sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Suspeitos de ataques no Rio vão para presídio no Paraná

G1, 26 de novembro de 2010

Secretaria de Segurança do Rio diz que transferência será de dez presos.
Grupo ficará em presídio de segurança máxima em Catanduvas.


A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou nesta sexta-feira (26) que dez criminosos presos por suspeita de envolvimento nos ataques contra as forças de segurança vão ser transferidos neste sábado (27) para o presídio de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná. Nove deles foram detidos na quinta (25).

A medida está prevista no acordo do governo do estado com o Tribunal de Justiça do Rio. Todos os criminosos presos por suspeita de participação na onda de violência serão levados para unidades prisionais fora do estado.
saiba mais

A onda de ataques no estado do Rio começou no domingo (21), com arrastões, cabines da polícia metralhadas e veículos queimados. Para combater os criminosos, a polícia fluminense conta com o apoio do Exército e da Marinha.

Um dos principais alvos da ação do governo é no conjunto de favelas do Alemão, na Penha, Zona Norte. A operação desta sexta (26) levou a uma intensa troca de tiros entre Exército e traficantes. Cerca de 780 soldados foram deslocados para as áreas de conflito na região. Desde segunda-feira, 34 pessoas foram mortas na onda de ataques, de acordo com a PM.

Entre as vítimas do confronto no Morro do Alemão nesta sexta estão um fotógrafo, o motorista de táxi que estava com ele, uma mulher de 61 anos, baleada no abdômen; um soldado do Exército, que tomou um tiro de raspão; uma criança de 3 anos, ferida de raspão no braço esquerdo, e um homem que estava refugiado em um bar. Ele foi atingido no abdômen.


Veja as imagens do drama urbano no rio

Veja na internet fotos do terror vivido pela população do Rio de Janeiro, além de imagens do confronto entre policiais e bandidos. Para ir direto à seção de fotos nos sites, clique sobre os títulos.


G1

Estadão Online

Folha.Com

Novo balanço da PM no Rio: 197 presos e 35 mortos até agora

O GLOBO, 26 de novembro de 2010


A Polícia Militar divulgou nesta sexta-feira um novo balanço das operações. Até agora, foram 96 veículos incendiados, 197 pessoas presas, 35 mortos e três policiais feridos, desde o início dos ataques, no domingo. Policiais encontraram nesta sexta-feira, em uma casa na Vila Cruzeiro, 900Kg de drogas.

Policiais militares também fazem uma operação no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. Segundo as primeiras informações da polícia, um homem suspeito foi morto numa troca de tiros com os policiais. Com ele, a polícia apreendeu uma pistola. A operação foi realizada para retirar um caminhão que foi queimado na noite de quinta-feira, na Rua Lopo Diniz, esquina com a Rua Tiuba, um dos acessos ao morro.

Em entrevista pela manhã, na Secretaria de Segurança Pública, o subsecretário de Inteligência, Roberto Sá, confirmou que 800 homens da Brigada de Infantaria Paraquedista vão ajudar nas operações policiais em favelas do Rio de Janeiro. Ele esclareceu, ainda, que os acessos ao Morro do Alemão estão interditados para evitar a fuga de criminosos.

Segundo ele, a polícia carioca não pensa em invadir a favela, mas planos para a invasão estão sendo feitos. Ele confirmou que, no Complexo do Alemão, policiais federais ajudam a Polícia Civil e o Bope no patrulhamento dos acessos às comunidades e que parte dos agentes estão posicionados na rua Jorge Martins, que dá acesso à favela Pedra do Sapo. O subsecretário disse ainda que a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão estão no planejamento das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), mas não nesse momento, já que a iniciativa envolve grandes recursos materiais e humanos.

- Só passamos a comunidade a um policial de terceira fase quando entendemos que o local está pacificado - explicou, ressaltando que a polícia não vai recuar:

- A gente prefere fazer do que prometer. Vocês que acompanham o Rio de Janeiro sabem o que era o Dona Marta, o Babilônia, Borel, Turano, a Providência. Este cenário está mudando mas não podemos fazer mágica - disse.


Operação no Alemão deixa feridos

G1, 26 de novembro de 2010

Vítimas incluem criança, idosa, soldado do Exército e fotógrafo da Reuters.
Homem que estava refugiado em bar foi atingido.


O confronto no Conjunto de Favelas do Alemão, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, deixou, ao menos, cinco pessoas feridas até a noite desta sexta-feira (26). Homens do Exército permaneciam na região por volta das 20h. Uma pessoa foi presa.

Entre as vítimas há uma mulher de 61 anos, que foi baleada no abdômen; um soldado do Exército, que tomou um tiro de raspão; uma criança de 2 anos atingida de raspão no braço esquerdo; um homem que estava refugiado num bar e foi ferido no abdômen; e o fotógrafo da Reuters Paulo Brandão Whitaker, de 50 anos, que tirou a foto acima.
Homem ferido em barHomem ferido em bar (Foto: AP)

O motorista que estava com Whitaker também foi ferido. De acordo com a assessoria de imprensa do Hospital Pasteur, no Méier, para onde os dois foram levados, o motorista já teve alta e o fotógrafo segue internado no CTI, por precaução, após uma crise hipertensiva.

A operação levou a uma intensa troca de tiros entre Exército e traficantes. Cerca de 780 soldados foram deslocados para as áreas de conflito na região do bairro da Penha. Eles foram cedidos pelo Ministério da Defesa para auxiliar no combate à onda de violência na cidade. Desde segunda-feira, 34 pessoas foram mortas na onda de ataques, de acordo com um coronel da PM.

No ar e na terra

O GLOBO, Míriam Leitão, 26 de novembro de 2010


Da janela do avião, o Rio aparece em toda a sua beleza. Nos últimos dois dias entrei e saí do Rio duas vezes. Na terra, o clima está pesado, emergencial, não se vê a paisagem. O motorista que me levou ao aeroporto ontem errou o caminho porque dirigia mais atento ao que o secretário José Mariano Beltrame dizia no rádio. A passageira ao lado, antes da decolagem, faz uma ligação aflita.

