sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Prefeitura de Santa Helena recolhe 2 mil canecas distribuídas aos idosos no último Natal

GAZETA DO POVO, 22 de outubro de 2010

MP-PR investiga a origem do dinheiro usado para a compra dos brindes e atual gestão afirma que antiga prefeita usou presente para promoção pessoal


Dois mil idosos de Santa Helena, no Oeste do Paraná, vão ter de devolver as canecas que receberam de presente de Natal da prefeitura no ano passado. A gestão abriu uma representação no Ministério Público do Paraná (MP-PR), porque, de acordo com o vice-prefeito Edimar Santin (PSDB), a prefeita Rita Maria Schimidt(PP) comprou os brindes com dinheiro público para fazer promoção pessoal. As duas mil canecas custaram R$ 33.800 aos cofres do município, ou R$ 16,90 por unidade.

Em entrevista ao telejornal ParanáTV, da RPCTV, o presidente do PMDB local, Claudio Martinelli, diz que o presente foi apenas uma demonstração de carinho da ex-prefeita e que não há promoção pessoal nenhuma, até porque não era época de eleição. O MP-PR pede cópias da licitação, contrato e notas fiscais das compras das canecas, mas não determina o seu recolhimento. Quem tomou a iniciativa de pedir a devolução foi a atual gestão do município.

O anúncio foi feito no Centro do Idoso e causou comoção entre os moradores. A dona de casa Maria Biesdorf acha humilhante devolver o presente um ano depois de recebê-lo. Alguns idosos não querem devolver o brinde e outros ficam preocupados com a situação, já que a caneca se quebrou.

As canecas vão ficar guardadas no Centro do Idoso até sair uma decisão judicial.

Vereadora de Londrina é acusada de peculato

BONDE, 22 de outubro de 2010


A vereadora Sandra Graça (PP) foi denunciada pelo Ministério Público pelo crime de peculato, que é a apropriação de dinheiro público feita por funcionário ou ocupante de cargo público. O motivo da denúncia criminal é que ela teria contratado funcionário comissionado, mas que efetivamente não teria trabalhado, o chamado "funcionário fantasma".

O "fantasma" seria Salvador Yukihide Kanehisa, que entre 28/09/2005 a 25/10/2005 esteve no Japão, tratando de assuntos pessoais, sem estar gozando férias. Neste período, ele recebeu normalmente seu salário de assessor.

Também entre abril e dezembro de 2008, Kanehisa, que é proprietário de uma marcenaria e de uma academia de artes marciais, novamente teria recebido seus vencimentos na Câmara sem trabalhar. Os pagamento ilegais a Kanehisa chegariam a R$ 10,8 mil. Tal denúncia já é alvo de ação por ato de improbidade administrativa, que tramita na 5ª Vara Cível.

Em entrevista à Rádio Paiquerê AM, o promotor Cláudio Esteves disse que a contratação de funcionários comissionados na Câmara de Londrina é objeto de preocupação. "Uma das coisas que nos preocupa muito e que deveria ser objeto de reflexão na Câmara é justamente a função desses servidores públicos comissionados porque, não raras vezes, temos visto a utilização distorcida dessas pessoas, para fins que não são do interesse público", disse Esteves.

A pena para o crime de peculato varia entre 2 e 12 anos de prisão. A reportagem do Bonde telefonou para a vereadora, mas seu celular estava desligado.

Barbosa Neto para Osmar: Dias "Alguém precisa ser bode expiatório"

FOLHA DE LONDRINA, 22 de outubro de 2010


Pouco mais de duas semanas após sua derrota para o governo do Estado, o senador Osmar Dias (PDT) concedeu ontem (20) entrevista na qual falou sobre o momento político brasileiro e de seu partido. Ele questionou a efetividade da participação em sua campanha do prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto (PDT), que chegou a se licenciar para prestar o trabalho.

O principal questionamento de Osmar foi quanto a sua baixa votação em Londrina: ele obteve apenas 25% dos votos enquanto Beto Richa (PSDB) fez 71%. "Eu tive 73% dos votos em Londrina, em 2006 – é um exemplo que estou dando. E em 2010, 25%. E ajudei a levar para a cidade mais de R$ 1 bilhão do governo federal que o governo atual está aplicando na cidade. Então, o que fez a população de Londrina a mudar tanto assim o voto? Será que o prefeito de Londrina me apoiou suficientemente para que eu tivesse na cidade uma votação maior", questionou em entrevista à Rádio CBN Curitiba.

Em 2006, Osmar era adversário do ex-governador Roberto Requião, que disputava a reeleição; em 2010, passou a ser seu aliado; Requião foi eleito para o Senado e Osmar, derrotado.

Bode expiatório - Barbosa, na manhã de hoje (21), em entrevista coletiva, ao ser questionado sobre as declarações de Osmar Dias, colocou-se na defensiva e disse que fez tudo o que estava ao seu alcance para obter votos para o candidato. "Trabalhei mais na campanha do senador Osmar Dias ao governo do estado do que nas minhas próprias campanhas. Eu já perdi três eleições e nunca elegi culpados", afirmou.

O prefeito disse que após as eleições ainda não conversou com Osmar Dias e relatou que o assessor do senador tratou mal suas secretárias quando tentavam manter contato com o correligionário. "Mas, nós compreendemos que a pessoa que perde uma eleição fica realmente revoltada e eu lamento profundamente essa reação do senador".

