quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Gaeco denuncia em Londrina por corrupção vereador e ex-secretário da administração do ex-prefeito do PT, Nedson Micheleti

INSTITUTO AME CIDADE, 19 de outubro de 2011


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou criminalmente o vereador Jacks Dias (PT) por corrupção passiva no caso Centronic. Foram denunciados também Paulo Iora, representante da empresa em Londrina e Nilso Rodrigues de Godoes, dono da Centronic, que tem sede em Curitiba. A ação foi protocolada na semana passada e distribuída para a 3ª Vara Criminal de Londrina.

Segundo a denúncia do Gaeco, o vereador Jacks Dias teria recebido propina para facilitar os negócios da Centronic com a prefeitura, quando foi secretário de Gestão Pública na administração de Nedson Micheleti (PT), que foi prefeito de Londrina por duas vezes consecutivas, de 2001 a 2008.

Com a divulgação da ação, o vereador Jacks Dias disse ontem ao Jornal de Londrina não ter conhecimento da denúncia. Para o site Bonde, da Folha de Londrina, o vereador disse o seguinte: "Tudo o que eu tinha para falar sobre isso, eu já falei. Procurem o meu advogado".

O advogado do vereador, João dos Santos Gomes Filho, recebeu a notícia com irritação e insinuou que poderia haver interesse eleitoral na ação. Como todo advogado de defesa, Gomes Filho procurou desmerecer o trabalho dos investigadores. "Este é o caso em que um funcionário afirma que viu o patrão conversando sobre propina com o meu cliente. No entanto, o patrão não confirmou o pagamento de propina ao Ministério Público. Há fantasia demais, mas nenhuma prova", ele disse.

Jacks Dias é um dos líderes do PT em Londrina e foi um dos políticos mais influentes na administração do PT em Londrina. É dele o projeto de terceirização dos serviços da prefeitura, que causou sérias dificuldades administrativas em vários setores do município, com prejuízos graves ao sistema de saúde pública do município. O vereador foi presidente do PT no município e era cotado para ser o candidato a deputado estadual pelo partido, mas teve que abandonar este projeto político depois de denúncias de corrupção. Em seu lugar foi candidato a deputado estadual o ex-prefeito Micheleti, que em Londrina teve apenas 7.491 votos e não se elegeu.

Durante o desenvolvimento da investigação do Gaeco no caso Setrata, em junho do ano passado Dias teve seus bens considerados indisponíveis pelo juiz da 8ª Vara Cível, José Ricardo Alvarez Vianna. Na época a Justiça bloqueou um imóvel do vereador petista. Segundo a promotora Leila Voltarelli, o Gaeco pediu o bloqueio depois que soube que Dias estava tentando vender o imóvel. "O fato de ele estar colocando seus bens à venda caracteriza a intenção de dilapidar [o patrimônio] e dificultaria o ressarcimento ao erário”, disse na época a promotora à imprensa.


Vereador responde a outros
processos relacionados à sua
atuação na prefeitura petista

Além do caso Centronic, Jacks Dias é alvo de duas investigações em que aparece como acusado de exigir propina de empresários enquanto ocupava a Secretaria de Gestão Pública no governo de Nedson Micheleti.

O vereador petista responde à outra denúncia do Gaeco em que foi acusado pela cobrança de 33 parcelas de pagamentos contra as sócias-proprietárias da empresa Setrata. Conforme o Gaeco informou à imprensa na época, as propinas seriam de R$ 1 mil, R$ 4 mil, R$ 5 mil, R$ 6 mil e até R$ 11 mil. Conforme a apuração do Gaeco, ao todo o petista teria exigido das empresárias R$ 194,5 mil entre dezembro de 2005 e junho de 2009. Em valores atuais, R$ 225,4 mil.

O caso foi denunciado pela Folha de Londrina em abril do ano passado e recebeu do jornal o nome de "Mensalinho" em alusão ao caso do mensalão, o esquema de corrupção que levou a cúpula nacional do PT a responder a um processo que está para ser decidido no Supremo Tribuna Federal (STF).

Conforme a denúncia do Gaeco, Dias teria exigido os pagamentos como condição para que o contrato para serviços de limpeza na Centrofarma e em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) não fosse rescindido.