— Já chegou? Graças a Deus. Mas cuidado, saia mais cedo, na hora que você sai é quando eles mais atacam — diz a passageira para alguém querido.

As pessoas amadas passaram os últimos dias no Rio se telefonando o dia inteiro, informando e pedindo localização. Querendo proteção divina e dando graças.

Ana, camareira na TV, mora em frente à Vila Cruzeiro. Sai normalmente de casa faltando quinze minutos para as cinco. Ontem, perdeu a hora.

— Foi tiro à noite inteira, esperei clarear para sair de casa.

O motorista que me busca cedo fala rápido com a mulher, enquanto entro no carro às 5h50m:

— Está tudo bem, fique tranquila. Claro, vou continuar ligando.

A maquiadora divide a atenção entre o meu rosto e a televisão.

— Vi uma cena de um menininho correndo com uma mochila de escola. Chorei. Pensei no meu filho e pensei na mãe dessa criança que pode estar trabalhando como eu e vendo a cena do filho — me diz, se emocionando de novo.

Minha sobrinha, que acaba de chegar de Minas, avisa que está em Ipanema. Quarenta minutos depois, ela não havia chegado à Gávea, e aí sou eu a me preocupar. Outra sobrinha ligou. É jornalista. Avisa que está voltando da Penha onde foi fazer uma reportagem, me informa que está bem, e avisa que se tiver plantão, mandará o filho pequeno ficar na minha casa. Isso foi na quarta-feira. Ontem, o recado da sobrinha jornalista foi mais breve.

— Oi. Estou na Vila Cruzeiro. Estou bem. Não posso falar agora.

Na terça-feira, eu tinha um jantar. Foi só comentar que ouvi o recado costumeiro.

— Como? Você vai sair de casa? Dizem que vai ter confusão aí perto.

Fui. O taxista me recebe perguntando:

— Sabe da última? Tem um caminhão cheio de explosivo em algum lugar.

O jantar era de muitos amigos. Dois colegas subiram no elevador contando que a PUC tinha suspendido as aulas. Achavam meio exagero. Os paulistas chegavam no jantar olhando com cara de consternação para os moradores do Rio.

O motorista de taxi, que eu pego na volta, mal fala comigo. Ouvido grudado no rádio. Quando o noticiário muda de assunto, ele procura outra estação. Quer obsessivamente ouvir as mesmas notícias.

— Onde está havendo problemas? — Ele pergunta à central.

Ontem, no caminho do aeroporto, Beltrame estava sendo entrevistado por Lúcia Hippolito, na CBN. O motorista vibrava com cada resposta dada pelo secretário.

— É isso mesmo. É isso mesmo!

Beltrame, com seu inequívoco sotaque gaúcho, fala que o Rio tem que ir até o fim, que não se pode recuar agora e que o governo do Rio sabe para onde está indo. O taxista aprova. Beltrame elogia a Marinha, que cedeu equipamentos e deu apoio operacional. O taxista aprova.

— Esse cara é bom, olhaí, esse cara é assim. Tem peito — aprova de novo o motorista, e gosta ainda mais quando Beltrame diz que só se discute esse assunto da segurança no Rio nas crises, depois o tema é esquecido.

Um torpedo, no sentido telefônico da palavra, chega ao meu celular avisando que minha sobrinha de Minas está voltando para casa: o workshop na Uerj, motivo que a trouxe ao Rio, está suspenso pelo menos nesta quinta-feira.

Assim se vive estes dias na bela cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, jóia da coroa brasileira, porta de entrada e saída do Brasil, nosso cartão-postal. Assunto único, conversa dominante, rotinas subvertidas. Os diálogos podem começar de qualquer ponto, porque o interlocutor sempre sabe do que se fala. Só se fala disso. Boatos se misturam aos fatos e não há como separá-los porque os fatos parecem irreais. A menina de 14 anos em frente ao computador na sua casa leva um tiro no peito e morre. A economia conseguiu oferecer à família dela, mesmo morando numa área pobre da cidade, a possibilidade de ter um computador em casa, mas a segurança não protegeu sua vida.

Ontem, no ápice da tensão, as cenas da fuga de bandidos da Vila Cruzeiro para o mar de favelas que é o Alemão dá ao mesmo tempo medo e esperança. Vistos assim do alto, do helicóptero, eles são o que são: um grupo em desordem. A chance da vitória existe. Ao mesmo tempo, dói ver como alguns são tão jovens.

O Rio tenta se proteger da sequência dos fatos e vive dias de tensão e pânico, mas ninguém está exatamente surpreso. É uma aflição esperada: expulsos de favelas menores, perdendo território e dinheiro, o tráfico permanece encastelado nas grandes favelas, como o Complexo do Alemão e a Rocinha. Eles reagiriam, isso estava escrito nas estrelas.

Há as UPPs e o PAC. As UPPs entraram nas favelas tirando o tráfico de drogas, retomando territórios. O PAC pede licença. São obras de melhoria inclusive nas favelas ocupadas pelo tráfico. No Alemão, por exemplo, os trabalhadores passam entre bancas de cocaína e adolescentes armados. Quem já visitou o Complexo sabe que ele é uma gigantesca cidadela. Nada será fácil lá, como não será na Rocinha. Nada será fácil em toda essa longa tragédia $Rio. Mas era isso ou ficar de braços abertos para o inaceitável.

Visto de perto, o Rio é complexo. Mas só tem uma saída: ter a presença do Estado em todo o seu território. Do contrário será uma bela paisagem para ser vista de longe.

