sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Estrategista de Obama para a internet diz que tática tem de ser adaptada para o Brasil

FOLHA DE S. PAULO, 18 de setembro de 2009


O marqueteiro João Santana promoveu na terça-feira um encontro em Brasília entre a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e o americano Ben Self, mentor das estratégias de campanha na internet que ajudaram a eleger o presidente Barack Obama (EUA), para tratar do uso da rede na campanha de 2010.

Self também se reuniu com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e com o tesoureiro Paulo Ferreira. Os petistas ouviram a experiência americana na arrecadação, mobilização de ativistas e convocação de comícios via internet.

Sob os auspícios de João Santana, a empresa de Self, a Blue State Digital, fechou uma parceria com uma empresa brasileira que atua no setor de internet, a Pepper. A primeira fase desta parceria, já iniciada, é a elaboração de um diagnóstico para o PT sobre as possibilidades de uso da internet nas campanhas. Ambas as empresas atuarão na aplicação dessas estratégias, num segundo momento.

Antes de embarcar de volta aos Estados Unidos, Self falou sobre como aplicar esses modelos no Brasil, onde o acesso à internet é bem menos pulverizado do que nos EUA, Self disse: “Eu não acredito que você possa trazer algo pronto de determinado país, implementar em outro e fazê-lo funcionar”. Trata-se, segundo ele, de entender como estabelecer relações com as pessoas e usar estas relações para pedir que elas se mobilizem por sua causa. “Isso sim funciona em qualquer lugar. É a natureza humana”.

A reunião com Self é parte da nova fase da pré-campanha da ministra Dilma, que nesta semana teve outros desdobramentos. Na quarta-feira à noite, Dilma se reuniu na sede do PT com cerca de 15 prefeitos do partido, para tratar da conjuntura econômica e de 2010.

Nas próximas semanas, será constituído uma espécie de comando de prefeitos petistas para traçar estratégias para a campanha da petista.

O PT em breve também formalizará um pré-comando da campanha de Dilma, com a criação do chamado Grupo de Trabalho Eleitoral.

Formalizado pedido de investigação contra vereador de Londrina acusado de cobrar propina

FOLHA DE LONDRINA, 18 de setembro de 2009

Pedido feito por integrante do mesmo partido do vereador será analisado pela Procuradoria da Câmara e terá de ir para a Comissão de Ética antes da Câmara se decidir pela investigação


Antonio Dal Bello (57), filiado ao PRP, mesmo partido de Rodrigo Gouvêa, formalizou o pedido de investigação contra o vereador. Nele, o enfermeiro pede abertura de investigação contra o parlamentar por suposta quebra de decoro, como atentam os artigos 8º e 9º do Código de Ética da Câmara Municipal. "A população tem que estar atenta a conduta do vereador, pois não pode acontecer o que houve no passado", disse Dal Bello, referindo-se aos escândalos do ano anterior. Gouvêa é acusado de ter cobrado propina de empresário para aprovação do projeto de lei na Câmara.

Com a formalização da denúncia, a Comissão de Ética pode abrir processo investigativo contra Rodrigo Gouvêa. Inicialmente, o requerimento será analisado pela Procuradoria da Câmara. Com parecer técnico, o documento passa pela Mesa Executiva, que avalia fundamentos e requisitos legais para iniciar investigação.

Posteriormente, a denúncia será remetida à Comissão de Ética. O Jurídico tem emitido decisões em uma semana.

Rodrigo Gouvêa falou com exclusividade ao portal Bonde. Disse não conhecer o colega partidário. "Não conheço esse 'cara', não sei quem é", salientou. "Onde já se viu um 'cara' que não me conhece oferecer a denúncia", se defendeu. O parlamentar reclama de perseguição interna no partido. "O presidente municipal (Adilson Souza Ribeiro) está magoado comigo, porque pediu emprego três vezes, me pressionando. Mas vou dizer de novo, meu gabinete não é o Sine (Agência de Empregos). Ele tem mágoa e juntou com outros grupos, que não vou citar nomes pois não tenho certeza, tem interesses (políticos)", frisou.