Humilde, Barbosa disse aceitar o papel de bode expiatório para a derrota de Osmar, mas cutucou o aliado: "Peço desculpas a ele se a cidade de Londrina não deu uma votação maior para ele, embora saibamos que nem se a população inteira de Londrina tivesse votado no senador Osmar Dias, ele teria vencido as eleições. Se alguém precisa ser o bode expiatório da derrota eu me coloco nesta condição".

A escola, o emprego, a renda, a violência

O ESTADO DE S. PAULO, Washington Novaes, 22 de outubro de 2010


O Brasil tem vivido embalado, nos últimos tempos, pelas animadoras notícias de redução da miséria, da pobreza e do desemprego, graças às políticas sociais e econômicas dos últimos governos. Produzem um choque, por isso, as informações do Ipea e do IBGE (Estado, 12/10) de que entre agosto de 2004 e agosto último a taxa de desemprego dos 20% mais pobres da população (renda per capita domiciliar abaixo de R$ 203,3 mensais) aumentou de 20,7% para 26,27%. No mesmo período, a desocupação dos 20% de renda maior (acima de R$ 812,3 mensais) caiu de 4,04% para 1,4% - ou seja, caiu 67,9%. E as causas são claras, segundo Márcio Pochmann, do Ipea: dificuldades relacionadas com baixa escolaridade, num momento em que "a competição é por trabalhadores qualificados".

Só 41,8% dos desempregados mais pobres frequentaram 11 anos ou mais de escola, enquanto 86,1% dos ricos têm esse nível mais alto de escolaridade. E para agravar tudo, 76,7% dos desempregados mais pobres são negros. Tudo faz parte do mesmo quadro: nos últimos seis anos o número total de desempregados nas regiões metropolitanas caiu de 2,42 milhões para 1,6 milhão, mas o número de desempregados de baixa renda aumentou de 652,1 mil para 667,7 mil. Os 20% mais pobres são 41,72% dos desempregados nas seis regiões, enquanto os 20% mais ricos somam apenas 5,19%.

O quadro fica ainda mais preocupante quando se lembra que o quadro do emprego tem matizes dramáticos também quando se observam as faixas de idade. A taxa de crescimento de empregos formais no País foi de 4,5% no ano passado; mas entre jovens de 18 a 24 anos foi de apenas 2,6%; e na faixa de 16 a 17 anos, somente 1,5% (Folha de S.Paulo, 6/8). Tudo isso agrava o quadro que mostra (Estado, 12/8) uma taxa de desemprego de 17% entre jovens, embora haja outras fontes que cheguem a indicar mais de 50% na faixa dos 15 aos 24 anos.

É inevitável a lembrança das estatísticas do IBGE sobre a violência no País, apontando que jovens de 15 a 24 anos respondem por um quarto das mortes anuais no Brasil (27 mil de 106 mil) por "causas eternas" (homicídios, suicídios, acidentes do trabalho). E os homicídios respondem por 67,5% desse total. São muitos os especialistas que têm relacionado o desemprego nessa faixa com a violência: que se poderia esperar de um jovem pobre desempregado e de instrução limitada? Que espere pacientemente na porta de casa que a renda chegue? Ou irá buscá-la no tráfico de drogas, no assalto e em outras violências, transformando-se também em vítima? Mais grave ainda será se o jovem for negro - seu risco de morte violenta é 130% mais alto. "O principal fator da violência entre jovens é a renda", diz o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz (Estado, 31/3). "A concentração da renda está intimamente ligada aos homicídios juvenis", diz ele.

Como se quebrará esse círculo fechado de renda baixa, escolaridade precária, dificuldade no mercado de trabalho, risco de violência? Que se vai fazer quando, na escola primária, uma das tábuas de salvação apregoadas hoje é a presença de dois professores em cada sala de aula, prática já existente nas escolas públicas até das menores cidades do interior paulista na década de 40 - como a que foi frequentada pelo autor destas linhas? Quando se chegará à escola de tempo integral proclamada por Darcy Ribeiro na década de 70, para dar ensino em dois turnos, alimentação, assistência psicológica aos alunos, de forma a compensar as desigualdades para crianças mais pobres? Era uma política de renda também, ao reduzir as despesas na casa de crianças pobres. Como era política de geração de trabalho, ao dar melhor possibilidade de qualificação profissional.

Tudo isso volta ao centro da questão agora, quando o noticiário mostra com clareza o crescimento da demanda por mão de obra qualificada - e o aumento do desemprego na faixa de renda mais baixa. Registrou este jornal (21/9) que, em 2009, 32,8% dos jovens entre 18 e 24 anos abandonaram os estudos antes de completada a terceira série do ensino médio. A escolaridade média até 25 anos de idade é de apenas 5,8 anos (ante 12 anos na Coreia do Sul, 13,5 em Taiwan, 13,4 nos EUA). Apenas 39,2% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados no ensino médio no Nordeste, ante 39,1% no Norte e 60,5% no Sudeste. Como nos espantarmos, assim, que alguns estudos digam que 75% dos que passam até oito anos em escolas são "analfabetos funcionais", incapazes de interpretar um texto simples, de poucas linhas? Por que nos admirarmos diante das notícias de que trabalhadores chineses e de outros países asiáticos estão vindo disputar vagas no mercado brasileiro, e em setores de baixa remuneração?

Quando se passa ao ensino mais graduado - do qual dependerá o futuro próximo do País -, as preocupações não são menores. Em artigo neste jornal (22/9), o geógrafo Wanderley Messias da Costa, da Universidade de São Paulo, mostrou que apenas 24% dos 5 milhões de alunos no nível de graduação no País estão entre 18 e 24 anos. E 50% das vagas oferecidas em 2008 não foram preenchidas. A taxa média de evasão nos quatro anos de graduação é de 43%. A esmagadora maioria não conclui no prazo os cursos que frequenta. Grande parte leva até oito anos ou mais para completar o curso de quatro.

