além do básico, existem alarmantes desigualdades''.

''O Brasil simplesmente não tem capacidade de oferecer assistência de alto nível para todos. Os hospitais contam com escassa infra-estrutura e funcionários. A corrupção permeia a burocracia local e fundos muitas vezes são destinados de forma inapropriada.''

O autor sustenta que ''por conta de falta de financiamento e de gerenciamento pobre, a qualidade geral do sistema de saúde do Brasil entrou em declínio. Portanto, não é surpresa que aqueles que podem pagar optem pelo serviço privado''.

Ele destaca que o percentual de usuários dos serviços privados cresceu nos últimos anos - com mais de um quinto da população do país atualmente fazendo uso de programas particulares - e que as camadas média e alta da população estão começando a contar mais com os seguros privados, enquanto que os pobres contam mais com o setor público.

O artigo aborda também problemas que teriam surgido no Brasil e que estão entre os temores dos críticos da proposta defendida por Obama, de que um sistema universal poderá gerar longas filas de espera por tratamentos.

''É claro, a ironia aqui está clara. A opção que o Brasil julgava ser uma solução para a desigualdade em acesso ao sistema de Saúde gerou ainda mais desigualdade. O setor privado conta com melhor infra-estrutura e tecnologia e o tratamento é imediato, uma qualidade atraente para para aqueles que querem escapar das longas listas de espera dos serviços do setor público.''

E o que é pior, acrescenta Gómez, é que ''aqueles que possuem Saúde privada podem, a qualquer momento, optar por serviços públicos, como cirurgias complexas e custosas ou remédios que não são cobertos por seguradores particulares. Mas, claro, os mais pobres simplesmente não têm dinheiro para meter a mão nas duas tigelas de biscoitos''.

O artigo conclui dizendo que ''o caso do Brasil deixa uma mensagem clara para os Estados Unidos e para a administração Obama: metade do caminho não é uma opção. Sem dinheiro e capacidade operacional para manter uma opção pública operando ao lado de opções privadas, o sistema de Saúde universal pode simplesmente criar mais desigualdades. E estaremos de volta à estaca zero''.

De cada R$ 3 prometidos, só R$ 2 chegam às prefeituras

GAZETA DO POVO, 10 de setembro de 2009

Dos R$ 45 bilhões anunciados pela União aos municípios entre 1995 e 2009, apenas R$ 31 bilhões foram efetivamente repassados, segundo estudo divulgado ontem


De cada R$ 3 que o governo federal promete repassar às prefeituras brasileiras por meio de convênios (repasses voluntários), apenas R$ 2 são realmente entregues. É o que aponta um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), divulgado ontem em Brasília. Dos R$ 45 bilhões anunciados pela União de 1995 a 2009, R$ 31 bilhões foram efetivamente liberados. Nesses 14 anos, foram 210.827 contratos firmados – cerca de 40 por dia.

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, além do repasse apenas parcial do que foi prometido, o sistema de transferências voluntárias – como os convênios – é nocivo para as prefeituras. Ele explica que o modelo torna os prefeitos dependentes de uma série de fatores para que o dinheiro seja liberado. “Queremos transparência, sem barganha de favores. Se o pacto federativo fosse revisto, destinando mais dinheiro para as prefeituras, o recurso viria independentemente do partido do prefeito, da ajuda de um deputado ou da vontade do governo”, alega.

Ziulkoski ainda considera que o sistema de convênios causa problemas aos prefeitos. Ele cita que mais de 30 operações da Polícia Federal envolvendo políticos foram em consequência de irregularidades no sistema de transferências voluntárias. “Ninguém ouve falar em desvio de IPTU, ICMS e outros repasses obrigatórios. A maioria dos processos que os prefeitos respondem é em decorrência de convênios”, diz.

Por causa de todos os entraves que podem acontecer, a CNM tem recomendado aos prefeitos que, antes de firmar convênio com o governo federal, avaliem se o recurso é realmente necessário, se as despesas da prefeitura não serão muito significativas e se há garantia de que não haverá contratempos na prestação de contas.

Problemas, como dívidas na previdência social, impedem que várias prefeituras recebam recursos federais de transferências não obrigatórias. Para estar apta, a administração municipal precisa ter certidão regular do Cadastro Único de Convênios (Cauc). Na primeira semana de julho de 2009, 3.273 municípios (58,8%) tinham algum problema no cadastro.