O risco dos tanques

VALOR ECONÔMICO, César Felício, 26 de novembro de 2010


Os tanques ingressando em cena ontem no Rio de Janeiro podem ser o símbolo de uma inflexão da crise de segurança na cidade. O sociólogo Claudio Beato, colaborador das administrações tucanas em Minas Gerais, e o juiz aposentado Walter Maierovitch, integrante do governo Fernando Henrique que tornou-se um crítico ácido das políticas de segurança tanto do PSDB quanto do PT, divergem em muitas coisas, mas convergem no essencial: se o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) resistir à tentação de fazer um pacto informal com o crime organizado, precisará também se acautelar contra a belicização do problema.

Uma guerra contra o crime organizado pode ser perdida, como está ocorrendo no México, onde o foco da ação é militar. Aliás, são abundantes os exemplos internacionais da pouca eficácia de tanques em conflitos urbanos. Ou pode ser razoavelmente bem sucedida, como se dá na Itália, onde se investiu em inteligência policial, legislação penal e a vigilância sobre as penitenciárias, . No caso do Rio, já se sai com a enorme desvantagem de não se ter o governo federal no centro das ações, o que coloca como primeira missão para o governador pressionar Brasília a participar de um problema impossível de ser tratado no âmbito estadual estrito.

A militarização do combate aos cartéis no México, com a presença de 50 mil soldados do exército agindo em lugar da polícia, está na matriz do banho de sangue promovido por narcotraficantes naquele País. No México atual, existem lugares em que jornalistas só saem para trabalhar em equipe como medida de auto-preservação e o governo Felipe Calderón convive com pessoas sendo chacinadas em cemitérios, ao enterrarem seus mortos, que não são poucos: segundo expôs a blogueira Judith Torrea em um congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo ( Abraji) em janeiro, havia em Ciudad Juarez, município de 1,3 milhão de habitantes, 10 mil casas comerciais abandonadas e 27 assassinatos diários, em média.

Felipe Calderón declarou sua guerra no primeiro dia em que assumiu seu governo, em 2006. A oposição, cética, apontou um empenho seletivo no combate aos cartéis: a ofensiva visaria a debilitar o cartel de Ciudad Juarez, ligado ao PRI, em detrimento do cartel de Sinaloa, que teria vinculações com o situacionista PAN. Mas fatos recentes enfraqueceram esta hipótese, como a morte do capo "Nacho" Coronel em combate com os militares e apreensões recordes de maconha do cartel supostamente protegido pelo governo.

Faltou ao México uma política de controle social nos territórios reconquistados ao crime, como se propõem fazer as UPPs. Mas a reação das facções criminosas à disposição do governo para o confronto levaram à perenização do conflito, um caminho que o Rio se arrisca a seguir, até porque o problema fluminense se divide em duas camadas: a do narcotráfico de base territorial, do Comando Vermelho e dos Amigos dos Amigos (ADA), com suas cúpulas instaladas dentro das cadeias, que está no centro dos acontecimentos dos últimos dias, e a das milícias que ajudaram a expulsar o primeiro grupo dos morros.

"As milícias por enquanto não estão sendo tocadas. Estes grupos possuem um enraizamento na polícia e na política muito maior que o das facções, que estão acuadas. Quando forem combatidas, levarão o nível de conflito a uma estrutura muito mais alta", comentou Beato, que coordena o CRISP, o núcleo de estudos de segurança pública da UFMG. Na opinião de Beato, comete-se no Rio um erro de estratégia simétrico ao do México. Naquele País, Calderón teria se equivocado ao querer atacar os cartéis e reformar o aparelho policial ao mesmo tempo. " Uma das mais célebres maneiras de não fazer nada é se propor a fazer tudo", comentou. No Rio, Cabral pecaria pelo extremo gradualismo: "UPP não substitui uma política de segurança. E neste sentido o governo do Rio não toma iniciativas. É apenas reativo. Há outras maneiras de agir além de botar tanques nos morros", disse.

Possivelmente um dos mais atuantes especialistas brasileiros em crime organizado internacional, o ex-secretário nacional Antidrogas Walter Maierovitch, lembra que um dos chefões sicilianos, Bernardo Provenzano, conseguiu ficar 43 foragido da Justiça sem jamais sair da Sicília. "Foi a prova mais cabal de como bandos de matriz mafiosa tinham o controle territorial e social das áreas em que atuavam", comentou. Tanto em Nápoles quanto no Rio, o crime se divide em uma miríade de facções que se articulam no momento em que são acuadas. Esta demarcação territorial, em sua opinião, aproxima o Rio do sul da Itália e o afasta do México.

Desde 1982, o País investiu na mudança de regras do sistema prisional e penal, e a desunião entre os grupos criminosos fomentou delações que culminaram na condenação de 360 mafiosos em 1987. Muitos magistrados e agentes do aparelho institucional do Estado, como Dalla Chiesa, Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, foram fuzilados ou voaram pelos ares em atentados promovidos em represália pelas quadrilhas.

O resultado final, segundo Maierovitch, é que tornou-se inviável a comunicação entre as bases criminosas dentro e fora dos presídios, além da fonte financeira ter diminuído drasticamente. "Nos últimos dez anos, as divisões especializadas da Polícia e da Justiça desfalcaram o patrimônio da máfia em 3 bilhões de euros. No Brasil apreendem-se drogas e armas sem dinheiro e todo mundo acha normal", comentou Maierovitch.

Palocci é confirmado na Casa Civil

O ESTADO DE S. PAULO, 26 de novembro de 2010

O coordenador da equipe de transição de governo aceitou o convite de Dilma Rousseff após longa conversa com o presidente Lula


O deputado Antonio Palocci Filho (PT-SP) será o novo ministro da Casa Civil. Ele foi convidado nesta quarta-feira, 24, pela presidente eleita, Dilma Rousseff, que comandou a pasta de junho de 2005 a março deste ano. Ex-ministro da Fazenda, Palocci preferia assumir um ministério de menor visibilidade, como a Secretaria Geral da Presidência, mas foi convencido por Dilma e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a aceitar a missão.

