segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um prefeito licenciado que não dá licença para o prefeito em exercício exercitar o poder

Está instalada na Prefeitura de Cornélio Procópio algo que pode-se chamar de esquizofrenia política e que está fazendo o procopense perguntar quem afinal é o prefeito da cidade. Como o prefeito Amin Hannouche (PP) está licenciado do cargo, pela lógica quem deveria estar atuando como prefeito, no caso um prefeito em exercício, é o vice João Carlos Lima (PT).

Mas não é o que acontece. João Carlos Lima recebeu oficialmente o cargo de prefeito, mas de fato não o exerce. Politicamente e até de forma administrativa o que se vê é Amin Hannouche passando por cima da autoridade de seu vice, o que aparenta até mesmo um desrespeito pessoal para o colega.

Amin Hannouche é quem opina e dá as ordens sobre as obras atrasadas na cidade ou qualquer outro assunto referente à administração do município. Quem abre o site da Prefeitura de Cornélio Procópio hoje pode observar a situação constrangedora criada para o prefeito em exercício João Carlos Lima.

Com uma foto imensa do prefeito licenciado e do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), o site divulga a visita de Richa a Cornélio Procópio no sábado passado. O prefeito em exercício sequer é citado na notícia oficial.

À propósito, Amin Hannouche está licenciado desde meados de outubro, quando pegou carona na comitiva de Beto Richa em viagem para o Oriente Médio. Ele voltou há alguns dias e licenciou-se novamente, mas age de forma autocrática e pouco republicana, como se não tivesse passado o cargo para o vice.

Noutra notícia recente do site, Amin Hannouche aparece ao lado de um empresário libanês que esteve na comitiva de Richa. Em notícia evidentemente feita para justificar a viagem, o prefeito licenciado diz que convenceu o empresário a trazer para Cornélio Procópio “uma fábrica de zíperes que seria instalada nas arábias (sic)”.

O empresário citado reside no Brasil e já foi presidente da Câmara Paraguaia. É bem estranho alguém precisar de uma viagem para o Oriente Médio para estabelecer negociação com um empresário que vive no Brasil. Também não aparenta normalidade uma mudança tão grande de plano empresarial, deslocando-se a preferência para Cornélio Procópio de uma fábrica antes prevista para “as arábias” (seja já o que for que eles queiram dizer com esta denominação, já que o existe é Arábia Saudita, país que inclusive não fez parte do roteiro de viagem do prefeito licenciado).

Mas entre tanta bizarrice nota-se também a ausência daquele que deveria ter por direito o poder no município, o prefeito em exercício João Carlos Lima. Novamente não há qualquer citação a seu nome. E para maior embaraço de João Carlos Lima, na foto que ilustra a notícia o prefeito aparece acompanhado apenas de dois vereadores procopenses. E do prefeito em exercício, nem sombra.

O que a cidade já pergunta é se o prefeito em exercício pelo menos está sendo informado oficialmente sobre o que se faz na prefeitura ou toma conhecimento apenas através da imprensa.

Cidade paranaense é recordista em inquéritos do Ministério Público

O trabalho do Ministério Público de Sarandi fez da prefeitura daquela cidade vizinha de Maringá uma recordista em ações na Justiça. Nos 11 meses da administração do prefeito Milton Martini (PP) o MP já instaurou 46 inquéritos, o que dá uma média de um por semana.

As ações vão de improbidade administrativa a desvio de recursos, todas correndo em segredo de justiça. Uma irregularidade que veio a público foi a da falta de controle sobre os valores pagos pelo lixo à empreiteira Pajoan.

Depois que os promotores apontaram o problema nos pagamentos, o secretário de Meio Ambiente de Sarandi, José Luiz de Almeida afirmou que a prefeitura “não tem como fazer o controle”. Ele também confirmou que a Pajoan foi contratada com dispensa de licitação.

Outra irregularidade em Sarandi refere-se à compra de materiais, que foram adquiridos na loja da esposa de Aison Carvalho, chefe de Gabinete da Prefeitura, que acabou sendo demitido do cargo.

A compra foi feita sem licitação, como o permitido por lei quando o valor é abaixo de R$ 8 mil, mas como Ailson Carvalho era servidor público em cargo de confiança, foi infringido o Artigo 78 da Lei Orgânica do Município (LOM). A lei diz que “o prefeito, o vice, os vereadores e os servidores municipais, bem como pessoas ligadas a qualquer deles por matrimônio, não poderão contratar com o município, subsistindo a proibição a até seis meses após finda as respectivas funções”.

É claro que o recorde de Sarandi nada tem extraordinário em relação ao tipo de irregularidades detectadas. É a corrupção de sempre, infelizmente presente em muitos municípios do Paraná. A surpresa positiva é a atuação regular do MP, daí o alto número de inquéritos.

Não há dúvida que se isso for feito em outros municípios, bem depressa Sarandi deixa de ser a recordista isolada em ações contra irregularidades.

Com corrupção não dá para ter tolerância

O que acontece em Sarandi, com as ações do Ministério Público, leva a uma reflexão sobre o quanto seria saudável uma atuação com rigor contra irregularidades em todos os níveis nos municípios do Brasil. Uma ação efetiva de todos os organismos da Justiça traria uma qualidade excepcional às nossas cidades.

Com a degradação moral no nível em que está, além da descoberta e punição de altas corrupções é preciso coibir toda irregularidade do dia-a-dia, mesmo as supostamente pequenas e que também supostamente atendem à lei. Estabelecer um respeito geral pela ética pode fazer muito bem à nossa vida político-administrativa.

Seria uma espécie de Tolerância Zero com irregularidades e com a corrupção, algo espelhado nas famosas medidas de tolerância zero tomadas pelo prefeito de Nova York, Rudy Giuliani na década de 90. Na época, foi estabelecido na cidade norte-americana um rigor com qualquer irregularidade, de jogar um papel no chão aos crimes mais graves, como homícidios e roubos. O que se viu foi uma queda na criminalidade em todos os níveis. E Nova York ficou melhor para se viver.

Os políticos brasileiros adoram lembrar da Tolerância Zero quando isso se refere ao crime comum. Mas quanto à ética, sempre estão arrumando uma desculpa para evitar a lei ou mesmo um respeito aos padrões básicos de moralidade.

E hoje no país a falta de ética já está pedindo uma Tolerância Zero. Taí uma proposta que poderia melhorar bastante a administração-pública no Brasil.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sobre enganações que não devem durar

Falemos mais de Abraham Lincoln, o presidente que dirigiu os Estados Unidos no período em que aquele país se definiu como Nação. Lincoln foi um estadista respeitável e deveria ser lembrado mais vezes, especialmente nestes tempos em que qualidades como as dele — inteligência, retidão de caráter, capacidade de trabalho, sobriedade, senso de democracia — andam em falta em nossa política.

Ele simboliza a política feita com objetividade e que traz resultados de qualidade, a política sem a lorota e a enganação que acabam por afastar as pessoas de bem dos assuntos públicos e atrasar a História de qualquer país.

Lincoln foi um grande criador de expressões definidoras de um caminho de qualidade para a política. O já citado "governo do povo, pelo povo e para o povo" vem de um importante discurso seu, proferido na inauguração do Cemitério Nacional de Gettysburg, em novembro de 1863, onde quatro meses antes se deu uma batalha decisiva, no combate com o maior numero de vítimas na Guerra Civil e com resultado favorável à unificação dos Estados Unidos.

É um discurso curto e tornou-se o mais famoso da história daquele país. Em menos de três minutos, Lincoln definiu a igualdade e a importância da unidade para a preservação da democracia e do bem comum.

O que Lincoln fez foi eliminar a pomposidade dos discursos políticos e investir em uma linguagem direta. Ele tem outros escritos políticos, todos de alto valor literário. E com isso transformou não só a política ocidental. Ele ocupa um papel destacado na modernização da língua inglesa, que levou a escritores como Mark Twain e Ernest Hemingway e, por influência dessa literatura no mundo, transformou também outras línguas.

Com já dissemos, Lincoln é um criador de ótimas expressões. E sobre o que vem acontecendo em Cornélio Procópio, tem uma frase dele que explica bem uma situação que com certeza não há de perdurar: "Pode-se enganar todas as pessoas durante algum tempo; pode-se até enganar algumas pessoas durante o tempo todo; mas não é possível enganar todas as pessoas durante o tempo todo".

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sobre democracia e o respeito à participação da sociedade civil

INSTITUTO AME CIDADE, 24 de novembro de 2009


Em vez de responder com seriedade sobre as questões levantadas pelo Instituto Ame Cidade em relação às diárias pagas a vereadores na Câmara Municipal de Cornélio Procópio, seu presidente, Helvécio Alves Badaró (PTB), tem seguido a linha de sempre, numa tentativa inútil de desqualificar o trabalho da organização com uma estranha argumentação, que tem se repetido nas entrevistas em que o assunto é tratado.

Badaró diz que o Instituto Ame Cidade é composto “por pessoas que perderam as eleições”. É evidente que o vereador petebista pretende com isso desviar a atenção das suspeitas de irregularidades que foram encaminhadas para o Ministério Público. Mas este estranho argumento merece umas considerações.

É de se perguntar ao vereador Badaró em que situação ele pretende enquadrar as pessoas que, pertencendo ou não a um partido, não conseguiram se eleger ou não elegeram seus candidatos nas últimas eleições. Em números eleitorais, em Cornélio Procópio foi mais de 60% do eleitorado.

O Brasil é um país democrático, onde são disputadas eleições para cargos públicos de dois em dois anos, sem falar nas disputas em instituições da sociedade civil ou organizações privadas. Como em nosso país existe liberdade de opinião, nada mais lógico que as pessoas que perdem uma eleição mantenham sua visão crítica e se coloquem numa posição de vigilância em relação aos atos públicos dos dirigentes eleitos, exigindo honestidade e transparência na condução dos negócios públicos.

Aliás, é assim que ocorre não só aqui em nosso país, pelo menos depois do final da Ditadura Militar em 1985, mas em qualquer lugar onde haja democracia.

Nossa democracia não só permite a atividade política da sociedade civil, como até busca estimular esta participação como um elemento que traz qualidade a nossa vida política. É assim que se busca a transparência e também a valorização da ética.

Organizações como o Instituto Ame Cidade são parte de uma importante e recente conquista social ocorrida no Brasil, com a crescente participação dos cidadãos em assuntos da esfera pública.

É provável que o vereador Badaró já tenha ouvido falar em “exercício da cidadania”. Pois é isso que fazemos em Cornélio Procópio e no Paraná. Por isso, é bastante estranho que um representante do poder Legislativo venha tentar desclassificar um trabalho tão importante com um argumento tão baixo, como se a participação política fosse privilégio apenas daqueles que conquistam o poder.

Se o Brasil se guiasse do modo pretendido pelo vereador quer, seriam inumeráveis as personalidades públicas que se veriam caladas pelo fato de terem perdido uma ou outra eleição.

Numa democracia não se faz assim. Isso é coisa de regimes totalitários, como o Nazismo de Adolf Hitler ou o Comunismo de Josef Stálin, mas queremos acreditar que o vereador talvez não tivesse a intenção de chegar a um nível tão baixo.

