segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cornélio Procópio, a cidade do prefeito licenciado que não deixa o vice assumir de fato o cargo de prefeito

INSTITUTO AME CIDADE, 30 de maio de 2011


Cornélio Procópio assiste atualmente a uma situação muito esquisita que é a repetição do que já aconteceu em 2009. Naquele ano, no mês de outubro, o prefeito Amin Hannouche (PP) se licenciou e passou o cargo para o vice-prefeito, o petista João Carlos Lima. O mesmo aconteceu no mês passado. Hoje o vice João Carlos Lima está no exercício do cargo de prefeito pela segunda vez.

Mas, o que acontece de esquisito é que o prefeito licenciado não sai de cena. Desta vez sua alegação para a licença de 60 dias foi a necessidade de fazer um tratamento de saúde. No entanto, Hannouche continua dando ordens na prefeitura, participando de eventos oficiais, e falando a imprensa como se nunca tivesse saído do cargo.

Nem se pode falar em duplicidade de comando, pois o prefeito que se licenciou não procura nem manter a aparência de que legalmente o prefeito da cidade é o petista João Carlos Lima. Num evento ocorrido há três dias e tratado de forma oficial no site da Prefeitura, por exemplo, Lima nem esteve presente.

O departamento de imprensa e propaganda da Prefeitura distribuiu quatro fotos. Em duas está o prefeito licenciado. O prefeito em exercício não aparece em nenhuma imagem e nem poderia aparecer, pois a assessoria de imprensa e propaganda parece fazer questão de deixar claro quem é o chefe.

Leiam o trecho inicial do texto de divulgação. Os grifos são nossos: “Ultimando os preparativos para a inauguração do Centro, o Pastor Sindulfo Costa Filho, do Instituto Superar, recebeu uma equipe de assessores da prefeitura e vereadores, liderada pelo prefeito licenciado de Cornélio Procópio, Amin Hannouche, na manhã de sexta-feira (20) e aproveitou para agradecer a confiança do prefeito em seu trabalho”.

Isso tem sido usual desde que João Carlos Lima assumiu o cargo no mês passado. Hannouche mantém-se à frente de tudo, inclusive ordenando como os eventos devem ser divulgados pela assessoria ou, como diz o release da assessoria, “liderando” os assessores da prefeitura.

Cada um escolhe as companhias que quer, mas essa forma de agir é até um desrespeito pessoal ao companheiro de administração. É o tipo de circunstância que faz voltar também toda uma situação de pesar que os procopenses acabam sentindo com relação ao constrangimento público do vice.

Hannouche trata o cargo de vice-prefeito como se fosse um cargo de confiança do prefeito e não é nada disso o que reza inclusive a Constituição Brasileira. O vice tem um mandato eletivo e não tem o prefeito como chefe. O prefeito, aliás, pela lei não exerce nenhum poder sobre o vice. O mandato de ambos termina no mesmo dia e mesmo que haja discordâncias graves entre os dois, o vice não pode ser demitido como o prefeito pode fazer com qualquer cargo de confiança.

E é claro que, por lei, enquanto estiver no cargo o prefeito por direito é João Carlos Lima e não Hannouche. Tanto isso é verdade que numa das ocasiões criadas por Hannouche para aparecer na imprensa e numa rara situação em que o prefeito em exercício esteve presente quem teve que assinar o documento oficial foi Lima.

O que faz os procopenses se lembrarem da outra licença tirada pelo prefeito em 2009, na primeira vez que o vice assumiu a Prefeitura. Na época, Hannouche também andava pela cidade dando ordens em assuntos da Prefeitura e falando à imprensa como se, ao menos de direito, não houvesse um prefeito em exercício na cidade.

E naquela vez em que ele esteve licenciado ocorreu um fato deveras interessante e que, por suas conseqüências, pode servir de alerta para que o prefeito em exercício tome bastante cuidado com o que assina.

Naquele período, Hannouche também se intrometeu em tudo quando é assunto dos quais deveria se distanciar, ao menos em respeito pessoal pelo prefeito em exercício. Mas ele fazia do mesmo jeito que faz agora.

Porém, quando foi para assinar o contrato sem licitação com a empresa Ibrama, ele deixou a tarefa para o prefeito em exercício, João Carlos Lima. O que se seguiu os procopenses já sabem. A contratação sem licitação da Ibrama era ilegal. Tanto que assim que o Instituto Ame Cidade demonstrou sua discordância o prefeito voltou atrás e desfez o negócio.

O Instituto Ame Cidade apresentou uma denúncia ao Ministério Público Estadual, que entrou com uma Ação Civil Pública contra o prefeito e seu vice, além de outras três pessoas. Além da acusação de improbidade moral, na ação o MP pede também o ressarcimento a Cornélio Procópio por danos morais cometido pelos acusados contra a cidade.

E o prefeito em exercício João Carlos Lima é um dos acusados exatamente por ter assinado a contratação. Lima não governou e teve que suportar o constrangimento de ver sua autoridade desrespeitada o tempo todo em que esteve no cargo de prefeito. E no final ainda ficou com este pepino.

Moinho Pacífico se instalará em Cornélio Procópio quando o Brasil estiver bem em"questões econômicas, políticas e tributárias"

INSTITUTO AME CIDADE, 30 de maio de 2011

Foi em um evento com a presença do diretor da empresa Moinho Pacífico que o prefeito em exercício João Carlos Lima teve que assinar um documento oficial — pois afinal ele é o prefeito da cidade, mesmo que o prefeito licenciado Amin Hannouche não reconheça isso de fato em público. Na foto ao lado, os três (Hara, Lima e Amin Hannouche).

A reunião com Roberto Hara, diretor do Moinho Pacífico, foi para a assinatura de uma minuta de contrato de permuta de um terreno entre a empresa e a Prefeitura. E o próprio release da assessoria de imprensa e propaganda da Prefeitura deixou escapar o que os procopenses já suspeitam de há muito: o Moinho Pacífico não virá para Cornélio Procópio.

Hara disse que a instalação da empresa na cidade seria “uma questão de tempo”, mas a justificativa que deu para a empresa não ter vindo até agora deixa claro que até o final do mandato de Hannouche isso não acontecerá.

O diretor da empresa afirmou que a instalação não aconteceu até agora “em função de questões econômicas, políticas e tributárias".

Aqui cabe bem o ditado que diz que meia palavra é suficiente para um bom entendedor. Se até agora o Moinho Pacífico não se instalou em Cornélio Procópio em razão de “questões econômicas” dificilmente isso poderá ocorrer pelo menos até o final do ano que vem, um período que até economistas do PT confirmam que, no mínimo, será de muitas incertezas.

Além do mais, uma empresa da dimensão do Moinho Pacífico não tem possibilidade de tomar uma decisão de tal importância em questão de meses. Que ninguém se engane: o talvez do diretor do Moinho Pacífico é uma maneira diplomática de dizer não.

A instalação dessa empresa na cidade foi uma promessa de campanha de Hannouche e evidentemente puxou muitos votos para ele. Lembramos isso somente porque foi o próprio Hannouche que trouxe o fato de volta, ele que não desce do palanque há pelo menos sete anos.