O parlamentar defende e que é alvo de injustiças. "Estou sendo bombardeado pela imprensa. Estão me julgando sem o parecer da Comissão de Ética e da Corregedoria. Não acho justo. Estão cometendo injustiça muito grande. O tempo é o senhor da razão. Vão acabar os prazos, não vão ter provas e daí todo mundo vai conhecer a verdade", disse.

O parlamentar já responde processo interno de expulsão no Diretório Municipal do PRP. Ele é investigado por ter apoiado coligação contrária durante as últimas eleições. Atualmente, o processo contra Rodrigo Gouvêa corre na Comissão de Ética. "Ainda este mês deve haver parecer final", salientou o Adilson Souza Ribeiro.



Vereador renuncia à cargo na Comissão de Ética e critica omissão no caso

Incomodado, chateado e desgastado. Assim, Roberto Fú (PDT) definiu sua posição dentro da Comissão de Ética da Câmara de Vereadores de Londrina, após discussão ocorrida em plenário com a presidente Sandra Graça (PP), na última terça (15). Na sessão seguinte, ocorrida nesta quinta (17), o pedetista apresentou sua renúncia do cargo de vice-presidente.

"As coisas estavam desalinhadas. Tenho pensamento que todos assuntos discutidos entre membros da comissão são sigilosos, como preconiza o Código de Ética", disse. "A vereadora acabou me expondo em pleno plenário. Fiquei muito magoado. A relação até ficou delicada, pois parecia que ela me jogava contra o vereador Rodrigo Gouvêa", comentou.

A relação entre os dois já estava desgastada. Fú deixou reunião da Comissão de Ética, na semana passada, sem falar com a imprensa e com cara de poucos amigos. Graça até havia pedido a presença do colega para registro de imagens e entrevista coletiva. "A Comissão se precipitou. Houve um desgaste muito grande e ficou provado que não foi uma reunião objetiva", avaliou. Para ele, a corregedoria deveria formalizar denúncia contra Gouvêa e iniciar investigação. "A Comissão tem que ter iniciativa e tomar providências. Houve omissão", criticou. Sandra Graça não quis comentar as declarações.

Durante a noite, quando ainda acontecia a sessão, o vereador Rony Alves (PTB) foi eleito novo membro da Comissão de Ética. Ele foi candidato único da vaga e recebeu 16 votos, com abstenções de Joel Garcia (PDT) e Jacks Dias (PT).

Aposta errada

O GLOBO, EDITORIAL, 18 de setembro de 2009


O lobby dos jogos de azar apostou no poder de pressão sobre os parlamentares e obteve anteontem uma primeira vitória, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, em nova investida para legalizar no país o funcionamento de casas de bingo e máquinas caça-níqueis. Como a matéria ainda vai ao plenário da Casa e, em seguida, passará pelo Senado, há espaço para que a preocupante decisão da CCJ seja revogada.

Não pode ser outra a resposta do Legislativo, sob pena de esse Poder - cuja imagem vem sendo gravemente maculada por ações que não se coadunam com os interesses do país - coonestar mais um ato contra a sociedade. Com a legalização do bingo e dos caça-níqueis, escancaram-se de vez as portas para o crime organizado impor com mais desenvoltura, graças ao anteparo da lei, os conhecidos (e criminosos) recursos que costuma empregar para dominar a atividade.

O projeto que voltou à discussão na Câmara é mimetismo de um dispositivo da Lei Pelé que previa a destinação ao esporte de parte do dinheiro arrecadado na ponta das cartelas. Adoça-se a proposta atual com nova formulação supostamente também de interesse social, com a reversão de uma parcela das apostas para fundos de apoio à cultura, ao esporte, à segurança pública e à saúde. Crítico da legalização, o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) alerta, no entanto, para o que realmente está por trás da regulamentação: "Não é possível que o Congresso queira legalizar uma atividade que tenha comprovadamente ramificações na criminalidade. Não há casas de bingo sem que haja drogas e prostituição."