Mas se é para falar em perder eleições e manter-se em atividade sem perder o senso crítico, podemos dar ao presidente da Câmara breves informações históricas, até para que ele perceba que suas argumentações são objeto de riso de quem as ouve.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu duas eleições muito importantes. Em 1985 foi derrotado para a prefeitura de São Paulo por Jânio Quadros (1917-1992). Antes, em 1978, havia perdido uma eleição para o Senado. Depois, como todos sabem, foi eleito presidente da República duas vezes, vencendo todos os adversários, inclusive Lula, no primeiro turno.

O próprio Lula, além de perder duas vezes para FHC no primeiro turno, já havia sido derrotado antes por Fernando Collor. Lula, é claro, acabou vencendo depois duas eleições para presidente da República, cargo que ocupa atualmente.

Outro notável perdedor de eleição foi o presidente Abraham Lincoln (1809-1865), um político sem o qual hoje em dia não existiriam os Estados Unidos, país governado por ele na segunda metade do século 19, e a quem devemos também em grande parte, sem dúvida, o atual modelo da democracia ocidental adotado inclusive no Brasil.

Abraham Lincoln foi o criador da expressão “governo do povo, pelo povo e para o povo”, dita por ele um dos discursos mais importantes da história mundial, um tipo de governo pelo qual ele lutou e que na época desejou que “não mais desapareça da face da Terra”.

Lincoln perdeu várias eleições, inclusive uma para o Senado em 1858, dois anos antes de ser eleito presidente dos Estados Unidos.

Exemplos como esses lotam as páginas das histórias, já que na democracia não se lança qualquer descrédito nos que perdem esta ou aquela eleição. Isso é parte do jogo democrático, em conjunto com outras regras, como a ética e a transparência, que deveriam ser respeitadas pelos eleitos.

Aliás, entre os nomes citados acima está o de Jânio Quadros, conhecido por não perder eleições. Ao contrário, teve carreira meteórica, de vereador a presidente da República, vencendo no final da vida a eleição para prefeito de São Paulo em 1985 pelo mesmo PTB do vereador Badaró. E ele sempre foi um desastre. Renunciou à presidência da República e lançou o país em 1961 em uma de suas piores crises e saiu da prefeitura de São Paulo acusado pela própria filha de ter dinheiro roubado na Suiça.

Em política, perder eleição não é defeito algum. O que é lamentável mesmo em política é perder a vergonha.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Vocabulário político

LICENÇA: O substantivo significa “autorização, dada a empregado ou funcionário, para não comparecimento ao serviço, ou afastamento temporário de suas funções”. Pode ser evidentemente por variados motivos: para tratar de doenças ou viajar, por exemplo.

No executivo, quando ocorre a licença do ocupante do cargo, seja ele prefeito, governador ou presidente da República, a lei exige que assuma o vice, que passa então a responder pelo cargo.

Esta é uma situação em que não há meio termo. Após passar o cargo para seu vice, o prefeito licenciado deixa de ter qualquer poder legal sobre a municipalidade. Até que reassuma, seu vice é que responde pela Prefeitura.

A lei da física que afirma que “dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo” vale também neste caso. Enquanto o prefeito permanece licenciado, o andamento de obras e a realização dos serviços e até mesmo demissão ou contratação de funcionários é uma responsabilidade exclusiva do vice empossado como prefeito em exercício.

A questão é de direito, mas também de respeito político. Não faz sentido algum, por exemplo, o prefeito licenciado aparecer na prefeitura dando ordens ou mesmo comparecer às obras para fiscalizar seu andamento ou mesmo apressar a conclusão. Dar entrevistas à imprensa sobre qualquer tema municipal também é de um desrespeito danado com o prefeito em exercício.

Depois que o vice assume, nada disso é indicado. Até porque pode ferir sua auto-estima pessoal e política. Já imaginaram a situação de um prefeito em exercício que chega numa obra e fica sabendo que o prefeito licenciado já esteve por ali dando ordens? Isso não fica nada bem para a dignidade do vice.

Para demonstrar o absurdo de um prefeito licenciado passar por cima da função de um prefeito em exercício, peguemos a situação de um vereador licenciado. Quando ocorre tal coisa, assume o suplente. Os dois podem freqüentar a mesma sessão plenária? De jeito nenhum. Seria até ilegal. E até por isso nem tem cadeira no plenário para os dois.

Também por isso até ficou marcado na linguagem política a tal da “cadeira do prefeito”. É uma simbologia que identifica o poder do chefe do executivo municipal. Não são duas cadeiras, mas “a cadeira”. Daí se entende que quando o prefeito está licenciado, quem deve sentar-se na cadeira e governar é o vice-prefeito.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Viagens de vereadores de Cornélio Procópio pagas com o dinheiro do contribuinte são excessivas e fora de propósito

INSTITUTO AME CIDADE, 20 de novembro de 2009


Recordar é viver. E, junto com isso, também é um avivamento da consciência. Nada melhor para ativar a discussão da ética e do bom uso do dinheiro público. Na análise que o Instituto Ame Cidade continua fazendo sobre os gastos na Câmara surgem fatos que atestam um grave desequilíbrio nos gastos públicos municipais.

No dia 6 de julho deste ano uma caravana chefiada pelo prefeito Amin Hannouche e composta de quatro vereadores esteve em Curitiba. Fizeram parte os vereadores Helvécio Alves Badaró (PTB), Sebastião Angelino Ramos (PTB), Sebastião Cristóvão da Silva (PP) e Edimar Gomes Filho (PPS).

A justificativa foi de que viajaram em busca de “recursos para as devidas para melhorias no município”, palavras deles que, por isso, vão devidamente aspadas. Também manteremos na condicional algumas descrições, já que a comparação entre as datas das ações expressas nos documentos mostra que para haver veracidade seria exigido que os vereadores fossem onipresentes. Mas esta qualidade só é concedida à Deus.

Em primeiro lugar, isso de "buscar recursos na capital do Estado" é um claro estratagema para ocultar do eleitor a falta com os deveres básicos do parlamentar: legislar e fiscalizar o executivo, com o acompanhamento de todas as etapas de obras e da manutenção dos serviços no município. É para isso que um vereador é eleito, o resto é balela, tentativa de confundir a opinião pública.

Vereador não traz recurso algum para o município e isso não diminui em nada seu papel público. Simplesmente esta não é sua função. Não existe em nenhuma parte da legislação algo que dê sustentação a essa demagogia. Portanto, para que um vereador transite pela capital do Estado e volte com a mala estufada de verbas para o município ele só pode contar com sua simpatia, uma qualidade até bem-vinda, mas que não serve para convencer de qualquer coisa o governador Requião ou seus secretários.

Mas é evidente que esta viagem teve um custo para o contribuinte procopense. Três dos quatro vereadores que participaram da caravana são citados na representação do Instituto Ame Cidade junto ao Ministério Público pedindo investigação sobre supostas irregularidades em diárias pagas pela Câmara. Um deles, Sebastião Angelino Ramos (PTB), é um grande consumidor de diárias. No período de janeiro a agosto foi o que mais recebeu, totalizando R$ 9.545,00. No mesmo período, Helvécio Badaró recebeu R$ 7.572,94, Edimar Gomes Filho recebeu R$ 6.880,00 e Vanildo Sotero recebeu R$ 3.500,00.

Um fato que chama a atenção é que a viagem para Curitiba com o prefeito foi no dia 6 de julho. Pois no mês seguinte dois vereadores garantem que viajaram novamente para a capital.

O vereador Edimar Gomes Filho (PPS) assinou documento afirmando que esteve lá entre os dias 25 e 27 de agosto. Na mesma data seu nome aparece em ata secretariando a reunião ordinária e também a extraordinária. Ele recebeu 600 reais de diárias de viagem.

Outro participante da caravana que teria viajado para Curitiba no mês seguinte foi Sebastião Angelino Ramos. Ele teria ido no dia 12 de agosto e retornado no dia 14 do mesmo mês. O vereador assinou também assinou documento afirmando que fez outra viagem à Curitiba no mesmo mês, entre os dias 25 e 27. Há uma contradição com sua presença em sessão da Câmara, como mostra a documentação entregue ao MP pelo Instituto Ame Cidade e que o leitor pode ver aqui.

Existem muitas dúvidas sobre a razão dessas supostas viagens. O Ministério Público deve fazer a investigação para apurar se houve realmente alguma irregularidade.

Mas, supondo que não haja desvio de dinheiro público, uma certeza que se impõe é que existe no mínimo um desrespeito com o uso do dinheiro do contribuinte. A agenda dos vereadores citados parece bastante desorganizada. O controle de gastos na Câmara também aparenta ser ineficiente. E a transparência inexiste.

Os vereadores viajaram em julho com o prefeito para Curitiba e depois ainda teriam voltado em agosto, um deles por duas vezes. Uma boa pergunta é por que não aproveitaram a estadia em julho para resolver seus hipotéticos assuntos.

E temos também outra pergunta, que já traz embutida a resposta: se o dinheiro das diárias saísse de seus bolsos, estes vereadores fariam este monte de supostas viagens? É claro que não. Se fosse assim, mesmo que existisse realmente a necessidade de se deslocar para qualquer outra cidade, certamente o vereador procuraria se organizar melhor para equilibrar os custos.

Enfim, agiriam como todos os cidadãos fazem com a administração de seus próprios gastos. A diferença neste caso é que o contribuinte não usa o dinheiro público para viajar.

Reunião demorada

Apenas para exemplificar que mesmo que não esteja ocorrendo nenhuma ilegalidade nos gastos com diárias na Câmara Municipal de Cornélio Procópio, existe um grave descuido com o uso do dinheiro do contribuinte, vamos pegar o exemplo documentado de uma viagem à Curitiba.

O vereador Vanildo Felipe Sotero (PR) assinou uma solicitação de diárias para uma viagem que teria sido feita no período de 25 a 27 de março. As datas estão em contradição com o que atestam as atas da Câmara, que afirmam que no dia 26 de março ele estava em Cornélio Procópio em sessão extraordinária. Já em 27 de março teve outra sessão extraordinária, secretariada por ele.

Mas fiquemos só na suposta viagem para Curitiba. A justificativa da viagem, para a qual o vereador recebeu três diárias, é uma reunião com o deputado Luiz Romanelli (PMDB).

Ora, a população já mostrou espanto em saber de vereadores que viajam para se reunir em Curitiba com um deputado que está sempre em Cornélio Procópio. Mas ainda é mais absurdo que para uma reunião com Romanelli o vereador precise de uma viagem de três dias.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Diárias de vereadores causam revolta. Pedidos de viagem eram para reuniões na Assembleia com o deputado Romanelli

INSTITUTO AME CIDADE, 19 de novembro de 2009

A suspeita de irregularidades levantada pelo Instituto Ame Cidade em prestações de contas de diárias de viagem para vereadores da Câmara Municipal de Cornélio Procópio, Paraná, causou muita indignação não só entre os procopenses, mas também em toda a região.

Estudando documentos obtidos junto à Câmara por meio de pedido oficial de informações, o Instituto Ame Cidade descobriu que os vereadores Edimar Gomes Filho (PPS), Sebastião Angelino Ramos (PTB) e Vanildo Felipe Sotero (PR) receberam diárias para viagens a Curitiba em datas em que constam como presentes em reuniões daquela Casa.

De posse desses documentos, foi dada a entrada junto ao Ministério Público de um pedido de investigação. O Instituto Ame Cidade solicitou também ao MP que a denúncia seja encaminhada ao Tribunal de Contas do Paraná.