A CNM nega que as administrações municipais não tenham habilitação técnica para buscar recursos e prestar contas. O que existe, segundo Ziulkoski, é excesso de burocracia. A entidade cita dois programas federais – de intervenções viárias e de compra de ônibus escolares – em que prefeituras cumpriram as exigências legais, mas não receberam os recursos. No caso do transporte escolar, por exemplo, teriam sido aprovados R$ 341 milhões, mas apenas R$ 162 milhões (47%) foram liberados.

Com mais quatro mortes pela Gripe A, surge a preocupação com a redução da prevenção

INSTITUTO AME CIDADE, 10 de setembro de 2009

A Secretaria de Estado da Saúde divulgou nesta quarta-feira mais um boletim epidemiológico com a confirmação de mais quatro mortes causadas pela Gripe A, o que aumenta para 217 o número de mortes no estado. O boletim traz também a confirmação de 6.889 casos da nova gripe no Estado, sendo 357 gestantes. Outros 2.514 casos foram negativos para influenza A (H1N1).

As mortes ocorreram entre os dias 14 de julho e 05 de setembro e estão distribuídas por sexo e faixa etária: 56% eram mulheres e 44%, homens. Quanto à faixa etária, 63,1% das mortes ocorreram em pessoas que tinham entre 20 e 49 anos, e 19,4% entre 50 e 59 anos.

A região de Curitiba tem a maior ocorrência de casos de contágio confirmados, com, 3.232, seguida de Cascavel, com 473, Cornélio Procópio, 441, Francisco Beltrão, 383, e Londrina, 354.

As quatro novas mortes ocorreram nas regionais de saúde de Curitiba, Cascavel, Umuarama e Cianorte. O maior número de óbitos são de Curitiba e região, com 75 mortos, Cascavel, 20, Foz do Iguaçu, 18, Maringá, 15, e Toledo, 11. Na região de Cornélio Procópio morreram duas pessoas.

Em Londrina surge uma nova preocupação em relação à prevenção da doença. O último balanço oficial indicou um aumento no número de internações com suspeita da doença. De 69 pessoas em leito comum e 22 em UTI, confirmadas na última sexta-feira,aconteceu um aumento para 100 pacentes em leito comum. Nas UTIs o número diminuiu para 18.

O secretário de saúde do município acredita que isso se deve ao fato das pessoas estarem dando menos atenção à regras que podem proteger do contágio. Ele alertou que pode estar havendo na cidade uma diminuição do cuidado com prevenções básicas, como evitar aglomerações ou limpar as mãos com álcool gel.

O abandono dos hábitos de higiene recentemente adquiridos por medo da doença está sendo sentido nas farmácias, onde a procura por produtos que ajudam na prevenção, como o álcool gel, teve uma queda considerável nas últimas semanas. Os atacadistas estão até baixando o preço do produto.

Especialistas da área alertam que a prevenção tem que ser mantida, pois apesar da doença aparentemente estar perdendo a força, a Gripe A ainda é um risco para a saúde pública.


CASOS CONFIRMADOS; CASOS EM GESTANTES; MORTES
  • Paranaguá: 51 – 5 - 4
  • Região Metropolitana: 3.232 – 139 -75
  • Ponta Grossa: 31 – 2 - 6
  • Irati: 133 – 5 - 3
  • Guarapuava: 51 – 2 - 2
  • União da Vitória: 323 – 16 - 2
  • Pato Branco: 108 – 4 - 8
  • Francisco Beltrão: 383 – 31 - 5
  • Foz do Iguaçu: 332 – 15 – 18
  • Cascavel: 473 – 27 – 20
  • Campo Mourão: 101 – 4 - 8
  • Umuarama: 44 - 3 -3
  • Cianorte: 64 - 5 - 8
  • Paranavaí: 31 - 3 - 2
  • Maringá: 184 - 10 - 15
  • Apucarana: 53 - 6 - 4
  • Londrina: 354 - 26 - 10
  • Cornélio Procópio: 441 - 33 - 2
  • Jacarezinho: 267 - 17 - 8
  • Toledo: 73 - 1 - 11
  • Telêmaco Borba: 95 - 0 - 2
  • Ivaiporã: 65 - 3 - 1