Ao assumir a Casa Civil, ministério responsável pela coordenação do governo, Palocci será definitivamente reabilitado na cena política. Fiador do rumo econômico no primeiro mandato de Lula, o então comandante da Fazenda foi abatido em março de 2006, no rastro do escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, revelado pelo Estado. No ano passado, porém, Palocci foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Dilma havia planejado desidratar totalmente a Casa Civil - alvo de sucessivas crises nos últimos anos - mas mudou de ideia. Embora mais enxuta e sem projetos vistosos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que serão transferidos para o Ministério do Planejamento, a Casa Civil continuará forte e seu titular, o capitão do time.

Entre suas várias atribuições, Palocci fará dobradinha com a Secretaria das Relações Institucionais na articulação política e cuidará da interlocução com governadores e prefeitos, além da reforma tributária.

Em conversas reservadas, Dilma já avisou que não quer saber de primeiro-ministro à sua volta. No primeiro mandato de Lula, esse carimbo pertencia a José Dirceu, que caiu na esteira da crise do mensalão, em 2005, e não queria que Palocci sentasse em sua antiga cadeira.

Secretaria geral - O novo núcleo duro do Palácio do Planalto, de perfil "lulista", também abrigará Gilberto Carvalho, atual chefe de gabinete do presidente Lula, na Secretaria-Geral da Presidência. Carvalho e Luiz Dulci, que hoje ocupa a pasta, são os únicos sobreviventes do antigo grupo de conselheiros do atual governo.

Ao menos por enquanto, a Secretaria-Geral não mudará totalmente de perfil e continuará cuidando da relação com os movimentos sociais.

Convites - Alexandre Padilha, titular da Secretaria de Relações Institucionais, deverá continuar no mesmo posto, mas Dilma ainda não bateu o martelo sobre o destino de Paulo Bernardo, hoje ministro do Planejamento.

A presidente eleita convidou Bernardo, na quarta-feira, para comandar o Ministério da Previdência Social. Disse a ele, no entanto, que pode levá-lo para o Planalto, se tiver de fazer algum arranjo de última hora no xadrez ministerial.

Já o novo chefe de gabinete de da presidente eleita será Giles Carraconde Azevedo, que cuida de sua agenda desde a época em que Dilma era secretária de Energia, Minas e Comunicação do Rio Grande do Sul.


Dilma mantém Marco Aurélio Garcia e reedita política com América do Sul
A presidente eleita Dilma Rousseff decidiu manter o assessor especial internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, no mesmo cargo que ocupa hoje.

A manutenção da Garcia na cozinha do Planalto é um forte sinal da continuidade de política de boa vizinhança do Brasil com os países vizinhos, como a Venezuela, que rendeu muitas críticas à política externa do presidente Lula. A própria Dilma, embora não tenha explicitado como pretende conduzir a política externa brasileira, já manifestou apoio ao Mercosul e foi celebrada pelo venezuelano Hugo Chávez.

Será uma reedição da dobradinha Garcia-Itamaraty, que o governo considera que deu certo na administração da política externa sob Lula.

Mas, a ajuda de Marco Aurélio à Dilma não se restringe à política externa. Garcia, que foi um dos coordenadores da campanha da petista, ajudará a presidente eleita também na relação com o PT.

Itamaraty - Para o Itamaraty, no entanto, o nome que irá suceder Celso Amorim ainda não está definido. O mais cotado é Antônio Patriota, atual secretário-geral da pasta. Apesar do desejo do atual chanceler permanecer no posto, a presidente eleita confidenciou a aliados a sua disposição de substituí-lo no cargo.

Assessores de Amorim avaliam que o chanceler não está digerindo bem a sua "aposentadoria" e estaria minando até mesmo Antônio Patriota, seu pupilo, que chegou ao segundo posto do Itamaraty pelas suas mãos.

Dilma tem uma excelente relação com Patriota, que não só a assessorou como a acompanhou em diversos tipos de eventos nos Estados Unidos.

À época em que era ministra-chefe da Casa Civil Dilma chegou a ser ciceroneada por Patriota, então embaixador em Washington, em programações culturais em Nova York, onde assistiram concertos e visitaram exposições de artes plásticas. Nas Relações Exteriores, Patriota poderia ajudar a estreitar as relações entre os dois países, já que ficou dois anos servindo em Washington.

Apesar de o governo de transição estar pensando em nomes de mulheres capazes de compor o ministério, há uma forte reação corporativa a esta possibilidade. Os que pensam desta forma acham que poderia ser o momento de nomear uma mulher para secretária-geral da pasta a fim de prepará-la para, no futuro, assumir a chancelaria. Há quem aposte que, neste momento, poderiam ser escolhidas diplomatas conceituadas e experientes como Vera Machado, atual subsecretária-geral de política do Itamaraty, que já foi embaixadora no Vaticano e na Índia. Circula também o nome de Maria Luiza Viotti, embaixadora do Brasil na missão da ONU, que representou o Brasil na votação contra as sanções da ONU ao Irã, mas que é vista como mais "instável" e teria relutado até em aceitar o posto na ONU. Outra opção é Vera Pedrosa que, apesar de já ter se aposentado, tem bom trânsito com a esquerda. Ela foi subsecretária-geral de política, assim como Patriota antes de ir para Washington.

No Palácio, já foi escolhido o novo chefe do cerimonial de Dilma. Será Renato Mosca, que já serviu no Planalto em vários governos e conhece a fundo o funcionamento do setor.

Retrocesso na saúde

O ESTADO DE S. PAULO, 26 de novembro de 2010


É surpreendente que, num país com grandes carências na área de saúde e cuja população continua a crescer - sobretudo a mais idosa, que requer mais atenção médica -, o número de leitos hospitalares esteja diminuindo. Mas foi isso que constatou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no estudo Assistência Médico-Sanitária 2009. Entre 2005 e 2009, o Brasil perdeu 11.214 leitos hospitalares, cujo número total, de 431.996 unidades, é o menor dos últimos 33 anos.