O pedido de investigação atinge também o presidente da Câmara, Helvécio Alves Badaró (PTB), responsável pela autorização do pagamento das diárias. Se forem comprovadas irregularidades nos gastos os quatro vereadores podem até perder os mandatos por falta de decoro.

A notícia sobre o escândalo foi transmitida em rádios e televisões de Londrina e repercutiu na internet, sendo publicada em sites e blogs dos mais variados.

Houve muito espanto com o montante gasto em diárias (de janeiro a agosto foi de R$ 65.704,24) e também com as altas quantias gastas por alguns vereadores. Somando-se as diárias do período recebidas pelos vereadores citados na representação junto ao MP chega-se a mais de 27 mil reais.

Jornalistas londrinenses que procuraram mais informações junto ao Instituto Ame Cidade disseram que os números seriam escandalosos mesmo numa cidade de maior porte e orçamento superior, como Londrina ou Maringá.

As pessoas se revoltaram não só com o possível desvio de dinheiro, mas também com a própria existência das diárias, um recurso francamente dispensável para ao pleno exercício da função do vereador procopense, como também abusivo nesta época de crise econômica que atinge todos os municípios. Falta dinheiro em todos os municípios da região até para questões básicas de saúde, educação, segurança e tantas outras necessidades. O próprio prefeito alega falta de verbas até para recapear as ruas de Cornélio Procópio que estão tomadas por buracos.

Nos pedidos de diárias que aparentam irregularidades, a cidade de destino dos vereadores é sempre Curitiba e a maioria das justificativas é tratar de assuntos na Assembleia Legislativa. O deputado estadual procurado pelos suspeitos é sempre Luiz Romanelli, que é do PMDB, mas que em Cornélio Procópio age como se fosse da bancada do prefeito Amin Hannouche, que é do PP.

Ora, como o deputado Romanelli está sempre em Cornélio Procópio, não há justificativa lógica para qualquer vereador gastar dinheiro público para reunir-se com ele em Curitiba.

Outra questão importante relativa às diárias é que elas tiveram um aumento autorizado pelo prefeito Amin Hannouche no dia 11 de fevereiro deste ano. O aumento — que na súmula é tratado como “concessão de diárias” — foi votado em duas sessões, no dia 10 e 11 de fevereiro e sancionado pelo prefeito, com uma rapidez notável, no mesmo dia em que foi aprovada pela Câmara. O único voto contrário foi da vereadora Aurora Fumie Doi, do PMDB.

Vocabulário político

ONIPRESENTE: O dicionário ensina que "onipresente" é o que "está presente em todas as partes" e remete para o fenômeno da ubiquidade: que está ao mesmo tempo em toda a parte. As raízes cristãs do brasileiro facilitam bastante a compreensão da palavra, pois Deus é onipresente.

Esta capacidade, portanto, não é humana. Ninguém pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Nem se for vereador.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Instituto Ame Cidade denuncia ao Ministério Público suspeita de irregularidades no pagamento de diárias para vereadores de Cornélio Procópio

INSTITUTO AME CIDADE, 17 de novembro de 2009

O Instituto Ame Cidade descobriu indícios de graves irregularidades na prestação de contas de despesas com diárias da Câmara Municipal de Cornélio Procópio, Paraná. As diárias são destinadas ao pagamento de hospedagem e alimentação de servidores e vereadores em missão oficial do Legislativo, participação em cursos e treinamentos.

A suspeita de irregularidades envolve o nome de três vereadores e surgiu a partir da análise de documentos recebidos pelo Instituto Ame Cidade depois da solicitação de informações junto à Câmara. Os dados levantados fazem crer que foram concedidas e pagas diárias em datas em que os vereadores estavam no município.

A pesquisa cobre apenas o período de janeiro a agosto de 2009, tomando por base os relatórios contábeis com as despesas de diárias e cópias das solicitações de viagem e dos relatórios de viagens de cada um dos beneficiados com diárias no período citado.

Comparando esses dados com outros documentos oficiais, foi possível descobrir que os vereadores Edimar Gomes Filho (PPS), Sebastião Angelino Ramos (PTB) e Vanildo Felipe Sotero (PR) receberam diárias para viagens a Curitiba em datas em que constam como presentes em reuniões daquela Casa.

O Instituto Ame Cidade está entrando hoje no Ministério Público com um pedido de investigação. Caso sejam comprovadas irregularidades a conseqüência deve ser uma Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa contra os implicados.

Na representação, o Instituto Ame Cidade também pede ao Ministério Público que a denúncia seja encaminhada ao Tribunal de Contas do Paraná.

Além dos vereadores citados, o pedido de investigação atinge também o presidente da Câmara, Helvécio Alves Badaró, responsável pela autorização do pagamento das diárias. No período ao qual o Instituto Ame Cidade teve acesso, Badaró recebeu no total R$ 7.572,94 em diárias.

Caso sejam comprovadas irregularidades nos gastos, entre outras penalidades os quatro vereadores podem até perder os mandatos por falta de decoro.

Na representação ao MP o Instituto Ame Cidade apresenta documentação da própria Câmara Municipal que confirma a presença dos vereadores em sessões legislativas na mesma data em que eles deveriam estar em Curitiba, conforme está descrito no pedido de diárias. A distância entre Cornélio Procópio e a capital é de 398 quilômetros. As sessões ordinárias da Câmara acontecem nas terças-feiras, com início às 20 horas.

Na confrontação entre os documentos de solicitação de diárias e as atas de sessões da Câmara existem até datas em que o vereador recebeu dinheiro de hospedagem e alimentação destinado à estadia em Curitiba quando, segundo a ata, no mesmo dia estava presente à sessão legislativa em Cornélio Procópio onde secretariava a reunião.

O vereador Edimar Gomes Filho (PPS) recebeu três diárias para viagem à Curitiba no período de 15 a 17 de fevereiro deste ano, saindo às 10 horas da manhã de Cornélio Procópio e voltando da capital às 18 horas. De acordo com as atas oficiais da Câmara, o vereador secretariou duas reuniões no dia 17, uma delas extraordinária. Neste caso, ainda que o vereador tivesse garantido sua presença com um esforço extraordinário, ele acabou recebendo todas as diárias. O total foi de 500,00 reais.

Outro episódio em que o vereador é citado em ata secretariando a sessão legislativa no mesmo dia em que garante em outro documento ter viajado para Curitiba acontece entre os dias 25 e 27 de agosto. Na solicitação de viagem a saída está marcada para as 14 horas do dia 25. Na mesma data seu nome aparece em ata secretariando a reunião ordinária e também a extraordinária. Ele recebeu 600 reais de diárias de viagem.

Edimar Gomes Filho recebeu entre janeiro e agosto deste ano um total de R$ 6.880,00 em diárias.

Outro vereador cujo nome aparece secretariando sessões na mesma data em que declarou estar presente em Curitiba é Vanildo Felipe Sotero (PR). Sua solicitação de viagem é de 25 a 27 de março, saindo às 8 horas e retornando às 18 horas. Ele solicitou três diárias, um total de 600 reais, que foi pago.

No entanto, em 26 de março foi realizada sessão extraordinária e o vereador estava presente. No dia 27 de março houve mais uma sessão extraordinária e novamente o vereador estava presente e até secretariou a reunião.

E esta não é a única situação com este tipo de contradição envolvendo o vereador. Em outra solicitação de viagem, saindo às 14 horas do dia 3 de agosto e voltando no dia 5 do mesmo mês às 15 horas, também surge a mesma estranha coincidência.

No dia 4 de agosto teve sessão extraordinária na Câmara e o vereador consta como estando presente e secretariando a reunião. No dia 5 teve mais uma sessão extraordinária e lá está de novo registrado em ata a presença de Vanildo Felipe Sotero e também secretariando.

Ele recebeu 800 reais, quantia relativa a três diárias de viagem para Curitiba. No total, entre janeiro e agosto, Vanildo Sotero recebeu de diárias R$ 3.500,00.

Já o vereador Sebastião Angelino Ramos assinou solicitação de viagem à Curitiba com saída às 9 horas do dia 12 de agosto e retorno no dia 14 do mesmo mês às 11h. Pediu duas diárias no total de 600 reais e recebeu.

No dia 13 teve sessão extraordinária em Cornélio Procópio, com a ausência do vereador registrada em ata. Já no dia 14, ele tem a presença registrada em ata em outra sessão extraordinária. Acontece que esta sessão ocorreu às 9 horas e sua previsão de retorno é para 11 horas. Neste caso, ele até confirmou a data do retorno em solicitação de reembolso extra de 55 reais para transporte e locomoção.

Este vereador tem também outra solicitação de viagem que entra em contradição com as atas da Câmara. A saída para Curitiba é prevista para as 14 horas do dia 25 de agosto e o retorno para o dia 27 às 18 horas. Ele recebeu 600 reais relativos a duas diárias.

Ocorre que no dia 25 de agosto teve sessão ordinária e sessão extraordinária. E o vereador é citado em ata como estando presente às duas reuniões.

O petebista Sebastião Angelino Ramos foi o vereador que mais recebeu diárias no período analisado. Seu total foi de R$ 9.545,00.

Além dessas irregularidades apontadas pelo Instituto Ame Cidade, é possível constatar que a Câmara Municipal vem concedendo um número bem alto de diárias. Apenas no período citado o gasto total, englobando o ressarcimento de despesas, foi de R$ 65.704,24. Existem também denúncias de que este procedimento estaria sendo usado de forma indevida, o que exigiria outras investigações.



Os documentos citados estão publicados em fac-símile em nossa página no site Flickr, como pode ser visto nos links dispostos ao longo do texto. Para ver todas as pastas, siga para a página clicando aqui.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Prefeitura de Londrina pedirá na Justiça reabertura de prontos-socorros e descredenciamento de hospitais

JORNAL DE LONDRINA, 16 de novembro de 2009

Município quer o descredenciamento do SUS e de hospitais filantrópicos caso não sejam reabertos ao atendimento


A Prefeitura de Londrina vai tentar reabrir os prontos-socorros dos hospitais filantrópicos na Justiça. A ideia é pedir um mandado de segurança que obrigue as instituições a voltar a atender a população. Também será solicitado o descredenciamento dos hospitais parados no Sistema Único de Saúde (SUS). O atendimento está suspenso desde a manhã de sexta-feira (13) na Santa Casa, Evangélico e Infantil, quando os médicos pedirem demissão das escalas de plantão.

“Os hospitais chegaram ao extremo de colocar tapume em um hospital filantrópico. Isso é um absurdo”, declarou o secretário de Gestão Pública, Marco Cito. O secretário apresentou ainda um balanço parcial de uma auditoria que está sendo realizada no contrato dos incentivos. “Encontramos 84 médicos com escala dupla, ao mesmo tempo na Santa Casa e no Evangélico”, afirmou. Além disso, Cito apontou valor de pagamentos acima do praticado no mercado e atendimento de média e alta complexidade para pacientes de fora de Londrina.

O secretário ressaltou não ser o descredenciamento a vontade da prefeitura, mas avaliou a medida como “extrema”. “[Se houver o descredenciamento] vamos ter que ampliar a nossa rede, os hospitais Zona Norte e Zona Sul, o próprio HU, além dos postos de Saúde. Só com o valor dos incentivos, daria para contratar 200 médicos ganhando R$ 3 mil cada”, afirmou Cito. Segundo o secretário, médicos que faziam escala dupla ganhavam R$ 160 em cada hospital.