Vê-se, então, que o quadro é complicado e preocupante: a falta de qualificação leva ao aumento do desemprego nos setores de menor renda; mas o quadro permanece difícil mesmo quando as crianças desses setores conseguem chegar à escola. As taxas de evasão são muito altas, até na universidade. E o nível de formação, frequentemente precário. O mercado começa a ressentir-se da falta de qualificação da mão de obra ofertada. E são, todas, questões urgentes.

Há muito mais que aborto a ser discutido com a sociedade. Nossos fundamentos sociais estão em questão.

Antes de assumir, Beto ganha primeira disputa na Assembleia

GAZETA DO POVO, 22 de outubro de 2010

Dispostos a fazer parte da base de sustentação do governador eleito, deputados derrubaram projeto enviado por Orlando Pessuti


Apesar de ainda faltarem três meses para Beto Richa (PSDB) assumir o governo do Paraná, a futura bancada de apoio ao governador eleito na Assembleia Legislativa já conquistou a primeira vitória tucana na Casa. Ontem, no primeiro dia de votação de projetos depois das eleições, a atual bancada de oposição conseguiu barrar uma proposta enviada ao Legislativo pelo governador Orlando Pessuti (PMDB). O episódio dá sinais de que Richa não deverá enfrentar dificuldades para obter maioria na Casa.

A proposta do Executivo trata da instituição da Política Estadual de Fomento à Economia Solidária no estado, que permite à população de baixa renda desenvolver grupos organizados de atividades econômicas – como associações e cooperativas – para entrar formalmente no mercado. Ontem, durante a segunda discussão da matéria, o líder da oposição, Élio Rusch (DEM), apresentou um requerimento solicitando a retirada do projeto por dez sessões, sob o argumento de que a proposta trará impactos para o novo governo. “O projeto não será implantado pelo atual governo. Como diz respeito à futura administração, é preciso que seja analisado pela equipe de transição. Não há motivo para a Assembleia atropelar esse processo”, argumentou. O discurso foi seguido pelo presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, que classificou a medida como uma prevenção. “O Paraná foi governado durante oito anos pelo mesmo partido. Agora só queremos um prazo para avaliar melhor o projeto”, afirmou.

“Por acaso o futuro governo é contra o desenvolvimento sustentável, a valorização do ser humano e do trabalho?”, Caíto Quintana, líder do governo Pessuti na Assembleia

Visivelmente irritado, o líder do governo, Caíto Quintana (PMDB), tachou o posicionamento da oposição como inadmissível e afirmou que, se o atual governo não pode mais aprovar projetos na Assembleia, a Casa poderia entrar em recesso branco até o fim do ano. “Por acaso o futuro governo é contra a distribuição equitativa das riquezas, o desenvolvimento integrado e sustentável, a valorização do ser humano e do trabalho?”, ironizou, ao citar trechos da proposta.

Apesar de o deputado Antonio Anibelli (PMDB), que presidia a sessão, ter tentado negociar um acordo entre as bancadas, o requerimento da oposição foi aprovado por 20 votos contra 12.

O resultado da votação já é uma mostra de que Richa, cuja coligação elegeu 25 dos 54 novos parlamentares, certamente terá maioria na Casa. Dos 13 deputados peemedebistas eleitos na chapa adversária, por exemplo, comenta-se que os únicos que devem se manter na oposição ao novo governador são Caíto Quintana, Nereu Moura e Waldyr Pugliesi. A posição dos sete parlamentares eleitos pelo PDT e pelo PSC ainda é uma incógnita. Por enquanto, a única oposição tida como certa ao futuro governo é a dos seis deputados petistas eleitos.


Osmar reage e critica deputados do próprio partido
FOLHA DE LONDRINA, 21 de outubro de 2010

O senador Osmar Dias (PDT), ex-candidato ao governo do Paraná, saiu do isolamento ontem para se manifestar contra filiados da sua legenda que não dão como certa, no próximo ano, a participação na bancada de oposição ao governador do Estado eleito, Beto Richa (PSDB). Um movimento de pedetistas afinados com o tucano, principal adversário de Osmar nas urnas, surgiu no início da semana, mas o estopim teria sido uma declaração do deputado estadual reeleito Augustinho Zucchi (PDT), presidente estadual do PDT em exercício e principal aliado do senador na Assembleia Legislativa do Estado. Zucchi afirmou que a oposição do PDT a Beto não se daria de forma ''automática''.

''Essa possibilidade (de não ser oposição a Beto) não foi levantada dentro do partido. São manifestações isoladas, imaturas e extemporâneas, pois temos uma missão ainda a cumprir, no próximo dia 31'', afirmou Osmar, em referência à campanha eleitoral do PT da presidenciável Dilma Rousseff. A declaração do pedetista foi dada em entrevista à Rádio CBN de Curitiba, ontem pela manhã. Desde o resultado das urnas do último dia 3, Osmar tem evitado falar publicamente. Sua primeira declaração direta à imprensa foi na semana passada, em Telêmaco Borba.