Assim, o índice de leitos por mil habitantes, que era de 2,4 há cinco anos, caiu para 2,3, menor do que o estabelecido pelo Ministério da Saúde, de 2,5 a 3 leitos por mil habitantes, e bem inferior à média de 3,8 registrada em 2007 na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada pelos países mais desenvolvidos do mundo.

Preocupantes para a população, esses números são vistos com naturalidade pelo governo. Segundo o Ministério da Saúde, a redução do número de leitos decorre de uma política "alinhada à tendência mundial de priorizar o atendimento primário, de emergência e os serviços de apoio ao diagnóstico com o objetivo central de se reduzir drasticamente as internações hospitalares".

O gerente da pesquisa do IBGE, Marco Andreazzi, concorda que, em vários países, a tendência é de redução da taxa de leitos por mil habitantes, por causa da diminuição do tempo da internação e de tecnologias mais sofisticadas que podem ser utilizadas em ambulatório. Observa ele que, no Brasil, num primeiro momento, esse processo resultou na queda do número de leitos sem que caísse também o número de internações, mas hoje a escassez de leitos está forçando a redução das internações. Ou seja, faltam vagas nos hospitais.

Para o corregedor do Conselho Federal de Medicina e integrante da Comissão Nacional Pró-SUS (Sistema Único de Saúde), José Fernando Vinagre, "não temos atenção primária de qualidade e enfrentamos problemas de falta de leitos, tanto na rede pública como na privada. Essa matemática não funciona: aumentou a população e o número de idosos e diminuiu a quantidade de leitos".

E por que, apesar da demanda crescente por serviços de saúde, a oferta de leitos cai? O exame da variação do número de leitos disponíveis na rede hospitalar pública e na rede privada sugere uma resposta. Entre 2005 e 2009, o número de vagas para internação na rede pública passou de 148.966 para 152.892, aumento de 2,6%. Na rede privada, no entanto, o número de leitos diminuiu de 294.244 para 279.104, queda de 5,1%. A redução, em termos porcentuais, foi ainda maior nos leitos dos hospitais particulares conveniados com o SUS: 9,1%. O problema se concentra nesses hospitais.

A explicação do presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Luiz Aramicy Pinto, é clara: os hospitais privados estão insatisfeitos com os repasses do SUS, que, na maior parte dos procedimentos, ficam abaixo de 50% dos custos.

"Somos empurrados para fora do sistema. A tabela de repasses do SUS está congelada. Muitos hospitais passaram a atender somente à saúde complementar", disse ele ao jornal citado.

Para o presidente da Associação Paulista de Medicina, esses números mostram "um retrocesso na saúde", que ele atribui à falta de recursos. "Há muitas instituições que estão insolventes, com dívida alta. Outras fecharam as portas".

O estudo do IBGE mostra que, como afirmou o Ministério da Saúde, é cada vez mais difundido o uso de equipamentos hospitalares de alta tecnologia. Mas mostra também que é maior a concentração desses equipamentos nos hospitais privados, sobretudo nos que atendem a planos particulares. No ano passado, havia equipamentos de ressonância magnética na proporção de 6,3 aparelhos por 1 milhão de habitantes, índice comparável aos da França (5,7) e do Canadá (6,7). Na rede pública, o índice cai para 1,9 aparelho por 1 milhão de habitantes. O problema, para quem depende do SUS, não é apenas da redução do número de leitos; é também da má qualidade do atendimento.

Paraná atinge terceiro lugar do país em produção de leite

BEM PARANÁ, 26 de novembro de 2010

Paraná vinha disputando com Goiás o terceiro lugar no ranking da produção de leite. Agora o estado fica atrás apenas de Minas Gerais e Rio Grande do Sul


O Paraná avançou do quarto para o terceiro lugar no ranking da produção de leite do Brasil, revelou a pesquisa pecuária municipal de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta sexta-feira (26). Segundo a pesquisa, o município de Castro na região dos Campos Gerais foi o campeão de produção de leite no País, com um volume de 166 milhões de litros em 2009.

De acordo com a pesquisa do IBGE, no ano passado a produção de leite no estado alcançou um volume de 3,3 bilhões de litros, um crescimento de 18% em relação à produção de 2008 que registrou volume de 2,8 bilhões de litros. Dos 20 municípios brasileiros que mais produzem leite no País, três estão no Paraná. Além de Castro, a pesquisa citou ainda os municípios de Toledo com uma produção de 106,5 milhões de litros de leite; o município de Marechal Cândido Rondon com uma produção de 87,5 milhões de litros e o município de Carambeí, também nos Campos Gerais, com uma produção de 83,9 milhões de litros.

Conforme a pesquisa do IBGE, o Brasil produziu 29,11 bilhões de litros de leite no ano passado. Desse total, o estado de Minas Gerais foi o primeiro colocado com uma produção de 7,9 bilhões de litros, em segundo lugar o estado do Rio Grande do Sul com 3,4 bilhões de litros. O Paraná vinha disputando com Goiás melhor colocação no ranking da produção de leite, que ficou na quarta colocação com uma produção de 3 bilhões de litros.

Segundo o médico veterinário do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento Fábio Mezzadri, todos os municípios citados pela pesquisa do IBGE como maiores produtores paranaenses de leite são conhecidas como áreas de produção de alta tecnologia, de investimentos em genética animal que resulta em produtos de maior qualidade e predomina o sistema intensivo de produção, que é o confinamento.

O aumento de 500 milhões de litros de leite na produção paranaense de 2008 para 2009 deve-se à melhora nos preços pagos ao produtor, atribuiu Mezzadri. De acordo com o técnico o produtor passou a investir mais no sistema de produção e em genética animal quando foi melhor remunerado.