Não é demais lembrar também que os bingos alimentam uma rede de corrupção, na qual já caíram magistrados, autoridades e políticos. É emblemático o episódio em que, um ano depois de elogiar o jogo, o presidente Lula editou uma medida provisória voltando a proibir tal atividade, em resposta à repercussão de uma gravação em que o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz aparecia cobrando propina de um bicheiro. O escândalo provocou, em 2005, a criação de uma CPI e teve o dom de mudar os conceitos do presidente, que passou a relacionar o bingo ao crime organizado e à prostituição infantil.

O que está em jogo é mais do que o grau de simpatia, ditada por injunções conjunturais, por essa atividade. Ao aprovar os bingos e caça-níqueis, a CCJ aposta na legalização de um instrumento que transformará os estabelecimentos em grandes lavanderias de dinheiro e avalizará os violentos métodos de controle da jogatina, na qual invariavelmente ganha quem está por trás do balcão.

Após escândalo, Senado volta a validar atos secretos sem tornar pública a decisão

FOLHA DE S. PAULO, 18 de setembro de 2009

Maioria dos atos agora validados cria mais gastos na Casa, como aumentos da verba indenizatória e de cargos e diretorias da Casa


Por meio de uma ata não publicada até ontem, o Senado validou 36 atos secretos da Mesa Diretora usados para criar cargos, diretorias e até para reajustar a verba indenizatória de R$ 12 mil para R$ 15 mil.

O assunto foi abordado em duas reuniões do colegiado realizadas há um mês, mas a decisão não havia sido tornada pública até ontem.

A informação consta em apenas três linhas da ata da reunião da Mesa realizada em 20 de agosto deste ano: "Item 05: Convalidação dos atos e decisões sobre matérias de competência da Comissão Diretora, inclusive os excepcionados ao ato do presidente do Senado Federal no 294/2009, o ato do presidente no 313, de 2009 e outras matérias similares. Convalidado".

A ata é assinada por José Sarney (PMDB-AP) e, na ordem seguinte, por mais quatro integrantes da Mesa Diretora do Senado: a segunda-vice-presidente Serys Slhessarenko (PT-MT), o segundo-secretário João Vicente Claudino (PTB-PI), o suplente Gerson Camata (PMDB-ES), o terceiro-secretário Mão Santa (PMDB-PI) e o primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI).

Em junho, uma comissão de sindicância identificou 663 atos administrativos que não foram publicados.

Desse total, 36 são atos da Comissão Diretora, os mais importantes porque só entram em vigor se forem assinados pela maioria dos sete integrantes da Mesa Diretora -colegiado atualmente presidido por José Sarney e integrado por seis senadores.
Num primeiro momento, Sarney determinou a anulação de todos os 663 atos. No dia 6 de agosto, foi convencido a voltar atrás em relação aos atos da Mesa Diretora. O diretor-geral argumentou para o presidente que só a Mesa poderia anular os atos tomados pelo colegiados.

A maioria dos 36 atos a Mesa Diretora trata de aumento de despesas, como criação de cargos e diretorias. Nesse caso, eles teriam de ser aprovados em plenário por meio de projetos de resolução. Havia promessa de que isso seria feito, principalmente porque a Mesa queria dividir com todos senadores a decisão.

Como primeiro-secretário, Heráclito é responsável pelas medidas administrativas da Casa, atuando como uma espécie de "prefeito do Senado". Anteontem e ontem, a Folha o questionou tanto sobre a situação dos 36 atos secretos da Mesa quanto ao fato de a ata do dia 20 não ter sido publicada.

"Essa é uma pergunta que tem de ser feita ao doutor Haroldo [Tajra, director-geral]. É uma pergunta técnica", disse Heráclito. "Na verdade, pode estar havendo atraso [na publicação]. As atas são redigidas e aprovadas na reunião seguinte da Mesa", completou.

Após falar com o primeiro-secretário, a Folha procurou o diretor-geral. Ele não quis dar explicações sobre o atraso na publicação das atas. "Por que eu tenho de te responder? Não sou obrigado a lhe responder", disse Tajra, que chegou ao cargo por indicação de Heráclito.

Há mais de um mês, a Folha e outros veículos de comunicação questionam se o Senado convalidou ou não os 36 atos secretos da Mesa Diretora. O diretor-geral sempre informou que o caso só seria anunciado em relatório final sobre os atos secretos.

