quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ex-comandante dos Bombeiros do Paraná teria cometido cinco ataques com 14 vítimas

GAZETA DO POVO, 27 de janeiro de 2011

De acordo com fontes ligadas a polícia, em todos os casos foram atacados grupos de usuários de drogas


O ex-comandante do Corpo de Bombeiros do Paraná, coronel Jorge Luiz Thais Martins, teria cometido cinco atentados que resultaram na morte de nove pessoas e deixaram outras cinco feridas, entre agosto de 2010 e janeiro de 2011. De acordo com fontes ligadas à polícia, ouvidas pela Gazeta do Povo, em todos os casos foram atacados grupos de usuários de droga ou pessoas que estavam em pontos tradicionais de encontro de usuários. Em apenas um dos atentados não houve sobreviventes.

Os crimes teriam começado depois do assassinato do filho do coronel, morto em um assalto no bairro Boqueirão em outubro de 2009, quando deixava a namorada em casa no início da manhã (Veja abaixo matéria publicada quando ocorreu o crime).

Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do coronel na manhã desta quinta-feira (27). Como não havia ninguém em casa, o irmão do coronel foi chamado para abrir a residência. Os policiais queriam reunir provas que comprovassem o envolvimento do ex-comandante com os crimes, que teriam ocorrido entre agosto e dezembro de 2010.

Como Martins não estava em casa e os policiais não puderam cumprir o mandado de prisão, ele é considerado foragido. Em entrevista coletiva, o advogado do ex-comandante, Eurolino Sechinel dos Reis, disse que o inquérito policial foi mal construído e alegou que não existem provas contra o coronel. Ele ressaltou que o ex-comandante deve se apresentar na polícia ainda nesta quinta-feira, mas destacou vai entrar com pedido de habeas corpus já nesta semana. O Coronel Martins deixou o Corpo de Bombeiros em janeiro de 2010, quando se aposentou.

Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que não iria se pronunciar sobre o caso e com esta decisão as delegacias que investigam os crimes também não podem falar sobre as ocorrências. Ainda segundo a Sesp, “qualquer ação por parte do coronel Martins que esteja sendo investigada é considerada de caráter pessoal, de cidadão comum, sem relação nenhuma com a instituição que comandou”.

Filho assassinado - O filho do coronel, Jorge Guilherme Marinho Martins, foi assassinado na manhã do dia 22 de outubro de 2009 durante uma tentativa de assalto no bairro Boqueirão, em Curitiba. Martins, de 26 anos, foi abordado por volta das 6h30 na Rua Conde de São João das Duas Barras, quando estava em um carro acompanhado de sua namorada, Jéssica de Andrade Casas, de 21 anos. Eles voltavam de uma festa e o homicídio ocorreu em frente à residência da garota. O rapaz morreu no local, enquanto Jéssica foi atingida no antebraço direito e no tórax.

As investigações do caso revelaram que dois usuários de drogas poderiam ter cometido o crime, mas eles foram liberados por falta de provas. As pessoas que teriam sido mortas pelo coronel seriam usuários de droga e estavam no mesmo bairro onde seu filho foi morto, mas não teriam ligação com aquele crime.

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) disse que não comentaria o assunto e que qualquer ação por parte do coronel é de caráter pessoal, de cidadão comum, sem relação com a instituição.

Uma pessoa, que não foi identificada, e que teria sobrevivido a um dos ataques feitos pelo coronel revelou que ele agia com a cara limpa e arma em punho. Ele relatou que foi abordado durante a noite e, mesmo com a escuridão, ele conseguiu ver o rosto de Martins.


Renda média real do trabalhador foi corroída pela inflação em dezembro

ESTADÃO ONLINE, 27 de janeiro de 2011

Renda do trabalhador caiu 0,7% em relação ao mês anterior, segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo


A renda média real habitual do trabalhador brasileiro em dezembro do ano passado, que mostrou queda de 0,7% contra novembro de 2010, foi "corroída" pelo avanço da inflação, nas palavras do gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) Cimar Azeredo. "A inflação, de certa forma, funciona como uma espécie de barreira ao crescimento do rendimento do trabalho", afirmou.

Não fosse o cenário de inflação mais elevada em 2010, contra 2009, a renda do trabalhador poderia ter apresentado um avanço mais expressivo, no mesmo período de comparação. No entanto, mesmo com o salto da inflação no período, o rendimento médio real habitual da população ocupada no mercado de trabalho subiu 3,8% em 2010 ante 2009. Tendo isso em vista, o técnico do IBGE negou que o avanço no rendimento do trabalhador tenha sido de alguma forma "frustrante" entre os bons indicadores de emprego no mercado de trabalho em 2010. "Foi um avanço tímido, mas não frustrante", afirmou Azeredo.