Número de presos com drogas em Maringá cresce 200% em dois anos; crack é o maior problema

O DIÁRIO DE MARINGÁ, 10 de setembro de 2009

O aumento da drogadição na cidade é alarmante e deve ser visto como um problema social e de saúde pública; especialistas também defendem formas de combate mais preventivas


O relatório do Conselho Municipal Antidrogas (Comad), apresentado nesta quarta-feira (9) na Prefeitura de Maringá, mostra que o número de pessoas presas por envolvimento com drogas e atendidas nas unidades de saúde pelo mesmo motivo cresceu nos últimos anos. A informação mais alarmante, cedida pela Polícia Militar, é que o número de pessoas presas por envolvimento com drogas em Maringá passou de 296 em 2006 para 898 em 2008 – crescimento de 203,38% em dois anos. Já o número de atendimentos no sistema de saúde no mesmo período aumentou apenas 12,47%.

Crack é pior
Há consenso entre as autoridades do município sobre o aumento do consumo e sobre qual a droga ilícita com maior impacto no sistema público de Maringá: o crack. Entre 2006 e 2008, as apreensões no município aumentaram 881,61% – de 3,8 mil para 38,2 mil pedras. A elaboração do relatório contou com a participação das equipes da Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação e Secretaria de Assistência Social (Sasc).

Além das apreensões feitas pela Polícia Militar no perímetro urbano de Maringá nos últimos três anos, que incluem 3 toneladas de maconha, 73,6 mil pedras de crack e 2,2 kg de cocaína, as ações da Polícia Federal (PF) engrossam as estatísticas no município. Entre 2006 e 2008, foram apreendidas outras 10,3 toneladas de maconha e presas 1.412 pessoas. Em junho, a PF incinerou 800 kg de drogas nos fornos industriais da Cocamar.

O impacto das drogas na rede pública de atendimento à saúde cresceu 12,47% em 2008, na comparação com o ano anterior. Entre internações e atendimentos, 14.108 pessoas passaram por algum equipamento público no ano passado devido ao consumo ou dependência de drogas. Em 2007, haviam sido 12.544 procedimentos.

O avanço do consumo e do tráfico de drogas vai de encontro à estrutura limitada de atendimento. Mesmo sendo um município modelo no sistema público de assistência ao usuário de drogas, Maringá conta com apenas 234 vagas em comunidades terapêuticas – 25 para homens adolescentes, 188 para homens adultos e 21 para mulheres – e 108 vagas para tratamento de desintoxicação – 70 para adultos e 12 para adolescentes, no Hospital Psiquiátrico, além de 26 na emergência psiquiátrica do Hospital Municipal.

Sob pressão, prefeitura de Jacarézinho flexibiliza proibição de circular após as 18h30

JORNAL DE LONDRINA, 10 de setembro de 2009

Donos de bares e restaurantes protestam e conseguem negociar abertura até meia noite a partir desta quinta-feira


A pressão dos empresários de bares, lanchonetes e restaurantes fez a prefeitura de Jacarezinho, no Norte Pioneiro, render-se nesta quarta-feira (9) aos apelos e flexibilizar os termos do decreto publicado um dia antes que proibia o funcionamento de casas noturnas e supermercados na cidade depois das 18h30 para evitar a proliferação do vírus A (H1N1). Com a flexibilização, o comércio noturno da cidade de 40 mil habitantes pode, a partir desta quinta-feira (10), funcionar até meia noite, atendendo algumas exigências da Secretaria Municipal de Saúde, como a disponibilização de álcool em gel nas mesas dos restaurantes.

A decisão foi tomada nesta quarta à tarde durante reunião com uma comissão formada por empresários do setor e o secretário municipal de Saúde, José Francisco de Souza Silva. De manhã, cerca de 50 donos de estabelecimentos que abrem à noite foram para frente da prefeitura protestar contra o decreto. Além do fechamento, a decisão prevê multa que varia de R$ 300 a R$ 1, 5 mil para quem descumprir as medidas.