Ainda sobre o período em que Jacks Dias esteve à frente da secretária de gestão pública, o Gaeco está também com uma investigação em curso que examina as suspeitas de pagamento de propina entre a fornecedora de merenda escolar SP Alimentos e a prefeitura de Londrina durante a administração petista.

Em fevereiro deste ano o Gaeco cumpriu dois mandados de apreensão em dois imóveis do vereador Jacks Dias, um deles a casa bloqueada pela Justiça no luxuoso condomínio londrinense.

A ação fazia parte de uma operação nacional desenvolvida em várias cidades brasileiras em que a SP mantinha contratos com prefeituras. Em Londrina, muitos documentos foram apreendidos nas casas de Jacks Dias. Leia mais sobre este assunto no post abaixo.

A SP Alimentos é acusada de fazer parte de um esquema de corrupção conhecido como “máfia da merenda”, que atua em várias prefeituras do país. O dono da SP Alimentos já esteve até preso sob a acusação de subornar dois vereadores de Limeira, no estado de São Paulo.

Gaeco apreende documentos na casa de vereador de Londrina investigado por corrupção

JORNAL DE LONDRINA, 11 de fevereiro de 2011

Segundo promotor, foram colhidos vários elementos de provas do envolvimento de Jacks Dias (PT) com uma organização criminosa chefiada pelos donos da SP Alimentação


O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) de Londrina cumpriu um mandado de busca e apreensão, na casa do vereador Jacks Dias (PT), na manhã desta sexta-feira (11). A ação faz parte de uma investigação sobre a merenda escolar, envolvendo a empresa SP Alimentação. O trabalho de investigação é realizado em parceria entre os Gaecos de Londrina e São Paulo.

Promotores e policiais do Gaeco recolheram vários documentos em uma das casas do vereador no Condomínio Terra do Santana, zona sul da cidade. Segundo o promotor Renato de Lima Castro, que participou da operação, Jacks Dias é um dos investigados e suspeito de envolvimento com uma organização criminosa, que seria gerenciada pelos proprietários da SP Alimentação. Um segundo mandado seria cumprido em outra residência do vereador, mas não havia ninguém no local.

Os policiais e promotores também cumpriram um mandado na casa de João Neto de Souza, que fica no mesmo condomínio na zona sul. Castro informou que Souza teria a função de apresentar a empresa SP Alimentação aos municípios, com o intuito de firmar contratos para os serviços de merenda escolar.

Investigação - O promotor explicou que os proprietários da empresa SP Alimentação são suspeitos de gerenciar uma organização criminosa. Entre os crimes investigados, estão formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, no caso de envolvimento de gestores públicos, e crimes contra a administração pública.

Castro disse que a investigação já corre há alguns anos, mas ganhou força depois que um dos integrantes da suposta organização criminosa resolveu contribuir com a polícia. Segundo o promotor, ele apresentou documentos constando valores que eram repassados como propina, entre outros documentos que comprovam os crimes.

Na casa do vereador foram colhidos vários elementos de provas do envolvimento dele com a organização criminosa, supostamente no recebimento de propina. O promotor não quis dar mais detalhes do envolvimento de Jacks Dias no caso.

A reportagem ligou para o gabinete do vereador, mas ele não estava. O JL também tentou contato pelo celular, mas o telefone estava desligado. A assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores informou que Dias não vai se pronunciar sobre o assunto. O advogado dele, João Gomes, também estava com o celular desligado.

Merenda escolar - O ex-secretário municipal de Gestão Pública e atual vereador Jacks Dias (PT) foi o responsável por elaborar o contrato da terceirização da merenda com a empresa SP Alimentação e por fiscalizar a execução do serviço. Durante sua gestão, a qualidade do serviço prestado foi criticada inúmeras vezes.

Em 2009, um relatório de auditoria número 114 da Controladoria do Município apontou que a Prefeitura pagou de forma indevida R$ 682,7 mil à empresa SP Alimentação pelo fornecimento de merenda escolar, do fim de 2006 a dezembro de 2008. O contrato com a empresa foi rescindido no início de 2009.

1- Justiça bloqueia em Londrina imóvel avaliado em R$ 750 mil de vereador petista e ex-secretário de governo
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2 - Ex-secretário do governo de Nedson Micheleti é denunciado em Londrina por cometer concussão 33 vezes