Segundo Osmar, o PDT tem ''obrigação de fiscalizar as muitas promessas'' feitas pelo PSDB. ''Promessas que podem até ter resultado na vitória do PSDB, e que eu tenho certeza que não serão cumpridas'', alfinetou ele. O senador, que é presidente licenciado do PDT no Paraná, admite ainda que a aproximação agora com os tucanos pode deixar ''o povo meio atordoado'': ''A eleição terminou dia 3, hoje ainda é dia 20. O PDT não tinha um projeto diferente (do PSDB)?''. Pouco antes de decidir disputar a eleição aliado ao PT e ao PMDB, Osmar não descartava sair candidato à reeleição ao Senado na chapa de Beto. Ontem, Zucchi não quis falar com a imprensa sobre a entrevista de Osmar.


Anvisa anuncia reforço em medidas de combate à 'superbactéria'

G1, 22 de outubro de 2010

Resoluções sobre álcool gel e compra de antibióticos devem ser publicadas.
Agência também vai publicar nota técnica sobre prevenção de infecções.


O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Dirceu Barbano, anunciou nesta sexta-feira (22) medidas para evitar o aumento nnúmero de infecções pela superbactéria KPC, resistente a antibióticos e que pode levar à morte.

A instalação de dispensadores de álcool em gel em todos os ambientes de atendimento nos hospitais e clínicas públicas e particulares estão entre as medidas anunciadas. Barbano disse ainda que as farmácias devem passar a reter as receitas médicas para a venda de antibióticos, para comprovar que a exigência da Anvisa será cumprida.

Segundo o diretor, as normas devem ser divulgadas no início da próxima semana, mas há um período de adaptação de pelo menos 60 dias para a obrigatoriedade do álcool gel e de 30 dias para a retenção de receitas nas farmácias.

Técnicos da Anvisa estão reunidos desde esta quinta (21) para trabalhar em uma nota técnica, sobre prevenção a infecções hospitalares, e duas resoluções, a respeito das formas de prevenção a infecções nos ambientes hospitalares e da compra de antibióticos em farmácias, afirmou Barbano.
A norma [da obrigatoriedade de notificação de infecções] já existe desde 1998, mas por essa situação de desconforto a respeito dessas informações [da superbactéria], esperamos que se aprimore o trabalho. Os municípios precisam de fato agir na cobrança da responsabilidade das unidades de saúde no cumprimento dessa norma"
Dirceu Barbano, diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Segundo o diretor, os dados notificados à Anvisa pelas secretarias de saúde nos estados e no Distrito Federal mostram que a situação no DF é a mais preocupante no país. No DF foram notificados 157 casos entre julho de 2009 e 15 de outubro de 2010.

São Paulo registrou 70 casos na Anvisa entre julho de 2009 e outubro de 2010, dos quais 24 resultaram em morte. Em outros quatro estados, os dados são referentes apenas ao período de julho de 2009 a julho de 2010: 3 no Espírito Santo, 4 em Goiás, 12 em Minas Gerais e 3 em Santa Catarina. "Certamente, em muitos desses casos a pessoa já se tratou e voltou para casa", disse Barbano.

De acordo com a Anvisa, os números podem ser maiores, já que nem todos os casos registrados pelas secretarias estaduais de saúde foram notificados à agência. Segundo ele, os dados das próprias secretarias só são notificados à agência quinzenalmente.

"A norma [da obrigatoriedade de notificação de infecções] já existe desde 1998, mas por essa situação de desconforto a respeito dessas informações [da superbactéria], esperamos que se aprimore o trabalho. Os municípios precisam de fato agir na cobrança da responsabilidade das unidades de saúde no cumprimento dessa norma", disse o diretor.
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Segundo ele, as reuniões do setor técnico trataram também da disponibilização de um software para que as notificações sejam feitas via web, mas não há prazo para sua implementação.

Apesar as medidas anunciadas nesta sexta, Barbano afirmou que as infecções pela superbactéria não representam um risco superior à média de outras infecções registradas no Brasil.

"Os casos não representam uma exceção. Estudos apontam que a taxa média de infecções no Brasil é de 14% entre pessoas que são identificadas em um quadro suscetível a infecções hospitalares, e os casos da KPC está dentro dessa média", disse Barbano.
Estudos apontam que a taxa média de infecções no Brasil é de 14% entre pessoas que são identificadas em um quadro suscetível a infecções hospitalares, e os casos da KPC está dentro dessa média"
Dirceu Barbano

Distrito Federal - Nesta semana, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou mais três mortes pela KPC. De janeiro até o dia 15 de outubro, 18 pacientes morreram por conta da superbactéria. No mesmo período, foram registradas 183 pessoas portadoras da bactéria, das quais 46 tiveram infecção.

Depois da denúncia sobre a falta de materiais básicos e estrutura adequada nos hospitais públicos do Distrito Federal para combater a superbactéria KPC, o governador Rogério Rosso (PMDB) cobrou esclarecimentos da Secretaria de Saúde. Após apresentar explicação ao governador, a secretária de Saúde, Fabíola de Aguiar, e o secretário de Logística da Saúde, Herbert Teixeira, confirmaram que os hospitais seriam reabastecidos ainda esta semana.

Como surge uma superbactéria - A Klebsiella pneunoniae (KPC) não é a única vilã a ser combatida. “Superbactéria” é, na verdade, um termo que vale não só para um organismo, mas para bactérias que desenvolvem resistência a grande parte dos antibióticos. Enzimas passam a ser produzidas pelas bactérias devido a mutações genéticas ao longo do tempo, que tornam grupos de bactérias comuns como a Klebsiella e a Escherichia resistentes a muitos medicamentos.

Outro mecanismo para desenvolvimento de superbactérias é a transmissão por plasmídeos. Plasmídeos são fragmentos do DNA que podem ser passados de bactéria a bactéria, mesmo entre espécies diferentes. Uma Klebsiella pode passar a uma Pseudomonas, e esta pode passar a uma terceira. Se o gene estiver incorporado no plasmídeo, ele pode passar de uma bactéria a outra sem a necessidade de reprodução.