Logo que foi reeleito, o prefeito recebeu o mesmo Roberto Hara que, segundo a assessoria de imprensa e propaganda de Hannouche, “veio para cumprimentá-lo pela vitória nas urnas”. Isso foi em outubro de 2008 e Hannouche estava acompanhado por Arnoldo Marty Júnior, seu vice que então era o prefeito em exercício. Marty Júnior foi posteriormente acusado de roubo de trator e preso pelo Gaeco. Veja os três (Hannouche, Hara e Marty Júnior) na foto ao lado.

Nesta reunião de 2008 Hannouche disse o seguinte: “É a prova de que não estávamos mentindo, como insinuaram nossos adversários na campanha. A instalação da indústria aqui é só uma questão de tempo”.

Pelo visto, quase três anos depois a definição da vinda também é “uma questão de tempo”, como o assunto foi tratado pelo diretor Hara na semana passada. O representante do Moinho Pacífico justificou a demora alegando “questões econômicas, políticas e tributárias”.

Hara sabe do que está falando. Em reportagem do jornal Valor Econômico há menos de duas semanas o próprio dono e presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, definiu o ano de 2010 de forma bem forte: “foi medíocre”, ele disse. O setor está com sérios problemas com a alta dos preços internacionais do trigo no mercado internacional, sem ter como repassar toda alta ao valor do produto final, a farinha de trigo. Além do moinho, os negócios do grupo Moinho Pacífico também se estendem ao setor imobiliário.

Mas, voltando às promessas de campanha, já que o prefeito trouxe de volta o assunto, nesta reunião em outubro de 2008 anunciaram que a previsão era que no ano seguinte (ou seja, já em 2009) começaria a construção da unidade da empresa em Cornélio Procópio.


Acertem ao menos
o nome dos parceiros
que pretendem conquistar

Uma ajuda aos assessores de imprensa e propaganda do prefeito Amin Hannouche (PP). Tentem ao menos grafar direito o nome de parceiros de quem o prefeito precisa tanto. É até uma questão de dever profissional, mas no aspecto político também pode ser um atrapalho escrever errado o nome de empresários tão conhecidos como o dono e presidente do Moinho Pacífico.

O nome de Lawrence Pih foi trazido também pelo prefeito Hannouche, em outra retórica de palanque. Só que os negociadores tem dificuldade para escrever direito o nome do empresário. O certo é Lawrence Pih, como escrevemos aqui no blog do Instituto Ame Cidade, e não "Lawrence Pee", como escrevem no site da Prefeitura.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A corrupção está acabando com os municípios brasileiros

INSTITUTO AME CIDADE, 27 de maio de 2011

O jornal O Globo publicou anteontem um editorial que faz uma análise de um fenômeno da maior gravidade que ocorre em atualmente em nosso país e que merece a atenção de quem acredita que a honestidade é que deve ser o guia essencial da administração pública no Brasil.

O editorial já revela no título esta questão: “A municipalização da corrupção”. Publicamos o editorial de O Globo em nosso clipping no mesmo dia em que ele saiu.

O texto do jornal alerta que hoje em dia a corrupção parece constituir uma epidemia nos municípios brasileiros e isso é um fato que está à nossa frente todos os dias. Na busca de notícias referentes à administração pública para o nosso clipping, encontramos em todo o território nacional uma porção de notícias referentes à corrupção municipal.

Por uma questão de espaço temos que nos concentrar nos fatos mais importantes e por isso somos forçados a deixar de lado muitas dessas notícias de lado, porém, mesmo assim publicamos uma grande quantidade delas. No clipping imediatamente abaixo podemos ver cinco desses assuntos desonrosos.

Uma notícia trata de denúncia de corrupção que envolve diretamente o prefeito de Londrina, outra é sobre a corrupção na Saúde da mesma cidade, já outra é sobre a prisão do vice-prefeito de Campinas, mais uma é sobre o processo de cassação do prefeito da cidade paranaense de Campo Magro e, finalmente, temos uma notícia sobre um ex-prefeito de Bauru que foi preso pela terceira vez.

A corrupção nos municípios afeta setores fundamentais para a vida da população, colocando em risco até sua integridade física. A corrupção em Londrina, por exemplo, inclui desvios na área da segurança, afetando a recém-instalada Guarda Municipal, e também na Saúde.

As empresas terceirizadas flagradas em corrupção pelo MP estavam com a responsabilidade inclusive do combate à dengue no município. E em vez de combater o mosquito e atuar na prevenção dessa perigosa doença, os responsáveis por este encargo repassado pela Prefeitura desviavam dinheiro público.

Hoje Londrina é a primeira cidade do estado na proliferação da dengue. Cornélio Procópio é a segunda.

O nível de criminalidade nos municípios brasileiros chega a ser assustador. Na raiz da corrupção que envolve altos dirigentes do PT e levou dezenas deles ao papel de réus no inquérito do mensalão que está no STF está o assassinato de um amigo íntimo do ex-presidente Lula, o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.

Cornélio Procópio teve até um vice-prefeito acusado de roubo de trator e preso pelo Grupo de Atuação de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco. Arnoldo Marty Júnior foi vice do atual prefeito Amin Hannouche (PP) na gestão passada e também foi seu secretário de Saúde, além de ter ocupado o cargo de prefeito por longo período.

O próprio Amin Hannouche sofre uma ação civil pública do Ministério Público por improbidade administrativa. O MP pede também uma indenização moral ao município. Junto com Hannouche, são acusados o procurador da Prefeitura, Alfredo José de Carvalho Filho, e Cláudio Roberto Nunes Golgo, advogado responsável pela Ibrama, empresa contratada pelo Município sem licitação. Responde também a ação o atual vice-prefeito, João Carlos Lima — que atualmente é o prefeito em exercício.


Corrupção destrói o
patrimônio público e impede
que as cidades sejam beneficiadas
pelo imposto que todos pagam

Na análise que faz da corrupção, o jornal carioca se concentra na questão do desvio do dinheiro. Mas nós, do Instituto Ame Cidade, sabemos por experiência que a municipalização da corrupção está destruindo a estrutura administrativa no Brasil pela base, que são as cidades brasileiras. Os municípios podem ser a raiz de muitos avanços para a Nação. Com a corrupção, puxam o Brasil para trás.

O exemplo de Londrina, onde uma epidemia de dengue avança já com muitas mortes, mostra o perigo que traz a corrupção. Empresas foram contratadas e pagas para trabalhar na Saúde, inclusive no combate á dengue. É claro que quem está ocupado em desviar o dinheiro público não vai usar as verbas para fazer um serviço bem feito, competente e honesto, criando estruturas administrativas sólidas. Corrupção só pode dar no que deu: o avanço da dengue e a precarização ainda maior da Saúde.

A corrupção nos municípios tem contribuído para destruir o patrimônio público construído em décadas. Além disso, essa distribuição ilícita do dinheiro do contribuinte para empresas não-capacitadas afasta o empresário honesto, que poderia prestar serviços de qualidade. E o dinheiro dos impostos que deveria fortalecer as economias locais vai para os bolsos de criminosos.

Com o tempo foi-se criando uma situação de incapacidade técnica e falta de tecnologia em todos os setores, com as prefeituras perdendo a infra-estrutura que já existia e deixando de construir novas estruturas.