Apesar do recuo, o secretário de Saúde disse que a restrição a aglomerações de pessoas nas ruas após as 18h30 serão mantidas, pelo menos por enquanto, assim como a proibição de missas, cultos e shows e até eventos esportivos. A prefeita Tina Toneti (PT) estava ontem em viagem, mas a expectativa na cidade é de que ela revogue o decreto hoje para evitar questionamentos na Justiça. Os empresários do setor reclamam que estão tendo prejuízos com a decisão da prefeita. A maioria justifica que abre somente à noite e que sem levantar suas portas pode ter de fechar definitivamente os estabelecimentos. O dono da Pizzaria Romana, Marcelo Alexandre Muller, disse que somente na noite de terça-feira, primeiro dia de vigência do decreto, a casa deixou de faturar mais de R$ 1, 5 mil.

Apesar de todo o protesto, na primeira noite as cinco equipes da Vigilância Sanitária de Jacarezinho que foram às ruas para multar quem descumprisse o decreto não tiveram muito trabalho. Ninguém foi notificado ou multado.

Defesa Civil alerta população para risco de novos temporais - 09/09/2009 15:48:29

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO GOVERNO DO PR, 9 de setembro de 2009

Após os estragos causados elo temporal em várias cidades, tempo permanece instável no estado, com previsão de mais chuvas. O Simepar informou que em sete dias no Paraná o volume de chuvas acumuladas já se aproxima da média histórica mensal


A Defesa Civil do Paraná alerta os moradores das regiões Oeste, Sudoeste, Central, Norte e Norte Pioneiro para o risco de novos temporais na tarde e noite desta quarta-feira (9). As chuvas e o vento forte que atingiram o Paraná entre a noite de segunda-feira (7) e a tarde de terça-feira (8) deixaram 122 pessoas desabrigadas, provocaram danos em 2.838 casas e afetaram mais de 17,7 mil moradores em 48 municípios do Estado.

Segundo o tenente Eduardo Gomes Pinheiro, o último pedido de ajuda à Defesa Civil aconteceu às 15h desta terça-feira (8), na cidade de Assaí. Entretanto, ele lembra que o mau tempo pode causar mais estragos e é preciso que a população fique atenta. “A orientação é para que as pessoas evitem sair às ruas durante o período de chuva, especialmente se for necessário passar próximo de barrancos onde exista o risco de haver deslizamentos de terra”, adverte.

O número de paranaenses prejudicados ainda é preliminar e só será possível determinar o nível de intensidade do desastre depois de finalizado um levantamento de danos. Até o momento, nenhum município do Paraná precisou decretar estado de emergência.

CIDADES: Em Santo Antônio do Sudoeste, 350 casas foram destelhadas e dez residências foram destruídas. O número moradores alojados em casas de amigos e familiares chega a 650 e os abrigos públicos recebem 82 pessoas desabrigadas.

De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, a velocidade do vento chegou a 104 km/h no Sudoeste do Estado. No município de Pato Branco foram registrados cerca de 150 destelhamentos e mais de 1 mil pessoas afetadas. Em Cascavel, 145 residências foram destelhadas e 380 pessoas prejudicadas. Na mesma região, 610 moradores de Francisco Beltrão tiveram problemas causados pelo mau tempo. Na cidade de Renascença, 200 casas, quatro prédios públicos e três edificações comunitárias foram afetados pelo vendaval. Mais de 1.500 pessoas foram afetadas.

Em Pranchita, aproximadamente 100 residências foram afetadas pelo vendaval e duas residências foram destruídas. Também tiveram problemas os municípios de Ampére (180 pessoas afetadas), Manfrinópolis (74 moradores prejudicados), Palmas (255), Clevelândia (250), Pinhal do São Bento (800), Pérola do Oeste (8) e Cafelândia (90).

Na Região dos Campos Gerais, a cidade de Imbituva registrou 50 casas afetadas, 60 pessoas desalojadas e 40 desabrigadas. Em Ponta Grossa, mais de 104 casas foram afetadas e cerca de 40 arvores derrubadas. Em General Carneiro, mais de 800 pessoas foram afetadas. As cidades de Guarapuava, Cantagalo, Pinhão, Tibagi, Irati, Arapoti, Marquinho, Prudentópolis e Laranjeiras do Sul registraram destelhamentos e quedas de árvores.

No município de Primeiro de Maio, no Norte Pioneiro, ventos fortes e granizo feriram 14 pessoas, três delas de maneira grave. Também na Região Norte, os moradores de Jandaia do Sul e Rosário do Ivaí também sofreram com os danos relacionados às chuvas, nesta última, mais de 1.200 pessoas foram afetadas.