No território nacional, além da KPC, circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase).

Remédios - Entre os remédios ineficazes estão as carbapenemas, uma das principais opções no combate aos organismos unicelulares. Remédios como as polimixinas e tigeciclinas ainda são eficientes contra esses organismos, mas são usados somente em casos de emergência como infecções hospitalares.

Serra afirma que há uma crise nas pesquisas de intenção de voto

FOLHA DE S. PAULO, 22 de outubro de 2010


O candidato à Presidência José Serra (PSDB) afirmou que há "uma crise nas pesquisas" de intenção de voto no país.

O tucano está em Porto Alegre, onde recebeu o apoio da recém-eleita senadora Ana Amélia Lemos (PP).

Perguntado sobre o resultado da pesquisa Datafolha, que dá a adversária petista, Dilma Rousseff 12 pontos à frente nos votos válidos, Serra afirmou que as pesquisas têm errado "fragorosamente".

"Elas [pesquisas] erraram incrivelmente no primeiro turno, o Ibope errou até na pesquisa de boca de urna. Há institutos sérios, como o Datafolha, e institutos menos sérios, que são mais alugados por partidos e por governos, como o Vox Populi. Mas hoje tá todo mundo meio perdido nessa matéria", afirmou Serra.

Mais uma vez perguntado se poderia, nos nove dias que restam para a eleição, "virar" a tendência, mostrada por pesquisas de intenção de voto, que apontam a vitória de Dilma, o tucano disse que "não se vira resultado das pesquisas", mas "ganha-se o voto das pessoas".

"No primeiro turno davam a Dilma como vencedora. Não é que a Marina e eu viramos os resultados das pesquisas, é que o resultado das pesquisas era fantasioso",a firmou. Ele fez um alerta para sua militância: "Tá voltando [no segundo turno] o mesmo esquema de ilusão das pesquisas", afirmou, defendendo mobilização porque "o que resolve é o voto no dia [31]".

Sobre as declarações do presidente Lula, que chamou de mentira a agressão sofrida por Serra, de militantes petistas, o candidato tucano se disse "decepcionado".

Ele rebateu ainda as críticas de Dilma sobre a "falta de consistência" de suas propostas econômicas. "Parece brincadeira, ela que uma hora diz que o juro alto tá bom, uma hora o juro baixo, ela não tem propriamente posições, ela tem o que os marqueteiros instruem", afirmou o tucano.

Serra dá uma entrevista para jornais e TVs locais. À noite, ele faz um trajeto entre estações do Trensurb, o trem intermunicipal, encontra representantes do PV em Canoas e vai a Gravataí para um jantar com apoiadores.

Dilma diz que também foi agredida, mas que não saiu 'por aí acusando' Serra

FOLHA DE S. PAULO, 22 de outubro de 2010


A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, buscou hoje chamar atenção para o fato de ter sido alvo de um balão de água enquanto fazia campanha em Curitiba ontem.

Ela foi questionada se seu rival José Serra (PSDB) não estava "exagerando ou apelando" ao explorar na TV o fato de ter sido, por sua vez, alvo de agressão no Rio anteontem.

"Você sabe o peso de um balão de água jogado do 12º andar? Que afunda um pouco o teto de um carro? É bastante pesado. Eu fui objeto disso ontem", afirmou Dilma, acrescentando que recuou "um pouco" para não ser atingida.

Ela disse, porém, que é preciso "muito cuidado em ficar transformando episódios". "Eu não saí por aí acusando a campanha dele [Serra]", disse Dilma.

Em encontro com prefeitos em Belo Horizonte, Dilma também criticou Serra ao afirmar que não faz promessas "da boca para fora".

Ela lembrou que, nas eleições de 2004, o tucano registrou em cartório que não deixaria a Prefeitura de São Paulo, mas renunciou em 2006 para disputar o governo.

"Eu não sou mulher de assumir compromisso e não cumprir. Eu nunca registrei em cartório compromisso como meu adversário fez e não cumpriu", afirmou, arrancando palmas da plateia.

Dilma pediu o apoio dos prefeitos para ajudá-la a cumprir algumas de suas promessas de campanha, como a eliminação da miséria e e 100% de cobertura do Bolsa Família.

No discurso, feito com ajuda de uma cola, a petista ressaltou sua mineiridade, lembrando que nasceu e estudou em BH. "Eu saí de Minas, mas posso garantir que Minas jamais saiu de minha alma. Eu fui obrigada, por aquela época de fechamento do Brasil, a sair dessas montanhas", disse.

A candidata dançou com uma bandeira de Minas nas mãos, em um gesto semelhante ao de Serra. Na semana passada, o tucano discursou em BH com uma bandeira do Estado enrolada ao pescoço.

Dilma prometeu rever o marco regulatório da mineração no país, seguindo padrões internacionais.

Foi graças ao comprometimento com essa proposta que ela ganhou o apoio do candidato derrotado ao governo mineiro José Fernando Aparecido (PV), que tem a defesa da revisão dos royalties do minério como maior causa. O verde pediu que os eleitores de Marina Silva (PV) agora votem em Dilma.

Encontro - Segundo a organização, participaram do encontro 250 prefeitos, não apenas de Minas. Estavam presentes 11 prefeitos de capitais: Belém, Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Palmas, Natal, Fortaleza, Aracaju, Campo Grande, Salvador e Belo Horizonte. A prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), discursou em apoio a Dilma.