A corrupção também age nos municípios como destruidora da democracia, na medida que desmoraliza a atividade política, que é o meio de organizar, fiscalizar e acompanhar a administração pública em um Estado democrático.


Quando a imprensa e o
legislativo municipal não
são independentes
a corrupção avança


O editorial de O Globo destaca que o governo federal tem um alto nível de exposição do governo federal e isso o deixa mais vulnerável à necessária vigilância da sociedade, seja por organizações não governamentais, partidos políticos de oposição e a própria imprensa profissional, independente, no que concordamos.

Mas só que o mesmo não ocorre nos municípios. E esta é a única ressalva que temos ao editorial, que no restante é irretocável.

Na maioria dos municípios brasileiros o Executivo tem exercido um peso enorme no encobrimento da corrupção e para isso concorrem inclusive deputados, senadores e ministros, que agem em conjunto com prefeitos e vereadores para impedir que haja transparência e ajudam — ou chefiam em muitos casos — até na pressão sobre a sociedade civil para impedir que haja qualquer fiscalização sobre as prefeituras.

Deputados e ministros agem inclusive usando verbas federais, que permitem aos prefeitos mascarar com obras propagandísticas o que fazem às escondidas.
Nos municípios também é bem menor a atuação independente da imprensa. Jornais, rádios e televisões trabalham geralmente em conformidade com a vontade de prefeitos. São raros os que escapam dessa submissão. A maioria tem o silêncio comprado por verbas publicitárias ou até pela propina.

Na cidade de Londrina, por exemplo, durante o combate à corrupção na cidade, que foi especialmente ativo no final da década de 90, o movimento “Pé Vermelho! Mãos Limpas!” tinha mínimos espaços na imprensa local. Em alguns veículos não só não davam nenhuma notícia sobre o trabalho do movimento, como divulgavam o tempo todo notícias favoráveis ao então prefeito Antonio Belinati (PP), que acabou sendo cassado por corrupção em junho de 2000.

É claro que a imposição deste silêncio vinha da Prefeitura, onde o então prefeito Belinati (que, aliás, é amigo próximo do prefeito de Cornélio Procópio) agia para tapar a boca da imprensa. Na investigação feita pelo Ministério Público descobriu-se depois até cheques da prefeitura na conta do diretor de jornalismo em Londrina da então TV Coroados (hoje RPC) e que levou à Rede Globo a intervir no Paraná demitindo Marcos Batista, diretor estadual de jornalismo, e Milton Cassitas, o diretor local que teve o cheque de pagamento descoberto pelo MP.


Na cidade de Cornélio
Procópio só um
veículo não tem a voz
comandada pelo prefeito


Em Cornélio Procópio apenas um veículo de comunicação não obedece ao mando do prefeito. É a Rádio Cornélio, que busca fazer um jornalismo independente e isento. Com isso, esta rádio acabou ganhando a maior audiência na cidade, além de hoje ser a única que tem credibilidade junto à população.


Na Câmara Municipal
a maioria dos vereadores
não cumpre seu dever e só
faz o que o prefeito manda


Outra instituição que não cumpre com o objetivo essencial de sua existência é o Poder Legislativo dos municípios. Em Cornélio Procópio a situação já chegou ao nível do acinte, pois os vereadores ligados ao prefeito Amin Hannouche (PP) agem deliberadamente para evitar qualquer fiscalização sobre o executivo.

Hannouche comanda com mão-de-ferro a maioria dos vereadores procopenses. A Câmara da cidade virou um braço a mais do Executivo, como se fosse uma secretaria menor que apenas atende ordens do prefeito.

São nove os vereadores da cidade e apenas dois deles divergem dessa falta de atenção ao dever principal da Câmara, tão essencial que está inscrito até na Constituição Brasileira: o de fiscalizar. Esses dois são Emerson Carazzai Fonseca (PRB) e a vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB).

Os vereadores que não dão um passo sem que o prefeito ordene para onde suas pernas devem ir são: Vanildo Felipe Sotero (PP), Reinaldo Carazzai Filho (PP), Helvécio Alves Badaró (PTB), Sebastião Angelino Ramos (PTB), Sebastião Cristóvão da Silva (PP), Edimar Gomes Filho (PPS), Ricardo Leite Ribeiro (PPS).

Em relação à ética e a transparência, a bancada dominada pelo prefeito age apenas no sentido de atacar e tentar intimidar os que exigem que a Câmara cumpra seu papel constitucional. E toda a bancada governista se furta ao dever escrito na Constituição Brasileira.


Até vereadores do PPS,
partido que no plano
nacional atua pela ética,
agem contra a transparência


E é especialmente estranho que dois vereadores do PPS (Edimar Gomes Filho e Ricardo Leite Ribeiro) atuem no município em flagrante oposição às determinações de seu partido no plano nacional, que tem feito um produtivo trabalho de fiscalização, tendo a frente o deputado paranaense Rubens Bueno, presidente estadual do partido e integrante do diretório nacional, e o presidente nacional, Roberto Freire, de participação histórica nas lutas pelo estabelecimento do respeito à moralidade pública no país.

O vereador Edimar Gomes Filho inclusive é um dos implicados no caso das diárias pagas pela Câmara em que o Instituto Ame Cidade encontrou incorreções como viagens pagas em datas em que vereadores participaram de reuniões oficiais da Câmara. Os procopenses acabaram dando o nome ao caso de "Farra das Diárias". O assunto foi encaminhado pelo Instituto Ame Cidade ao Ministério Público e está sob investigação.

Em Cornélio Procópio esses vereadores agem em contradição com o que vem fazendo o PPS historicamente desde sua criação, o que pode trazer problemas bem graves para a imagem do partido.


Na luta pela transparência
e pela ética batalham
organizações como o
Instituto Ame Cidade


O que resta então no combate à corrupção em muitos municípios brasileiros é a atuação do Ministério Público e de organizações não governamentais. Cornélio Procópio ainda conta com um veículo de imprensa que trabalha com independência, que é a Rádio Cornélio, noutros municípios não existe nenhum. E como a proliferação da corrupção nos municípios deixa o MP assoberbado de trabalho, em Cornélio Procópio é o Instituto Ame Cidade que acaba tomando para si esta fiscalização.

O Ministério Público tem atuado de forma exemplar e seus integrantes têm feito muito para punir e conter a roubalheira que se instalou nas cidades brasileiras. O que se sabe é que eles têm trabalho demais, o que dá para se ver pelo noticiário diário. E cidades como Cornélio Procópio acabam ficando desguardadas de um olhar mais atento da Justiça.

As notícias têm vindo de muitas cidades paranaenses, como é o caso de Londrina, onde na administração do prefeito Barbosa Neto (PDT) surge a todo o momento escândalos de corrupção depois de levantadas pelo Ministério Público, com prisões feitas pelo Gaeco.

Esta sobrecarga de trabalho sobre o MP e o Gaeco é causada em boa parte pela ineficiência de duas instituições essenciais no combate à corrupção e o zelo pela ética e a transparência, sobre as quais já falamos. Os prefeitos compram e silenciam a imprensa. E as Câmaras de Vereadores acabam se aliando ao Executivo em troca de favores e até de propinas.