Diferenças regionais - A ideia de que, em 2010, o Brasil atingiu nível de "pleno emprego" ainda é discutível, para o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Azeredo. Para ele, existem diferenças regionais expressivas na taxa de desemprego entre as seis principais regiões metropolitanas do País, pesquisadas pelo instituto para cálculo da pesquisa. "É muito cedo para se falar em pleno emprego. Temos um País com diferenças regionais bastante precisas", afirmou.

Ele admitiu que, no ano passado, o contingente de população ocupada no mercado de trabalho atingiu 22 milhões de pessoas, maior patamar da nova série da PME, iniciada em 2002 e cujos dados anuais começaram a ser apresentados em 2003. Além disso, o total de desempregados em 2010, de 1,6 milhão de pessoas, foi o menor da série.

No entanto, fez uma ressalva. Em 2010, entre as regiões pesquisadas, é possível perceber que a média anual da taxa de desocupação, ou da taxa de desemprego, em Porto Alegre, por exemplo, foi de 4,5%. Mas se for analisada somente a região metropolitana de Recife, a taxa de desemprego média em 2010 foi de 8,7%. "O termo pleno emprego é uma discussão teórica. É claro que foi um ano bom (2010), mas será que podemos falar em pleno emprego, com uma taxa (de desocupação) de 8,7% em Recife?", questionou.

Paraná é o estado que mais gasta com aposentadoria de ex-governadores

GAZETA DO POVO, 27 de janeiro de 2011

Pagamentos do benefício a dez ex-governantes e a quatro viúvas de ex-chefes do Executivo estadual custarão em 2011 R$ 4,51 milhões


Além de pagar o benefício mais alto, o Paraná é o estado brasileiro que mais vai gastar com a aposentadoria de ex-governadores em 2011. Dez ex-governantes e quatro viúvas de ex-chefes do Executivo estadual receberão R$ 24,8 mil por mês, o que totaliza R$ 4,51 milhões ao ano (contabilizados 12 pagamentos mais o 13.º salário).

Na soma dos 11 estados que estão na mira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por conceder as pensões vitalícias a ex-governadores, a conta anual chega a pelo menos R$ 17 milhões para um total de 80 beneficiários.

De acordo com a OAB, os pagamentos (baseados em leis estaduais) são inconstitucionais por confrontarem os princípios da moralidade e da isonomia previstos na Constituição Federal de 1988. “O que nós queremos é corrigir uma distorção jurídica grave”, diz o presidente nacional da Ordem, Ophir Cavalcante. O órgão espera por relatórios das seccionais dos 27 estados para ingressar com ações airetas de inconstitucionalidade (Adins) contra as aposentadorias especiais no Supremo Tribunal Federal (STF).

Lei permissiva - Cavalcante preferiu não comentar a situação paranaense. “Estamos recebendo várias informações, mas não queremos focar as ações nas pessoas, mas nas leis”, diz ele. Além de liderar o volume total de pagamentos, o Paraná também tem uma das legislações mais permissivas – os beneficiários podem somar a pensão a outros salários em cargos públicos.


Requião: com o acúmulo com o salário do Senado ele terá renda mensal de R$ 51,5 mil. Alvaro Dias pode receber o mesmo a partir do próximo mês

“O governo aplica o que está na Constituição Estadual. Só há restrições para o caso de um governador aposentado que volta ao cargo, aí ele não recebe a pensão”, explica o secretário de Administração do Paraná, Luiz Eduardo Sebastiani. A lei do Rio Grande do Sul, por exemplo, obriga o beneficiário a optar pela pensão ou pelo salário, caso receba vencimentos em outro cargo público.

Foi o que aconteceu com o senador gaúcho Pedro Simon (PMDB), que governou o estado entre 1987 e 1991. No ano passado, ele escolheu receber a aposentadoria de ex-governador, de R$ 24,1 mil mensais, no lugar do salário de senador, que na época era de R$ 16,5 mil. Como a remuneração dos congressistas vai subir para R$ 26,7 mil em fevereiro, ele já admite rever o pedido.

Já os ex-governadores paranaenses Alvaro Dias (PSDB) e Roberto Requião (PMDB) podem acumular a aposentadoria ao salário de senador – ambos podem receber R$ 51,5 mil a partir do próximo mês. “A questão do acúmulo será outro assunto a ser tratado pelo STF”, aponta Cavalcante.