Também discursou a prefeita de Capinópolis (MG), Dinair Isaac (DEM). Também estiveram presentes pela petista os prefeitos do PSDB Marcos Carvalho, de Itamonte (MG), e Natacílio Ribeiro, de Conceição do Tocantins (TO).

Outro presente foi o prefeito de Ananindeua (PA), Helder Barbalho (PMDB). Ele é filho do deputado federal e senador eleito Jader Barbalho (PMDB-PA). Também estavam no local representantes da Via Campesina e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

A petista recebeu nove manifestos de apoio e reivindicações durante o encontro. Entre eles, de professores, artistas, religiosos e praças da Polícia Militar. Ela disse que vai "considerar" os textos.

Aécio Neves acusa Lula de comandar 'facção política'

FOLHA DE S. PAULO, 22 de outubro de 2010


O ex-governador e senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) disse que as declarações de ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são "lamentáveis" e afirmou que o petista comanda uma "facção política".

O presidente afirmou que o presidenciável tucano José Serra encenou a agressão que sofreu no Rio.

"É lamentável. Triste a agressão, porém mais triste foi à postura do presidente da República, que se despe da condição de chefe de Estado para virar líder de uma facção política", disse Aécio nesta sexta-feira, ao desembarcar em Teresina (PI) para participar de ato pró-Serra.

Aécio também criticou Lula pelo fato de o presidente ter dito que o episódio da violação do sigilo de integrantes do PSDB foi resultado de "tucano tentando bicar tucano" e que o dossiê produzido com esses dados havia sido produzido para proteger o mineiro.

"É uma inverdade [que o dossiê tenha sido feito para lhe proteger] o que o presidente disse, e isso foi desmentida pelos fatos dos noticiários de hoje", afirmou Aécio.

O senador eleito foi ao Piauí pedir votos para Serra e tentar reduzir a rejeição do tucano no Estado. No primeiro turno, Serra obteve 20% dos votos válidos, enquanto a petista Dilma Rousseff teve 67%.

Polícia Federal - Aécio criticou o delegado da PF que disse que o dossiê foi feito para proteger Aécio. "Isto não existe no depoimento [do jornalista Amaury Ribeiro Júnior]. Essa frase jamais existiu, foi uma declaração do delegado da Polícia Federal, que, de forma incorreta, vazou parcialmente um depoimento", afirmou.

"A Polícia Federal é uma instituição séria e está sendo utilizada em um jogo político. Nunca houve isso, é um factoide. O PT é que sabe forjar, criar dossiê e que faz quebra de sigilo, como ocorreu no caso do caseiro [Francenildo]. Isso está no DNA do PT, e não do PSDB", disse Aécio.

O senador eleito reafirmou ainda que não conhece o jornalista. "Eu nunca o vi na minha vida."

Brasil é o terceiro em ranking de países que atraem especulação

O ESTADO DE S. PAULO, 22 de outubro de 2010

Com rentabilidade de 14,5% ao ano, Brasil só fica atrás da África do Sul (18,2%) e da Austrália (15,8%)


Atrás apenas da África do Sul e Austrália, o Brasil está no topo da lista dos países que garantiram maior retorno aos investidores estrangeiros nas operações de "carry-trade". Nessas operações, que o governo brasileiro tenta reduzir com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o investidor toma dinheiro emprestado em um país a juros baixos e aplica numa região que pague juros mais altos, como o Brasil.

A consequência é um fluxo maior de dólares para o país que paga juros elevados, e a valorização da sua moeda, prejudicando as exportações.

Em 12 meses até o fim de setembro, o Brasil garantiu aos investidores um ganho de 14,5%. Na África do Sul, a rentabilidade em um ano foi de 18,2% e, na Austrália, de 15,8%. Na 8.ª edição do boletim "Economia Brasileira em Perspectiva", divulgada ontem pelo Ministério da Fazenda, a equipe econômica apresentou um ranking dos ganhos (no jargão econômico, chamado de carry return) com aplicações em renda fixa em vários países e alertou para o problema cambial dessas operações.

No documento, a Fazenda diz que o governo "usará todos os instrumentos para eliminar novo movimento especulativo no câmbio". O aumento da liquidez internacional (maior quantidade de recursos disponíveis) e os juros brasileiros, destacou o boletim, atraíram investidores que buscam retorno nos juros e no mercado de câmbio. Com isso, a participação do real nas transações em mercados futuros e opções teve forte aumento no último ano, levando o Brasil a figurar nas primeiras posições com o maior número de operações no mercado de derivativos.

Segundo um assessor do ministro, o Brasil poderia estar numa situação pior se não tivesse adotado no ano passado a alíquota de 2% do IOF para o ingresso de investimentos estrangeiros para ações e renda fixa.

Juros. No boletim, a Fazenda também destacou que o ciclo de alta de juros foi interrompido e a tendência agora é de retomar o processo de queda. O documento ressaltou que a taxa real (descontada a inflação) voltou a ficar abaixo de 6%. A projeção de inflação medida pelo IPCA para 2010 é de 5,1%, convergindo para o centro da meta (4,5%) em 2011.

A Fazenda enxerga espaço para o aumento do crédito, sobretudo imobiliário, e avalia que o endividamento das famílias no Brasil é um dos menores do mundo. Segundo o texto, diferentemente dos países desenvolvidos, a proporção do endividamento das famílias em relação ao PIB é baixa. Apesar de crescer a taxas superiores a 15% ao ano nos últimos anos, o crédito no País em proporção do PIB ainda é baixo comparado a outras economias.