Cito apontou ainda que os médicos recebem R$ 60 pelas consultas do SUS. “Se o profissional fizesse 20 atendimentos e 20 plantões no mês, ele ganharia quase R$ 6 mil. Enquanto um convênio particular paga em média R$ 40 e outros pagam até R$ 50, o município pagava R$ 60. Quem quer perder um contrato desse? Ninguém quer perder, por isso estamos sendo pressionados”, criticou o secretário.

Do outro lado, o superintendente da Santa Casa, Fahd Haddad, disse não poder comentar o resultado preliminar dessa auditoria por avaliar como “fofoca”, já que a “prefeitura não fala o que está acontecendo”. “Eles podem até pedir [o descredenciamento], mas onde vão atender essas pessoas? Se eles têm onde suprir, aí sim. Mas vão tirar o doente de Londrina? Essas ameaças não levam a nada, são só no calor do momento. Não é por aí o caminho”, questionou Haddad.

Sobre o descredenciamento, Haddad afirmou: “Eu preciso ver isso melhor, porque não estou sabendo de nada. Está havendo muita informação. O que eu posso falar é que existe um contrato que [a prefeitura] descumpriu e ninguém conversou com os hospitais”, disse.

Os médicos suspenderam o atendimento porque a prefeitura interrompeu o pagamento de incentivos a plantonistas à distância, feito desde 2007 a partir de um contrato. O município alega que o repasse é irregular porque o recurso vem do Ministério da Saúde. Pressionado, a prefeitura aceitou fazer o pagamento das parcelas atrasadas, mas depositou em juízo a primeira delas no dia 9.

O depósito em juízo desagradou a categoria, que decidiu pela paralisação na sexta-feira. Na quinta-feira (12), a prefeitura enviou à Câmara um projeto que regulariza os pagamentos. A proposta foi aprovada em regime de urgência na quinta e, em segunda discussão, na sexta. Entretanto, os médicos ainda não analisaram o projeto, que prevê o pagamento de R$ 566.352 referente a julho deste ano, em 72 horas após a publicação, além do depósito, em cinco parcelas mensais a partir de 16 de dezembro, do restante.

“Houve assembleia dos profissionais no sábado, mas não foi possível apreciar a proposta por falta de quórum e porque não compareceram representantes da prefeitura para esclarecer. A proposta não foi feita aos hospitais, mas foi feita à Câmara”, disse o superintendente da Santa Casa. Novas assembleias, tanto da Santa Casa quanto do Evangélico, estão marcadas para a noite de segunda-feira (16).

Atendimentos particulares e de outras cidades
“O médico tinha que ficar à disposição de pacientes do SUS, mas ele atendia outros planos de saúde particulares”, declarou o secretário de Gestão Pública, Marco Cito. De acordo com ele, era recorrente que médicos ficassem de sobreaviso à distância, recebendo do SUS e, em caso de serem chamados, atendendo pacientes particulares. “Ele teria que atender somente pacientes do SUS, mas atendia outros convênios.”

Atendimentos de média e alta complexidade, de acordo com Cito, são feitos a pessoas de outras cidades também. “Estatisticamente a maioria são para outras cidades. São 45% de atendimentos para pessoas de Londrina. E a prefeitura pagava para essas pessoas de outra cidade serem atendidas”, questionou o secretário.

Bebê morre em Arapongas após mãe tentar atendimento em PS de Londrina

JORNAL DE LONDRINA, 16 de novembro de 2009

Depois de ligar em três prontos-socorros de Londrina, mãe resolveu levar o filho até Arapongas, onde havia garantia de atedimento. Bebê morreu assim que chegou no Hospital João de Freitas


Um bebê de dois meses morreu em Arapongas, durante a madrugada de domingo (15), depois que a mãe tentou atendimento em prontos-socorros de hospitais em Londrina. Nicolas Guilherme Borges Teixeira acabou morrendo no colo da mãe, a atendente comercial Sheila Elizabeth de Oliveira Borges, que foi até o Hospital João de Freitas. Ela telefonou para três prontos-socorros de Londrina: dois deles estão fechados desde sexta-feira (13), porque os médicos plantonistas suspenderam o atendimento sem o pagamento de incentivos à distância.

Sheila contou que o bebê mamou no peito normalmente durante o sábado (14) de manhã. Entretanto, após o meio dia, a criança não tomou mais leite. “Ele dormia e acordava e dava uns gritinhos de dor. Pensei que era dor de barriga. Então fazia uma massagem e passava. A noite ele apresentou respiração fraca”, lembrou a mãe. Ao ligar para o médico da criança, que não estava em Londrina, ele recomendou levar até o hospital.

Diante da paralisação dos prontos-socorros de Londrina, a mãe ligou aos hospitais para ver a possibilidade de atendimento. “Liguei na Santa Casa e não havia como atender. Liguei no Hospital Infantil e também não havia como atender. Eles me recomendaram o Mater Dei. Liguei lá para ver como estava e me disseram que até ia atender, mas demoraria umas três horas”, disse.

Desesperada, Sheila procurou atendimento em outras cidades. ““Liguei em Cambé, mas disseram que só havia um clínico geral, Liguei em Rolândia e também não havia como ter atendimento. Quando liguei em Arapongas, me disseram que havia um pediatra e o pronto-socorro estava tranquilo. Então eu fui para lá correndo.” O bebê foi gemendo de dor durante o caminho e, quando a mãe chegou à recepção do Hospital João de Freitas, ele “parou de respirar”.

“Logo que ele parou de respirar, vomitou em cima. As enfermeiras pegaram ele correndo e levaram para dentro”, lembrou. Uma hora depois, segundo Sheila, as enfermeiras retornaram e disseram que o bebê havia morrido. “Eles falaram que tinham tentado de tudo, mas não deu para salvá-lo”, afirmou. Segundo informaram a Sheila, o filho dela morreu por “aspiração de conteúdo gástrico”. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), que buscou a criança em Arapongas na manhã deste domingo (15), Nicolas morreu de “broncoaspiração”.

Revoltada com o impasse do fechamento dos prontos-socorros em Londrina, a mãe prometeu entrar na Justiça a fim de encontrar responsáveis. “É revoltante. Eu acho que poderia estar com meu filho agora. Fui atrás de uma advogada e se eu tiver condição de entrar na Justiça, vou entrar. Não vai trazer a vida do meu filho de volta, mas para não acontecer com mais ninguém.”

SBPC lança movimento pela qualidade na educação

SPBC, 13 de novembro de 2009


A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lançou nesta sexta-feira (13) um movimento pelo qual pretende contribuir para a solução dos problemas da educação no Brasil, especialmente nos níveis fundamental e médio. O lançamento de “SBPC: Pacto pela educação” ocorreu na Universidade de Brasília (UnB) e teve a participação de representantes de entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE).


A apresentação do movimento foi feita pelo presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp. “Temos um objetivo tão ousado quanto necessário: promover uma grande mobilização na sociedade brasileira, como forma de ajudar a impulsionar e tornar mais robustos os esforços para a solução dos problemas que afetam a educação escolar no Brasil”, afirmou.

Ele reconheceu que os investimentos ocorridos nas últimas décadas estão fazendo com que praticamente a totalidade das crianças tenha acesso ao ensino fundamental, mas disse que ainda falta educação de qualidade. “Estamos oferecendo escola, precisamos oferecer também educação”, afirmou.

Para Raupp, o quadro atual do ensino básico brasileiro “se apresenta como uma perversão social” e que “trata-se de um indicador sem disfarces da desigualdade que vigora na nossa sociedade”. Ele entende que a qualidade na escola é o principal requisito para a inclusão social e econômica e disse que “precisamos dar aos nossos jovens uma educação que os habilite para a conquista e a conseqüente fruição plena da cidadania”.

O presidente da SBPC enfatizou ainda que dotar a educação básica da qualidade necessária significa promover o salto de qualidade que o Brasil precisa. “Inversamente, se não promovermos a educação básica de qualidade para todos, não vamos dar um passo a frente. Vamos ficar estagnados. Mas a estagnação significa que vai aumentar a distância entre nós e nossos competidores, uma vez que o mundo evolui hoje em um ritmo cada vez mais acelerado”.

Governo – O presidente da SBPC fez questão de ressaltar que o movimento desencadeado pela SBPC não visa fazer oposição à política educacional do governo federal. “Ao contrário”, disse. “A SBPC quer que as ações em curso, bem-sucedidas, sejam fortalecidas e perpetuadas”. Informou também que o movimento “SBPC: Pacto pela educação” não quer sobrepor-se a outros movimentos já existentes que também lutam por melhorias no sistema educacional brasileiro.

A iniciativa de colocar a SBPC nas questões do ensino fundamental partiu do Conselho da entidade, que criou um grupo de trabalho (GT) com essa finalidade. O coordenador do GT, professor Isaac Roitman, informou que as propostas da SBPC para o governo federal estarão prontas no primeiro semestre do ano que vem. “Serão ações de curto, médio e longo prazo, que visarão a solução dos problemas imediatos e também dos problemas estruturais do nosso sistema educacional”, disse Roitman. Ele infirmou também que o GT vai elaborar um conjunto de indicadores para acompanhar e avaliar a implantação das ações propostas ao governo.

“Esse movimento da SBPC não tem prazo para terminar”, informou o presidente Marco Antonio Raupp. “Vamos acompanhar o que ocorrer em nossa educação básica por quantos mandatos governamentais forem necessários, até que cheguemos a níveis aceitáveis”.

Lobão vai ao Senado para explicar apagão e evitar convocação de Dilma

O GLOBO, 16 de novembro de 2009


Os líderes da base governista fecham hoje uma estratégia para evitar uma convocação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para explicar as causas do apagão ocorrido na última semana. Os governistas pretendem acertar com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o melhor dia desta semana para que ele preste esclarecimentos ao Senado sobre as possíveis causas do blecaute que atingiu 18 estados na última terça-feira.

A ideia é que o ministro se apresente espontaneamente amanhã na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) ou na quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antecipandose à votação de um requerimento do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), convidando Lobão e Dilma

Aneel recebe relatório sobre apagão amanhã
Para os governistas, o gesto de Lobão poderá esvaziar a estratégia da oposição que tenta, desde a semana passada, trazer a ministra Dilma, pré-candidata petista à sucessão presidencial, para o centro dos debates sobre o apagão. Mas os oposicionistas dizem que não vão desistir de um convite ou uma convocação de Dilma. O argumento usado pelo DEM e pelo PSDB é o de que Dilma foi quem comandou a elaboração e aprovação do marco regulatório do sistema elétrico brasileiro.

— Dilma foi a mãe do marco regulatório, que pode estar por trás da inibição de investimentos públicos e privados para o setor. Ela não explica tudo do governo? Por que não vem explicar coisas de sua área? — argumentou o líder do DEM, senador José Agripino (RN).

Entre os governistas, o esforço será no sentido de proteger a ministra de qualquer constrangimento.

— Se o ministro Lobão se apresentar espontaneamente, reduzirá a pressão para que a ministra Dilma também compareça para explicar o blecaute, até porque durante sua gestão à frente do Ministério de Minas e Energia (MME) isso não ocorreu — disse um líder governista.