Nova tentativa - O ex-presidente da seccional paranaense da OAB Alberto de Paula Machado lembra que essa não é a primeira vez em que há uma mobilização para acabar com as pensões de ex-governadores no estado. A última ocorreu em 2008 e, segundo ele, só não avançou devido à falta de colaboração da Assembleia Legislativa. “Precisávamos de uma cópia da Constituição Estadual atualizada, com todas as modificações feitas até a época, para finalizar a coleta de documentos para o processo [contra as aposentadorias especiais]. Mas eles [deputados estaduais] reiteradamente se negaram a nos enviar [o material].”

Súmula vinculante - Em 2007, graças a uma ação da OAB nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) cassou a aposentadoria especial do ex-governador do Mato Grosso do Sul Zeca do PT. O Supremo já poderia ter aplicado uma súmula vinculante a partir desse caso para outros estados, mas preferiu não se manifestar. A intenção da Ordem com o levantamento que está sendo feito nos estados é preparar várias Adins. A expectativa é de que o STF venha a determinar que o julgamento da primeira ação tenha repercussão sobre as demais.


Procurador-geral da República prepara ações contra pensão ilegal

O GLOBO, 27 de janeiro de 2011

Procurador-geral também prepara ações contra pensões de ex-governadores. Ele lembra que Supremo já julgou ilegal o pagamento


Diante da proliferação de aposentadorias de ex-governadores, revelada pelo GLOBO semana passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que o Ministério Público estuda uma série de ações para suspender o pagamento dos benefícios. Gurgel afirmou que não é razoável pagar pensão vitalícia a administradores que ficam por apenas quatro anos no mandato.

Ele lembrou que os estados poderiam se antecipar às medidas judiciais e revogar as aposentadorias, considerando que o Supremo Tribunal Federal (STF) já concluiu - ao analisar o caso específico de Mato Grosso do Sul, do ex-governador Zeca do PT (em 2007) - que o pagamento é ilegal.

De acordo com Gurgel, os procuradores da República estão debruçados sobre os casos. Entretanto, lembrou que está à espera do desfecho das ações que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pretende adotar para determinar o momento oportuno de novas medidas:
- Há notícia de que a OAB estaria ajuizando outras ações de inconstitucionalidade. E a PGR, que já teve iniciativa em um caso, está fazendo levantamento em outro, e, concluindo esse estudo, (poderá) impetrar eventualmente outras ações diretas - disse o procurador.

Segundo Gurgel, há outro argumento robusto contra os ex-governadores: nem o presidente da República tem tal direito.
- Pelo lado formal, o que se argumenta é a inexistência no paradigma da União de tratamento semelhante ao presidente da República - disse. - Quando a aposentadoria decorre tão somente do exercício de um único mandato, não parece razoável, num país como o nosso, que (o benefício) seja deferido a esses ex-governadores.

Sem uniformidade nas concessões dos benefícios - Gurgel lembrou ainda que não há uniformidade nas regras para concessão dos benefícios. Ou seja, as normas mudam conforme o interesse do governante de plantão, em cada estado. Em Rondônia, por exemplo, o ex-governador Ivo Cassol não só garantiu as aposentadorias aos ex-governadores - incluindo ele próprio -, como assegurou outras regalias, como serviço completo de segurança privada por um período igual ao do exercício do mandato.

O GLOBO revelou ontem que, dos 81 parlamentares que iniciarão ou retomarão seus mandatos, pelo menos 26 já administraram seus estados. E 13 deles deverão ter ganhos que ultrapassam o teto do funcionalismo público, equivalente ao novo subsídio dos parlamentares, que é de R$26.723,13, pois vão acumular os novos vencimentos com aposentadorias de ex-governadores. Essas aposentadorias vão de R$11 mil a R$24 mil. Um senador poderá embolsar mais de R$50 mil por mês.


OAB entra no STF com ação contra aposentadorias de ex-governadores

G1, 27 de janeiro de 2011

Ações da entidade são contra as leis dos estados de Sergipe e Paraná. STF já considerou benefício inconstitucional no caso de Mato Grosso do Sul


A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou nesta quinta-feira (27) duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando o pagamento de aposentadorias vitalícias a ex-governadores do Sergipe e do Paraná. A entidade quer que seja declarada a inconstitucionalidade dos artigos das leis que permitem as aposentadorias.