Governos geram mais emprego que setor privado

VALOR ECONÔMICO, 22 de outubro de 2010


Os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de setembro, divulgados ontem pelo IBGE, comparados aos resultados da PME de março, apontam para um fato instigante: foi a administração pública (excluídas as empresas estatais) nas três esferas de governo - federal, estadual e municipal - a responsável pelo maior número de postos de trabalho abertos no país e, também, pelo forte aumento da massa salarial.

Confrontando os dados de setembro com os de março - mês em que começou a aparecer uma mudança de tendência nas apurações da PME, a administração pública criou 291 mil vagas. A indústria foi responsável pela abertura de 137 mil novos postos de trabalho; os serviços, 43 mil; e o comércio, 7 mil.

Curiosamente, o setor da construção civil, um dos mais aquecidos do país e grande empregador de mão de obra de menor qualificação, destruiu 67 mil vagas no mês passado, em relação aos empregos gerados em março. Eram 1, 706 milhão de empregos em março e esses caíram para 1, 639 milhão em setembro, segundo a pesquisa do IBGE que abrange as seis regiões metropolitanas

Construção civil perde fôlego, segundo o IBGE - Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados esta semana, corroboram com essa tendência. Ele faz uma radiografia da situação do mercado de trabalho em todo o território nacional, e não só nas regiões metropolitanas. As últimas informações do cadastro (com ajuste sazonal) já indicavam que a economia gerou menos emprego em setembro deste ano do que em setembro de 2008, mês em que eclodiu a crise financeira global. A indústria abriu 25 mil empregos novos no mês passado, menos da metade dos 57 mil postos de março; a administração pública manteve o mesmo ritmo de contratação, 82 mil; e a construção civil perdeu fôlego, caindo de 32 mil para 19 mil vagas em março e setembro, respectivamente.

É importante lembrar, também, que o governo, no fim de março, eliminou uma série de incentivos fiscais concedidos no auge da crise financeira mundial - para a compra de automóveis novos, linha branca, móveis. E logo no mês seguinte, o Comitê de Política Monetária (Copom), fez o primeiro aumento da taxa de juros Selic do pós-crise: de 8,75% para 9,5% ao ano. Depois disso, o comitê anunciou outros dois aumentos de juros : para 10,25% em junho e para 10,75% em julho, interrompendo aí o ciclo de aperto monetário.

De lá para cá, a administração pública aumentou de 15,6% para 16,6% sua participação no estoque de ocupados no país, ao mesmo tempo em que no segmento privado a desaceleração da contratação e da produção já aparece, embora ainda não de forma muito visível.

Embora o período eleitoral seja marcado por uma legislação que restringe a contratação de mão de obra pelo setor público nos três meses que antecedem o primeiro turno, muitos desses postos de trabalho já haviam sido objeto de concursos. Os concursados foram sendo chamados a assumir as vagas ao longo dos meses. Os dados do IBGE, porém, não chegam a esse nível de detalhamento - se quem entrou foi por concurso ou por outras formas - assim como não é possível identificar as esferas de governo que mais contrataram.

Ainda com base nos dados de setembro sobre a performance de março, a massa salarial teve um crescimento de 7,2%. Também nesse caso, quem mais contribuiu para sustentar o crescimento foi a administração pública, onde o aumento da massa de salários foi de 15,6%. Fora dela, o aumento foi bem mais modesto: 4,5%. Na construção civil, os salários cresceram 3,9% em setembro sobre março; no setor de serviços, 2,8%; e no comércio, apenas 1,5%.

Esses indicadores sugerem que o crescimento econômico e, portanto, a oferta de emprego e aumento dos rendimentos estão ocorrendo, no setor privado, de forma bem mais moderada do que parece à primeira vista.

Se essa for a avaliação correta da conjuntura, certo está o Banco Central, que vem, desde junho, alertando para uma queda abrupta do nível de atividade econômica desde abril, que já teria levado o PIB para um crescimento abaixo do seu potencial. Tudo isso confirmado, seria mínimo o risco de descasamento entre oferta e demanda e, portanto, de um repique inflacionário à vista.

De qualquer forma, os dados da pesquisa de emprego do IBGE merecem uma análise acurada dos especialistas em mercado de trabalho e dos analistas econômicos, pois fornecem indícios de que a política fiscal é que está produzindo empregos e renda em ritmo muito além do que o motor do crescimento - o setor privado - consegue.

Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras

Lula acusa Serra de ter mentido sobre agressão. Tucano reage

JORNAL NACIONAL, TV GLOBO 21 de outubro de 2010

Presidente compara o caso à mentira de goleiro chileno no Maracanã. Candidado do PSDB se diz preocupado por Lula dar cobertura a atos de violência. Perito afirma que objetos diferentes atingiram a cabeça de Serra



Para ver o vídeo da reportagem, clique na imagem


O presidente Lula acusou nesta quinta o candidato do PSDB, José Serra, de ter mentido sobre a agressão de que foi vítima na quarta, no Rio de Janeiro.

As declarações do presidente provocaram revolta no PSDB e se basearam numa imagem anterior ao momento em que Serra foi atingido.

A confusão foi durante uma caminhada do candidato tucano, na quarta-feira, no calçadão de Campo Grande, no Rio. Um grupo de militantes petistas impediu a passagem do candidato tucano. Serra se abrigou numa loja.

Em seguida, chegou um grupo maior de militantes petistas, com bandeiras e cartazes, e começou uma briga generalizada.

José Serra tentou retomar a caminhada, mas o tumulto aumentou. Fotos do jornal O Globo mostram o candidato com as mãos na cabeça, depois de atingido por algum objeto. Ele interrompeu a agenda no Rio para ser atendido por um médico e fazer exames.