Observem que a descoberta de ilegalidades na região parte quase sempre do Ministério Público. Nunca saem das Câmaras Municipais, que tem o dever constitucional de fiscalizar. E a imprensa do interior falha muito na cobertura jornalística das nossas prefeituras.

Ao contrário da chamada imprensa nacional com seus veículos concentrados no Rio ou em São Paulo, os jornalistas desta vasta região que vai de Cornélio à Maringá, pouco se ocupam de assuntos relacionados com a ética e transparência. A roubalheira só entra em pauta depois do MP agir. Nas redações parece não haver interesse na investigação jornalística de gastos de prefeituras. E evidentemente nenhuma descoberta de ilícito vem a público antes que o MP se ocupe do fato ou que alguma organização como o Instituto Ame Cidade toque no assunto.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Gastos em diárias na Câmara de Cornélio Procópio estão em ritmo acelerado

INSTITUTO AME CIDADE, 24 de maio de 2011


O gasto em diárias é mantido a toda velocidade na Câmara Municipal de Cornélio Procópio. O orçamento anual para gastos em viagens de vereadores é de R$ 70 mil reais. Pois nos primeiros quatro meses deste ano já foram gastos exatos 40 mil reais. Esse número final tão redondo é de deixar qualquer um desconfiado, mas as quantias de cada mês vão no mesmo tom.

Não é possível saber em que tipo de viagem foram feitos os gastos. No site da Câmara está disponibilizado apenas o total da despesa, sem especificação alguma, seja do gasto em si ou da justificativa das viagens.

Em janeiro o gasto foi de R$ 10.200, em fevereiro R$ 7.500 e em abril gastaram R$ 11.200. É impossível abrir o relatório de despesas de março, mas dá para concluir por inferência dos outros meses que em março o pessoal se aquietou nos gastos em diárias.

O tema das diárias da Câmara tem provocado muita polêmica em Cornélio Procópio desde que o Instituto Ame Cidade descobriu incorreções muito suspeitas em diárias de vereadores da bancada de apoio ao prefeito Amin Hannouche (PP). Em análise de documentação da Câmara apareceram notas de diárias para viagens assinadas por vereadores em dias em que eles estavam em Cornélio Procópio participando de sessões da Câmara. O caso foi levado em 2009 ao Ministério Público Estadual pelo Instituto Ame Cidade e está sob investigação.

Deveria haver transparência nestes gastos, que é o que não acontece nas diárias deste ano. Como dissemos, não há um detalhamento das despesas. A Câmara só publica em seu site o total, sem especificar como foi gasto este dinheiro e também sem indicar quais foram os vereadores que receberam as diárias.

O que se sabe, com certeza é que a vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB) é a única parlamentar que nunca recebeu diárias, até por uma questão de não concordar com a forma arbitrária que a Mesa Diretora da Câmara conduz este gasto. Uma despesa como esta seria aceitável apenas com o respeito a regras rígidas e, mesmo assim, apenas atendendo necessidades extraordinárias e essenciais para o Município. Como qualquer cidade brasileira, Cornélio Procópio não tem um rico orçamento e por isso não deveria pagar diárias para a participação de vereadores em “congressos” ou até para visitas ao deputado Romanelli em Curitiba, algumas das justificativas nas notas de diárias encaminhadas ao MP.


Vereadores do prefeito
sempre se furtam ao dever
constitucional de fiscalizar

Na época em que o Instituto Ame Cidade apresentou suas dúvidas em relação ao teor de várias diárias pagas pela Câmara, os vereadores governistas responderam apenas com ataques e continuam agindo dessa forma até hoje. E no trabalho legislativo a única atitude tomada pelos vereadores foi ameaçar com a cassação do mandato de Aurora, a única vereadora que pediu em plenário que a Câmara respondesse de forma objetiva e transparente a esta questão.

Tem sido sempre esta atitude da maioria dos vereadores de Cornélio Procópio, que obedecem de forma incondicional ao comando do prefeito Hannouche. Os vereadores do prefeito se furtam ao dever constitucional da vigilância sobre o Executivo e ainda atacam quem busca trazer transparência aos negócios públicos.

Eles fizeram a mesma coisa nesses dias com as denúncias trazidas sobre as notas fiscais suspeitas de serem falsas encontradas em negócios da Prefeitura em publicidade quando barraram uma CEI proposta por Aurora na semana passada.

A Câmara tem também o dever de dar o exemplo em ética e transparência. Por isso deviam disponibilizar em seu site quem são os vereadores que gastaram até agora R$ 40 mil reais e para qual tipo de atividade, além do detalhamento de cada gasto desses que, no final, deu uma cifra redonda em cada mês, para ficar ainda mais redondinha na conta final.

É uma questão de transparência, um exemplo que a Câmara tem a obrigação de dar. Além disso, os contribuintes que pagam estas diárias também têm o direito de saber como o dinheiro da população está sendo gasto.





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sábado, 21 de maio de 2011

Caso das notas ficais suspeitas na Prefeitura e a denúncia de diárias irregulares na Câmara, dois fatos que exigem respeito à transparência

INSTITUTO AME CIDADE, 21 de maio de 2011


Cornélio Procópio vive na atualidade dois acontecimentos que são muito próximos como exemplos da má situaçao política e administrativa em que a cidade foi metida, primeiro por um prefeito que demonstra no cotidiano sérias dificuldades técnicas em administrar — além de pouco respeito às regras e até a leis que regem a administração pública no Brasil — e depois por uma Câmara Municipal que serve apenas de instrumento ao poder de mando que o prefeito tenta manter de qualquer forma, inclusive acima da transparência e da ética.

Um dos casos foi divulgado na semana passada. É o das notas fiscais com graves indícios de irregularidades descobertas na contabilidade da Prefeitura em negócios de publicidade entre o Município e uma empresa privada. O outro foi a revelação feita pelo Instituto Ame Cidade em 2009 sobre incorreções muito suspeitas em notas de diárias pagas pela Câmara a vereadores.

A denúncia foi levada na época ao Ministério Público Estadual e está em processo de investigação.

O fato mais recente das notas fiscais, que passou a ser chamado pela população de “Caso das Notas Frias”, surgiu da investigação feita pela vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB) em parte da contabilidade da Prefeitura.

Já o problema nas diárias de vereadores, que depois da sua divulgação pelo Instituto Ame Cidade a população deu o nome de “Farra das Diárias”, surgiu da verificação de documentação da própria Câmara Municipal em notas de diárias de viagem pagas a vereadores. Foram encontradas então notas que atestavam viagens no mesmo dia em que o vereador que as assina estava em Cornélio Procópio em sessão oficial da Câmara.


Em vez de fiscalizar,
os vereadores do prefeito atacam
quem pede transparência

Em Cornélio Procópio apenas um vereador não utilizou diárias pagas pela Câmara. Foi a mesma vereadora que denunciou na semana passada as notas fiscais e pediu à Câmara a instalação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para o esclarecimento do fato.