Na última sexta-feira, o MME decidiu criar um grupo de trabalho para acompanhar as investigações sobre as causas do apagão. A primeira será amanhã.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recebe também amanhã um relatório do Operador Nacional do Sistema (ONS), com análise técnica do ocorrido. Ele será entregue após reunião presidida pelo órgão com representantes de Itaipu, Aneel e empresas envolvidas no apagão.

Periculosidade gera gasto irregular na UEL

JORNAL DE LONDRINA, 16 de novembro de 2009

Relatório aponta que 62 servidores e docentes recebem adicional de 30% sobre salários sem necessidade; grupo tem 15 dias para justificar pagamento


Todos os anos mais de meio milhão de reais são gastos pela Universidade Estadual de Londrina em pagamentos considerados não justificados. É o que revela o relatório de uma comissão que avaliou o adicional de periculosidade pago a 290 servidores e docentes da instituição. Desse total, a comissão identificou 62 considerados irregulares. O adicional de periculosidade gera acréscimo de 30% sobre o salário base e varia de R$ 387 a R$ 2,2 mil.

Conforme informações da Pró-reitoria de Recursos Humanos, a folha de pagamento da UEL é de R$ 22.578 milhões mensais e o benefício de periculosidade corresponde a 0,95% desse total, que representa R$ 216 mil por mês. Dessa quantia, ainda conforme a Pró-reitoria de RH, R$ 42.703 mil correspondem a pagamentos não justificados. Somados os 12 meses do ano e mais o décimo terceiro salário, totalizam R$ 555.139 mil.

O pró-reitor de RH, Fábio Cezar Martins, disse considerar significativo o valor pago por periculosidade, uma vez que representa quase 1% de toda a folha de pagamento. “Se formos retirar o que é pago e não é justificado, o benefício cai de 0,95% para 0,76%. Isso acumulado pelos meses é muito dinheiro da universidade pago sem qualquer critério”, analisou.

O adicional de periculosidade está associado a funções que exigem algum risco para os envolvidos. A maior parte do benefício é concedida a funcionários e docentes dos hospitais Universitário (HU) e Veterinário (HV), além de laboratórios das áreas de biológia, química, física entre outros.

“Normas do Ministério do Trabalho definem que pessoas que manipulam agentes químicos ou inflamáveis e trabalham com radiação entre outros recebem o aditivo”, informou o presidente da comissão de avaliação, Osvaldo Yokota, diretor do Serviço de Bem Estar à Comunidade (Sebec) da UEL. No entanto, conforme a avaliação da comissão avançava, foram encontrados casos que se distanciavam das definições técnicas de periculosidade. Yokota preferiu não entrar em detalhes, mas disse que foram identificados servidores da área técnica administrativa que recebem os valores. “Pessoas que, muitas vezes, só passavam por áreas consideradas de periculosidade, mas realizam trabalhos de escritório”, disse.

O relatório, com centenas de páginas, foi aprovado há 15 dias pelo Conselho de Administração da UEL, que na ocasião concedeu prazo de 30 dias para que todos os apontados como não justificados apresentem recurso. Após essa etapa um técnico da comissão deve fazer nova visita ao ambiente de trabalho desses servidores e realizar novo laudo. O pró-reitor de RH lembrou que a avaliação deve se tornar rotina na universidade. “Para ver se regularizamos isso de uma vez por todas.”

Avaliação levou dois anos para ser concluída
A comissão, formada por técnicos e funcionários da UEL, levou quase dois anos para chegar ao relatório final apresentado ao Conselho de Administração. Iniciado em 2007, o grupo utilizou uma metodologia que incluiu desde o preenchimento de formulários criados para cada área analisada, além de vistorias nos ambientes de trabalho e entrevistas individuais com docentes e servidores.

Conforme o presidente da comissão, Osvaldo Yokota, a preocupação sempre foi realizar o trabalho de forma técnica, para que a criteriosa identificação do trabalho realizado por cada servidor e a relação dessa atividade com a periculosidade. “Fizemos uma análise caso a caso e seguindo normas e metodologias definidas pelo Ministério do Trabalho”, salientou.

A criação da comissão foi originada a partir de um ofício do Tribunal de Contas do Estado, que havia constatado em 2003 uma grande quantidade de servidores e funcionários recebendo o benefício. No entanto, o levantamento existente era pouco criterioso e feito por amostragem. Somente em 2007 o trabalho foi iniciado de forma consistente.

Agora, o próximo passo da comissão é investigar mais de 2 mil funcionários da UEL que recebem adicional por insalubridade. Diferentemente da periculosidade, esse benefício varia de 10% a 40% sobre o salário referência de cada profissão da universidade. “É representativo pelo número de servidores, mas acreditamos que não deve ser um montante tão grande quanto a periculosidade, pois os valores são bem mais baixos”, disse o pró-reitor de RH, Fábio Cezar Martins.

Temporal causou estragos em oito cidades do Paraná

GAZETA DO POVO, 16 de novembro de 2009

Em Campo Mourão 11 pessoas ficaram feridas. Já em Ponta Grossa, 75 casas ficaram alagadas e alguns moradores tiveram que deixar suas residências


O temporal que atingiu várias regiões do Paraná no domingo (15) causou estragos em Ponta Grossa, Castro, Curitiba e região metropolitana, Campo Mourão, Maringá, de acordo com o levantamento da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil do Paraná divulgado nesta segunda-feira (16).

Na cidade de Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, 11 pessoas ficaram levemente feridas por causa do temporal, segundo o novo balanço da Defesa Civil. Houve queda de muros, fachadas de lojas, árvores, entre outros. Entre os feridos estava uma menina de 11 anos, que foi atingida por galhos de uma árvore que caíram em frente a sua casa. Além disso, 39 casas ficaram alagadas na cidade.

Já em Maringá, no Noroeste do estado, parte de um palco montado para um show de rock caiu no domingo (15) e feriu sete pessoas que assistiam ao evento. De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, ventos de 60 km/h atingiram o município. A Defesa Civil computou ainda 25 quedas de árvores em Maringá, ocasionadas pelo temporal que atingiu a cidade do sábado.

Já em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, 75 casas ficaram alagadas e alguns moradores tiveram que deixar suas residências. Situação parecida aconteceu em Castro, também nos Campos Gerais, em que 15 casas foram afetadas pelo temporal.

Em Curitiba e em três cidades da região metropolitana - Colombo, Rio Branco do Sul e Almirante Tamandaré - houve pontos de alagamentos isolados em algumas ruas e casas no domingo. Entretanto, a situação já estava normalizada nessa segunda-feira (16), segundo informações da Defesa Civil.

Uma lição ao país sem memória

VEJA ONLINE, AUGUSTO NUNES, 14 de novembro de 2009

Em muitos anos de silêncio, Dilma Rousseff consolidou a imagem da superministra onisciente e arrogante. Em poucas semanas de verborragia, sobrou a arrogância. “Tudo o que a oposição não quer é que comparemos o governo do presidente Lula com o anterior, porque o anterior perde de 400 a zero”, disse há dias a candidata. Só uma oposição exemplarmente inepta ouve em silêncio esse hino à soberba sem reduzir a autora a suas dimensões liliputianas.

Releiam, por exemplo, o que acaba de dizer a gerente-geral da República sobre o
apagão rebatizado de blecaute. “Para o sistema ser 100% seguro, seria muito mais caro e nós teríamos que pagar uma conta de luz bastante mais gorda do que nós pagamos. Porque nenhum país do mundo tem esse nível de redundância”. Em seguida, confrontem a conversa de colegial tatibitate com qualquer trecho do depoimento de Fernando Henrique Cardoso que começou a ser publicado. Foram quase duas horas de conversa sem agressões ao idioma ou à lógica.

Fica claro que o Brasil é que atingirá um altíssimo “nível de redundância” se, depois do monumento à ignorância, eleger a fraude de terninho, diariamente escancarada por algum falatório sem pé nem cabeça. Dilma não sabe o que diz, não diz o que sabe e não sabe dizer coisa com coisa. Pode-se discordar de coisas que Fernando Henrique diz, mas é possível entender tudo o que está dizendo. Também por isso a entrevista foi alojada na seção O País quer Saber.

Milhões de jovens que não conheceram o Brasil devastado pela inflação precisam conhecer o homem que derrotou o inimigo aparentemente invencível. Os brasileiros de todas as idades precisam lembrar que é possível presidir o Brasil sem escorregar em bravatas, bazófias, grosserias. Precisam também reaprender que diploma não é prontuário, que saber não é defeito e, sobretudo, que a formação escolar indigente jamais será virtude.

FHC pratica com naturalidade o convívio dos contrários só permitido a quem enxerga os erros que cometeu, sabe contemplar-se com ironia, não se considera onisciente nem dá conselhos ao mundo e conhece a diferença entre a divergência democrática e o ataque boçal. Ao longo do depoimento, sem renunciar ao tom crítico, contempla Lula com o respeito que, dias depois da entrevista, novamente lhe seria negado pelo sucessor.

Num artigo publicado no Estadão, o ex-presidente amparou-se em sólidos argumentos para apontar os riscos embutidos no “autoritarismo popular” que marca a Era Lula, e pode instituir no Brasil uma espécie de subperonismo. Lula não sabe quem foi Perón, nem o que quer dizer subperonismo. Incapaz de sustentar um debate civilizado com quem pensa, refugiou-se no reducionismo de praxe. É inveja, decidiu.

Revejam o que andam dizendo a mãe do Pac e o maior dos governantes, comparem a discurseira com o depoimento do ex-presidente. Fernando Henrique não tem motivos para invejar os dois. Dilma tem mais de 400. Lula, que vê o mundo em forma de urna, tem pelo menos duas derrotas no primeiro turno.

COMENTÁRIO NOSSO: O depoimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está disponibilizado em vídeo no blog de Augusto Nunes, no site da revista Veja. Para ver, clique aqui.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Tecnologia estrangeira

INSTITUTO AME CIDADE, 12 de novembro de 2009

O prefeito de Cornélio Procópio Amin Hannouche (PP) voltou finalmente da viagem ao Oriente Médio para onde foi de carona com o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). Nas entrevistas que vem dando para as rádios procopenses, o prefeito repete o que publica o site da Prefeitura e se gaba de ter sido o único prefeito do Paraná convidado a acompanhar Beto Richa. É de se perguntar se não foi também o único que aceitaria se ausentar de sua cidade em época de séria crise econômica nos municípios brasileiros, de chuvas torrenciais e também com muito serviço atrasado e causando aborrecimentos para a população.

O interessante nesta viagem é que não se vê em Beto Richa a mesma ansiedade em alardear a presença do acompanhante ao Oriente Médio. Na viagem, Richa esteve o tempo todo mandando notícias pela sua página no Twitter. O site publica notas curtas, que ele usou para fazer um diário durante sua estada no exterior. Nos textos diários, Amin Hannouche não foi citado nenhuma vez.

Também em seu site na Internet, o prefeito curitibano publicou notícias sobre o que fez no Oriente Médio. Nestas notícias Hannouche é igualmente ignorado.

Amin Hannouche não trouxe nenhum resultado concreto da viagem. No site da prefeitura só há alusões à supostas propostas de que Cornélio Procópio se torne co-irmã de algumas cidades libanesas e a intenção do prefeito de que uma comitiva do Líbano, que ele diz que virá ao Brasil, se hospede “nas imediações da Aguativa Resort”, para, ainda conforme suas palavras , “possibilitar um estreitamento ainda maior de relacionamento com as autoridades políticas e privadas daquele país".