No começo da tarde de ontem, a reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa de Sarney. Por volta das 18h, a Folha foi autorizada a fazer uma fotocópia da ata.

Temporão aponta gripe suína e dengue como as duas prioridades de saúde em 2010

PAULA LABOISSIÉRE, AGÊNCIA BRASIL, 18 de setembro de 2009

Ministro diz que "segunda onda" da doença deve vir no inverno. Temporão também reconhece que há um acúmulo de amostras a serem testadas em laboratório e afirma que a pasta se esforça para atualizar os dados da doença e liberar os laudos dos pacientes.


Brasília - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reconheceu hoje (16) que o país terá duas questões de saúde pública “para dar conta” em 2010, ao se referir à dengue e à influenza A (H1N1) – gripe suína. “Cada uma com a sua especificidade e com uma estratégia distinta”, acrescentou.

Sobre a dengue, Temporão garantiu que toda a estratégia de enfrentamento está “pronta”, incluindo uma agenda de viagens com o objetivo de mobilizar prefeitos e governadores. “Nosso grande desafio é não só diminuir o número de casos, mas reduzir o número de casos graves e de óbitos”, afirmou. O protocolo médico, segundo ele, já foi elaborado e classifica a doença em três níveis: leve, moderado e grave.

Em relação à gripe, o ministro avaliou que a demanda de pacientes caiu “drasticamente” no país e que, por isso, os estados já começaram a desmobilizar os centros de atendimento específico para a doença. Mas o alerta, segundo ele, está mantido. “Sabemos que, mesmo durante o período mais quente, possivelmente teremos casos”, disse.

Perguntado sobre a quantidade do medicamento Tamiflu disponível no país, ele lembrou que há apenas um fabricante do remédio, o que provoca atrasos na entrega. “Ficamos totalmente nas mãos do fabricante”. Temporão também reconheceu que há um acúmulo de amostras a serem testadas em laboratório e afirmou que a pasta está fazendo “um grande esforço” para atualizar os dados da doença e liberar os laudos dos pacientes.

“A expectativa é de que a segunda onda da doença venha no período mais frio. Estamos trabalhando com todos os cenários e vamos nos preparar para dar conta disso tudo.”

Já passa de 10 mil o número de casos confirmados da gripe A no Paraná

GAZETA DO POVO, 18 de setembro de 2009

Mortes somam 236. Ao todo são 10.188 situações confirmadas no estado, e 1.952 novos casos com relação ao boletim da segunda-feira passada


Em quase três meses, o Paraná tem mais de dez mil casos confirmados da gripe A H1N1, de acordo com o 60º Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgado nessa quinta-feira (17). Ao todo são 10.188 situações confirmadas no estado, e 1.952 novos casos com relação ao boletim da segunda-feira (14). O primeiro caso da doença no Paraná foi confirmado em 19 de junho.

A Sesa confirmou ainda mais onze mortes do estado por causa da nova gripe. No total o Paraná registra 236 mortes em decorrência da gripe A H1N1. A primeira morte no estado foi confirmada em 14 de julho. Dos novos óbitos, um ocorreu na regional na saúde de Curitiba, um na regional de Guarapuava, um na regional de Pato Branco, dois na regional de Paranavaí, dois na regional de Maringá, três na regional de Jacarezinho e um na regional de Toledo.

O novo boletim corrigiu também o número de mortes divulgado na segunda-feira (14), eram 225 e não 226 como foi confirmado. De acordo com a Sesa, a regional de saúde de Umuarama tinha quatro mortes registradas e não cinco.

Segundo os dados da Sesa, 146 das 236 mortes ocorreram na faixa etária dos adultos de 20 a 49 anos (61,9% dos óbitos). Entre os adultos de 50 a 59 anos houve 48 mortes (20,3%). Na faixa etária das crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos) aconteceram 31 óbitos (13,1%). E onze idosos com 60 anos ou mais morreram por causa da nova gripe no Paraná. Além disso, 57% dos óbitos da nova gripe no estado eram de vítimas do sexo feminino e 43% eram do sexo masculino.