Na Região Metropolitana de Curitiba, foi registrado deslizamento de terra em Rio Branco do Sul, destelhamentos em Fazenda Rio Grande e Campina Grande do Sul. Em Tijucas do Sul 163 casas foram destelhadas. Pontos de alagamento foram notificados em Pinhais e Colombo. Na Capital, apesar da chuva, não houve registro de pedidos de atendimento junto à central de emergências do Corpo de Bombeiros devido ao mau tempo.

Em Guaratuba, no Litoral paranaense, aproximadamente 1.500 pessoas foram afetadas com as chuvas e o vento forte.

Segundo o Simepar, o tempo permanece instável no Estado e há previsão de pancadas de chuva com intensidade moderada, de forma mais localizada. As chuvas acumuladas até terça-feira (8) na rede de estações do Instituto Tecnológico indicam que, em apenas oito dias, os valores já se aproximam da média histórica de precipitação mensal.

Clima derruba Paraná, e Mato Grosso puxa colheita de grãos

VALOR ECONÔMICO, 10 de setembro de 2009


Determinantes para a quebra da safra brasileira de grãos no recém-concluído ciclo 2008/09, as adversidades climáticas durante o plantio e o desenvolvimento das lavouras, sobretudo de milho, tiraram do Paraná a liderança da produção nacional, que voltou a ser ocupada por Mato Grosso pela primeira vez desde 2004/05.

Balanço final divulgado por Conab e IBGE mostra que, apesar de ter semeado uma área 4% maior que em 2007/08 (8,823 milhões de hectares), o Paraná, que encarou severa estiagem no verão, colheu 25,132 milhões de toneladas de grãos (amendoim, arroz, aveia, centeio, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale), uma queda de 17,6%.

Ancorado pela soja, o Estado de Mato Grosso plantou uma área 2% menor (8,429 milhões de hectares) e também viu a colheita recuar, mas "apenas" 2,7%, para 27,424 milhões de toneladas. Neste caso, o recuo foi motivado principalmente pela menor utilização de tecnologia nas plantações, uma vez que insumos como fertilizantes estavam especialmente caros no plantio.

Apesar da troca de posições, o Sul conservou o status de maior celeiro de grãos do Brasil. Com a ajuda do Rio Grande do Sul, onde a colheita caiu 0,3%, para 22,583 milhões de toneladas, a região produziu 53,595 milhões de toneladas, ante as 48,241 milhões do Centro-Oeste - que, apesar do tombo de Mato Grosso do Sul, manteve-se no segundo posto, à frente de Sudeste, Nordeste e Norte, pela ordem. Mas as duas regiões líderes colheram mais em 2007/08 (59,616 milhões e 50,458 milhões de toneladas, respectivamente).

Com o menor volume no Sul desde a safra 2005/06, a produção brasileira de grãos foi afetada mas ainda será a segunda maior da série histórica, conforme os últimos números de Conab e IBGE. O país deve colher, no total, 134,345 milhões de toneladas, ante as 140,276 milhões previstas pelo governo em dezembro e as 144,137 milhões de 2007/08.

Além da redução de 14,6% da safra total de milho, que deverá atingir 50,111 milhões de toneladas, destaca-se a retração de 25,8% da colheita de algodão em caroço, para 1,860 milhões, aqui por conta da diminuição da área plantada motivada pelo mercado adverso na época do plantio. Também recuaram as produções de feijão (0,5%, para 3,503 milhões de toneladas) e soja (4,9%, para 57,088 milhões), grão que é o carro-chefe do agronegócio nacional.

Houve aumento, em contrapartida, na produção de arroz (4,6%, para 12,634 milhões de toneladas). O trigo aparece nas estatísticas ainda com a colheita realizada em 2008, que foi 30,9% maior que no ano anterior e alcançou 6,016 milhões de toneladas. O governo projeta que a colheita da safra atual do cereal ficará em 5,855 milhões de toneladas - com destaque para o Paraná, que abriga mais de 52% da área plantada nacional.