De concreto, o prefeito procopense trouxe uma piada pronta. Ainda no site da prefeitura, Amin Hannouche disse que durante a viagem pôde ter a idéia “de como é feita a administração em cidades que até pouco tempo sofriam fortes atentados pela guerra".

E assim que chegou foi visitar as obras atrasadas do Calçadão da cidade, onde os comerciantes estão até sofrendo prejuízos com as frentes de suas lojas todas esburacadas com a interminável obra que deixou o centro parecendo uma praça de guerra.

Ministério aponta cartel na importação de brinquedos

FOLHA DE S. PAULO, 12 de novembro de 2009

Para o Ministério da Justiça, associação do setor fixou preços e cotas de importação da China. Parecer da Secretaria de Direito Econômico pedirá que Cade condene a Abrinq, que nega as acusações e diz defender indústria nacional


Depois de três anos de investigação, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) -ligada ao Ministério da Justiça- recomendará a condenação da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) e de seu presidente, Synésio Batista da Costa, sob a suspeita de induzir o mercado nacional de brinquedos a formar um cartel na importação de produtos da China.

O parecer com o pedido de punição, ao qual a Folha teve acesso, será encaminhado hoje ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que julgará o caso.
No caso de condenação, a multa a ser aplicada pode variar de 1% a 30% da receita da entidade, além de outras punições a serem arbitradas pelo tribunal administrativo.
A prática de cartel traz prejuízos diretos ao consumidor, pois elimina a concorrência, provocando aumento de preços no mercado.

A denúncia contra a Abrinq e Costa foi apresentada à SDE, em 2006, pela Mattel do Brasil- subsidiária da multinacional americana que comercializa brinquedos fabricados principalmente na China. De acordo com as acusações, a associação e seu dirigente incentivaram a adoção de uma conduta uniforme por parte de fabricantes, importadores e lojistas do setor.

Gravações
As principais provas apresentadas no caso são a pauta de uma reunião convocada pela Abrinq e a gravação desse encontro, que foi realizado em setembro de 2006.
Na reunião, a associação teria proposto: fixação e gerenciamento de cotas fixas individuais por importador; estabelecimento de preços mínimos para as importações; e criação de barreiras à entrada no mercado de novos concorrentes.

As informações levantadas no processo mostram que a entidade pretendia diminuir a exposição do mercado nacional à concorrência dos produtos chineses, limitando as compras com cotas individuais por CNPJ do importador e fixando preços mínimos.

A Abrinq, destaca a secretaria, tem como associados empresas que respondem por 30% do mercado nacional, e a produção local equivale a 55% dos brinquedos vendidos no país. O setor reúne 300 fabricantes locais e 50 importadores.

Acordo
O parecer relata que, em agosto de 2006, empresários brasileiros e a Abrinq foram à China negociar um acordo com a indústria de brinquedos daquele país. Na volta da viagem, Costa convocou uma reunião com todos os 42 associados para discutir o tema.

No encontro, afirma a SDE, a Abrinq passou aos empresários a impressão de que o acordo com a China autorizava a associação a fixar e distribuir as cotas individuais e a estabelecer preços mínimos.

Na prática, a associação teria usado o acordo para induzir a formação de cartel. A investigação ainda aponta que Costa dava a entender que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil chancelava as medidas.

"A reunião na sede da Abrinq e as afirmações de seu presidente a respeito do acordo travado com entidades chinesas foram voltadas a influenciar a adoção de comportamento uniforme no mercado", diz o relatório. "Jamais foi ou poderia ter sido competência da Abrinq estabelecer ou distribuir cotas de importação ou atuar na fixação de preços mínimos de importação", continua o texto.

Em ofício à secretaria, o ministério informou que o acordo entre Brasil e China -homologado pelo governo em dezembro de 2006- envolve cotas globais de importação de produtos e trazia "disposições gerais a serem adotadas pelas empresas para garantir o equilíbrio do comércio".

A SDE, em sua análise, pondera que, em nome da defesa comercial da indústria brasileira, a associação não poderia ter desrespeitado as regras de defesa da concorrência. "O objetivo de impedir um excesso de entrada de produtos chineses no Brasil não legitima a conduta adotada pela Abrinq", afirma.

Governo prepara a criação da ''bolsa-celular''

O ESTADO DE S. PAULO, 11 de novembro de 2009


Às vésperas de mais um ano eleitoral, o governo prepara a criação de mais um programa para beneficiar as camadas mais carentes da população. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem que propôs ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a criação do bolsa-celular, que prevê a distribuição gratuita de celulares para as pessoas que já são beneficiadas pelo programa Bolsa-Família.

Ao todo, seriam distribuídos 11 milhões de celulares pré-pagos, que teriam em conta um bônus mensal de R$ 7. Todo o programa, segundo Costa, custaria às empresas de telefonia, em um primeiro momento, R$ 2 bilhões, investidos em um período de dois anos. Para compensar esse custo, o governo abriria mão do recolhimento do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) sobre esses celulares. Ou seja, o governo bancaria a bolsa.

As empresas de telefonia recolhem anualmente para o Fistel R$ 13,42 relativos a cada celular em funcionamento e mais R$ 26,83 na habilitação de cada novo telefone móvel.

Segundo o ministro das Comunicações, as empresas ainda sairiam ganhando, porque além de expandir o número de clientes, teriam o aumento de receita.

A expectativa, segundo o ministro, é de que cada usuário gaste mais do que os R$ 7. "O presidente gostou da ideia e as empresas aprovaram o projeto", afirmou o ministro, acrescentando que já houve a adesão da TIM à proposta. Mas ainda não há uma data definida de implantação do programa.

A princípio, o programa prevê um celular por família, mas não está descartada a possibilidade da concessão de um segundo celular, ainda que em condições menos vantajosas. O bolsa-celular segue na mesma linha de outros programas do governo. Na semana passada, foi anunciada a criação do seguro-funeral, para cobrir gastos com enterro dos participantes do programa Bolsa-Família.

"Bölsa-voto"

A proposta foi criticada por parlamentares. O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), disse que o governo deveria focar seus esforços na massificação da banda larga, que ainda é restrita no País, e não em um serviço que já foi universalizado, como o celular. "Hoje temos quase 170 milhões de celulares e no fim do ano chegaremos a praticamente um celular por habitante", afirmou.

O deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC) também criticou a ideia. "Isso cheira a processo eleitoral. É mais uma série do bolsa-voto. Não é bom para a democracia", afirmou. Ele lembrou que o Fistel foi criado para sustentar a fiscalização do setor de telecomunicações, mas menos de 10% dos recursos arrecadados ficam com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

As empresas de telefonia celular TIM, Vivo e Oi, apesar de cautelosas, se mostraram dispostas a conversar com o governo sobre o assunto.

A TIM informou por meio de nota à imprensa que está conversando com o ministério desde setembro e que, para viabilizar o projeto, o governo ofereceria desoneração tributária. Vivo e Oi também abordaram a necessidade de desoneração tributária para que o programa seja sustentável economicamente. A Claro não se manifestou.

VEIO DAQUI

Indianos compram usinas no Paraná

GAZETA DO POVO, 12 de novembro de 2009

É a primeira vez que um grupo estrangeiro assume o controle total de plantas sucroalcooleiras no estado


A produtora paranaense de álcool e açúcar Vale do Ivaí, situada no Noroeste do estado, foi comprada pela maior refinaria de açúcar da Índia, Shree Renuka Sugars. O valor divulgado da compra foi de US$ 82 milhões, mas envolve também a absorção de dívidas na casa de US$ 240 milhões. É a primeira vez que uma empresa do exterior adquire a totalidade de uma planta sucroalcooleira do estado, segundo informações da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar).

De acordo com o presidente da Vale do Ivaí, Paulo Zanetti, os indianos adquiriram as duas plantas paranaenses – em São Pedro do Ivaí e em Marialva (unidade Cambuí) – do total de três unidades da empresa. A terceira e menor, localizada em Fronteira (MG), sofrerá uma cisão e será redistribuída aos atuais acionistas.

Ele explica que o negócio com a Shree Renuka foi condicionado à compra do passivo de US$ 240 milhões. “Fizemos no passado alguns investimentos que consideramos sólidos, mas que acabaram desmoronando com a crise do crédito. A empresa não estava correndo risco, mas estávamos bastante endividados. A negociação já estava ocorrendo há algum tempo, e avalio a capitalização de US$ 82 milhões que conseguimos como forte, bastante positiva. Era isso que os acionistas queriam, levantar capital e manter a produtividade da empresa”, declarou.

Apesar de as duas usinas negociadas terem a capacidade de moagem de 3,1 milhões de toneladas de cana por ano, nesta safra está esmagando apenas 2,4 milhões. “A crise me fez pôr o pé no freio”, conta. Segundo informações divulgadas pela companhia indiana, a compra será feita com dinheiro próprio, sem lançamento de ações ou de novas dívidas. A dívida assumida da Vale do Ivaí teria sido renegociada para oito anos.


Mesmo com a mudança societária, o executivo paranaense afirmou que permanecerá à frente da empresa, e informou que o plano a partir de 2010 é ampliar a capacidade produtiva em mais de 20% em dois anos – a moagem deve ser majorada de 3,1 para 3,8 milhões de toneladas/ano. De acordo com ele, o açúcar será priorizado nos investimentos. “Os planos são de ampliar a produção de açúcar em São Pedro do Ivaí e montar uma nova fábrica, também de açúcar, em Cambuí. Nesta unidade hoje produzimos apenas álcool.”

Além das usinas, também interessam à gigante indiana os 18 mil hectares de terras cultiváveis e as associações nos dois maiores terminais de exportação de açúcar e de álcool do Paraná e ainda na CPA Trading, responsável pela comercialização de 60% do etanol do estado.

O presidente da Alcopar, Anísio Tormena, disse que ainda está muito cedo para emitir uma opinião aprofundada sobre a aquisição das plantas sucroalcooleiras paranaenses. “Se lá fora estão enxergando no Paraná uma alternativa econômica boa, isso dá um incentivo para o produtor. A Índia é uma liderança mundial no setor, mas lida com mercados e produtividade diferentes. Se eles conseguirem ganhar dinheiro aqui, acho que vai ser bom para agregar novos conhecimentos ao negócio do estado”, avaliou.

Ele afirmou ainda que, até então, a produção de álcool e açúcar no Paraná se manteve de certa forma isolada, sem a participação estrangeira, mais comum no estado de São Paulo. “Já tivemos algumas vezes a participação, mas nunca aquisição, de grupos estrangeiros. Isso ocorreu principalmente depois daquela visita em 2007 do [então presidente dos Estados Unidos], George W. Bush ao Brasil, que veio conhecer a produção de etanol. Esse fato despertou interesse de alguns investidores, mas todos eles já saíram porque não tinham o know-how do negócio – uma situação bem diferente da Índia”, afirmou.

A Índia é o segundo produtor mundial de açúcar, atrás do Brasil.