Quando o Instituto Ame Cidade revelou as graves incorreções nas diárias de vereadores, Aurora também foi a única que levantou o assunto na Câmara. E assim como no caso das notas fiscais, a vereadora foi atacada pela bancada governista. Os vereadores do prefeito chegaram até a aceitar uma ação do PP pedindo a cassação de Aurora. No entanto, voltaram atrás depois da revolta da população com a tentativa de fraude de um partido conhecido nacionalmente por escândalos de corrupção. A foto ao lado é de uma manifestação na Câmara em dezembro de 2009 em apoio à vereadora.

O pedido da instalação da CEI foi rejeitado em bloco pelos vereadores do prefeito. Foram seis votos a dois, com os votos favoráveis de Aurora e do vereador Emerson Carazzai Fonseca (PRB). O presidente da Casa deixou de votar, mas ele é do mesmo partido do prefeito, o PP, e também por isso naturalmente contra a CEI.

A Câmara de Cornélio Procópio tem nove vereadores, com sete desses integrantes incondicionalmente presos aos interesses do prefeito Hannouche. Dessa forma, se furtam ao dever constitucional de fiscalizar os atos do Executivo. E desses sete vereadores do prefeito, três estão implicados no caso das diárias.

São os vereadores Edimar Gomes Filho (PPS) e Sebastião Angelino Ramos (PTB) e também o presidente da Câmara, Vanildo Felipe Sotero (PP). Com este quadro, não espanta que a bancada aliada do prefeito aja sempre em bloco contra qualquer manifestação de transparência. Com isso, em Cornélio Procópio a Câmara Municipal foi transformada em mero instrumento do Executivo, como se fosse uma secretaria do prefeito.

A recusa na instalação de uma CEI para investigar a contabilidade desta estranha transação de negócios de publicidade é mais uma demonstração do poder que Hannouche exerce entre seus vereadores.

Os problemas encontrados pela vereadora Aurora em documentação sobre gastos em propaganda da gestão passada mostra que, no mínimo, haveria na administração de Amin Hannouche (PP) um descuido impressionante em regras contábeis básicas. Tem até nota fiscal com números de série iguais entre os documentos analisados e que para serem extraídos da Prefeitura exigiram um esforço extremo da vereadora, que teve que contar até com a intervenção da Justiça.

Especialmente neste ponto os dois casos têm uma parecença, quando coloca o Executivo municipal e a Câmara juntando forças para tolher a transparência em negócios públicos no município. E a similaridade entre o que faz o prefeito e os vereadores que ele tem sob comando férreo para a agressão ao direito da população ao acesso a documentos públicos e ao acompanhamento de gastos também públicos fez da Prefeitura e da Câmara duas caixas pretas que parecem conter segredos suspeitos.

Para que a documentação da Prefeitura pudesse ser vista, teve que ser impetrada uma ação para a exibição. Esse esforço para fiscalizar vem desde 2008. E mesmo com a determinação do juiz, tiveram que ser feitas buscas e apreensões cumprias por Oficial de Justiça com determinação judicial.


De político que não quer
transparência só dá pra suspeitar
que ele deve estar aprontando

Os procopenses perguntam bastante qual é a razão de querer tratar a coisa pública como se ela fosse uma caixa preta que não pode ser aberta jamais. Ora, para isso existe um ditado popular muito simples: quem não deve não teme. E além de barrar qualquer transparência, o prefeito, com a ajuda de seu grupo na Câmara, ainda tenta criar um clima de intimidação contra qualquer um que trabalhe para democratizar as relações políticas e administrativas na cidade.

Tanta gana do prefeito e seus vereadores para fechar o acesso de todos ao que deve ser público inclusive por lei só pode dar em muita suspeita por parte de toda a população. Tanto é que os dois acontecimentos são identificados na opinião pública como “Farra das Diárias” e “Caso das Notas Frias”.

Vamos rememorar os dois casos ocorridos em Cornélio Procópio, ambos com laços políticos que criaram esta suspeita intransigência do prefeito e de seus vereadores em relação à necessidade de transparência nos negócios públicos. Informações sobre o caso das notas fiscais suspeitas podem ser encontradas em “Vereadores aliados do prefeito de Cornélio Procópio se furtam à ética e a transparência”.

E para ler os textos sobre o caso das diárias também suspeitas de vereadores, clique nas chamadas abaixo. Uma parte importante do material em posse do Instituto Ame Cidade e encaminhados ao Ministério Público Estadual está disponibilizada aqui.



Instituto Ame Cidade denuncia ao Ministério Público suspeita de irregularidades no pagamento de diárias para vereadores de Cornélio Procópio

Viagens de vereadores de Cornélio Procópio pagas com o dinheiro do contribuinte são excessivas e fora de propósito

Diárias de vereadores causam revolta. Pedidos de viagem eram para reuniões na Assembleia com o deputado Romanelli

No caso das diárias, Câmara Municipal de Cornélio Procópio aceita processo contra vereadora que zela por transparência

Ataques à ética e a transparência vindos de cima e de baixo

Sobre democracia e o respeito à participação da sociedade civil

Além de punir vereadora que pediu transparência, querem aplicar mordaça em ouvintes de rádio

Convenção da ONU contra a corrupção dá razão ao Instituto Ame Cidade e ao trabalho parlamentar da vereadora Aurora

Vereadora que pediu transparência recebe advertência da Câmara Municipal de Cornélio Procópio

Dia mundial de combate à corrupção vem lembrar que na Câmara Municipal de Cornélio Procópio ética é uma palavra que ofende

Ontem, hoje e sempre na defesa da cidadania

Caso das diárias e ameaça à vereadora que pediu transparência são marcas da Câmara Municipal de Cornélio Procópio em 2009


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Vereadores aliados do prefeito de Cornélio Procópio se furtam à ética e a transparência

INSTITUTO AME CIDADE, 18 de maio de 2011


A Câmara de Vereadores de Engenheiro Beltrão, cidade paranaense entre Maringá e Campo Mourão, cassou o mandato do vereador Francisco de Assis Alves (PSDC). O político era mais conhecido como Chico da Farmácia e estava afastado do cargo pela Justiça desde agosto deste ano. Foi o próprio partido do vereador que protocolou denúncia contra ele na Câmara e na Justiça.

A reportagem sobre o assunto, feita por um site de Engenheiro Beltrão, está abaixo em nosso clipping. O vereador cassado programava congressos para os vereadores para justificar viagens que geravam diárias pagas pela Câmara, mas os tais “congressos” não existiam. A sessão que decidiu a cassação foi acompanhada por moradores da cidade.

Cornélio Procópio tem também uma denúncia sobre o uso de diárias da Câmara que não estão bem explicadas até hoje. A denúncia foi feita pelo Instituto Ame Cidade ao Ministério Público Estadual e ainda está em investigação.

Um fato interessante é que na cidade onde o vereador acabou sendo cassado o esquema foi chamado de “Farra das Diárias”, o mesmo nome que a população deu ao caso ocorrido em Cornélio Procópio e até hoje não resolvido.

Com um comportamento muito diferente dos vereadores de Engenheiro Beltrão, os vereadores procopenses se furtaram ao dever ético que toda Câmara deveria ter. Os três vereadores que tiveram irregularidades no uso de diárias são da base aliada do prefeito Amin Hannouche (PP). E a maioria da Câmara, que é dominada com mão-de-ferro pelo prefeito, não permitiu qualquer investigação sobre o caso.

