segunda-feira, 1 de novembro de 2010

PSDB será o partido com o maior número de governadores no país

G1, 1 de novembro de 2010

Partido é derrotado na Presidência, mas conquista oito estados.
PSB é o segundo partido com mais eleitos: seis.



O PSDB governará oito estados do país a partir de 2011. É o partido com o maior número de eleitos para os Executivos estaduais. Com isso, o partido volta a liderar o ranking de representantes, passando o PMDB.

O PSB é o segundo partido com o maior número de eleitos. São seis governadores da sigla (três eleitos no segundo turno).

O resultado para o PSDB é importante após o partido sair derrotado na eleição presidencial e perder cadeiras tanto na Câmara dos Deputados como no Senado.

Na Câmara, foram 53 deputados federais eleitos (contra 66 vitoriosos em 2006). No Senado, o partido perdeu cinco representantes (terá 11 senadores em 2011) e foi ultrapassado pelo PT.

O PT e o PMDB comandarão cinco estados cada um; o DEM, dois; e o PMN, um.


Veja a lista de todos os governadores eleitos
Para aumentar o mapa, clique na imagem


ACRE - Tião Viana (PT)
ALAGOAS - Teotonio Vilela (PSDB)

AMAZONAS - Omar Aziz (PMN)

AMAPÁ - Camilo Capiberibe (PSB)

BAHIA- Jaques Wagner (PT)

CEARÁ - Cid Gomes (PSB)

DISTRITO FEDERAL - Agnelo Queiroz (PT)

ESPÍRITO SANTO - Renato Casagrande (PSB)
GOIÁS - Marconi Perillo (PSDB)

MARANHÃO - Roseana Sarney (PMDB)

MINAS GERAIS - Antonio Anastasia (PSDB)

MATO GROSSO DO SUL - André Pucinelli (PMDB)

MATO GROSSO - Silval Barbosa (PMDB)

PARÁ - Simão Jatene (PSDB)

PARAÍBA - Ricardo Coutinho (PSB)

PERNAMBUCO - Eduardo Campos (PSB)

PIAUÍ - Wilson Martins (PSB)

PARANÁ - Beto Richa (PSDB)

RIO DE JANEIRO - Sérgio Cabral (PMDB)

RIO GRANDE DO NORTE - Rosalba Ciarlini (DEM)

RONDÔNIA - Confucio Moura (PMDB)

RORAIMA - Anchieta Junior (PSDB)

RIO GRANDE DO SUL - Tarso Genro (PT)

SANTA CATARINA - Raimundo Colombo (DEM)

SERGIPE - Marcelo Deda (PT)

SÃO PAULO - Geraldo Alckmin (PSDB)

TOCANTINS - Siqueira Campos (PSDB)

Dilma faz discurso conciliador e prega respeito à oposição e à imprensa livre

O ESTADO DE S. PAULO, 1 de novembro de 2010

Chamada de 'guerreira' por Lula, eleita diz que será 'rígida na defesa do interesse público' e não aceitará irregularidades


Primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma Rousseff (PT), fez ontem um discurso de conciliação nacional, prometeu respeitar as diferenças partidárias e religiosas, zelar pela "mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa" e combater a corrupção.

Em seu primeiro pronunciamento logo após o resultado das urnas, Dilma ficou com a voz embargada e não conteve o choro. Ao pregar a união do País, mesmo nas divergências, ela adotou tom semelhante ao do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político.

Além de agradecer os votos recebidos, Dilma também fez um aceno aos partidos de oposição e aos eleitores que votaram no adversário José Serra (PSDB). "Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio", afirmou. Não foi só: disse que não aceitará irregularidades na administração pública.

"Não haverá compromissos com o erro, o desvio e o malfeito", insistiu Dilma, um mês e meio após a queda de sua amiga Erenice Guerra, ministra da Casa Civil defenestrada após tráfico de influência no governo."Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo."

Dilma chegou ao auditório do hotel Naoum para fazer seu primeiro pronunciamento como presidente eleita acompanhada do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, cotado para ser o homem forte de seu governo.