O G1 entrou em contato com a Procuradoria-Geral do estado de Sergipe e aguarda retorno. Por meio da assessoria de imprensa, a Assembleia Legislativa do Paraná afirmou que pretende provar ao STF que todas as formalidades foram cumpridas para a aprovação da norma. Segundo a nota, a Assembleia vai repassar ao Supremo informações técnicas sobre o trâmite da mensagem que previa o pagamento das aposentadorias.

Na ação, a OAB ainda pede que seja suspensa – por medida cautelar – a eficácia dessas leis até que o STF analise os casos. A entidade defende uma decisão urgente para evitar eventuais prejuízos aos cofres dos estados.

Segundo a OAB, o pagamento dos benefícios “viola” os princípios da impessoalidade e da moralidade previstos na Constituição.

“[O benefício] assenta regalia baseada em condição pessoal do beneficiado e afronta a ética e a razoabilidade, pois inexistente no caso em análise qualquer interesse público a ser albergado”, afirma a entidade.

O pedido da OAB cita ainda que o plenário do STF já se posicionou contra o benefício, em 2007, quando analisou o caso do ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT.

Por 10 votos a 1, os ministros consideraram inconstitucional o dispositivo da constituição de Mato Grosso do Sul que permitia o pagamento do benefício a ex-governadores. Entretanto, o entendimento do Supremo sobre o Mato Grosso do Sul não vale para outros estados.

Em relação aos dois estados, a OAB argumenta que não há indicativo de fonte de custeio para o pagamento da aposentadoria vitalícia. Dessa forma, a pensão não poderia ser considerada uma forma de benefício previdenciário.

Tanto em Sergipe quanto no Paraná, o benefício mensal pago aos ex-governadores é calculado de acordo com o salário –base dos desembargadores do Tribunal de Justiça dos estados, que é de R$ 24.117,62.

Panamericano tem rombo maior que o anunciado

O ESTADO DE S. PAULO, 27 de janeiro de 2011

Fraude contábil descoberta em setembro no banco administrado pelo Grupo Silvio Santos provocou prejuízo maior do que se esperava; valor deve ser anunciado na segunda-feira. Panamericano negocia novo socorro com o governo


A nova administração do Panamericano descobriu que o rombo na instituição controlada pelo Grupo Silvio Santos é maior do que os R$ 2,5 bilhões estimados inicialmente pelo Banco Central (BC) no ano passado. Por isso, o banco precisará de uma nova injeção de dinheiro.

Uma das alternativas em estudo é um novo empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que já cobriu o buraco inicial. Ainda que não entre com todos os recursos necessários, o FGC deve oferecer ao menos um pedaço do novo aporte.

O FGC é uma entidade privada, mantida pelos bancos desde 1995, que tem como principal função proteger parte dos depósitos dos clientes dos bancos. Procurado, o Panamericano preferiu não se pronunciar. O diretor executivo do FGC, Antonio Carlos Bueno, disse que desconhecia as informações.

Em setembro, o BC descobriu uma fraude contábil no Panamericano, então estimada em R$ 2,5 bilhões. O escândalo veio a público no início de novembro, quando toda a antiga diretoria foi demitida. Para receber o dinheiro do FGC, o empresário Silvio Santos entregou como garantia seu patrimônio pessoal.

A maior parte dos executivos que compõem a nova direção foi indicada pela Caixa Econômica Federal, que comprou 49% do capital votante do Panamericano no fim de 2009. Até ontem à noite, estava definido que o banco estatal não vai colocar dinheiro novo na instituição.

A solução para cobrir o novo rombo está sendo negociada pela nova direção do Panamericano, pelo FGC, pelo empresário Silvio Santos, pela Caixa Econômica Federal, e é acompanhada de perto pelo BC.

O tamanho exato do rombo e a saída para cobri-lo devem ser oficialmente apresentados na próxima segunda-feira, dia previsto para a divulgação do balanço do terceiro trimestre e dos meses de outubro e novembro de 2010. A divulgação desses resultados foi adiada por duas vezes.

Nas últimas semanas, as ações do Panamericano valorizaram-se fortemente na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em meio a especulações de que grandes instituições estariam travando uma disputa para comprá-lo. Do início do ano até ontem, o ganho acumulado das ações preferenciais (PN) beirava os 20%.

O Estado apurou que cinco bancos demonstraram interesse na participação que Silvio Santos possui no Panamericano desde que a fraude contábil veio a público. Nenhum deles, no entanto, fez proposta firme, justamente porque o balanço com o rombo definitivo ainda não foi divulgado.