Chuva castiga agricultura e pecuária

GAZETA DO POVO, 10 de setembro de 2009

Em algumas regiões do Paraná choveu em apenas três dias a média do mês. Estragos vão da lavoura à infra-estrutura das propriedades de pecuária


Quando todos já vislumbravam uma das melhores safras de trigo dos últimos anos, chuvas intensas e ventos fortes que atingiram o Sul do país nesta semana frustraram as expectativas dos triticultores paranaenses. Em algumas regiões, choveu em apenas três dias o que costuma chover em todo o mês de setembro. A região mais prejudicada foi o Centro-Sul, justamente onde estão concentradas as lavouras de trigo do estado. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), essa região recebeu cerca de 150 milímetros chuva desde o início da semana, volume que, em condições normais, deveria ser distribuído ao longo do mês.

O excesso de umidade preocupa porque pega as lavouras de trigo em um período crítico de desenvolimento, ou então já prontas para a colheita. Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), um terço da lavouras do estado ainda está em fase de desenvolvimento vegetativo e floração e cerca de 60% dos trigais paranaenses estão em frutificação e maturação. Apenas 7% das lavouras foram colhidas até o momento. O normal para esta época do ano seria um índice de cerca de 20%.
Ainda não há estimativas oficiais sobre o tamanho do estrago causado pelas chuvas às lavouras de trigo, mas é certo que a previsão feita pelo Deral no início do mês deverá ser revista para baixo nas próximas semanas, afirma Otmar Hubner, agrônomo do departamento. “O novo levantamento deve sair só no fim do mês, mas dá para adiantar que a situação é preocupante”, relata. A estimativa inicial era de que o Paraná, maior produtor de trigo do país, responsável por mais da metade da produção nacional, colhesse 3,49 milhões de toneladas, mas essa expectativa caiu para 3,17 milhões de toneladas após um mês de agosto mais chuvoso que o normal. No ano passado, numa das maiores safras da história, os triticultores paranaenses colheram 3,21 milhões de toneladadas.

Além do trigo, que é a principal cultura de inverno do Paraná, o excesso de chuva também pode prejudicar outras lavouras, como aveia e cevada, mas nesses casos os danos não devem ser tão expressivos.

Segundo o Instituro Somar, o clima continua instável em todo o Sul do Brasil nos próximos dias. As precipitações serão mais intensas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, mas as chuvas continuam também no Paraná, diz a meteorologista Daniele Otsuki. Os maiores volumes estão previstos para a parte Nordeste do Paraná, que deve receber até 70 mm entre hoje e domingo. O Centro-Oeste terá chuvas de até 15 mm no período, enquanto o restante do estado acumulará em média 30 mm até o final desta semana.

Cohapar inicia implantação do “Minha Casa” no interior

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO GOVERNO DO PR, 10 de setembro de 2009


Em Rolândia, Norte do Estado, será implantado o projeto-piloto do “Minha Casa, Minha Vida” no interior do Paraná. A parceria foi firmada, terça-feira (8), entre o presidente da Cohapar, Rafael Greca, e o prefeito daquela cidade, João Ernesto Jonny Lehmann, para a construção de 367 moradias em terreno doado pela prefeitura. Do total de casas 147 são destinadas a famílias com renda de até três salários mínimos.

O “Minha Casa, Minha Vida” prevê a construção de um milhão de moradias em todo o País e 44.172 unidades no Paraná. Destas, 32.173 casas poderão ter seus projetos coordenados pela Cohapar, sendo que 12.202 serão construídas na Região Metropolitana de Curitiba e 19.971 em cidades com mais de 100 mil habitantes, capitais e municípios de regiões metropolitanas.

PARCERIA – Rolândia está localizada na Região Metropolitana de Londrina, a 399 quilômetros da capital paranaense, e já conta com 215 casas construídas pela Companhia para famílias de baixa renda. As novas moradias serão edificadas em terreno da prefeitura a partir do conjunto Itália, um projeto de desfavelamento desenvolvido pela Cohapar em 2004.

O modelo para a efetivação do programa em Rolândia, como nos demais municípios do interior, será o mesmo que está sendo trabalhado há quatro meses pelo Comitê Estadual do “Minha Casa”, no qual a Cohapar e demais órgão do Estado atua como agente interlocutor entre Caixa e prefeituras.

PARANÁ – No Paraná, 14 municípios já assinaram contratos para a construção de 2.776 casas, que foram viabilizados pela Cohapar e demais órgãos do governo. Destas, 1.601 são direcionadas às famílias com renda mensal de até três salários.