O lixo, afinal, no rumo certo

O ESTADO DE S. PAULO, Washington Novaes, 26 de novembro de 2010


Anuncia-se decreto com base no qual, cumprindo uma lei de 2002, a Prefeitura de São Paulo afinal vai cassar os alvarás de bares, restaurantes, lojas e outros estabelecimentos que deixarem de contratar empresas privadas para recolher seu lixo, se produzirem mais de 200 quilos (equivalentes a três sacos) por dia. Não há outra solução para as 4.147 empresas cadastradas como "grandes geradoras", diz a Prefeitura, embora já haja mais de 5 mil com cadastro vencido e se estime que o total de grandes geradoras seja de mais de 100 mil (entre 1 milhão de empresas). Também órgãos públicos (com exceção de escolas) terão de se enquadrar. A decisão tem forte apoio das empresas que hoje coletam todo o lixo, já que, por receberem valores fixos (e não por tonelada), terão seu trabalho reduzido. E a Prefeitura acaba de prorrogar por um ano o contrato de varrição com cinco empresas, por R$ 437 milhões.

Também não há outra solução para a área de resíduos a não ser cobrar de quem os gera os custos de coleta e destinação. É assim em todos os lugares do mundo onde melhores soluções foram encontradas. São Paulo chegou a ensaiar um projeto nessa direção há alguns anos, criando uma taxa na administração Marta Suplicy - que acabou voltando atrás e dizendo que fora um grave erro político. Por essa e outras, a cidade continua sem solução para as 17 mil toneladas diárias de lixo que gera, com seus aterros esgotados e passando por usinas de triagem apenas 5% do lixo total, que tem algum aproveitamento. Mas a cidade, segundo a Sabesp, chega a despejar 400 toneladas de lixo por dia na Represa Billings.

Na verdade, é uma situação comum na maior parte das grandes cidades brasileiras, todas com seus aterros esgotados, sem novas soluções, pagando fortunas para transportar e depositar seu lixo a grandes distâncias. É assim em Belo Horizonte, em Curitiba, no Rio, no Recife (que paga R$ 1,2 milhão por mês por 1.700 toneladas diárias). Brasília não tem solução para o seu lixo, que em grande parte continua a ser depositado num lixão. Em Goiás, esgotou-se o prazo dado pelo Ministério Público para que 132 de seus 246 municípios apresentassem alternativas para os lixões onde depõem os seus resíduos.

Em São Paulo, restaurantes, bares e outros estabelecimentos comerciais já anunciam que vão cobrar de seus clientes os custos da contratação de empresas transportadoras do lixo. É justo que seja assim: o ônus, o custo, deve caber a quem o gera; não deve ser transferido para toda a sociedade, indiscriminadamente, em impostos ou taxas genéricos. E em quase todo o mundo o princípio é esse. Um dos países onde o sistema deu mais certo - inclusive porque vai até mais além - é a Alemanha, que criou o sistema Green Dot (Ponto Verde). Ele estabelece que os custos com os resíduos cabem a quem os gera, desde a indústria até o gerador domiciliar. Com base nele, implantou-se no país um sistema de coleta dupla: o poder público recolhe nas residências e nos estabelecimentos comerciais o chamado lixo orgânico e dá-lhe destinação (compostagem ou incineração); o gerador domiciliar ou comercial de lixo paga uma taxa proporcional ao volume da lata ou contêiner que utilize (10 litros, 20 litros, etc.). O chamado lixo seco (papel, papelão, latas, vidros, etc.) é separado à parte e recolhido pelo sistema Green Dot, que também lhe dá destinação (reutilização, reciclagem ou incineração). Grandes volumes exigem coletas especiais, pagas separadamente das taxas.

Com a introdução desse sistema, os produtores industriais daquilo que se pode transformar em lixo tiveram interesse em reduzir suas dimensões, seu peso e número - já que pagam ao Green Dot proporcionalmente. E com isso o volume de lixo seco na Alemanha se havia reduzido em 15% em oito anos, quando o autor destas linhas lá esteve documentando o sistema para uma série na TV brasileira. Não é pouco.

Em todos os países da Escandinávia vigoram sistemas semelhantes, sempre com o mesmo princípio: os custos da coleta e destinação cabem a quem os gera. Em alguns deles, entretanto, as regras são mais fortes, chegam a proibir a utilização de determinados materiais, para evitar o aumento do lixo. Mas as pressões industriais são sempre muito fortes, há avanços e recuos.

Onde as regras são mais consolidadas e avançadas, como na Suécia, há sistemas sofisticados de reciclagem até de veículos. Ali, o comprador de um veículo novo paga, nesse momento, uma taxa de reciclagem, pela qual recebe um certificado - que passa adiante no momento em que se desfaz do veículo. A taxa vai de mão em mão até o último proprietário, que julga não ter o veículo mais condições. Leva-o, então, a uma empresa de reciclagem autorizada e dela recebe o valor da taxa que acompanhou o veículo. A empresa recicladora, primeiro, recolhe todos os fluidos do veículo, destina-os a sistemas especiais de reciclagem. Em seguida, retira tudo o que ainda pode ser utilizado - vidros, pneus e outros materiais -, que revende, dando certificados de garantia.

A carcaça restante é recolhida por outra empresa, que a submete a prensagem e encaminha a uma terceira, que a pica e destina os materiais resultantes a siderúrgicas (para serem queimados em altos fornos) ou à substituição de brita, quando é o caso. A Suécia espera que no final desta década já esteja reciclando 100% dos veículos.

Soluções existem. Mas em quase todos os lugares no Brasil os administradores públicos fogem delas, por temerem a impopularidade com a cobrança de taxas específicas. Pensam eles que, diluído o custo por todos os contribuintes, sem identificá-lo, não haverá protesto. Mas é muito injusto. Favorece quem já pode mais e gera mais lixo - e ainda vai pagar menos impostos. Dificulta o controle das contas. E estimula a geração de mais resíduos, que não terão onde ser dispostos. Estimula a degradação urbana.

