O prefeito de Uraí, Sussumo Itimura (PSDB), teve o mandato cassado pela Câmara de Vereadores, em uma sessão que durou 20 horas com o acompanhamento de vários moradores da cidade. A sessão da Câmara terminou na madrugada desta quarta-feira. Itimura perdeu o cargo por 6 a 2. Na foto ao lado, Itimura posa com dois aliados políticos muito próximos: o prefeito procopense Amin Hannouche (PP) e o deputado federal Alex Canziani (PTB).
Itimura era considerado o prefeito mais velho do Brasil e havia sido reeleito em 2010. Este já era seu quinto mandato como prefeito de Uraí, uma das cidades mais pobres do Paraná. O político cassado nasceu em 1918 no Japão e chegou ao Brasil com dois anos de idade. Hoje Itimura é um dos homens mais ricos do Brasil. Na última eleição, na sua declaração de renda obrigatória constava um patrimônio de mais de R$ 50 milhões.
Com a cassação, assume o cargo o vice-prefeito Almir Fernandes Oliveira (PPS).
O prefeito cassado era acusado de ter pago R$ 44 mil para uma empresa que nunca prestou serviços para a prefeitura. Ele foi acusado do uso de notas frias pela Comissão Especial de Inquérito (CEI que resultou na cassação.
O prefeito cassado era acusado de ter pago R$ 44 mil para uma empresa que nunca prestou serviços para a prefeitura. Ele foi acusado do uso de notas frias pela Comissão Especial de Inquérito (CEI que resultou na cassação.
A investigação na Câmara começou depois de uma ação civil pública do Ministério Público que investigou o uso de notas frias para o pagamento de serviços que nunca foram prestados à prefeitura. Na ação apresentada em 2010 pelo MP foi recomendada a cassação do prefeito por improbidade administrativa.
Itimura é um político ligado ao mesmo grupo regional que dá apoio ao prefeito de Cornélio Procópio, Amin Hannouche. Dele fazem parte o deputado federal petebista Canziani e o deputado estadual e atual secretário do Trabalho, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), que atuam de forma combinada junto às prefeituras da região usando emendas orçamentárias federais e recursos estaduais para se fortalecerem eleitoralmente. Ao lado, veja o então deputado Romanelli (de boné e logo atrás do prefeito cassado) durante uma festa política em Uraí.
Por coincidência, o prefeito procopense Hannouche também responde a uma ação civil pública do Ministério Público do Paraná por improbidade administrativa em razão da contratação sem licitação de uma empresa. O MP pede na ação inclusive o ressarcimento do município de Cornélio Procópio por dano moral.
Na prefeitura de Cornélio Procópio também existe a suspeita do uso de notas frias. Numa investigação que começou na gestão passada, a vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB) descobriu até notas com números de série idênticos em pagamentos de publicidade feitos a uma empresa privada de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba.
Mas em Cornélio Procópio a Câmara de Vereadores é dominada com mão de ferro pelo prefeito Hannouche, líder regional do Partido Progressista, o PP liderado nacionalmente pelo deputado Paulo Maluf, de notória fama política. Toda a bancada do prefeito também responde a uma ação do MP por improbidade administrativa. Seis vereadores e um suplente são acusados do uso irregular de diárias de viagem pagas pela Câmara.
Na relação política regional estabelecida entre o cassado Itimura, os deputados Canziani e Romanelli e o prefeito procopense Hannouche, Cornélio Procópio teve até uma perda recente de um excelente investimento que estava praticamente acertado para ser feito na cidade.

Na relação política regional estabelecida entre o cassado Itimura, os deputados Canziani e Romanelli e o prefeito procopense Hannouche, Cornélio Procópio teve até uma perda recente de um excelente investimento que estava praticamente acertado para ser feito na cidade.O município iria receber uma fábrica de sucos da Indústria de Sucos Integradas, no valor de cerca de R$ 40 milhões. No que pareceu ser um acerto político entre Itimura, Canziani, Romanelli e o prefeito Hannouche, Cornélio Procópio perdeu a fábrica para Uraí.
Na ocasião da perda deste grande investimento, houve um descontentamento entre os procopenses, que sofrem com a falta de empregos e com as dificuldades de uma cidade que já vive com o orçamento municipal bastante apertado.
No dia do lançamento da pedra fundamental em Uraí da fábrica perdida por Cornélio Procópio aconteceu até uma situação das mais inusitadas. A festa foi em abril de 2009 e lá estava o prefeito Amin Hannouche, numa felicidade difícil de entender, já que sua cidade perdera um investimento industrial altíssimo. Veja na imagem o estranho entusiasmo de Hannouche (à esquerda na foto), na festa comemorativa de Uraí pelo recebimento da fábrica que deixou de ir para Cornélio Procópio. O prefeito cassado Itimura é o último à direita.
As fotos são desse glorioso dia e nelas dá para ver os deputados Canziani e Romanelli, além do prefeito cassado Itimura. Uma figura que se destaca é o prefeito Hannouche, com o boné da festa de lançamento na cabeça e numa alegria esfuziante.
Toda a população de Cornélio Procópio sabe muito bem o que sua cidade perdeu com a ida da prometida fábrica para Uraí. E pela euforia de Amin Hannouche neste dia de festa em outro município, resta saber o que ele ganhou com tamanha perda para a cidade da qual é prefeito.