O investimento será de R$ 110 milhões sendo que os recursos totais previstos pelo Governo Federal para o Paraná são de R$ 1,76 bilhão. Todas as áreas aprovadas passaram pela análise do Comitê Estadual do programa, coordenado por Rafael Greca, com a presença de representantes da Copel, Sanepar, Caixa, Suderhsa, IAP, Secretaria do Desenvolvimento Urbano, Comec, Mineropar e Cohapar, com reuniões semanais.

As primeiras cidades que já tiveram seus contratos assinados para a implantação de moradias pelo programa são: Bocaiúva do Sul (65), Almirante Tamandaré (187), Balsa Nova (131), Piraquara (345), Campina Grande do Sul (195), Araucária (145), Contenda (133), Mandirituba (103), Lapa (277), Campo Largo (454), Cerro Azul (103), Tunas (60), Maringá (172) e Irati (406).

Idoso precisa conhecer melhor os seus direitos

GAZETA DO POVO, 10 de setembro de 2009

A 7.ª edição da Mobilização Paranaense sobre o Envelhecimento pretende divulgar o Estatuto e colocar a longevidade em pauta

A Semana do Idoso, celebrada de 27 de setembro a 1.º de outubro, deve movimentar entidades, organizações ligadas à causa e, principalmente, os maiores de 60 anos durante a 7.ª edição da Mobilização Paranaense para o Envelhecimento (Move). Não só isso: precisa sensibilizar instituições e a sociedade, sem esquecer a família e também o público em geral, sobre as necessidades de políticas públicas de atenção à terceira idade. Esses são os desafios dos organizadores da Move, que é promovida pelo Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Idosa do Paraná (Cedi-PR).

A ideia é levantar o debate sobre a longevidade da população brasileira, que deve chegar a 13% de idosos em 2050. “Não somos mais um país de jovens. Os poderes públicos e a sociedade precisam ter consciência dessa mudança para alterar os rumos de atenção na saúde, na previdência e no atendimento básico dos longevos de hoje e de amanhã”, explica o coordenador geral da Move 2009, coronel Janary Bussmann.

A Move é coordenada pelo Cedi-PR, mas quer envolver as entidades e organizações que, de alguma forma, lidam com a defesa dos direitos dos idosos ou promovam ações que envolvam o atendimento e desenvolvimento da terceira idade. O planejamento da semana foi prejudicado pela pandemia da gripe A. Reuniões de trabalho foram adiadas por causa do risco de contaminação, o que acabou atrasando a articulação do Cedi junto aos possíveis parceiros para a empreitada. O objetivo é pretensioso, já que depende do engajamento e da vontade política dos envolvidos: promover ações de lazer, divulgação de direitos e atendimento de saúde para idosos em todo o estado durante essa semana especial.

Apesar dos atrasos nos preparativos, o Cedi já encaminhou ofícios para as 399 prefeituras do estado, informando da Move e seus objetivos. Os organizadores também contam com o apoio dos conselhos municipais de defesa de direitos dos idosos, instalados em 163 cidades. Associações de professores, unidades do Sesc, as secretarias estaduais da Saúde, Trabalho e Esportes também foram convocadas a participar. O grande desafio é levantar patrocínio para a logística dos eventos que serão promovidos e organizar a grade de programação. “A maior dificuldade é mostrar aos gestores a necessidade desse envolvimento e a importância em criar mecanismos de apoi o e divulgação do Estatuto do Idoso e das lutas pelos direitos. É preciso entender a mobilização pelo envelhecimento digno e saudável como uma causa fundamental para a nossa sociedade”, explica Bohdan Metchko Filho, presidente do Cedi.

Em Curitiba
Para estimular as outras instituições, o Cedi-PR organizou uma agenda própria de eventos para a Move em Curitiba. A Secretaria de Estado da Saúde vai promover uma webconferência no dia 25 de setembro, sobre os riscos de queda em idosos. Há também uma oficina de saúde programada para ocorrer durante a Move e as ações da Semana do Homem, de 22 a 26 de setembro. Uma exposição na Boca Maldita para a divulgação da legislação também está sendo organizada. “Estamos em uma fase em que cada contribuição – de ideias e apoio financeiro – é importante para fazer o evento acontecer”, explica Rubens Bendlin, vice-presidente do Cedi.