Mortes e casos confirmados

A regional de saúde com o maior número de casos confirmados era a de Curitiba, foram 3.944 situações registradas, das quais 149 eram gestantes. A seguir, aparecem as regionais de Cascavel (1.098 casos), Cornélio Procópio (779), Francisco Beltrão (755), Pato Branco (483) e Foz do Iguaçu (480).

O maior número de mortes registradas por causa da gripe A também era da regional de Curitiba (78 mortes). Cascavel (20 óbitos), Foz do Iguaçu (18), Maringá (17), Toledo (12) e Jacarezinho (11).

Apucarana suspende aulas após casos suspeitos de gripe em escolas

GAZETA DO POVO, 18 de setembro de 200918 DE SETEMBRO DE 2009

Cerca de 500 crianças ficarão em casa por sete dias, por causa de colegas com sintomas da nova gripe. A medida é preventiva e quer interromper o ciclo de transmissão da doença


Duas escolas municipais de Apucarana, Norte do Paraná, tiveram as aulas suspensas por uma semana, porque alguns alunos e professores apresentaram sintomas de gripe A H1N1. A medida é preventiva e tem como objetivo interromper o ciclo de transmissão do vírus. As atividades serão suspensas nesta quarta-feira (16) e retomadas na próxima quarta-feira (23).

A coordenadora da vigilância epidemiológica da secretaria municipal de Saúde de Apucarana, Gelcy Marchini, explicou que os 242 alunos da Escola Antonieta Lautenschlager, e as 265 crianças da Escola Joaquim Vicente de Castro, ficarão sete dias em casa. Na primeira escola, dois alunos e uma professora apresentaram os sintomas. Na segunda, foram quatro alunos, três deles na mesma classe.

Todos tiveram os materiais para exame colhidos e devem aguardar os resultados. “A gente não vai esperar o resultado chegar. Então achamos por bem intervir e suspender as aulas”, disse. Segundo ela, as crianças doentes ficarão mais tempo em casa: serão 14 dias. “Nesse período em que todas as crianças ficarão afastadas, os pais ou responsáveis deverão ir até as escolas para retirar atividades dos alunos, que farão em casa”, disse.

Além disso, os pais ou responsáveis participarão de uma reunião para conhecer os sintomas da nova gripe e receber informações sobre como proceder nesses casos. Ao todo, a cidade tem 30 casos confirmados de gripe A e duas pessoas morreram em decorrência da doença.

Saiba o que mudou no Brasil em um ano de crise

FABRÍCIA PEIXOTO, BBC BRASIL, 18 de setembro de 2009

Nem uma marolinha, como chegou a prever o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nem um tsunami, como esperavam muitos empresários. É assim que analistas descrevem o resultado da crise no Brasil, pelo menos até o momento.

Um ano depois da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, alguns indicadores econômicos, entre eles o crédito e o desemprego, já voltaram aos níveis pré-turbulência.

Mas nem tudo são flores: as exportações estão 30% menores, e a dívida pública não para de subir.

Ainda é cedo para análises conclusivas sobre o impacto da crise no país, já que alguns indicadores podem levar mais tempo para mostrar os sinais da turbulência. No entanto, já é possível ter uma ideia de como o país vem se comportando.

Afinal, houve recuperação? Onde? Por quê? A BBC Brasil selecionou alguns indicadores – sociais, econômicos e políticos – para ilustrar como estava o país antes da crise e como se encontra agora, um ano depois. LEIA AQUI

A legalização do bingo

O ESTADO DE S. PAULO, 18 de setembro de 2009


Graças ao poderoso lobby dos setores interessados em legalizar os jogos de azar no Brasil, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que regulamenta o funcionamento das casas de bingo no País. A exploração de todos os tipos de jogo de bingo e o funcionamento das máquinas caça-níqueis estão proibidos desde 2004, quando todas as licenças e concessões foram canceladas por Medida Provisória assinada pelo presidente Lula após a divulgação do vídeo em que um então graduado assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, negociava propina com um empresário da batota.