Vanildo Felipe Sotero, um dos vereadores com diárias mal explicadas é hoje o presidente da Casa e é também do mesmo partido do prefeito, o PP. Os outros vereadores denunciados são Edimar Gomes Filho (PPS) e Sebastião Angelino Ramos (PTB).

Nesta semana, todos eles estavam unidos aos demais vereadores do prefeito para barrar a CEI sobre notas fiscais com indícios de serem falsas que foram encontradas na contabilidade da Prefeitura. Por seis votos a dois, a CEI proposta pela vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB) foi recusada em sessão da Câmara nesta terça-feira.

As notas fiscais que parecem falsas foram encontradas em investigação feita pela vereadora Aurora, depois que um pedido de informações dela e do então vereador Élio Janoni (PMDB) foi surpreendentemente aprovado pela Câmara na legislatura passada. Para ler sobre o assunto, clique nas chamadas abaixo.






quarta-feira, 18 de maio de 2011

Vereadores do prefeito impedem a instalação de uma CEI e mantêm a suspeita de notas fiscais frias na prefeitura de Cornélio Procópio

INSTITUTO AME CIDADE, 19 de maio de 2011


Nesta terça-feira Cornélio Procópio viu novamente a mão-de-ferro do prefeito Amin Hannouche descer sobre a Câmara Municipal. Com a exceção de dois vereadores, todos os demais foram contrários à instalação de uma CEI (Comissão Especial de Investigação) para investigar gastos de publicidade da Prefeitura onde foram encontradas notas fiscais com o mesmo número de série e com datas fora da seqüência da numeração.

Existe a probabilidade de que sejam notas fiscais falsas. Assim que a descoberta veio a público, os procopenses passaram a chamar o assunto de “Caso das Notas Frias”.

O pedido de instauração da CEI foi da vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB), de quem partiu um dos votos favoráveis à abertura da investigação. O outro voto favorável foi do vereador Emerson Carazzai Fonseca (PRB).

A Câmara Municipal de Cornélio Procópio tem nove vereadores. Seis vereadores votaram contra a CEI e o presidente da Casa, Vanildo Felipe Sotero, deixou de votar, mas ele também é contra a CEI. Vanildo Felipe Sotero é um aliado incondicional do prefeito, além de ambos serem do mesmo partido, o PP.

Os votos contrários à CEI foram de Reinaldo Carazzai Filho (PP), Helvécio Alves Badaró (PTB), Sebastião Angelino Ramos (PTB), Sebastião Cristóvão da Silva (PP), Edimar Gomes Filho (PPS), Ricardo Leite Ribeiro (PPS).

A vereadora Aurora havia levado a denúncia à Câmara na semana passada, depois de ter encontrado sérios indícios de fraude em notas fiscais e documentos da Prefeitura que passaram por análise num trabalho seu que vem desde 2008, quando a própria Câmara aprovou um pedido de informação na legislatura passada feito por ela em conjunto com o então vereador Élio Janoni (PMDB).

Na sessão de ontem em que a instalação da CEI foi rejeitada por maioria de votos, alguns vereadores da base do prefeito Hannouche repetiram o que sempre fizeram quando Aurora levanta alguma questão que envolve a fiscalização do Executivo pelo Legislativo, passando a atacar a vereadora na tentativa de intimidá-la.

Durante a discussão da proposta, vereadores contrários fizeram críticas e ironias à Aurora, de forma até ofensiva, negando o respeito a normas civilizadas de convivência e faltando com a compostura que se exige de um parlamentar. E isso tudo apenas porque uma colega pediu a eles que fosse formada uma comissão para analisar irregularidades encontradas em documentos públicos, onde pode haver até desvio de dinheiro público.

É claro que a fiscalização é uma responsabilidade essencial de uma Câmara Municipal, mas os vereadores do prefeito costumam se furtar ao cumprimento desse dever.

A agressividade contra a vereadora, apenas por ela ter proposto que os parlamentares atuem conforme a obrigação constitucional de todo vereador, é bem parecida com cenas que aconteceram na Câmara em episódios relacionados à denuncia feita em 2009 pelo Instituto Ame Cidade ao Ministério Público pedindo investigação sobre a suspeita de irregularidades em notas de diárias pagas pela Câmara a determinados vereadores.

Na análise dos gastos de vereadores de Cornélio Procópio em diárias pagas pela Câmara para viagens fora da cidade, surgiram viagens protocoladas na Câmara que teriam sido feitas em ocasiões em que vereadores estavam na verdade em Cornélio Procópio. Entre a população o caso passou a ser chamado de “Farra das Diárias”.

O Instituto Ame Cidade descobriu esses indícios de irregularidades na pesquisa de documentos oficiais da própria Câmara que demonstram que alguns vereadores estavam em Cornélio Procópio em reuniões oficiais da Câmara nos dias que afirmavam ter viajado para Curitiba.

Naquela época, Aurora teve que suportar violências verbais de alguns vereadores, além de ser alvo de ironias feitas pelo então presidente da Casa, Helvécio Badaró, do PTB. Os vereadores que agem sob o domínio do prefeito chegaram até a aceitar uma ação pedindo a cassação de Aurora, feita pelo partido do prefeito. Neste caso, a Câmara logo recuou em razão do imenso repúdio da população à farsa criada pelo PP e encampada pelos vereadores.

Um dos implicados na denúncia sobre as diárias feita pelo Instituto Ame Cidade ao MP é o próprio presidente atual da Câmara, Vanildo Felipe Sotero. Os outros vereadores denunciados são Edimar Gomes Filho (PPS) e Sebastião Angelino Ramos (PTB).

Desta vez, a base aliada do prefeito Amin Hannouche agiu em bloco para derrubar o pedido de uma CEI para investigar uma denúncia séria em gastos de publicidade feitos pela Prefeitura. O pedido da vereadora Aurora tem como base notas fiscais emitidas e já pagas pela Prefeitura que trazem irregularidades evidentes, como pode ser visto na imagem ao lado, que traz duas notas com o mesmo número de série, porém emitidas em datas diferentes e com valores também diferentes. Para ampliar, basta clicar na imagem.

Sem dúvida alguma, é uma situação que precisaria ser esclarecida. Porém, os vereadores governistas agiram em bloco para barrar a CEI e certamente fizeram isso a mando do prefeito, que trata a Prefeitura como se ela fosse uma caixa preta que não pode ser aberta para a população. Porém, se não houver o esclarecimento de um caso grave como este, o que fica no ar é mais uma vez um clima de completa suspeição sobre a administração do prefeito Amin Hannouche (PP).


Dengue: em situação crítica, Cornélio Procópio é a segunda cidade do estado em contaminação

INSTITUTO AME CIDADE, 18 de maio de 2011


A dengue continua aumentando no Paraná. Subiu 12% o número de casos confirmados na última semana. Os dados são do Boletim da Dengue, divulgado nesta segunda-feira pelo Governo do Estado. Este ano já foram confirmados 19.942 casos e nesta semana apareceu um novo perigo, a dengue do tipo 2, que já tem a confirmação de pessoas contaminadas em Foz do Iguaçu.

