sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ex-secretário de Fazenda de Maringá é executado a tiros e deixado em carro

O DIÁRIO, 28 de outubro de 2011


O ex-secretário municipal de Fazenda de Maringá, Luiz Antônio Paolicchi, 54 anos, foi encontrado morto na noite desta quinta-feira (27). O corpo dele estava no porta-malas de um carro encontrado abandonado no distrito de Floriano, em Maringá. Ele foi morto com pelo menos dois tiros no rosto.

Paolicchi estava desaparecido desde a noite de quarta-feira (26), mesma data em que foi registrado um boletim de furto do Fiat Idea (placa HDQ-6182 de Maringá). O carro foi encontrado abandonado dentro de uma área de plantação após denúncias anônimas de populares.

De acordo com informações da Polícia Militar, o corpo estava encolhido, com uma fita adesiva colada no joelho direito dentro do porta-malas. Ele vestia camisa azul de mangas compridas da marca Lacoste, calça jeans clara, e sapato marrom sem meias. No pulso esquerdo ele usava relógio.

O corpo apresentava ainda sinais de agressão na boca. A polícia acredita que ela tenha sido torturado antes de ser morto. A carteira de Paolicchi foi encontrada junto ao corpo. Ela continha R$ 155 e vários cartões de crédito. Segundo a polícia, aparentemente isso seria um sinal de que o caso não se trata de latrocínio.

Na noite de quarta-feira, o companheiro de Paolicchi procurou a polícia para comunicar o desaparecimento do ex-secretário. A polícia efetuou o bloqueio do automóvel e procedeu ao registro de furto, iniciando as investigações para determinar o paradeiro de Paolicchi.

Ainda segundo a polícia, o cadáver já exalava um certo odor, o que indica que ele tenha sido assassinado entre a noite de quarta-feira e a madrugada de hoje. Os peritos do Instituto Médico-Legal (IML) deverão determinar com mais precisão a hora da morte.

O sitiante Ademilson Oliveira Motta, 38 anos, relatou à reportagem ter visto o carro estacionado no local por volta das 6h50 desta quinta-feira. Outros moradores também confirmaram ter visto o Fiat Idea no local pela manhã, mas disseram não ter informado a polícia por acreditar que o carro pertencia a um produtor local que trabalhava no plantio.

Paolicchi era acusado de desviar mais de R$ 100 milhões dos cofres municipais durante a gestão do prefeito Jairo Gianotto. Ele também fez parte da equipe dos ex-prefeitos Ricardo Barros e Said Ferreira.


Paolicchi foi morto
com quatro tiros
O exame de perícia realizado no corpo de Luiz Antônio Paolicchi, 54 anos, apontou que o ex-secretário da Fazenda de Maringá foi assassinado com quatro tiros, sendo dois na face, um no ombro e outro na barriga. A informação foi divulgada em entrevista coletiva concedida pelo delegado responsável pelo caso, Nagib Nassif Palma, da Polícia Civil de Maringá.

Paolicchi foi encontrado na noite desta quinta-feira (27) no porta-malas do próprio carro, um Fiat Idea, que estava abandonado no distrito de Floriano, em Maringá.Ele estava com os lábios inchados e um dos dentes amolecido, indicando que teria levado um forte soco na boca.

Conforme Palma, o corpo teria sido deixado no local. "Conversamos com a vizinhança e ninguém ouviu barulho de tiros. Nas redondezas e no carro também não haviam vestígios de bala. Concluímos que a execução aconteceu em um lugar, que ainda não sabemos onde é, e o corpo foi colocado em seguida dentro do veículo, que foi abandonado na zona rural de Floriano", contou o delegado.

Conforme Palma, o corpo foi encontrado já bastante rígido. "Isso nos faz acreditar que a execução tenha ocorrido na noite de quarta-feira, quando ele sumiu, ou na madrugada de quinta-feira", afirma.

Moradores da região de Floriano contaram aos policiais que o carro estava abandonado no local desde as 7h de quinta-feira. Eles não avisaram as autoridades, por acreditar que o veículo fosse de um fazendeiro da região.