IBGE: 30% dos domicílios têm restrição alimentar

GAZETA DO POVO, 26 de novembro de 2010

Segundo o levantamento, em 2009, 65,6 milhões de pessoas residentes em 17,7 milhões de domicílios apresentavam alguma restrição alimentar ou, pelo menos, alguma preocupação


O número de domicílios brasileiros que se encontravam em "algum grau de insegurança alimentar" caiu de 34,9%, em 2004, para 30 2%, no ano passado, de acordo com pesquisa divulgada nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, em 2009, 65,6 milhões de pessoas residentes em 17,7 milhões de domicílios "apresentavam alguma restrição alimentar ou, pelo menos, alguma preocupação com a possibilidade de ocorrer restrição devido à falta de recursos para adquirir alimentos".

O estudo suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009 sobre segurança alimentar revela também que 69,8% dos 58,6 milhões de domicílios particulares no Brasil estavam em situação de segurança alimentar no ano passado, totalizando 40,9 milhões de residências com 126,2 milhões de pessoas. O total de pessoas em segurança alimentar equivale a 65,8% dos moradores em domicílios particulares do país.

A pesquisa constatou, segundo o documento de divulgação do IBGE, que a insegurança de alimentos era mais significativa nas regiões Norte (40,3% dos domicílios) e Nordeste (46,1%). Além disso, a insegurança alimentar era, em todo o País, maior em domicílios com rendimento mensal domiciliar per capita inferior a meio salário mínimo por pessoa, naqueles onde residiam menores de 18 anos, entre os pretos e pardos (denominação utilizada pelo instituto) e para aqueles com menos de um ano de estudo.

O levantamento foi realizado em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A pesquisa, segundo explicam os técnicos do IBGE no documento, utiliza a classificação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e considera domicílios em condição de segurança alimentar "aqueles onde os moradores tiveram acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequadas e sequer se sentiam na iminência de sofrer qualquer restrição no futuro próximo".

Nos domicílios com insegurança alimentar leve "foi detectada alguma preocupação com a quantidade de alimentos no futuro e nos quais há comprometimento com a qualidade dos alimentos". A insegurança alimentar moderada se caracteriza quando os moradores conviveram, no período de referência, com a restrição quantitativa de alimento. Já nos domicílios com insegurança alimentar grave, além dos membros adultos, as crianças, quando havia, também passaram pela privação de alimentos, podendo chegar à sua expressão mais grave, a fome.

A proporção de domicílios com insegurança alimentar leve foi estimada em 18,7%, ou 11 milhões, onde viviam 40,1 milhões de pessoas (20,9% da população em 2009). A proporção de domicílios com insegurança alimentar moderada foi de 6,5%, o equivalente a 3,8 milhões, onde moravam 14,3 milhões de pessoas (7,4% do total). Do total de domicílios, 5% (2,9 milhões) foram classificados como insegurança alimentar grave, situação que atingia 11,2 milhões de pessoas (5,8% dos moradores de domicílios particulares).

Em 2004, as proporções de domicílios onde havia insegurança alimentar leve, moderada e grave eram, respectivamente, 18%, 9,9% e 7%. "Isso mostra um crescimento do porcentual de insegurança leve e redução dos percentuais dos graus moderado e grave", observam os técnicos no documento.

Seis supervisores da Guarda Municipal Londrina são exonerados

JORNAL DE LONDRINA, 26 de novembro de 2010

Os ex-sargentos estavam trabalhando há 30 dias e o prefeito Barbosa Neto diz que não sabia


A notícia de que seis ex-sargentos da Polícia Militar (PM) estavam contratados em cargos comissionados na pasta de Defesa Social para atuar no comando da Guarda Municipal surpreendeu o prefeito Barbosa Neto (PDT), que determinou, na tarde desta sexta-feira(26), a exoneração deles. Os ex-sargentos estavam trabalhando há 30 dias e recebiam um salário de R$ 2,9 mil cada.

"Não sei de tudo o que acontece na Guarda. Sempre confio na equipe e no que me dizem os secretários", afirmou o prefeito nesta tarde, em coletiva à imprensa, após anunciar a demissão dos seis PMs da reserva dos cargos comissionados na secretaria de Defesa Social. "Fiquei surpreso e espero que essa seja a primeira e última vez”, comentou Barbosa na coletiva, após abrir a entrevista com um clássico "só sei que nada sei".

Segundo Barbosa, as contratações ferem a meta imposta de governar com apenas 50 cargos de confiança. "As contratações não se alinham à política administrativa da Prefeitura", reforçou Marco Cito, secretário de Gestão Pública. Cito afirmou que a exoneração dos PMs não gera ônus para a administração. A partir de agora, os supervisores serão escolhidos entre o próprio efetivo da Guarda Municipal - sem adicional.


CEI será instalada nesta sexta-feira
A Comissão Especial de Inquérito (CEI) instalada pela Câmara Muncipal de Londrina para investigar denúncias de irregularidades no curso de treinamento da Guarda Municipal deve iniciar os trabalhos na sexta-feira (26). Na tarde desta quinta, os relatores decidiram os cargos de cada vereador na comissão. Jairo Tamura (PSB), vai presidir a CEI, enquanto Lenir de Assis (PT) será a relatora e Tito Valle (PMDB), ex-líder do prefeito na Câmara, ficou como membro.

Segundo Tamura, a definição sobre os cargos foi feita num “consenso entre os 11 vereadores que votaram a favor da abertura da comissão”. Valle, que votou contra, argumentou com “o direito democrático das minorias” para assumir pelo menos a relatoria, mas foi derrotado.

A abertura da CEI foi votada e aprovada pelos vereadores na última terça-feira (23).


Treinamento da Guarda Municipal de Londrina:
Entenda o caso
Outubro: o vereador afastado Joel Garcia (sem partido) apresentou um pedido para a Câmara de Vereadores de abertura de uma CEI para investigar supostas irregularidades no treinamento da Guarda.

Dia 20 de outubro: o Ministério Público de Londrina abriu um procedimento para investigar as irregularidades depois de receber uma representação anônima.