Foi cumprimentada por ministros, governadores e senadores eleitos de partidos da base aliada.

O vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB) subiu ao palco cinco minutos depois. Todos cantaram o Hino Nacional. No Palácio da Alvorada, Lula disse para Dilma que ela foi uma "guerreira".

Telefonema - Serra telefonou para a petista quando ela fazia o discurso e foi Palocci quem atendeu à ligação. Diante de um painel na cor verde, no qual se lia "O povo decidiu. O Brasil vai seguir mudando com Dilma, nossa primeira presidenta", ela também assumiu compromissos com a erradicação da miséria e com a estabilidade econômica. "Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável", destacou.

Dilma usou o discurso para tratar dos principais temas da campanha, quando o governo e o PT foram acusados de desrespeitar a democracia e a imprensa, perseguir adversários e defender gastos acima da arrecadação.

"Faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos. Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos", argumentou.

Aplaudida pela plateia, Dilma afirmou, ainda, que seu governo continuará defendendo a abertura das relações comerciais e o fim do protecionismo dos países ricos. Destacou, no entanto, que não pretende fechar o País ao mundo. "Teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento."

Dona de temperamento forte e conhecida como dama de ferro, Dilma não conteve a emoção e embargou a voz em alguns momentos, especialmente ao falar de Lula. Fez um chamamento aos empresários, às igrejas, governadores, prefeitos e "todas as pessoas de bem" para se unir pela erradicação da miséria - compromisso assumido ainda no primeiro mandato de Lula - e disse que essa "ambiciosa meta" não será realizada apenas pela vontade do governo.

"Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte", afirmou a presidente eleita.

Lula. A presidente eleita deixou claro no discurso após a confirmação da vitória, que não vai se esquecer do presidente Lula, o grande responsável por ter vencido a eleição, e que sempre vai recorrer a ele quando se encontrar em dificuldades.

"Baterei muito à sua porta e, tenho certeza, a encontrarei sempre aberta", afirmou. Para ela, é muito bom ter Lula ao lado. "Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda."

Dilma afirmou que a convivência com Lula lhe deu a "exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu país e por sua gente". Tanto é que, para ela, a alegria da vitória se mistura com a emoção da despedida de Lula.

"Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade", exaltou. "A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado.

Saberei consolidar e avançar sua obra", disse a candidata forjada por Lula durante quatro anos.

Ela prosseguiu nos elogios: "Aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados uma imensa força brota do nosso povo. Uma força que leva o País para frente e ajuda a vencer os maiores desafios."

O discurso de Dilma Roussef
Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil, é imensa a minha alegria de estar aqui. Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante de minha vida. Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade. A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: “Sim, a mulher pode!”

Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país:

* Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social.
* Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.
* Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.
* Zelarei pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.
* Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República.

Nesta longa jornada que me trouxe aqui pude falar e visitar todas as nossas regiões. O que mais me deu esperanças foi a capacidade imensa do nosso povo, de agarrar uma oportunidade, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para sua família. É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.

Ressalto, entretanto, que esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo. Ela é um chamado à nação, aos empresários, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem. Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte. A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida. O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e olhar para o futuro.

Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível. Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.

No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas. Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.

Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento. É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo. Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade.

O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável. Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos. Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos. Sim, buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso zelaremos pela poupança pública.

Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público. Zelarei pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo. Valorizarei o Micro Empreendedor Individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outros. As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.

Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental. Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais. Trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades. Mas acima de tudo quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas. Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.

Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança. O Fundo Social é mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo modelo que propusemos para a exploração do pré-sal, que reserva à Nação e ao povo a parcela mais importante dessas riquezas. Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas. Me comprometi nesta campanha com a qualificação da Educação e dos Serviços de Saúde.

Me comprometi também com a melhoria da segurança pública. Com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias. Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos. Mas acompanharei pessoalmente estas áreas capitais para o desenvolvimento de nosso povo.

A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade. É aquela que convive com o meio ambiente sem agredí-lo e sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento. Não pretendo me estender aqui, neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi, perseguirei de forma dedicada e carinhosa.

Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso teriam toda minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso. Fui eleita com uma coligação de dez partidos e com apoio de lideranças de vários outros partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental.

Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária. Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.

A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política. Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.

Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos. Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los. Primeiro, ao povo que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido, em todos os lugares que passei.

Mas agradeço respeitosamente também aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia. Agradeço as lideranças partidárias que me apoiaram e comandaram esta jornada, meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho. Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.

Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento. Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras. As criticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.

Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida. Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós. Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado. Saberei consolidar e avançar sua obra.

Aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados uma imensa força brota do nosso povo. Uma força que leva o país para frente e ajuda a vencer os maiores desafios. Passada a eleição agora é hora de trabalho. Passado o debate de projetos agora é hora de união. União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país. Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela. Muito obrigada.

Serra diz que enfrentou 'forças terríveis' na campanha e se despede com 'até logo'

O ESTADO DE S. PAULO, 1 de novembro de 2010

Tucano cita vitórias nos Estados como exemplo de força da oposição, ignora Aécio Neves e faz elogios a Alckmin


Derrotado pela segunda vez na corrida pelo Palácio do Planalto, Serra fez um breve discurso ao lado da família e das principais lideranças da oposição no final da noite de ontem. Durante os 10 minutos em que falou, sinalizou que pretende se manter como protagonista no cenário político brasileiro. "Quis o povo que não fosse agora", afirmou o tucano, com os olhos marejados.

"Para os que nos imaginam derrotados, eu quero dizer: nós estamos apenas começando uma luta de verdade. Estamos no começo do começo desta luta. E nós vamos dar nossa contribuição ao País em defesa da pátria, da liberdade, da democracia e do direito que todos têm de falar e da justiça social", afirmou Serra. "Vamos dar nossa contribuição, nossa frente de partidos, de indivíduos e de parlamentares. Essa será nossa luta", completou.

Acompanhado dos presidentes do PSDB, Sérgio Guerra (PE), do DEM, Rodrigo Maia (RJ), do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, do prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), entre outros, o tucano disse receber a derrota com "respeito e humildade". Agradeceu a votação e os militantes, cumprimentou Dilma pela vitória, desejando que "faça bem" para o País, e enalteceu o empenho da campanha do PSDB em combater, segundo ele, "forças terríveis" em "meses duríssimos".

Confiança. Aliados disseram que o tucano recebeu com serenidade e tranquilidade o resultado, mas que ficou bastante "abatido" com a derrota. "Achei que fosse ganhar", teria dito Serra a um dos coordenadores de sua campanha. Antes de receber a notícia, o tucano estava confiante. Almoçou no Palácio dos Bandeirantes com os principais apoiadores de sua campanha e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se manteve afastado durante a disputa eleitoral. No encontro, Serra fez piadas e contou histórias das viagens que fez pelo País.

Após a definição de que a vitória de Dilma era irreversível, o tucano refugiou-se na casa do secretário de Cultura, Andrea Matarazzo, no Jardim América, para escrever o discurso da derrota. Enquanto isso, líderes do DEM, PSDB e PPS reuniram-se para discutir o futuro da oposição e a forma como os partidos se posicionarão diante do governo Dilma.

Numa tentativa de mostrar que a oposição não estaria enfraquecida com sua derrota, Serra citou a vitória de dez governadores do PSDB nas urnas. Falou, especialmente, de Alckmin, com quem manteve relação conflituosa no passado. Os dois tucanos acabaram a corrida eleitoral mais próximos, em razão do empenho do governador eleito na eleição presidencial - o candidato, porém, não citou o senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves.

"Quero lembrar ainda que ao lado desses 43 milhões e 600 mil recebemos também votos que elegeram dez governadores, que nos apoiaram em todo o nosso País, entre os quais um está presente", observou Serra. "Meu querido companheiro de muitas jornadas Geraldo Alckmin. Você se empenhou na minha eleição mais do que se empenhou na sua, sinceramente", anotou.