Paolicchi teria saído de casa sozinho na noite de quarta-feira (26). Familiares tentaram contato com ele pelo celular, que estava desligado. Na manhã de quinta-feira, eles registraram o desaparecimento na Polícia Civil. "Imediatamente emitimos sinal de furto para o carro, assim, caso ele fosse parado em alguma blitz, o veículo seria apreendido", conta. O carro foi encontrado pela Polícia Militar por volta das 20h de ontem.

Investigação - A Polícia acredita que Paolicche tenha sido atraído até um local, para ser executado. "Ele quase não saia de casa, quando saia estava sempre acompanhado, uma vez que vinha recebendo ameaças com frequencia", afirma.

Segundo o delegado, o número de telefone da vítima já foi interceptado. "O celular dele desapareceu, mas como nós temos o número, conseguimos ter acesso às ligações da mesma forma", conta.

Dentro do carro foi encontrado um rolo de fita adesiva, que foi utilizada para para prender os joelhos da vítima. "O material foi apreendido para tentarmos encontrar as digitais dos bandidos", relata.

Dentro do carro havia também um pacote de papel de uma padaria de Maringá. Os policiais devem ir até o estabelecimento para verificar que horas ele esteve no local e se conseguem colher mais alguma pista. O nome do recinto não foi divulgado.

Os exames ainda não concluíram que tipo de arma foi utilizada no crime.

Ameaças - A Polícia Civil já possui um suspeito para o crime, mas não deve divulgar o nome, para não prejudicar o andamento das investigações. "Sabemos que uma pessoa o estava ameaçando. Vamos recuperar as ligações que ele recebeu, tanto no celular como em outros números que ele costumava utilizar, para auxiliar nas diligências", fala.

Ex-secretário da Fazenda teve vida de festas

O DIÁRIO, 28 de outubro de 2011


Luiz Antonio Paolicchi entrou na Prefeitura de Maringá nos anos 90 e é apontado como um dos mentores do maior rombo nos cofres públicos da história da cidade. O esquema ruiu em 2000, quando ele era secretário de Fazenda do então prefeito Jairo Gianoto.

O declínio começou quando um informante encaminhou à Justiça cópias dos registros dos bens de Paolicchi – nove fazendas, dez apartamentos, 15 carros, dois aviões, um helicóptero e uma empresa de água mineral. A única fonte de renda oficial era o salário que ele recebia da prefeitura, de R$ 4 mil à época. Estima-se que ele não declarava nem um décimo disso à Receita Federal.

Após as investigações feitas pelo Minstério Público, Paolicchi, Gianoto e servidores da prefeitura foram alvos de dezenas de ações por desvio de dinheiro e sonegação. Estima-se que em valores atualizados, a dupla Gianoto - Paolicchi tenha desviado R$ 500 milhões dos cofres públicos, quase o que o município arrecada atualmente em um ano.

O Ministério Público apurou que todo o patrimônio de Paolicchi teria sido obtido por meio de desvios de variadas formas do caixa da prefeitura, com a conivência de Gianoto. Do uso de laranjas a depósitos direto na conta, o ex-prefeito também fez seu pé de meia, com um patrimônio milionário ao deixar o cargo.

Paolicchi levava uma vida de rei à frente dos cofres da prefeitura. Viajava com seus aviões por todo o País, era conhecido por promover festas gigantes e ser generoso nas gorjetas e presentes.

Com a descoberta do esquema e a prisão decretada, Paolicchi fugiu. A Interpol chegou a ser acionada para localizá-lo, mas quem encontrou o ex-secretário foi a Polícia Federal. Ele estava em um apartamento em Camboriú (SC), com uma mala de dinheiro. Contra ele pesavam as acusações de sonegação fiscal, desvio de dinheiro público, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Paolicchi foi condenado e passou 4 anos, 7 meses e 10 dias na cadeia. De todo o dinheiro roubado por Paolicchi e Gianoto, estima-se que cerca de R$ 20 milhões voltaram aos cofres da prefeitura por meio de processos.