terça-feira, 12 de abril de 2011

A demissão do ex-ator de filmes eróticos da chefia regional do IAP e outras questões curriculares

INSTITUTO AME CIDADE, 12 de abril de 2011


Virou notícia nacional a nomeação no Paraná de um ex-ator de filme erótico para a diretoria regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) na região de Cascavel, no oeste do estado. Valter Pagliosa, o ex-ator do filme "A Outra Metade" que alguns, como o ex-governador e atual senador Roberto Requião, garantem ser uma produção pornô foi demitido bem ligeiro pelo governador Beto Richa para que o caso não tivesse mais repercussão.

Foi Requião quem fez ferver a notícia em seu Twitter na internet, até dando a impressão de que que levantou o excitante passado cinematográfico do chefe do IAP com a intenção de bater com o período da divulgação do rombo de R$ 4,5 bilhões que deixou para Beto Richa pagar. É a notícia de hoje que o governador tucano revelou para os paranaenses depois de um minucioso levantamento nas contas.

Por causa do filme erótico em que atuou, a nomeação e a rápida demissão do ex-ator Pagliosa infelizmente podem ser encaradas de forma pitoresca e com isso acabar encobrindo um problema muito mais grave que envolve este caso, que é a forma como são feitas as escolhas para os cargos de confiança no governo estadual, muitas vezes para funções muito importantes, como ocorre, aliás, com esta diretoria regional do IAP.

Pagliosa foi nomeado em março para o comando de uma diretoria regional responsável por fiscalização e licenciamento ambiental em 18 cidades do Paraná, uma região de intensa atividade agrícola e pecuária. É um cargo essencial na proteção ao meio ambiente numa ampla área do estado.

Para justificar a demissão, o governo alegou a "situação de desconforto" gerada pela descoberta do filme erótico feito pelo chefe do IAP e argumentou que Pagliosa omitiu o fato do currículo.

No entanto, o problema curricular do funcionário nomeado pelo governo não está só neste fato. O critério para a nomeação de Pagliosa e dos outros 20 chefes regionais do IAP é a indicação dos partidos que deram apoio a Richa em 2010, um procedimento comum em qualquer governo. Porém, esta demissão parece demonstrar que não está havendo a devida cobrança de uma real capacidade técnica dos escolhidos.

Pagliosa tem pouca experiência em meio ambiente. Segundo ele mesmo disse aos jornalistas, antes de ocupar um dos cargos mais importantes da área ambiental no Paraná ele havia feito apenas um curso de gestão ambiental e foi estagiário do IAP. "Pude aprender muito naquele período. Também participo de uma ONG que se dedica à proteção do meio ambiente”, disse.

É um currículo precário para a área e ainda mais numa chefia regional do IAP, mas na realidade não é a experiência profissional que pesa na conquista do cargo. É o que fica bem claro na resposta de Pagliosa ao questionamento da imprensa sobre os motivos de sua nomeação: “Fui presidente da associação de moradores do bairro São Cristovão, o maior bairro de Cascavel. Trabalhei bastante na campanha do deputado Adelino Ribeiro e do governador Beto Richa. Acho que este esforço foi reconhecido”.