quarta-feira, 1 de junho de 2011

Justiça aceita ação do Ministério Público contra as diárias na Câmara de Cornélio Procópio

INSTITUTO AME CIDADE, 1 de junho de 2011


A Justiça aceitou a ação do Ministério Público Estadual em relação às diárias da Câmara Municipal de Cornélio Procópio. O documento foi protocolado na Vara Cível de Cornélio Procópio que dará prosseguimento ao caso, com a devida responsabilização dos autores dos danos ao patrimônio público.

A apuração das diárias de viagens feitas por vereadores procopenses com gastos pagos pela Câmara vem desde 2009, quando o Instituto Ame Cidade entrou com uma representação junto ao Ministério Público da Comarca de Cornélio Procópio, informando sobre a existência de indício de irregularidades com diárias de alguns vereadores.

A ação do Ministério Público foi desencadeada por esta representação do Instituto Ame Cidade que pedia uma investigação sobre suspeitas de irregularidades nas diárias. Porém, na seqüência das investigações o MP descobriu que o pagamento dessas diárias sequer havia sido regulamentado, o que torna ilegal todas as diárias pagas pela Câmara até agora.

O Instituto Ame Cidade ainda não teve o acesso à ação do Ministério Público, que estaremos divulgando assim que tomarmos conhecimento de todo seu conteúdo.

O que se sabe é que não foi feita pela Câmara a regulamentação da Lei, o que torna irregulares todas as diárias pagas até agora, mesmo as usadas pelos funcionários da Casa. Mas é evidente que não deve pesar sobre os funcionários qualquer condenação por terem utilizado diárias em razão de trabalho cotidiano. Estas diárias entram no processo como uma condição meramente formal.

Entre todos os políticos integrantes da Casa, a única que não está relacionada na ação do MP é a vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB). A vereadora Aurora nunca recebeu diária da Câmara, pois é contra a existência desse tipo de pagamento aos vereadores.

A responsabilidade direta cabe aos vereadores e aos presidentes de duas legislaturas da Câmara, responsáveis por não ter sido feita a regulamentação, o que pode ter ocorrido pela afoiteza em ter de imediato o acesso ao pagamento de diárias de viagens. Mas, com certeza foi um erro crasso de técnica jurídica.

A representação que deu início ao trabalho do MP trazia de início as divergências entre datas de viagens de vereadores com suas presenças em sessões da Câmara. O Instituto Ame Cidade não pôde aprofundar a análise do assunto porque teve fechado o acesso a qualquer documento público da Câmara.

O controle da Câmara de Cornélio Procópio, que tem nove integrantes, hoje é de sete vereadores que obedecem ao comando do prefeito. Só os vereadores Emerson Carazzai Fonseca (PRB) e a vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB) estão fora desse jogo de submissão do Legislativo ao Executivo.

Em paralelo, houve todo um trabalho de pressão sobre o Instituto Ame Cidade e também sobre a única parlamentar que levantou na Câmara o assunto das diárias, a vereadora Aurora. Na pressão entrou até o Partido Progressista, que tem o prefeito Amin Hannouche como seu chefe regional.

O PP entrou com ação na Câmara pedindo a cassação de Aurora. Outro fato político inusitado foi que a Câmara Municipal entrou com uma queixa-crime contra o Instituto Ame Cidade. Em relação à Aurora, os vereadores ligados ao prefeito aceitaram e deram prosseguimento à ação do partido, mas tiveram que voltar atrás depois que os procopenses se revoltaram com a farsa. Quanto à absurda queixa-crime feita pela Câmara contra o Instituto Ame Cidade, a presidência da Casa tentou vários recursos jurídicos, mas perdeu todos, inclusive na capital do estado.

Para buscar evitar o esclarecimento sobre o pagamento das diárias foram tentadas manipulações até mesmo contra o trabalho do Ministério Público.

Na análise que foi possível fazer na relação parcial de documentos cedidos pela Câmara, foram encontradas incompatibilidades entre viagens feitas em dias em que os vereadores que assinavam as notas de despesas pagas estavam em Cornélio Procópio em sessão oficial da Câmara. Essas divergências entre datas, que seria aceitável apenas se o vereador pudesse estar em dois lugares ao mesmo tempo, surgiram em diárias pagas aos vereadores Sebastião Angelino Ramos (PTB), Edimar Gomes Filho (PPS) Vanildo Felipe Sotero (PR), este último vereador é hoje o presidente da Câmara.

Os três vereadores são da bancada do prefeito Amin Hannouche, que exerce um domínio com mão-de-ferro sobre a Câmara. Vanildo Felipe Sotero, o atual presidente da Casa, é também do partido do prefeito, o PP, conhecido nacionalmente pelo envolvimento em escândalos de corrupção e que tem à frente o deputado Paulo Maluf. Maluf hoje está impedido de viajar ao exterior, pois tem a prisão pedida pela Interpol.

Para entender todo o desenvolvimento do caso das diárias, ou a “Farra das Diárias” como o caso ficou conhecido na voz popular, veja um resumo abaixo com o material publicado neste blog do Instituto Ame Cidade. A documentação do caso pode ser acessada aqui.