Na manhã desta quinta, na inauguração de um polo naval no Rio Grande do Sul, o presidente Lula acusou Serra de mentir.

"Venderam o dia inteiro que esse homem tinha sido agredido. Uma mentira mais grave do que a mentira daquele goleiro Rojas, do Chile, que, no Maracanã, caiu e fingiu que um foguete tinha machucado ele. Ou seja, primeiro bateu uma bola de papel na cabeça do candidato, ele nem deu toque pra bola, porque olhou pro chão e continuou andando. Vinte minutos depois, esse cidadão recebe um telefonema e, a partir do telefonema, ele bota a mão na cabeça e vai ser atendido por um médico que foi secretário da Saúde do governo do prefeito César Maia, no Rio de Janeiro, e foi o diretor do Inca, quando o Serra foi ministro da Saúde".

Também no Rio Grande do Sul, a candidata do PT, Dilma Rousseff, criticou o candidato Serra ao comentar que, mais cedo, quase foi atingida em Curitiba por uma bexiga cheia da d'água, um balão de festa.

“Eu vou lamentar que tenha ocorrido isso comigo. Agora, não vou transformar isso. No meu caso, foi absolutamente presenciado pelos jornalistas. Não foi eu que fui lá falar que tinha acontecido. E ninguém pode falar que é bola de papel. Eu acredito que esta campanha não pode se pautar por níveis de agressão nem por tentativas de criar factóides”.

Lula e Dilma se referem a uma imagem exibida pelo SBT, mas a imagem registra uma cena ocorrida antes da agressão a Serra. O candidato está com os braços levantados para o alto. O vice, Índio da Costa, está do lado esquerdo de José Serra quando o objeto, possivelmente uma bolinha de papel, acerta o candidato do PSDB.

O cinegrafista da TV Globo também mostrava Serra e o vice. Um pouco mais à frente, aparece o cinegrafista do SBT. A câmera da TV Globo se movimenta em direção à confusão entre militantes do PT e do PSDB momentos antes de a bolinha atingir José Serra.

Nossa equipe volta a acompanhar o tucano. Mais adiante, uma nova confusão entre os militantes. O repórter cinematográfico da TV Globo registra a pancadaria. Ele e outros cinegrafistas se afastam do grupo onde está José Serra.

O repórter Ítalo Novaes, da Folha de São Paulo, segue filmando o candidato tucano com um telefone celular.

Pausando a imagem, é possível perceber que José Serra volta a ser atingido. Desta vez, por um objeto circular e transparente. O repórter da Folha abaixa o celular e, quando volta ao grupo, mostra José Serra com as mãos na cabeça.

Ele se refugia na van da campanha. A caminhada não é encerrada depois desse incidente.
Serra volta ao calçadão, cumprimenta mais alguns eleitores, volta a pôr a mão na cabeça, entra na van novamente, acena e vai embora.

As duas imagens lado a lado: à esquerda, a suposta bolinha de papel mostrada pelo SBT. À direita, o objeto lançado contra José Serra mostrado nas imagens da Folha de São Paulo.

A repórter Mariana Gross, que acompanhava José Serra e foi atingida praticamente no mesmo instante por uma pequena pedra na cabeça, estima que entre as duas imagens, a do SBT e a da Folha, tenham se passado cerca de 15 minutos.

O perito Ricardo Molina avaliou as imagens. Afirmou que elas retratam momentos distintos e mostram objetos diferentes atingindo a cabeça de José Serra.

"São dois eventos completamente diferentes: um evento bolinha e outro evento rolo de fita. Uma bolinha de papel é um objeto muito leve. Tem toda a aparência de ser uma bolinha de papel, porque ele é disforme, não tem forma definida, exatamente como uma bolinha de papel. E outra coisa: objetos leves, quando batem, rebatem quase com a mesma energia com a qual ele se projetou. Então a gente vê isso perfeitamente. Ao passo que o evento fita tem um núcleo rígido e bate exatamente de lado, como a gente vê na imagem. Com certeza absoluta houve um segundo momento, são dois eventos completamente separados. Um evento é uma fita, a gente vê que é alguma coisa redonda, com uma circunferência central. Ela bate na região superior da cabeça, frontal superior. Quer dizer, é completamente diferente do evento bolinha. O evento bolinha bate de um lado e a fita, do outro".

O candidato do PSDB fez campanha nesta quinta no Paraná e reafirmou que foi agredido durante a caminhada no Rio. José Serra reagiu às críticas do presidente Lula.

"Eles passaram a hostilizar e inclusive a atirar objetos. Eu fui atingido por outras coisas: bolinha de papel, empurrões, raspão de bandeira, por muitas coisas, até que veio esse objeto mais pesado que me bateu na cabeça. Eu fiquei tonto, eu fiquei um pouco grogue, mas não cheguei a desmaiar, e de lá fomos ver o médico, que recomendou repouso e fazer uns exames, inclusive de tomografia, que eu fiz. Aqueles que pensam que houve simulação, na verdade estão me medindo com a régua deles. Eles provavelmente fariam simulações e outras coisas desse tipo. Eu fico preocupado com a principal autoridade da República, de alguma maneira, dando cobertura a atos de violência".

O médico Jacob Kligerman, que atendeu José Serra na quarta, disse que ficou indignado com as declarações do presidente Lula e que jamais faria parte de uma farsa.

O médico afirmou que Serra chegou à clínica se sentindo mal e com um edema na cabeça, provocado pelo traumatismo, mas sem ferimento aparente.