Já aprovado pelas demais comissões técnicas, o projeto, que agora será levado ao plenário, é o produto da fusão de outras propostas. Originariamente, eram quatro projetos, todos proibindo, com maior ou menor rigor, a prática de jogos de azar. No entanto, sob a justificativa de que "jogo incentiva turismo" e permite um "aumento de R$ 4 bilhões por ano na arrecadação", o relator da matéria, deputado Régis de Oliveira (PSC-SP), apresentou um substitutivo em sentido diametralmente oposto. Ao justificar a iniciativa, ele enfatizou "dados e informações" que lhe foram prestados pelo presidente da Força Sindical e deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), para quem o fechamento das casas de bingo teria significado o fim de cerca de 320 mil postos de trabalho. Pelos exercícios aritméticos feitos pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que também apoia o substitutivo, o licenciamento de 1,5 mil casas de bingo, com uma média de 80 empregos por unidade, propiciará a criação de 120 mil novos postos de trabalho.

Além de liberar a exploração de qualquer tipo de máquina caça-níquel, como videopôquer e videobingo, o substitutivo abre caminho até para a reabertura de cassinos, que foram fechados há mais de seis décadas pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. Entre platitudes, como o dispositivo que obriga as casas de bingo a contarem com "instalações apropriadas e infraestrutura adequada e certificada pelos órgãos públicos", o texto do deputado Régis de Oliveira contempla medidas insólitas, como a criação de um Cadastro Nacional de Ludopatas, ou seja, de pessoas viciadas em jogo. Esses viciados teriam um limite diário para apostar e a casa de bingo que descumprir a "regra" teria de pagar multa de R$ 50 mil. O substitutivo abre portas tão amplas para a lavagem de dinheiro que os parlamentares que se opõem à legalização do jogo afirmam que sua aprovação poderá legalizar o crime organizado no País. "Por trás da exploração de jogos de azar sempre tem algum tipo de ilicitude", lembra o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Para tentar aplacar a resistência da opinião pública à liberalização total do jogo no País, os defensores do substitutivo recorreram à surrada estratégia de destinar parte da receita fiscal propiciada pelas casas de bingo a causas nobres - tais como o "sistema de saúde" e "atividades de cultura e esporte". Com o apoio de Paulinho da Força, Faria de Sá e outros parlamentares igualmente interessados nos "efeitos sociais" da liberalização do bingo, Oliveira "garante" que o Fisco será rigoroso. "Além de uma sólida fiscalização, haverá distribuição de recursos ao poder público. Então, o fato de legalizar o bingo não significa dar respaldo algum a qualquer tipo de criminalidade", diz ele.

Seus argumentos foram classificados como "piada" pelo deputado Mendes Thame (PSDB-SP) - um dos poucos a denunciarem os expedientes que a "bancada do jogo" utilizou na CCJ para aprovar o substitutivo de Oliveira. "É inacreditável imaginar que alguém aceite fazer parte do Cadastro Nacional de Ludopatas. Quem estiver nessa lista vai ter uma grande dificuldade para arrumar emprego e contrair empréstimos", diz Thame, depois de afirmar que a legalização do bingo mandará para a lata do lixo todo o esforço da Polícia, do Ministério Público e da Justiça para coibir crimes de lavagem de dinheiro.

A esperança, agora, é que a opinião pública se mobilize para tentar derrubar, na votação do plenário, um dos mais perniciosos projetos que já passaram pela Câmara.

Aposta errada

O GLOBO, EDITORIAL, 18 de setembro de 2009


O lobby dos jogos de azar apostou no poder de pressão sobre os parlamentares e obteve anteontem uma primeira vitória, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, em nova investida para legalizar no país o funcionamento de casas de bingo e máquinas caça-níqueis. Como a matéria ainda vai ao plenário da Casa e, em seguida, passará pelo Senado, há espaço para que a preocupante decisão da CCJ seja revogada.

Não pode ser outra a resposta do Legislativo, sob pena de esse Poder - cuja imagem vem sendo gravemente maculada por ações que não se coadunam com os interesses do país - coonestar mais um ato contra a sociedade. Com a legalização do bingo e dos caça-níqueis, escancaram-se de vez as portas para o crime organizado impor com mais desenvoltura, graças ao anteparo da lei, os conhecidos (e criminosos) recursos que costuma empregar para dominar a atividade.