TRE julga recurso contra Silvio II

BLOG DO RIGON, 12 de novembro de 2009

O TRE do Paraná julga hoje o recurso eleitoral apresentado pela coligação Maringá de Toda Nossa Gente (PT-PV-PCdoB-PCB-PSC-PSDC) por abuso de poder político do prefeito Silvio Barros II (PP) em sua campanha à reeleição. Neste caso, houve representação eleitoral contra o PP por causa da veiculação de imagtens filmadas no interior de obras públicas, de maquete pertencente ao município e do símbolo do município estampado em camiseta de entrevistados, durante a propaganda do horário eleitoral gratuito, em 29 de agosto do ano passado. O juiz da 137ª Zona Eleitoral de Maringá julgou improcedente e houve recurso. Os advogados da coligação recorrente são Silvio Luiz Januário e Alisson Silva Rosa; os da coligação Maringá Cada Vez Melhor (PP-PDT-PSL-PR-PRTB-PHS-PRP-PSDB) são Paulo Lemos, José Buzato, João Amaro de Faria Filho, Fernando Cesar Rocco, Thiago Paiva dos Santosm Giovani Brancaglião de Jesus, Luiz Carlos Manzato e Daniel Romaniuk Pinheiro Lima. O relator é Munir Abagge.

Recentemente um processo contra o prefeito por abuso de poder econômico e político no pleito passado foi zerado pelo TRE-PR e voltou a ser apreciado pela Justiça Eleitoral de Maringá.

Em Londrina, Justiça considera que pagamento de incentivo aos médicos é ilícito

JORNAL DE LONDRINA, 12 de novembro de 2009

Prefeitura apresentou nova proposta aos plantonistas do SUS para evitar paralisação nos prontos-socorros marcada para amanhã. A suspensão dos atendimentos de pronto-socorro (PS) preocupa a direção do Hospital Universitário de Londrina (HU) porque toda a demanda por atendimento especializado será destinado para a instituição, cuja situação “já é caótica”.


O juiz Aurênio Arantes de Melo, da 9ª Vara Cível, negou ao Município o direito de depositar em juízo R$ 530 mil devidos a médicos que cumprem plantão a distância (só são acionados em casos de urgência/emergência, de acordo com a demanda). Apesar da negativa do juiz, o que poderia ser uma derrota foi interpretado como vitória da Prefeitura de Londrina contra o pagamento dos adicionais de R$ 160 por médico a cada plantão, cujos recursos não chegam aos médicos há quatro meses diante do questionamento do Ministério da Saúde.

O ministério afirma que o uso de dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS) para remunerar médicos é irregular – e que apenas fontes municipais podem ser aplicadas nos adicionais por plantão. Assim, recursos que deveriam ter sido canalizados para atender pacientes de média e alta complexidades nos hospitais e na rede básica de saúde acabaram servindo ao pagamento dos médicos. O saldo acumulado retido pela Prefeitura atualmente é de R$ 2,8 milhões – recursos que faltam no atendimento dos pacientes dos principais hospitais do sistema público em Londrina.

“Como alegamos que o pagamento é irregular, preferimos depositar em juízo se houvesse discussão. Os argumentos do juiz acabaram reforçando a nossa posição. Se não é devido, não há motivos para depositarmos em uma conta judicial”, afirmou o procurador-chefe do Município, advogado Sérgio Veríssimo de Oliveira. A Prefeitura não disponibilizou cópias da decisão, mas segundo o Veríssimo, o juiz considerou que “não havendo legislação municipal que autorize, o pagamento configuraria ato ilícito”.

Ontem, com a ameaça dos médicos de paralisar o atendimento nas unidades de Pronto-Socorro dos principais hospitais conveniados ao SUS de Londrina a partir de amanhã, a Prefeitura fez uma proposta por escrito aos 200 plantonistas. O documento não traz novidades em relação ao que já foi prometido verbalmente antes e foi definido após mais uma reunião entre Conselho Regional de Medicina (CRM), Associação Médica de Londrina (AML), Sindicato dos Médicos e diretores dos hospitais. A administração aceitou pagar as parcelas atrasadas dos incentivos após o término de uma auditoria completa no sistema – o que deve ocorrer em 30 dias. O governo municipal prometeu também enviar à Câmara um projeto de lei para autorizar o pagamento dos atrasados e dos valores futuros. No último item do documento, a administração aceita rever os valores dos incentivos e promete pagá-los com recursos municipais.

“Esperamos que essas propostas sejam suficientes para que os médicos não paralisem o serviço”, acredita Marco Cito, secretário de Gestão Pública. Os diretores dos Hospitais Evangélico e Santa Casa – os dois maiores conveniados – ficaram de comunicar aos médicos as propostas com o objetivo de que decidam definitivamente em favor da greve ou pela desistência da paralisação.

Propostas são “pobres e fracas”
O presidente da Associação Médica de Londrina (AML) qualificou as propostas da Prefeitura como “fracas e pobres”. Antonio Caetano de Paula não acredita que os médicos aceitarão em massa as novas promessas “porque elas já foram feitas”. “E se a Prefeitura ainda não auditou os valores que deve depois de quatro meses é porque a gestão do sistema é irresponsável”. Caetano de Paula afirma que muitos médicos “não querem mais voltar para o plantão” .

“A proposta de suspensão do atendimento continua, a não ser que a Prefeitura reveja de fato suas posições de não fazer o pagamento”, reforça José Luiz de Oliveira Camargo, presidente Sindicato dos Médicos de Londrina. “Se o Município tem dinheiro para fazer o depósito judicial deveria logo pagar o que é devido. Ao menos a primeira parcela do total”.

No começo da noite de ontem, o Núcleo de Comunicação da Prefeitura informou que o prefeito Barbosa Neto se reuniu em Brasília com representantes do Ministério da Saúde. Amanhã está marcada uma nova reunião, em Curitiba, entre o secretário Estadual de Saúde Gilberto Martin, o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde de Londrina. O tema é o valor do teto do SUS enviado a Londrina – atualmente em R$ 13,5 milhões mês.

Situação no HU “já é caótica”
A notícia de que os médicos plantonistas dos Hospitais Evangélico, Santa Casa e Infantil vão suspender os atendimentos de pronto-socorro (PS) a partir de amanhã preocupa a direção do Hospital Universitário de Londrina (HU). Isto porque, toda a demanda por atendimento especializado será destinado, a princípio, para a instituição. O superintendente do HU, Francisco Eugênio Alves de Souza, alertou, ontem, que a situação do hospital “já é caótica”. Ele informou que ontem pela manhã, eram 84 pacientes internados no PS, que tem capacidade para 48 leitos. “Estamos mantendo uma média de 75 internações, o que já supera a nossa capacidade. E ainda nem começou a paralisação do atendimento nos outros hospitais. Se o serviço for mesmo suspenso a situação pode ficar insustentável”, explicou.

Para o superintendente, está ocorrendo uma série reuniões e conversas para solucionar o impasse, porém os hospitais estaduais, que segundo ele ficarão no “olho do furacão”, estão à margem das discussões. Segundo Souza, há outro agravante para atender um possível aumento da demanda: o HU está com uma “séria crise de abastecimento”. Ele afirmou que a instituição já havia comunicado a administração municipal que estava encontrando dificuldade para comprar medicamentos em razão da falta de pagamento pelos serviços prestados. O superintendente disse que a dívida do município com o HU, acumulada nos últimos anos [incluindo a atual gestão], chega aos R$ 13 milhões.

Deputados assinam CPI para investigar licenças do Instituto Am­­­biental do Paraná

GAZETA DO POVO, 12 de novembro de 2009


Um grupo de 19 deputados estaduais quer investigar denúncias de irregularidades no Instituto Am­­­biental do Paraná (IAP), presidido por Victor Hugo Burko. Eles assinaram um requerimento, protocolado ontem, pedindo a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para apurar suspeitas de interesses pessoais de integrantes do governo estadual na liberação de licenças ambientais para a construção de aterros sanitários privados.

Segundo o deputado Marcelo Rangel (PPS), autor do requerimento, há denúncias graves de favorecimento pelo IAP à iniciativa privada. Mas ele não apontou quais seriam. “Pelo que ouvimos é uma questão política porque recebemos denúncias no caso dos aterros. Se a iniciativa privada está se beneficiando de maneira irregular, temos que investigar”, disse Rangel.

Dois casos foram apontados pelo deputado. Um deles é o do Aterro da Caximba, em Curitiba – local onde se deposita o lixo da capital e de outros 18 municípios da região metropolitana.

O IAP e a prefeitura de Curitiba travam uma queda de braço em torno do aterro. O prazo para uso da Caximba se encerra em janeiro de 2010, mas o município pediu autorização para encontrar um novo espaço dentro da área existente do próprio aterro para colocar uma quantidade maior de lixo – a chamada reconformação geométrica do local. Com a medida, adiaria a saída do local até realizar uma licitação para encontrar uma nova área. O IAP, no entanto, negou o pedido. A prefeitura entregou um novo estudo ao IAP, mas o presidente do órgão, Victor Hugo Burko, novamente não autorizou.

Rangel ainda citou o caso de Ponta Grossa, onde o IAP aprovou um novo aterro da iniciativa privada, mas o local ofereceria risco de problemas ambientais. O deputado afirmou ainda que está cobrando do órgão informações sobre a situação no estado inteiro. Ele enviou um requerimento para o IAP cobrando detalhes sobre as licenças ambientais concedidas e os contratos com empresas privadas, mas ainda não recebeu resposta.

O pedido de CPI irritou Burko, que negou qualquer tipo de ingerência política na liberação das licenças. Segundo ele, o órgão é rigoroso nas autorizações, que seguem critério técnico. “Tanto é que fazem críticas genéricas sobre irregularidades, mas ninguém aponta onde estão os problemas do IAP”, disse Burko.

Segundo ele, sempre que o órgão vai implantar um aterro alguém fica descontente e os deputados aproveitam que estão num momento pré-eleitoral para defender as pessoas que são contrárias aos depósitos de lixo. “É exatamente essa ingerência política que tem provocado o caos.”

O pedido de CPI partiu da oposição, mas teve apoio até de deputados governistas, como Cleiton Kielse, Dobrandino da Silva, Edson Strapasson e Reinhold Stephanes Júnior, todos do PMDB. A comissão deve ter 13 integrantes e prazo de 120 dias para conclusão dos trabalhos. Mas pode não sair do papel. O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), e o presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), vêm se manifestando contra a abertura de CPIs.

CNJ ouve reclamações de 150 pessoas sobre funcionamento da Justiça no PR

GAZETA DO POVO, 12 de novembro de 2009

Na quinta-feira (12) será realizada uma audiência pública e outras 30 pessoas se inscreveram para apresentar críticas e propostas oralmente. A audiência será feita a partir das 14 horas


Cento e cinquenta pessoas foram atendidas pela equipe da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta quarta-feira (11), em Curitiba, durante o primeiro dia do mutirão feito pelo CNJ para tentar achar soluções de como acelerar processos judiciais, que há anos estão sem solução. Reclamações sobre a demora no andamento de ações e dificuldade para ter acesso a processos e informações em varas e cartórios foram algumas das críticas e sugestões ao funcionamento da Justiça Estadual do Paraná, feitas pelas pessoas atendidas.

Na quinta-feira (12) será realizada uma audiência pública e outras 30 pessoas se inscreveram para apresentar críticas e propostas oralmente. A audiência será feita a partir das 14 horas, no 12.º andar do anexo do Palácio da Justiça, em Curitiba. A sessão será presidida pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, que além dos cidadãos, também ouvirá a manifestação de outras 18 entidades que foram convidadas a participar do evento. Já a equipe da CNJ estará disponível para receber críticas e sugestões sobre a Justiça Estadual do Paraná das 9h30 às 18h.