Atraso - O objetivo inicial da nova administração era apresentar o balanço até meados de dezembro. Mas a complexidade do trabalho de reconstrução dos números, somada à demissão dos principais responsáveis pela contabilidade do banco, atrasou sucessivamente a divulgação.

Cerca de cem pessoas trabalham incessantemente nos números. Todas deram expediente até mesmo durante as festas de fim de ano. Folgaram apenas nos dias 31 de dezembro e 1.º de janeiro. Uma das principais dificuldades foi lidar com os sistemas de informática, que foram burlados para permitir a fraude.

Além da Deloitte, que audita as contas do Panamericano, o balanço está sendo checado pela PricewaterhouseCoopers (contratada pela Caixa) e por técnicos do Banco Central.

Leis anticorrupção: hora de ousar

CORREIO BRAZILIENSE, Bo Mathiasen, 27 de janeiro de 2011


Em 1º de fevereiro, uma nova legislatura se inicia no Brasil. Deputados e senadores eleitos em outubro do ano passado tomam posse para quatro e oito anos de mandato, respectivamente, e senadores eleitos em 2006 iniciam os quatro últimos anos da investidura.

Nessa data, que marca o começo do ano legislativo, é preciso que os representantes eleitos reafirmem seu compromisso com os esforços que vêm sendo empreendidos pelo Brasil para conter a corrupção. O início de um novo governo e de uma nova legislatura apresentam também o desafio de dar novos passos na construção de uma cultura de integridade e transparência.

O povo brasileiro vem exigindo de seus representantes uma postura de fato comprometida com a ética. O movimento Ficha Limpa evidenciou o desejo por integridade e demonstrou a força da mobilização social. O recado dos eleitores em 2010 foi claro: a corrupção não será mais aceita.

A partir de hoje, deputados e senadores têm a oportunidade de atender essa demanda legítima da população, dando efetivo andamento a projetos de lei em trâmite no Congresso Nacional que buscam sentar bases para a construção de uma sociedade mais íntegra.

É o caso do Projeto de Lei nº 5586/2005, que tipifica o crime de enriquecimento ilícito quando o funcionário público possuir bens ou valores incompatíveis com a renda, e do Projeto de Lei nº 7528/2006, que define critérios e restrições para ocupantes de cargos públicos que tenham acesso a informações privilegiadas.

Outro importante projeto de lei a ser aprovado pelos parlamentares é o de nº 5228/2009, que trata da garantia do acesso pleno, imediato e gratuito a informações públicas, do estabelecimento de critérios para proteção das informações pessoais e sigilosas, assim como da isenção do servidor público de ser responsabilizado por informar as autoridades competentes sobre atos de improbidade ou crimes.

Não menos importantes são os projetos de lei nº 6616/2009, que propõe tornar hediondos os tipos penais de peculato, concussão, corrupção passiva e corrupção ativa, e nº 6826/2010, que trata da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas por atos contra a administração pública.

Por fim, deputados e senadores terão a oportunidade de aprovar o Projeto de Lei nº 6577/2009, que propõe alterações na Lei de Lavagem de Dinheiro. O projeto determina infrações penais antecedentes à lavagem de dinheiro, amplia a lista de pessoas sujeitas a obrigações impostas pela mesma, cria o tipo penal “financiamento ao terrorismo” e permite a alienação antecipada de bens, direitos ou valores objetos dos crimes previstos nessa lei.

A existência desses projetos de lei demonstra que pelo menos uma parte da sociedade brasileira está consciente da necessidade de criar mecanismos para enfrentar a corrupção seguindo as convenções internacionais.

Todos os projetos citados acima atendem recomendações contidas na Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção e na Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, ambas ratificadas pelo Brasil.

É fato que o Brasil tem realizado importantes avanços no tema. O desenvolvimento de iniciativas como o Portal da Transparência e a demissão de mais de 3 mil funcionários públicos envolvidos em atos de corrupção pela Controladoria-Geral da União, por exemplo, demonstram a preocupação do país com a devida aplicação do dinheiro público, bem como com a responsabilização dos servidores envolvidos.

Mas o Brasil pode ser mais ousado. A adequação da legislação nacional para controlar a corrupção e o crime organizado transnacional é essencial para o desenvolvimento do país e para o fortalecimento do Estado de Direito. É preciso ter consciência de que cada centavo desviado por atos de corrupção deixa de ser aplicado em melhorias para o povo.