O projeto que voltou à discussão na Câmara é mimetismo de um dispositivo da Lei Pelé que previa a destinação ao esporte de parte do dinheiro arrecadado na ponta das cartelas. Adoça-se a proposta atual com nova formulação supostamente também de interesse social, com a reversão de uma parcela das apostas para fundos de apoio à cultura, ao esporte, à segurança pública e à saúde. Crítico da legalização, o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) alerta, no entanto, para o que realmente está por trás da regulamentação: "Não é possível que o Congresso queira legalizar uma atividade que tenha comprovadamente ramificações na criminalidade. Não há casas de bingo sem que haja drogas e prostituição."

Não é demais lembrar também que os bingos alimentam uma rede de corrupção, na qual já caíram magistrados, autoridades e políticos. É emblemático o episódio em que, um ano depois de elogiar o jogo, o presidente Lula editou uma medida provisória voltando a proibir tal atividade, em resposta à repercussão de uma gravação em que o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz aparecia cobrando propina de um bicheiro. O escândalo provocou, em 2005, a criação de uma CPI e teve o dom de mudar os conceitos do presidente, que passou a relacionar o bingo ao crime organizado e à prostituição infantil.

O que está em jogo é mais do que o grau de simpatia, ditada por injunções conjunturais, por essa atividade. Ao aprovar os bingos e caça-níqueis, a CCJ aposta na legalização de um instrumento que transformará os estabelecimentos em grandes lavanderias de dinheiro e avalizará os violentos métodos de controle da jogatina, na qual invariavelmente ganha quem está por trás do balcão.

Ausência de Requião marca visita de Lula ao PR

BEM PARANÁ, 18 de setembro de 2009

Irritado com preferência por Osmar, governador não participa de evento com o presidente


A ausência do governador Roberto Requião (PMDB) marcou ontem a visita do presidente Luiz Inácio da Silva a Curitiba, e evidenciou o processo de afastamento entre o PMDB e o PT para as eleições de 2010 no Estado. Irritado com a preferência de Lula pela candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo paranaense, Requião não compareceu à posse do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca no 9º Tribunal Regional do Trabalho (TRT), alegando ter outros compromissos já agendados no interior do Estado. Ao invés disso, preferiu mandar como representante seu vice, Orlando Pessuti, que é justamente o pré-candidato do PMDB à sucessão estadual preterido pelo presidente e pelos petistas locais.

Enquanto o governador se refugiava no Norte do Estado, Osmar desembarcou de Brasília ao lado do presidente no Aerolula, em mais uma demonstração de prestígio que o senador conta hoje no Palácio do Planalto. A presença de Osmar e a ausência de Requião – além do mal-estar gerado pela atitude do governador – foi mais um sinal de que depois de décadas de parceria, petistas e peemedebistas tendem a caminhar em campos opostos na disputa eleitoral no ano que vem no Paraná.

O clima entre Lula e o governador paranaense começou a “azedar” depois que o presidente e interlocutores próximos a ele, como o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, manifestaram a intenção do PT de apoiar a candidatura de Osmar ao governo do Estado, como forma de garantir um palanque forte no Paraná para a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, candidata petista à sucessão presidencial. A avaliação dos petistas é que Pessuti não tem competitividade frente ao provável candidato do PSDB, Beto Richa, ao contrário de Osmar Dias, que divide com Richa e com o outro pré-candidato tucano, o senador Alvaro Dias, a liderança nas pesquisas de intenção de voto para o governo.

Apesar de prometer apoiar Dilma, Requião vem rechaçando publicamente qualquer possibilidade de aproximação com o senador do PDT, enquanto mantém conversas de bastidores com Beto Richa, e Alvaro Dias – e também acena com o apoio à presidenciável do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra. Além disso, dentro do PMDB paranaense, a preferência pelo apoio à candidatura de Beto Richa – em especial entre os deputados estaduais do partido – é cada vez mais evidente, já que os parlamentares peemedebistas também não acreditam nas chances eleitorais de Pessuti.