Cornélio Procópio é uma cidade em condição muito crítica na contaminação por dengue, com 2.684 casos da doença e uma morte. É uma das quatro cidades paranaenses que a Secretaria de Saúde do Estado colocou em situação de alerta. Está atrás apenas de Londrina (6.646). As outras são Foz do Iguaçu (2.070) e Jacarezinho (1.497). Esses quatro municípios, juntos, respondem por 64,6% dos casos confirmados em todo o estado.

Convém destacar que Cornélio Procópio está com cerca de 45 mil habitantes, enquanto Londrina tem pelo menos dez vezes mais que isso. Visto por este ângulo, a escalada da doença na cidade é assustadora.

Os números de contaminações colocam Cornélio Procópio entre os municípios que apresentam taxas de incidência preocupantes, maiores que 100 casos por 100 mil habitantes. A cidade está hoje com taxas de incidência superiores a 300 casos por 100 mil habitantes, o que é considerado muito alto pelo Ministério da Saúde.

A situação alarmante da dengue na cidade é notícia nacional, com o estado crítico de contaminações em Cornélio Procópio sendo notícia em sites, nos jornais, no rádio e na televisão. Mas a Prefeitura nem dá sinais de preocupação com o problema. No site da Prefeitura não existe nenhuma notícia publicada sobre o alto número de contaminações e muito menos um serviço especial de informações sobre a doença e sua prevenção.

A única alusão é um anúncio colorido que faz humor com o problema. Nele, um mosquito se refestela numa cadeira de descanso, brindando com um drinque numa das patinhas. Não há nenhum link informativo a partir dele. Dessa forma, a prefeitura deixa de usar também a internet, um dos meios mais eficientes para informar sobre meios de prevenir a doença.

Como já dissemos aqui, a realidade das ruas não chega aos gabinetes confortáveis. E parece que o problema da dengue também não. Eles parecem estar iguais ao mosquito da imagem, levando tudo numa boa.


terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma administração virtual que não mostra serviço de fato e um prefeito que vive viajando

INSTITUTO AME CIDADE, 17 de maio de 2011


O procopense já faz piada usando o duplo sentido da palavra “viajando” para comentar as atitudes políticas e administrativas do prefeito Amin Hannouche (PP). E realmente o prefeito vive viajando. Nos dois sentidos da palavra.

No sentido literal, de fato Hannouche viaja bastante. Tem sido visto muito em Curitiba, mesmo em ocasiões em que não se sabe de nenhuma razão para os passeios na capital paranaense. E, no aspecto administrativo, para Cornélio Procópio também não se vê resultado prático dessas viagens.

E, no outro sentido, parece mesmo que ele está sempre “viajando”. A administração de que ele fala em seus discursos é virtual. A impressão que dá é que no gabinete do prefeito não se toma conhecimento do que se passa nas ruas de Cornélio Procópio.

Quando entrou em licença no final do mês passado, durante a transmissão do cargo ao vice João Carlos, Hannouche fez um discurso que deu a impressão de que ele estava em outra cidade. Entre outras coisas, o prefeito disse o seguinte: “Tenho certeza que ele (João Carlos) dará seqüência em tudo de bom que está acontecendo em nosso município. É um momento em que a situação, administrativamente, está em ordem, assim como politicamente e neste momento encaminhamos para uma posição de destaque em relação a outros municípios”.

Francamente, é uma fala que destoa da realidade de fato, que traz Cornélio Procópio batendo recordes de criminalidade no Paraná, com a cidade entre os lugares de maior risco em todo o estado na epidemia da dengue.

E a cidade também tem suas ruas tomadas por buracos, além do patrimônio público estar em pandarecos em razão do desmazelo dessa administração. O descuido é tamanho que parece que o prefeito não presta atenção nem nas notas fiscais que os fornecedores dão para a Prefeitura.

Porém, a realidade das ruas não bate com a fala dourada dos gabinetes. Logo no dia seguinte uma situação real desmentiu Hannouche. Sua casa sofreu uma tentativa de asssalto que só não foi pior porque a polícia pôs para correr os bandidos.

E, no tocante ao aspecto administrativo, poucos dias depois apareceu a denúncia da vereadora Aurora Fumie Doi sobre a descoberta na Prefeitura até de notas fiscais com o mesmo número de série, no acontecimento que a população já vem chamando de “Caso das Notas Frias”.

É um caso que precisa ser esclarecido, pois existe a suspeita de que pode ter sido desviado dinheiro dos cofres públicos. Mas, tirar a limpo que realmente se passa na Prefeitura exigiria empenho da Câmara Municipal e que o prefeito Hannouche parasse de tratar as coisas públicas como se fossem uma caixa preta que não pode ser aberta para a população.

Secretaria Municipal de Segurança, promessa que só existe como peça de propaganda

INSTITUTO AME CIDADE, 17 de maio de 2011


Outro fato claro que demonstra que o prefeito Hannouche viaja bastante no sentido que a gíria dá à palavra é o da falta de segurança, com a cidade tomada por uma violência que atemoriza os procopenses. Já falamos aqui que, além desta administração não ter tomado nenhuma atitude prática de forma direta para enfrentar o problema da violência, a incapacidade de gestão acaba contribuindo para aumentar a insegurança com suas obras que não terminam nunca e com a falta de cuidados com o patrimônio público e com lugares importantes da cidade.

Cornélio Procópio já teve até obra parada que virou ponto de prostituição e de traficantes e que também era usada para o encontro de marginais e o uso de drogas.

Essa dificuldade em administrar de forma correta cria pontos negros que os procopenses deixam de freqüentar. Com lugares praticamente abandonados pela Prefeitura e impossíveis da população freqüentar, a insegurança aumenta.

Quanto às necessárias providências práticas, elas não surgem nem para honrar promessas de campanha e falas propagandísticas espalhadas para a imprensa. Na campanha eleitoral para sua reeleição, Hannouche teve como peça central a promessa de fazer no primeiro ano de mandato uma Secretaria Municipal Antidrogas em Cornélio Procópio.

Nem vamos entrar no mérito da proposta. A questão da violência não se restringe às drogas. Mas o fato é que já estamos quase entrando no último semestre do penúltimo ano da sua administração e Hannouche nada fez.

Se cumprisse com seus deveres básicos, o prefeito já estaria fazendo bastante pela segurança, pois numa cidade bem cuidada o que acaba prosperando é a qualidade de vida em todas as áreas. Mas, o estilo retumbante é o que impera. E no final, a megalomania fica só na promessa e também não se cumpre com os deveres básicos de uma administração.

Depois de eleito, o prefeito continuou mantendo no ar a idéia de uma Secretaria Municipal Antidrogas, agora como uma peça virtual de propaganda. Em novembro de 2009, ele apareceu numa reportagem da Folha de Londrina fazendo a apologia da tal secretaria.

Na reportagem da Folha, Hannouche afirmou que a secretaria já estaria em funcionamento em janeiro de 2010. Até agora não aconteceu nada e já se passou quase um ano e meio da data da anunciada inauguração. E, a bem da verdade, se o prefeito resolver aparecer agora com a tal secretaria, isso pode ser tomado como demagogia eleitoreira. Para ter resultados sólidos em segurança a idéia deveria ter sido colocada em prática no início da gestão.