O bom comprador

O ESTADO DE S. PAULO, Editorial, 9 de setembro de 2009

O presidente Nicolas Sarkozy talvez não seja um grande vendedor, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com certeza, é um grande comprador. Sarkozy veio ao Brasil como convidado especial para as solenidades do 7 de Setembro e para fazer um balanço da implementação dos acordos bilaterais de cooperação, inclusive do acordo pelo qual a França fornecerá ao Brasil meia centena de helicópteros, quatro submarinos, um casco para o futuro submarino nuclear, além de promessas de transferência de tecnologias, exceto nuclear. Tudo isso a um custo estimado em cerca de R$ 25 bilhões. Quando voltou para Paris, Sarkozy levava no bolso também o compromisso do governo brasileiro de iniciar negociações com a Dassault para a compra de 36 caças Rafale, a um custo que oscilará entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões. Sem ouvir a FAB, Lula atalhou um processo de seleção de equipamentos iniciado em 1994.

Em menos de 24 horas e em circunstâncias que sugerem aquilo que os frequentadores de shopping centers chamam de "impulso de compras", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atrelou a defesa e a segurança nacionais do Brasil, bem como aspectos cruciais da política externa, a um único fornecedor de equipamentos. Os compromissos assumidos em Brasília, no Dia da Independência, são de longa duração. O reaparelhamento da Marinha não se fará em menos de 10 anos - sem interrupções -, não sendo demais estimar o dobro desse tempo para o lançamento do primeiro submarino nuclear nacional. Os aviões de caça, por sua vez, deverão ter uma vida útil de cerca de três décadas - e note-se que 36 aparelhos são apenas o início de um processo de substituição de pelo menos mais uma centena de aviões de combate.

Desde o final da 2ª Guerra Mundial, os principais estrategistas brasileiros salientavam a necessidade de obter equipamentos militares de outros fornecedores que não os Estados Unidos, para evitar ter de absorver a doutrina de emprego desse armamento, que consideravam inapropriada para as condições e os propósitos do Brasil. E, de fato, isso foi sendo feito gradualmente, até que o presidente Ernesto Geisel rompeu de inopino o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos. Mas não se podia imaginar que o presidente Lula, que sempre manifestou sua admiração pelo modelo de governo Geisel, fosse de um extremo ao outro. Para não ficar dependente dos Estados Unidos - o que dificilmente aconteceria, mesmo que o avião escolhido para a FAB fosse o F-18 da Boeing -, ficou dependente da França.

E nem se pode dizer que os acordos e compromissos até aqui assumidos permitirão ao Brasil dar um salto tecnológico nas áreas de produção de sistemas avançados de armas, que coloquem o País como líder incontestável da região. O compromisso de compra dos Rafale, por exemplo, foi feito de afogadilho. "Os nossos companheiros trabalharam até quase as 2 horas. Eu nem sequer tive tempo de fazer reunião com o ministro da Defesa para discutir com profundidade", confessou o presidente Lula. O comandante da Aeronáutica, ao que parece, ficou sabendo de tudo no final do expediente, pois os militares foram excluídos do processo de decisão. De fato, essa decisão nem mesmo constava do texto da declaração conjunta assinada pelos dois presidentes. Foi acrescentada, em folha avulsa, depois que o presidente Sarkozy manifestou a intenção - apenas isso - de comprar dez aviões cargueiros de um modelo que a Embraer ainda está projetando. Vivo fosse, o general De Gaulle diria que este ainda não é um país sério.

A França fica com a parte do leão desse negócio milionário. O Brasil compra submarinos convencionais por preço elevado. De quebra, os franceses construirão uma base e um estaleiro. Não repassarão tecnologia nuclear e, a que transferirem, será para uma empresa constituída pela DNCS francesa e pela Odebrecht brasileira - que entrou nesse negócio sem licitação, a convite não de quem paga a conta, mas dos franceses.

No caso dos Rafale, a França livra-se de um problema. O avião foi um fracasso de vendas e, com o negócio brasileiro, amortiza-se boa parte das despesas de projeto e desenvolvimento do caça. A FAB, por sua vez, receberá aviões novos, aos quais certamente dará bom uso. E os contribuintes, bem, esses arcarão com os custos de um negócio feito às pressas e que implicará significativo aumento do orçamento militar, que só é menor que o da Saúde.