Agora, senadores e deputados podem trabalhar e se empenhar na defesa dos reais interesses dos eleitores, os mesmos que se mobilizaram no ano passado pela ética, pela integridade e pelo fim da corrupção.


Bo Mathiasen é dinamarquês; é o representante regional do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) para o Brasil e o Cone Sul


Justiça bloqueia R$ 200 mil em contas da Construtora Palhano em Londrina

JORNAL DE LONDRINA, 27 de janeiro de 2011

Cerca de 50 trabalhadores da construção civil, contratados pela empreiteira, estão sem receber desde dezembro. Eles realizaram um protesto nesta manhã. A construtora é responsável obras que fazem parte do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal


O juiz do trabalho, Sidnei Lopes, concedeu liminar ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Londrina (Sintracom) para bloquear em até R$ 200 mil as contas da Construtora e Incorporadora Palhano Ltda, de Londrina. O motivo do bloqueio seria a falta de pagamentos de funcionários.

A empreiteira é contratada pela empresa Rodobens, de Ribeirão Preto (SP). Segundo o presidente do Sintracom, José Fernandes Paião, a Rodobens teria repassado os recursos para o pagamento dos funcionários à construtora, que não teria efetuado os depósitos.

A construtora Palhano é responsável por parte das obras da Terra Nova Rodobens, na Rodovia João Carlos Strass, que faz parte do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

Segundo Paião, 53 trabalhadores contratados pela empreiteira estão sem receber desde dezembro. Ele informou que os operários também não receberam o 13º salário, verbas rescisórias nem o pagamento de janeiro. “Vários receberam cheques sem fundos”, contou. O sindicato aponta outras irregularidades como o não pagamento dos vale-compras.

Além desta obra da Terra Nova Rodobens, os operários teriam sido contratados para trabalhar em outras duas construções pela empreiteira. Parte dos funcionários realizou um protesto na manhã desta quinta-feira (27), em frente ao canteiro de obras da Terra Nova.

O presidente do Sintracom informou que o sindicato negocia direto com a Rodobens para que o dinheiro bloqueado pela Justiça seja transferido para a conta do Sintracom e, em seguida, repassado aos funcionários.

Em nota oficial, divulgada às 19h48, a Rodobens informou que "a responsabilidade sobre tais pagamentos é exclusiva da empreiteira Construtora e Incorporadora Palhano LTDA", e que mesmo depois de a empreiteira ter abandonado a execução das obras no dia 20 de dezembro de 2010, entrou em acordo com o Sintracom. A empresa ainda confirma que, "em função do ocorrido, o contrato com a Construtora e Incorporadora Palhano LTDA foi sumariamente rescindido". (Leia a íntegra da nota ao lado)

A reportagem também tentou falar com o responsável pela Construtora Palhano, mas o celular dele estava desligado.


Íntegra da nota da Rodobens
"A Rodobens Negócios Imobiliários S/A e o Grupo Marajó esclarecem que, em relação aos questionamentos feitos sobre o não pagamento de trabalhadores, prestadores de serviços no empreendimento Terra Nova Londrina, a responsabilidade sobre tais pagamentos é exclusiva da empreiteira Construtora e Incorporadora Palhano LTDA, contratada e remunerada pelas empresas para a execução das obras no referido empreendimento.

A empreiteira Construtora e Incorporadora Palhano LTDA ABANDONOU a execução das obras do empreendimento no dia 20/12/2010 e, após esse fato, chegou ao conhecimento da Rodobens Negócios Imobiliários S/A e do Grupo Marajó que a referida Construtora estava com pagamentos em aberto a seus contratados.

Mesmo não tendo a responsabilidade direta sobre a questão, mas entendendo que os trabalhadores devem receber pelo trabalho executado, a Rodobens Negócios Imobiliários S/A e o Grupo Marajó participaram de reuniões com representantes dos trabalhadores e do SINTRACOM – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Londrina para, juntos, chegarem a uma solução. A ação resultou em um acordo entre os trabalhadores, sindicato e incorporadores e o caso foi solucionado.

A Rodobens Negócios Imobiliários S/A e o Grupo Marajó esclarecem, ainda, que honraram com todos os pagamentos relativos aos serviços contratados e efetivamente realizados pela empreiteira, conforme previamente acordado e que, em função do ocorrido, o contrato com a Construtora e Incorporadora Palhano LTDA foi sumariamente rescindido.

Esperamos ter prestado os esclarecimentos necessários, permanecendo à disposição para dirimir possíveis dúvidas.

Atenciosamente,Rodobens Negócios Imobiliários S/A e Grupo Marajó"