Dia 22 de novembro: ao divulgar o resultado de uma auditoria sobre o contrato com a Delmondes & Dias, o prefeito Barbosa Neto exonerou o secretário de Defesa Social, Benjamin Zanlorenci, alegando o pagamento indevido de R$ 39 mil. Valor referente a aula de tiro que não foi ministrada.

Dia 23 de novembro: a Câmara de Vereadores de Londrina aprova a abertura de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para investigar o prefeito Barbosa Neto e o treinamento da Guarda.

Dia 24 de novembro: o gestor da Delmondes, Dênis Medeiros, afirmou ao JL que recebeu R$ 303 mil, no qual estariam os R$ 39 mil das aulas de tiro. No entanto, ele argumentou que houve o aumento de uma turma de formação e esse valor é referente apenas as aulas ministradas sem o treinamento de tiro. Ele informou que as aulas seriam pagas com um aditivo no contrato, contudo o documento não foi assinado.


Concessionárias querem reajuste médio de 5% nas tarifas de pedágio

GAZETA DO POVO, 26 de novembro de 2010

O governo do estado negou o pedido de aumento. Empresas vão entrar na Justiça para conseguir o reajuste. Veja no mapa a localização das praças de pedágio instaladas no Paraná


A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) informou, nesta sexta-feira (26), que as tarifas de pedágio das seis empresas que formam o Anel de Integração do Paraná devem subir em média 5% este ano. Na quinta-feira (25) o governo estadual negou o pedido de reajuste feito pelas concessionárias. As empresas vão recorrer a Justiça para aplicar o aumento.

O secretário dos Transportes, Mario Stamm Junior, afirmou na quinta-feira que a decisão de não homologar o reajuste foi tomada após o governo ter buscado o diálogo com as concessionárias e não ter obtido respostas com relação à necessidade de retificação de trechos, duplicações e implantação de outras obras como contornos e cruzamentos mais seguros.

O diretor da ABCR-PR/SC, João Chiminazzo Neto, afirmou, no entanto, que as concessionárias não impuseram qualquer condição para uma renegociação dos contratos. “Em momento algum fizemos qualquer imposição ao governo. Nosso contrato nem permite essa possibilidade”, disse.

Contrato - Previsto no Contrato de Concessões firmado entre empresas e governo, o reajuste é encaminhado ao DER apenas para a verificação do emprego de índices em uma fórmula matemática criada pelo órgão. A aplicação da reposição, na teoria, seria automática. O DER, contudo, não autoriza o reajuste desde 2003, quando Roberto Requião assumiu o governo. Na prática, as concessionárias garantem o reajuste integralmente na Justiça.

As seis concessionárias - Econorte, Viapar, Ecocataratas, Caminhos do Paraná, Rodonorte e Ecovia – são responsáveis pela administração de 2,5 mil quilômetros de rodovias no estado desde 1998. O dia 1.º de dezembro é a data definida para o reajuste anual da tarifa.

Se o aumento for aplicado integralmente, a tarifa de pedágio na praça da Ecovia, na BR-277, entre Curitiba e o litoral, passará de R$ 12,70 para R$ 13,33 para veículos de passeio. No ano passado, as tarifas foram reajustadas em até 2,56%.

Comissão - Junto com a negativa de homologação do reajuste, o governo estadual anunciou na quinta-feira a decisão de reinstalar uma co­­missão tripartite formada pelo governo, concessionárias e usuários, com o intuito de fiscalizar as vias pedagiadas. A comissão deverá ser montada neste ano, mas não deve ser formada a tempo de resolver o impasse referente ao reajuste em discussão no momento.

Outras concessionárias - O reajuste não vale para as concessionárias Autopista Régis Bittencourt (que administra o trecho da BR-116 entre o PR e SP), Autopista Litoral Sul (trecho das BRs 376 e 101 entre PR e SC) e Autopista Planalto Sul (trecho da BR-116 entre PR e SC). Estas concessões foram feitas pelo governo federal em 2007 e as empresas começaram a operar em 2008. O contrato entre a União e as concessionárias prevê reajuste anual no mês de fevereiro.


Cálculo
O contrato de concessão prevê, em sua Cláusula XIX, que o valor da tarifa seja reajustado anualmente, com base nos índices de correção calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV): Índice de Terraplanagem para Obras Rodoviárias; Índice de Pavimentação para Obras Rodoviárias; Índice de Obras-de-Arte Especiais para Obras Rodoviárias; Índice Nacional do Custo da Construção; Índice de Serviços de Consultoria para Obras Rodoviárias; Índice Geral de Preços de Mercado – IGPM.

Maringá inclui educação para o trânsito na grade de ensino

GAZETA MARINGÁ, 26 de novembro de 2010

Professores serão treinados no primeiro semestre e as aulas de educação para o trânsito começam a ser aplicadas em sala de aula a partir de agosto de 2011


A rede municipal de ensino vai oferecer a disciplina de educação para o trânsito a partir de 2011. Alunos de 1ª a 4ª série do ensino fundamental vão aprender desde cedo as regras de sinalização previstas do Código Brasileiro de Trânsito (CBT). A iniciativa é uma ideia conjunta entre a Secretaria de Transportes e a Secretaria Municipal de Educação, e faz parte da campanha de conscientização para diminuir a violência em acidentes.

A preocupação tem motivo claro. Em 2010, já morreram 91 pessoas em acidentes de trânsito de perímetro urbano na cidade, maior marca da série histórica iniciada em 2000 pela Setran.

Segundo a secretária de educação, Márcia Socreppa, no primeiro semestre os professores da rede serão treinados por uma empresa especializada que dará cursos sobre o tema. A partir de agosto a nova disciplina passa a ser aplicada. “A intenção é conscientizar já na escola. Isso gera uma discussão com a família. O aluno passa a alertar o pai que está no volante. Tudo começa na educação”, destacou a secretária.