Instituto Ame Cidade denuncia ao Ministério Público suspeita de irregularidades no pagamento de diárias para vereadores de Cornélio Procópio

Viagens de vereadores de Cornélio Procópio pagas com o dinheiro do contribuinte são excessivas e fora de propósito

Diárias de vereadores causam revolta. Pedidos de viagem eram para reuniões na Assembleia com o deputado Romanelli

No caso das diárias, Câmara Municipal de Cornélio Procópio aceita processo contra vereadora que zela por transparência

Ataques à ética e a transparência vindos de cima e de baixo

Sobre democracia e o respeito à participação da sociedade civil

Além de punir vereadora que pediu transparência, querem aplicar mordaça em ouvintes de rádio

Convenção da ONU contra a corrupção dá razão ao Instituto Ame Cidade e ao trabalho parlamentar da vereadora Aurora

Vereadora que pediu transparência recebe advertência da Câmara Municipal de Cornélio Procópio

Dia mundial de combate à corrupção vem lembrar que na Câmara Municipal de Cornélio Procópio ética é uma palavra que ofende

Ontem, hoje e sempre na defesa da cidadania

Caso das diárias e ameaça à vereadora que pediu transparência são marcas da Câmara Municipal de Cornélio Procópio em 2009



Senadores paranaenses tomam posição no caso Palocci: Álvaro Dias e Requião exigem esclarecimentos, Gleisi Hoffmann trabalha para blindar o ministro

INSTITUTO AME CIDADE, 1 de junho de 2011


Na primeira grande crise do governo de Dilma Rousseff os senadores do Paraná tomaram posição. Álvaro Dias (PSDB) e Roberto Requião (PMDB) querem que o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, explique seu impressionante enriquecimento. Já a senadora Gleisi Hoffmann se pôs à frente de uma tropa de choque política para blindar o ministro e ajudá-lo a se safar da crise sem dar satisfações aos brasileiros.

Palocci ganhou 20 milhões de reais nos últimos quatro anos, sendo metade desta fortuna em apenas dois meses e exatamente no período entre a eleição e a posse de Dilma, governo em que durante a campanha já estava claro que ele seria muito poderoso. Além disso, nesse período Palocci fazia parte da equipe de transição de Dilma e tinha poder para acessar dados reservados e planos de investimentos do governo federal.

Entre 2006 e 2010, quando foi deputado federal eleito pelo PT de São Paulo, ele ampliou em 20 vezes seu patrimônio. O jornal Folha de S.Paulo descobriu que o ministro petista comprou um apartamento e um escritório em São paulo no valor de mais de 7 milhões de reais pagos em apenas duas parcelas.

Outra revelação sobre a forma que Palocci juntou tamanha fortuna foi que ele também recebeu R$ 1 milhão para assessorar um processo de fusão de empresas que necessita de aval de órgãos do governo.

O ministro é do apartamento caríssimo descoberto pela Folha, mas na capital paulista mora em outro lugar. A revista Veja desta semana informa que o apartamento onde ele se hospeda fica próximo ao Parque do Ibirapuera e tem 640 metros quadrados e quatro suítes, com valor de mercado de R$ 4 milhões. Procurada pela revista, a assessoria do ministro informou que ele paga aluguel. Como a locação alcança R$ 15 mil mensais e o condomínio e o IPTU somam outros R$ 6,9 mil mensais, a despesa total do ministro com seu apartamento de São Paulo seria de R$ 21,9 mil ao mês. Isso equivale a 83% do salário do ministro.

Palocci está envolvido até em repasses de muito dinheiro para uma Fundação em Ribeirão Preto, cidade onde tem sua base eleitoral. A Fundação tem como vice-presidente uma cunhada do ministro, mulher de seu irmão. Entre 2008 e 2010 a Fundação, que tem a cunhada à frente, recebeu do governo federal R$ 1 milhão.

Do total repassado, R$ 550 mil vieram de convênios cujos recursos foram garantidos por meio de duas emendas apresentadas pelo então deputado federal Antônio Palocci (PT-SP) em 2008 e 2009.

Para os paranaenses, neste escândalo que abalou o governo Dilma e revoltou a população a imagem que deve ficar da senadora Gleisi Hoffmann é a da participação no esquema para blindar Palocci, numa ação contra a transparência e a ética. A senadora petista acredita que a população não merece explicação alguma do ministro que faturou milhões de maneira assombrosa em poucos anos.

Na semana passada os senadores do PT se juntaram ao ex-presidente Lula em um almoço na casa da senadora paranaense e seu marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Gleisi e Bernardo fizeram carreira em Londrina, inclusive com cargos importantes no governo de Nedson Micheleti, mas depois mudaram seus domicílios eleitorais para Curitiba.

Com certeza a comilança saiu cara. O buffet contratado para o almoço é o Renata La Porta, o mesmo que fez o banquete do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama

Na saída da reunião liderada por Lula para livrar o ministro de ter de dar qualquer explicação, os senadores e o ex-presidente posaram uma foto histórica desta crise. O objetivo do jantar foi a discussão de meios de proteger o sigilo dos formidáveis ganhos em dinheiro obtidos por Palocci em tão pouco tempo. Apesar da gravidade do caso, na foto todos riem bastante. Espera-se que não seja do contribuinte brasileiro.

Na saída do almoço da articulação para a blindagem de Palocci, Gleisi deu também uma opinião sobre a situação do ministro: “O Palocci está firme no governo”. Os acontecimentos indicam que errou inclusive nisso.

Alvaro propõe CPI, Requião assina, e Gleisi Hoffmann se enfileira na tropa de choque do PT contra a transparência


A Agência Senado distribuiu a foto feita ontem do momento em que o senador Roberto Requião (PMDB) assinava o requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado para investigar as denúncias de irregularidades no fantástico enriquecimento do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. O senador Alvaro Dias foi quem levou o requerimento da CPI para o colega do Paraná assinar.

Dessa forma, os dois senadores paranaenses se posicionam pela transparência no caso Palocci. Já a senadora Gleisi Hoffmann está em outra foto (veja e leia acima), batalhando na organização da tropa de choque criada pelos senadores petistas para blindar o ministro Palocci para que ele não precise dar explicações aos brasileiros sobre seu impressionante enriquecimento em pouquíssimo tempo.