terça-feira, 3 de maio de 2011

Cornélio Procópio: prefeito de licença numa cidade com muito para se fazer

INSTITUTO AME CIDADE, 3 de abril de 2011

Finalmente o prefeito de Cornélio Procópio, Amin Hannouche (PP), oficializou sua licença do cargo, algo que já era assunto na cidade há algumas semanas. A licença será por 60 dias, mas em entrevista à imprensa ele já disse que volta dentro de um mês.

Que seja em 60 ou 30 dias, não importa. O que seria bom é que voltando ao cargo, Hannouche arregaçasse as mangas para concretizar as intermináveis obras de sua gestão, que já está marcada como uma administração que não cumpre cronograma algum. Tem obra na cidade que já se arrasta há pelo menos dois anos, como é o caso das praças Botafogo e Brasil. Outras promessas do prefeito, como o Frigorífico do Peixe e o Clube do Povo, também seguem no ritmo já bem conhecido do procopense, o do “devagar e nunca”.

A história da obra do Frigorífico do Peixe parece conversa de pescador. É uma das promessas de campanha de Hannouche que não deslancham. A última notícia oficial sobre o assunto foi em maio do ano passado, quando o secretário executivo do Ministério da Pesca e Aqüicultura (MPA), Cleberson Zavaski, esteve na cidade para visitar as obras.

Na ocasião, a inauguração do frigorífico foi prometida para dali a noventa dias, ou seja, em agosto de 2010. Mas já estamos em abril de 2011 e até agora não se limpou sequer um lambari no local que, segundo Zavaski, movimentaria 90 toneladas de peixe. O próprio Zavaski já foi exonerado do Ministério da Pesca, que entrou o ano com equipe nova no governo Dilma.

É uma atrapalhação sem tamanho. E para complicar, além de não terminar o que começou a Prefeitura ainda foi esburacar o entorno do monumento Cristo Rei. Foram mexer no que já estava pronto e deixaram o local do mesmo jeito que acontece em toda a obra de Hannouche: está tudo esburacado, sem condições para a população desfrutar de um dos locais mais freqüentados da cidade.

E o pior é que tudo indica que ali, no histórico monumento, pode acontecer mais uma grave descaracterização de um lugar de alta significação para Cornélio Procópio.

Vice que assume a caneta tem que tomar cuidado com o que assina

INSTITUTO AME CIDADE, 3 de maio de 2011

O vice João Carlos assume o lugar do prefeito licenciado Amin Hannouche pela segunda vez nesta administração. Já tem procopense perguntando pelo poder de decisão do vice, mas evidentemente ninguém espera que muita coisa seja feita nos dois meses em que ele ocupará a cadeira de prefeito.

João Carlos já teve uma experiência nada boa quando, no ano passado, Amin Hannouche lhe passou o cargo e saiu para viajar pelo Oriente Médio. Foi exatamente num dos pontos altos das sucessivas crises da construção do Calçadão, que teve de tudo: lama, poeira, problemas trabalhistas inclusive com cheque sem fundo no pagamento de salários de trabalhadores e até ameaça física, num caso muito estranho que teria começado num quarto de hotel e foi acabar na delegacia.

O vice parece bem afinado com o prefeito Amin Hannouche, mas estando com a caneta na mão convém a João Carlos tomar cuidado com o que assina. Também na outra vez em que assumiu como prefeito, João Carlos assinou a contratação de uma empresa sem licitação que levou o Ministério Público a incluir o seu nome numa ação por improbidade administrativa.

Na ação, o MP pede o ressarcimento de mais de 600 mil reais aos cofres da Prefeitura de Cornélio Procópio.

Amanhã vamos postar uma matéria mais aprofundada sobre o assunto.

A realidade das ruas é bem diferente da fala dourada dos gabinetes

INSTITUTO AME CIDADE, 3 de maio de 2011

O vice João Carlos assume o cargo numa cidade com muitos problemas, ao contrário do que disse o prefeito Amin Hannouche (PP) durante a transmissão do cargo. Vejam um trecho do que Hannouche disse: “Tenho certeza que ele (João Carlos) dará seqüência em tudo de bom que está acontecendo em nosso município. É um momento em que a situação, administrativamente, está em ordem, assim como politicamente e neste momento encaminhamos para uma posição de destaque em relação a outros municípios”.

Quem é que não gostaria de morar numa cidade assim? Pena que seja uma peça de ficção que só resiste dentro de confortáveis gabinetes. Nas ruas a coisa é muito diferente.

Cornélio Procópio está com altíssimos índices de dengue. É uma das quatro regionais – as outras são Foz do Iguaçu, Londrina e Jacarezinho – que concentram 84,2% dos casos notificados e 90,9% dos confirmados de dengue no Paraná. Este ano a cidade já teve uma morte causada pela epidemia.

O Jornal Estadual da RPC indicou Cornélio Procópio como sendo o município que alcançou maior índice de infestação no Estado considerando-se a relação entre o número de habitantes e de casos notificados.

Outro grave problema que aflige a cidade é da segurança. O procopense sofre som assaltos, roubos, furtos e o tráfico de drogas. O número de crimes é bastante alto, inclusive o índice de homicídios.


Cornélio Procópio é o município do Paraná
com
o maior indice de infestação pela
dengue,
considerada a relação entre o número de habitantes e casos notificados


Para desmentir a dourada fala de Hannouche, feita durante a transmissão do cargo na Prefeitura, depois do anúncio da licença a sua casa sofreu uma tentativa de furto.

Os números oficiais também falam outra linguagem. Neste primeiro trimestre o índice de homicídios dolosos na cidade aumentou de 12 para 17 em relação ao trimestre do ano passado. Os dados são do relatório estatístico criminal divulgado nesta quarta-feira pela Secretaria de Estado da Segurança Pública.

E tem também a impressionante buraqueira que toma conta das ruas da cidade, a precariedade de serviços, a falta de manutenção do patrimônio público, e tantos outros problemas reais, muitos deles colocando em risco de forma direta a integridade física e a saúde da população, como é o caso da alta criminalidade e a dengue.

É uma realidade muito diferente do otimismo fácil e sem nenhuma substância dos discursos de gabinete.