quarta-feira, 3 de março de 2010

Prefeito de Cornélio Procópio rompe com empresa e foge da responsabilidade por atrasos e defeitos em obras municipais

INSTITUTO AME CIDADE, 3 de fevereiro de 2010

Foi anunciada ontem na sessão da Câmara Municipal de Cornélio Procópio a notícia que a cidade já esperava há muito tempo e que já vinha sendo antecipada por manobras da base aliada do prefeito Amin Hannouche (PP). A prefeitura decidiu enfim suspender em caráter definitivo o contrato com a ILB Construções, empresa responsável por quatro grandes obras no município, algumas delas com grande atraso de execução, outras totalmente paradas e todas de má qualidade.

A decisão oficial da suspensão foi anunciada pelo líder da situação, vereador Ricardo Leite Ribeiro (PPS), mas outros vereadores ligados ao prefeito já vinham tendo atitudes que demonstravam que já estava em andamento a ruptura entre o prefeito Amin Hannouche e a empresa, que até há bem pouco tempo era defendida em bloco e de forma acalorada pelo prefeito, seus secretários e os vereadores da situação.

Nos últimos dias a empresa passou a ser atacada pelos vereadores da situação em entrevistas e conversas com cidadão procopenses. Até na sessão da Câmara o assunto também já havia sido levantado dessa forma.

Na última sessão da Câmara do mês passado o vereador Edimar Gomes Filho (PPS) fez um agressivo discurso contra a empresa ILB e falou inclusive da rescisão do contrato. Gomes Filho é um dos implicados no caso das diárias da Câmara.

Como a manobra da base aliada do prefeito é uma coisa velha em política e até foi executada de forma desajeitada, logo os procopenses passaram a logo a comentar que a intenção era a de aliviar politicamente a situação do prefeito Amin Hannouche e colocar toda a culpa pelos problemas unicamente na empresa.

A LDB foi responsável até agora pela execução de quatro grandes obras que juntas tem um orçamento de cerca de 3 milhões de reais. A empresa era encarregada até o momento da revitalização da Praça Brasil e da construção do Frigorífico do Peixe, do Clube do Povo e do Calçadão.

O Calçadão, localizado no centro da cidade, simboliza bem este conjunto de trapalhadas da administração de Amin Hannouche. Sua construção teve várias datas de conclusão, anunciadas espaçadamente para acalmar comerciantes e transeuntes que criticavam a morosidade da obra, até que finalmente garantiu que tudo estaria pronto para as festas de final de ano. A verdade é que nem para a Páscoa o Calçadão estará definitivamente pronto. A obra ainda exige acabamento e já apresenta vários problemas.

E não foi por falta de aviso. Por várias vezes comerciantes e populares alertaram o prefeito e seus secretários não só sobre a morosidade das obras mas também da evidente dificuldade técnica da empresa. Até manifestações públicas foram feitas para chamar a atenção das autoridades municipais, mas os apelos da população foram sempre recebidos com descaso e até agressividade.

Outra construção que ficou inacabada foi o Clube do Povo. E além de estar parada, a obra ficou abandonada de tal forma pela empresa e a prefeitura que chegou a virar ponto de tráfico de drogas e prostituição, conforme foi apurado pelo jornalismo da Rádio Cornélio, emissora de maior audiência da cidade.

A incapacidade da empresa contratada pela Prefeitura foi sentida em todas as áreas. Até no pagamento de seus trabalhadores houve falha. Nos últimos dias salários foram pagos com cheques sem fundo, deixando operários sem condições financeiras de honrar compromisso básicos. A Rádio Cornélio colocou no ar depoimentos comoventes de trabalhadores sem condições de comprar alimentos ou de pagar aluguel porque não conseguiam descontar os cheques da empresa.

Dessa forma, empreendimentos que deveriam trazer para a cidade uma boa movimentação econômica no comércio, dando tranquilidade financeira para trabalhadores e comerciantes, acabaram criando graves dramas humanos e muita insegurança. Até agora os trabalhadores não sabem qual será seu destino e como serão resolvidos os problemas dos salários.

E o mais intrigante nesta questão é que a ILB vinha sendo defendida pelo prefeito Amin Hannouche há menos de uma semana antes de seu líder no Legislativo Municipal anunciar a rescisão. No dia 26 de fevereiro, na ocasião da visita do ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, feita ao Frigorífico do Peixe, outra das obras paradas, o prefeito Hannouche usou as chuvas para justificar o atraso, para depois afirmar o seguinte: “Estivemos reunidos com os dirigentes da construtora e obtivemos deles a garantia de que as obras vão ganhar um novo ritmo daqui para frente, com chuva ou sem chuva”.

Quatro dias depois veio o anúncio da ruptura. O roteiro perseguido pelos vereadores da bancada do prefeito Amin Hannouche e que decerto foi traçado na Prefeitura é o mais óbvio. A intenção é demonizar a empresa ILB e isentar de responsabilidade o prefeito e seu secretariado.

Aliás, conforme o que já vem sendo feito por vereadores, alguns secretários até podem ser culpabilizados para abrandar o mal-estar criado entre a população, mas o prefeito teria que ter sua imagem blindada com esta manobra política.

Acontece que a origem desses problemas é clara para a população: vem do Gabinete do Prefeito, de onde nada tem saído de sério e bem planejado. É obrigação do prefeito e de seu secretariado não só conduzir licitações corretas, como também acompanhar a execução das obras e cobrar procedimentos e prazos.

Quando não há conhecimento técnico e competência administrativa para isso, o resultado é esse que se vê: construções inacabadas, obras paradas e com muitos defeitos de projeto e execução. Enfim, um serviço malfeito que prejudica a população e que ainda vai dar muito prejuízo para a cidade.