quarta-feira, 22 de junho de 2011

Câmara de Vereadores cassa o mandato do prefeito de Uraí

INSTITUTO AME CIDADE, 23 de junho de 2011


O prefeito de Uraí, Sussumo Itimura (PSDB), teve o mandato cassado pela Câmara de Vereadores, em uma sessão que durou 20 horas com o acompanhamento de vários moradores da cidade. A sessão da Câmara terminou na madrugada desta quarta-feira. Itimura perdeu o cargo por 6 a 2. Na foto ao lado, Itimura posa com dois aliados políticos muito próximos: o prefeito procopense Amin Hannouche (PP) e o deputado federal Alex Canziani (PTB).

Itimura era considerado o prefeito mais velho do Brasil e havia sido reeleito em 2010. Este já era seu quinto mandato como prefeito de Uraí, uma das cidades mais pobres do Paraná. O político cassado nasceu em 1918 no Japão e chegou ao Brasil com dois anos de idade. Hoje Itimura é um dos homens mais ricos do Brasil. Na última eleição, na sua declaração de renda obrigatória constava um patrimônio de mais de R$ 50 milhões.

Com a cassação, assume o cargo o vice-prefeito Almir Fernandes Oliveira (PPS).

O prefeito cassado era acusado de ter pago R$ 44 mil para uma empresa que nunca prestou serviços para a prefeitura. Ele foi acusado do uso de notas frias pela Comissão Especial de Inquérito (CEI que resultou na cassação.

A investigação na Câmara começou depois de uma ação civil pública do Ministério Público que investigou o uso de notas frias para o pagamento de serviços que nunca foram prestados à prefeitura. Na ação apresentada em 2010 pelo MP foi recomendada a cassação do prefeito por improbidade administrativa.

Itimura é um político ligado ao mesmo grupo regional que dá apoio ao prefeito de Cornélio Procópio, Amin Hannouche. Dele fazem parte o deputado federal petebista Canziani e o deputado estadual e atual secretário do Trabalho, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), que atuam de forma combinada junto às prefeituras da região usando emendas orçamentárias federais e recursos estaduais para se fortalecerem eleitoralmente. Ao lado, veja o então deputado Romanelli (de boné e logo atrás do prefeito cassado) durante uma festa política em Uraí.

Por coincidência, o prefeito procopense Hannouche também responde a uma ação civil pública do Ministério Público do Paraná por improbidade administrativa em razão da contratação sem licitação de uma empresa. O MP pede na ação inclusive o ressarcimento do município de Cornélio Procópio por dano moral.

Na prefeitura de Cornélio Procópio também existe a suspeita do uso de notas frias. Numa investigação que começou na gestão passada, a vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB) descobriu até notas com números de série idênticos em pagamentos de publicidade feitos a uma empresa privada de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba.

Mas em Cornélio Procópio a Câmara de Vereadores é dominada com mão de ferro pelo prefeito Hannouche, líder regional do Partido Progressista, o PP liderado nacionalmente pelo deputado Paulo Maluf, de notória fama política. Toda a bancada do prefeito também responde a uma ação do MP por improbidade administrativa. Seis vereadores e um suplente são acusados do uso irregular de diárias de viagem pagas pela Câmara.

Na relação política regional estabelecida entre o cassado Itimura, os deputados Canziani e Romanelli e o prefeito procopense Hannouche, Cornélio Procópio teve até uma perda recente de um excelente investimento que estava praticamente acertado para ser feito na cidade.

O município iria receber uma fábrica de sucos da Indústria de Sucos Integradas, no valor de cerca de R$ 40 milhões. No que pareceu ser um acerto político entre Itimura, Canziani, Romanelli e o prefeito Hannouche, Cornélio Procópio perdeu a fábrica para Uraí.

Na ocasião da perda deste grande investimento, houve um descontentamento entre os procopenses, que sofrem com a falta de empregos e com as dificuldades de uma cidade que já vive com o orçamento municipal bastante apertado.

No dia do lançamento da pedra fundamental em Uraí da fábrica perdida por Cornélio Procópio aconteceu até uma situação das mais inusitadas. A festa foi em abril de 2009 e lá estava o prefeito Amin Hannouche, numa felicidade difícil de entender, já que sua cidade perdera um investimento industrial altíssimo. Veja na imagem o estranho entusiasmo de Hannouche (à esquerda na foto), na festa comemorativa de Uraí pelo recebimento da fábrica que deixou de ir para Cornélio Procópio. O prefeito cassado Itimura é o último à direita.

As fotos são desse glorioso dia e nelas dá para ver os deputados Canziani e Romanelli, além do prefeito cassado Itimura. Uma figura que se destaca é o prefeito Hannouche, com o boné da festa de lançamento na cabeça e numa alegria esfuziante.

Toda a população de Cornélio Procópio sabe muito bem o que sua cidade perdeu com a ida da prometida fábrica para Uraí. E pela euforia de Amin Hannouche neste dia de festa em outro município, resta saber o que ele ganhou com tamanha perda para a cidade da qual é prefeito.