As informações recebidas serão analisadas pela Corregedoria, para que as devidas providências sejam tomadas, a exemplo do pedido de informações a juízes sobre a demora na tramitação de processos, ou, até mesmo, a abertura de sindicâncias para apuração de denúncias.

Avaliação
O atendimento individual aos cidadãos integra a inspeção, que, desde segunda-feira (9), está sendo realizada na Justiça Comum do Paraná. Nove juízes, além de 25 funcionários do CNJ, participam dos trabalhos. A equipe está percorrendo unidades judiciais e administrativas ligadas ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), além de cartórios extrajudiciais, para verificar as deficiências enfrentadas e as boas práticas adotadas, com o objetivo de contribuir com a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos.

Os juízes já visitaram unidades dos municípios de Foz do Iguaçu, Matelândia, Cascavel (Oeste), Londrina (Norte), além de gabinetes de desembargadores, Varas da Fazenda e Juizados Cíveis de Curitiba. Também já foram percorridos cartórios extrajudiciais de Ponta Grossa (Campos Gerais) e da capital paranaense.

STF mantém suspensa a posse de 7 mil vereadores suplentes

AGÊNCIA BRASIL, 12 de novembro de 2009


O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter suspensa a posse de mais de 7 mil suplentes de vereadores por 8 votos a 1. Os ministros derrubaram a proposta de emenda à Constituição (PEC) promulgada pelo Congresso Nacional em setembro que aumentava de 51.748 para 59.457 o número de vereadores no país. A decisão dos parlamentares permitia que vereadores suplentes nas eleições de 2008 tomassem posse.

A ministra Carmen Lúcia sustentou que a emenda muda o processo eleitoral já concluído em 2008. Qualquer alteração deveria ser aplicada um ano antes das eleições. “O cidadão brasileiro tem o direito de saber das regras do jogo [eleitoral] antes de seu início”, disse a ministra.

O voto da ministra teve apoio da grande maioria dos membros da Corte. O ministro Carlos Ayres Britto disse que “pensar diferente é fazer da emenda um substitutivo da urna e só quem tem voto é o eleitor nos termos do Artigo 14 da Constituição". Apenas o ministro Eros Grau foi contra a liminar.

Apagão revela as falhas do sistema elétrico

O GLOBO,12 de novembro de 2009


O setor elétrico brasileiro é considerado seguro, mas não é invulnerável. Essa é a opinião de analistas para os quais, apesar dos avanços na segurança do sistema desde o grande apagão de março de 1999, não há como garantir uma operação totalmente sem riscos.

Nos últimos dez anos, novas linhas de transmissão foram construídas, medidas de segurança foram idealizadas e um sistema de “ilhamento” foi concebido. Por esse sistema, se uma linha cai, o restante não deveria ser atingido, fechando-se em si e garantido o abastecimento de áreas específicas.

Entre as medidas de segurança adotadas está a implantação de linhas de transmissão de reserva nas existentes, para serem acionadas em caso de falhas. O problema é que na noite da última terça-feira nada disso funcionou. Em um movimento inédito, toda as linhas de Itaipu (inclusive a de reserva) entraram em colapso, e o sistema de “ilhamento” não funcionou completamente.

— A possibilidade de as cinco linhas de Itaipu caírem ao mesmo tempo é tão rara quanto alguém ganhar ao mesmo tempo na mega-sena e na loteria da Califórnia — disse o consultor Eduardo Bernini, ex-presidente da distribuidora Eletropaulo.

Sistema de ‘ilhamento’ já foi usado em réveillon Segundo um técnico do Operador Nacional do Sistema (ONS), o Rio recebe energia de Itaipu principalmente por duas linhas de transmissão de 500 Kilovolts (Kv). Quando essa energia deixou de ser transmitida, o sistema de segurança das usinas nucleares de Angra 1 e 2 desligaram as duas centrais, que estavam operando com cerca de 80% de capacidade. O técnico acredita que a falta repentina de um volume tão grande de energia fez com que o sistema de segurança que poderia “ilhar” o Estado do Rio, não funcionasse.

— Houve um problema em uma das linhas de corrente alternada de Itaipu, derrubando as demais. O sistema de segurança que deveria ter ilhado o problema não funcionou. Mas garanto que o sistema elétrico nacional é robusto, e o ocorrido não foi por falta de investimentos — disse o presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes.

Para o ex-secretário estadual de Energia do Rio e atual presidente da Cedae, Wagner Victer, o “ilhamento” seria uma alternativa viável porque o Estado do Rio produz mais energia do que consome. Assim, a energia que deixaria de ser recebida de Itaipu seria compensada pela energia das usinas nucleares de Angra 1 e 2, bem como a das cinco térmicas existentes no estado.

— Em 2001, 60% do abastecimento energético do Rio dependia de Itaipu. Hoje, o Rio tem um excedente de 20% em sua geração de energia — disse Victer.

Segundo ele, esse mecanismo foi acionado em sua gestão (1999-2006) durante festas de réveillon e deveria estar em pleno funcionamento para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, para evitar problemas. Falta de fiscalização deixa setor vulnerável, diz analista O sistema de abastecimento da região central de São Paulo (incluindo metrô e principais hospitais) também não foi acionado a tempo.

— O ilhamento existe no conceito e na prática, mas simplesmente não funcionou. É preciso identificar as causas do problema, e não tratá-lo como uma marolinha — disse Bernini.

Para o governo, o mecanismo de ilhamento não foi considerado um problema. Segundo Luiz Eduardo Barata, diretor de Operação do ONS, as ilhas devem A EQUIPE do Ministério de Minas e Energia, liderada por Lobão, explica as razões do blecaute: “descarga elétrica” Givaldo Barbosa funcionar depois de ocorrido o blecaute. Segundo ele, isso ocorreu.

Já as usinas de Angra demoram até 24 horas para serem religadas, como qualquer unidade nuclear, defendeu: — Houve um problema sério, mas o sistema funcionou corretamente.

Os sistemas do Norte, Nordeste e Sul se desligaram. Ainda assim, os analistas recomendam aperfeiçoar o setor. Para Marcos Alves,gerente técnico da Treetech Sistemas Digitais, empresa especializada em linhas de transmissão, o “ilhamento” tem de ser aperfeiçoado, bem como a modernização do sistema de fiscalização dos equipamentos.

Já o consultor de energia renovável e sustentabilidade da Trevisan, Antonio Carlos Porto Araujo, disse que o setor energético brasileiro é um dos mais seguros do mundo. Mas reconhece que há riscos em um sistema interligado com mais de 80 mil quilômetros de extensão: — A necessidade de transferência de grande bloco de energia por meio de interligação de sistemas regionais podem causar panes. O sistema é sujeito a ventania, raios, sabotagem, atentado, greve e falha humana.

O especialistas em energia Helder Queiroz, do Instituto de Economia da UFRJ, lembra que, no caso de um país de dimensões continentais como o Brasil, as longas linhas de transmissão ainda são a melhor opção.

— Pequenas linhas não seriam viáveis. Seria como se cada apartamento de um prédio tivesse sua própria caixa d´ água para usá-la apenas quando houvesse falta de água.

O presidente do Associação dos Operadores do Estado de São Paulo, Washington Maradona, alerta que a fiscalização do setor é falha. Segundo ele, as empresas privadas reduziram o efetivo de pessoal em quase 60% desde os anos 90 e a fiscalização feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é insuficiente, deixando o setor vulnerável Um ex-dirigente do sistema alerta que, para aperfeiçoar a segurança, a sociedade brasileira terá de pagar mais caro pela energia, para compensar o custo desses investimentos.

Governo atribui apagão a raios. Para especialistas, rede é frágil

O ESTADO DE S. PAULO, 12 de novembro de 2009

Governo culpa mau tempo pelo maior apagão elétrico em dez anos: 18 Estados e 70 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica.



O governo federal acredita que a concentração de "descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes" na região de Itaberá, no interior de São Paulo, causou o apagão que deixou às escuras por quatro horas mais da metade do País, na noite de terça-feira. .Ao todo 18 Estados e 70 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o mau tempo teria provocado um curto-circuito que levou à queda na transmissão de energia da Hidrelétrica de Itaipu. Num efeito dominó, a pane desligou pelo menos 15 linhas de transmissão, segundo estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Apesar da versão oficial, fontes da Eletrobrás disseram ao Estado que o governo continua sem explicação para três fatos: a quantidade de linhas de transmissão desligadas, a área atingida e o horário da pane, a partir das 22 horas, quando o consumo já é baixo. Segundo técnicos, o sistema deveria ter "ilhado" a região inicial do apagão, evitando o alastramento do blecaute e a queda das linhas de corrente contínua (as vias expressas que ligam diretamente Itaipu a São Paulo).

O anúncio das causas do apagão foi feito após mais de 20 horas de informações contraditórias do governo, que chegaram a irritar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e fizeram a oposição convocar Lobão, além da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (pré-candidata petista à presidência), para prestar esclarecimentos em três comissões do Congresso.

Lobão negou que o problema tenha sido provocado por falta de investimentos e defendeu a solidez do sistema elétrico brasileiro. "Nenhum governo fez tantos investimentos neste setor quanto o atual", disse o ministro, citando o aumento de 30% nas linhas de transmissão entre 2003 e 2009 e os R$ 22 bilhões investidos. Ele comparou o blecaute a uma acidente de avião ao dizer que "as máquinas são feitas para serem perfeitas, como o avião, que as vezes cai".

Após reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), grupo que tem a função de acompanhar a segurança do abastecimento de energia elétrica no País, Lobão tentou por diversas vezes mostrar que situações extremas de meteorologia, como as que teriam sido registradas ontem na região de Itaberá, podem afetar qualquer sistema em qualquer país.

"O Brasil é o país de maior concentração desses fenômenos meteorológicos, e essa área concentra ainda mais", justificou o ministro. Ele citou casos que teriam ocorrido no leste dos EUA, no Canadá e na Itália,semelhantes ao caso brasileiro. Em 2003, EUA e Canadá levaram quatro dias para restaurar o sistema elétrico depois de uma pane que afetou 50 milhões de pessoas.

O diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, disse que foi a "Lei de Murphy" que provocou o apagão de anteontem. Dos 1 mil quilômetros de rede, em apenas seis quilômetros as cinco linhas de transmissão andam juntas. "E foi bem nesse trecho que caiu o raio", afirmou. Samek acredita que a solução para evitar que o apagão se repita é depender menos de Itaipu. Especialistas ouvidos pelo Estado também apontaram a "fragilidade" do sistema interligado.

De acordo com Luiz Eduardo Barata, diretor do ONS, apesar da extensão do apagão, os sistemas de proteção funcionaram adequadamente, impedindo que o defeito se propagasse por toda a rede, o que poderia causar danos maiores. "O grande prejuízo que se teve foi a interrupção no suprimento de energia para o consumidor, mas do ponto de vista de prejuízos materiais não existe nada, porque houve proteção devida e correta dos circuitos", disse.

O ONS estima que houve interrupção parcial de energia no Sudeste e no Centro-Oeste equivalente a 28.800 megawatts médios (MW) ou mais de 40% da demanda de energia do País. O blecaute ocorrido em 1999 durou quatro horas e resultou numa queda de cerca de 70% da energia. Em 2002, a queda foi de 60%.