Constrangimento - O mal-estar entre os dois partidos se agravou ainda mais depois que na semana passada Paulo Bernardo declarou que o PT estaria pronto para “entrar de cabeça” na campanha de Osmar. O ministro cobrou ainda o apoio do PMDB à aliança com o pedetista e à candidatura de Dilma, lembrando que Lula teria sido decisivo para que Requião se reelegesse em 2006, por uma diferença de apenas 10 mil votos no segundo turno da disputa pelo governo, contra o senador pedetista.

A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, ainda tentou colocar “panos quentes” na situação, procurando Requião no início da semana para uma conversa. Mas mesmo depois da dirigente petista e mulher de Paulo Bernardo ter relativizado as declarações do marido e reafirmado a intenção do PT de contar com o PMDB em sua aliança no ano que vem, o governador preferiu arranjar a desculpa da viagem ao interior para não ter que dividir o palanque com Osmar ao lado de Lula na visita de ontem.

Além disso, a própria ministra Dilma, cuja presença inicialmente estava prevista no evento em Curitiba, também preferiu ficar em Brasília, aconselhada por líderes petistas. Tudo para evitar maiores constrangimentos diante da “birra” de Requião por conta da cada vez maior proximidade do PT local com Osmar Dias.

Lula vem com Osmar Dias ao Paraná e Requião ignora

O DIÁRIO DE MARINGÁ, 18 de setembro de 2009

O presidente vem prestigiar a posse do primeiro desembargador cego do País – no avião com Lula, vem o senador Osmar Dias


A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Paraná, na noite desta quinta-feira (17), gerou um mal-estar político para o governo Requião — acompanhando Lula no voo presidencial estava o senador Osmar Dias (PDT), pré-candidato ao governo do Estado. Resultado: o governador Roberto Requião (PMDB), viajou para Foz do Iguaçu, deixando a recepção de Lula e Osmar para seu vice, Orlando Pessuti (PMDB), também pré-candidato.

Oficialmente, Requião viajou para cumprir agenda no interior. Nos bastidores, sua ausência é tida como uma retaliação ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento), que adiantou, na última sexta-feira (11), apoio do PT a Osmar nas eleições de 2010. Na sexta, Bernardo disse que o PT paranaense deve entrar “de cabeça” na campanha de Osmar.

Coincidência ou não, a assessoria de Osmar, em Brasília, confirmou à reportagem que o senador viajou junto de Lula para Curitiba, a convite do presidente. As declarações de Bernardo teriam sido a gota d’água para Requião. Já na segunda-feira, a esposa do ministro e presidente do PT no Paraná, Gleisi Hoffmann, visitou Requião e disse que não havia nada fechado entre PT e PDT no Estado.

Alertada sobre a zona de conflito entre PT e PMDB paranaenses, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata à sucessão presidencial, não veio à capital paranaense.

Posse
O presidente Lula da Silva fez questão de prestigiar, nesta quinta, a posse do único integrante cego do Ministério Público no País, o procurador Ricardo Tadeu da Fonseca, de 50 anos, como desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, em Curitiba. Fonseca se tornou agora o primeiro juiz portador de deficiência visual. Ao ser escolhido de uma lista tríplice apresentada pelo tribunal, Fonseca declarou, há dois meses, que realizava “um sonho”.

Um dos redatores da Convenção Internacional sobre Direitos de Pessoas com Deficiência, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006, ele atuava havia 18 anos no Ministério Público do Trabalho. Em entrevista recente, Fonseca declarou que, apesar de dominar o braile, poderá se valer de assessores que leiam processos ou descrevam fatos. “Minha situação é a mesma de um juiz que se serve do tradutor juramentado”, explicou.

Uma paralisia cerebral no nascimento provocou perda parcial de visão de Fonseca. Aos 23 anos, quando cursava o terceiro ano da faculdade de Direito, ele ficou totalmente privado da visão. Os colegas gravavam o conteúdo de livros e as aulas, até a formatura.

Batalhador
“Ninguém me dava emprego”, contou. Ele não desistiu. Estudou e passou em sexto lugar no concurso para procurador do Trabalho, em 1991.
Em 2002, Fonseca mudou-se para Curitiba, onde se doutorou na Universidade Federal do Paraná.