Mas é interessante notar como uma administração vai sendo sustentada de forma somente virtual, sem existir de outro jeito que não seja nas falas do prefeito. A Secretaria Municipal Antidrogas não veio no primeiro ano, conforme prometeu durante a eleição e também não estava pronta em janeiro de 2010, conforme ele garantiu para a Folha.

Mas, no final de junho de junho de 2010 ele voltava ao tema durante um encontro com pessoas que trabalham com a recuperação de alcoólatras e dependentes químicos. Na ocasião, Hannouche disse que a Prefeitura “já projeta a criação de uma secretaria municipal antidrogas”. Devia estar falando de um projeto de longuíssimo prazo, pois essa conversa já vem desde 2008.

A promessa da fábrica de zíperes que surgiu de uma viagem e nunca foi instalada em Cornélio Procópio

INSTITUTO AME CIDADE, 17 de maio de 2011


Outra viagem de Amin Hannouche que ficou famosa foi uma viagem literal, feita no ano passado quando ele foi de carona com o então candidato Beto Richa (PSDB) viajar pelo Oriente Médio. Cornélio Procópio vivia então as complicações das intermináveis obras do Calçadão, que atormentou a cidade por mais de um ano.

Na época, os procopenses comentaram bastante a falta de propósito do prefeito deixar a cidade com tantos problemas pendentes de serem resolvidos, ainda mais para uma viagem sem nenhuma razão prática e com nenhum benefício direto para Cornélio Procópio.

Assim que voltou do passeio pelo Oriente Médio ele deve ter percebido o clima de repúdio na cidade e então surgiu com uma peça de propaganda para justificar a despropositada viagem feita enquanto a cidade sofria com vários problemas.

Como “resultado positivo” da viagem pelo Oriente Médio, Hannouche disse em novembro de 2009 que havia feito negociações com um empresário libanês que esteve na comitiva de Beto Richa. O empresário iria investir no muncípio. Já estava tudo acertado para que Cornélio Procópio recebesse uma fábrica de zíperes,

Segundo Hannouche, a empresa iria gerar cerca de sessenta empregos diretos no momento de sua instalação, ampliando gradativamente este número com o passar do tempo.

É algo muito estranho um prefeito ir buscar contato com empresário brasileiro numa comitiva em viagem pelo Oriente Médio. Seguramente seria muito mais prático e ficaria bem mais barato procurar este empresário aqui mesmo no Brasil.

Mas o fato é que a tal fábrica de zíperes não abriu de jeito nenhum. A empresa não veio para Cornélio Procópio e nem existe nenhuma esperança dos procopenses de que mais esta peça virtual de propaganda vire realidade.

São as histórias de um prefeito que vive viajando.




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segunda-feira, 16 de maio de 2011

O caso das notas fiscais que parecem frias: até coincidências estranhas numa história que pede uma CEI em Cornélio Procópio

INSTITUTO AME CIDADE, 16 de maio de 2011


A denúncia feita na última terça-feira na Câmara de Vereadores de Cornélio Procópio pela vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB) trouxe fortes suspeitas sobre o uso de notas fiscais frias em pagamentos de publicidade feitos pela Prefeitura. Os procopenses falam na necessidade de uma CEI feita pela Câmara para esclarecer o fato, mas dificilmente isso acontecerá, pois o prefeito Amin Hannouche (PP) exerce um controle rígido sobre a maioria dos vereadores.

Até o momento Hannouche tem segurado tudo na Câmara, que funciona hoje como um mero instrumento do Executivo. Não é permitida a aprovação nem do mais banal pedido de informações.

Por uma razão que até agora ninguém compreende, em 2008, na legislação passada, um pedido de informações à Prefeitura feito por Aurora e pelo vereador Élio Janoni (PMDB)surpreendentemente acabou sendo aprovado na Câmara. As investigações feitas pelos parlamentares a partir desse pedido de informação acabaram encontrando fortes indícios de um esquema que pode ter usado notas fiscais em negócios com a Prefeitura.

A questão envolve bastante dinheiro. Quase 200 mil reais foram pagos a apenas uma das empresas envolvidas no caso, a Correprom, que tem sede em Fazenda Rio Grande, município da Região Metropolitana de Curitiba. Por coincidência, a empresa foi aberta exatamente no ano em que começou a prestar serviços para a prefeitura de Cornélio Procópio.

Este é um caso de muitas coincidências. Um outro paralelo que chama a atenção é que a empresa Correprom é da mesma Fazenda Rio Grande de onde é Josinei Tadeu de Oliveira, que foi presidente da comissão de licitação e pregoeiro da prefeitura de Cornélio Procópio entre 2005 e 2008, o período em que a Correprom foi contratada pela Prefeitura.

Depois dessa passagem pela equipe do prefeito Hannouche, Oliveira foi para a prefeitura de Sarandi, também cuidar de licitações, como assessor do prefeito Milton Martini, que, aliás (outra coincidência), é do mesmo partido do prefeito procopense Hannouche. Ambos são do PP.

Martini foi afastado do cargo pela Justiça em dezembro de 2009, após denúncia de corrupção feita pelo Ministério Público. Junto com o prefeito foram afastados quatro assessores, entre eles Josinei Tadeu de Oliveira.

Em março de 2001, o prefeito de Sarandi teve o mandato cassado por unanimidade pela Câmara (dez votos a zero). Uma das razões da cassação foi compra sem licitação.

Outra coincidência com os acontecimentos em Sarandi é que gastos com publicidade estão entre as denúncias contra o prefeito cassado Milton Martini — segundo o MP ele responde a 36 inquéritos.

Em Cornélio Procópio foram encontradas graves irregularidades em notas fiscais emitidas pela empresa Correprom. Em documentação da Prefeitura conseguida pela vereadora Aurora depois de uma árdua batalha, na qual teve que haver até a intervenção da Justiça, apareceram notas com números de série iguais e datas e valores diferentes. Em outras havia contradição entre as datas de emissão e a seqüência da numeração.

Para conseguir os documentos do Município foi necessário até busca e apreensão feita por um Oficial de Justiça. Essa dificuldade de Hannouche em lidar com a transparência já é um defeito seu muito conhecido entre os procopenses. Mesmo com o voto favorável da Câmara para o pedido de informações, ele continuou desrespeitando as prerrogativas legais dos vereadores, que foram obrigados a apelar para a Justiça.

Porém, mesmo com o desrespeito do prefeito Hannouche pela transparência e até aos direitos legais do Legislativo, foi possível descobrir várias irregularidades que parecem apontar para o uso de notas fiscais frias. Com um simples pedido de informações os dois vereadores demonstraram o peso que pode ter a Câmara Municipal na condução dos negócios públicos de forma ética.

Na apresentação do resultado parcial da análise dos documentos, feita de forma oficial na última terça-feira pela vereadora Aurora, a parlamentar fez um apelo aos colegas para que a Câmara Municipal se coloque de forma atuante para o esclarecimento deste fato, que já está sendo chamado de “Caso das Notas Frias”.

A população já comenta também sobre a necessidade de uma comissão de inquérito composta pelos vereadores para tirar a limpo todas as dúvidas e suspeitas sobre este caso. Não é fácil que isso ocorra numa Câmara Municipal submissa ao prefeito, mas é evidente que os procopenses estão de olho no que cada vereador está fazendo.