Serra agradeceu à população a energia que recebeu e brincou sobre o que fará com ela no futuro. "Recebi toda a energia para essa campanha - foram sete meses, de muita movimentação e equilíbrio também - que foi necessário. Chego hoje nessa etapa final com a mesma energia, o problema é como despender essa energia, que me foi passada por todo o Brasil", disse o tucano.

Após encerrar seu discurso, pediu a todos que cantassem os últimos versos do Hino Nacional, que considera "muito significativos". Em seguida, cumprimentou correligionários e sua mulher, Monica Serra. Ao finalizar, chamou ao palco a filha, Verônica, alvo de quebra de sigilo fiscal em episódio que marcou a campanha presidencial.

Serra já havia encerrado o discurso, quando Verônica cochichou em seu ouvido. Havia esquecido de agradecer alguém. "E um abraço ao Fernando Henrique, que está nos assistindo pela TV", assinalou.


O Discurso de José Serra

No dia de hoje, os eleitores falaram e nós recebemos com respeito e humildade a voz do povo. Quero aqui cumprimentar a candidata eleita Dilma Rousseff (PT) e desejar que ela faça bem para o nosso país.

Eu disputei com muito orgulho a Presidência da República. Quis o povo que não fosse agora. Mas digo, aqui, de coração, que sou muito grato aos 43,6 milhões de brasileiros e brasileiras que votaram em mim. Sou muito grato a todos e a todas que colocaram um adesivo, uma camiseta que carregaram uma bandeira com Serra 45.

Quero agradecer também aos milhões de militantes que lutaram nas ruas e na internet por um Brasil soberano, democrático e que seja propriedade do seu povo.

Eu recebi tanta energia nessa campanha, foram sete meses de muita energia, de muita movimentação e de muito equilíbrio também, que foi necessário. E eu chego hoje, nesta etapa final, com a mesma energia que tive ao longo dos últimos meses. O problema é como dispender essa energia nos próximos dias e semanas

Ao lado desses 43,6 milhões de votos, nós recebemos, também, votos que elegeram dez governadores que nos apoiaram. Dos quais, um está presente. Um companheiro de muitas jornadas, Geraldo Alckmin. Ele se empenhou na minha eleição, mais do que se empenhou na dele

A maior vitória que nós conquistamos nessa campanha não foi mérito meu, mas foi de vocês [imprensa]. Nesses meses duríssimos, onde enfrentamos forças terríveis, vocês alcançaram uma vitória estratégica no Brasil. Cavaram uma grande trincheira, construíram uma fortaleza, consolidaram um campo político de defesa da liberdade e da democracia do Brasil

Vi centenas e milhares de jovens que me lembraram o jovem que eu fui um dia, sonhando e lutando por um país melhor, como eu faço até hoje. Onde os políticos fossem servidores do povo e não se servissem do nosso povo

Para os que nos imaginam derrotados, eu quero dizer: nós apenas estamos começando uma luta de verdade. Nós vamos dar a nossa contribuição ao país, em defesa da pátria, da liberdade, da democracia, do direito que todos têm de falar e de serem ouvidos. Vamos dar a nossa contribuição como partidos, como parlamentares, como governadores. Essa será a nossa luta

Por isso a minha mensagem de despedida nesse momento não é um adeus, mas um até logo. A luta continua. Viva o Brasil.

Festa privê no Alvorada comemorou a vitória de Dilma

O ESTADO DE S. PAULO, Radar Político 1 de novembro de 2010


Depois da vitória, a presidente eleita Dilma Rousseff reuniu-se no domingo, 31, à noite por mais de uma hora com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada. Lula evitou manifestações públicas depois da proclamação do resultado sob a alegação de que “o dia é dela”.

Logo após a chegada de Dilma, por volta das 22h40, vários governadores de partidos aliados se juntaram à comemoração, provocando um congestionamento na entrada da residência oficial do presidente. Também participaram da comemoração o vice-presidente eleito, Michel Temer, o presidente do Senado, José Sarney e vários ministros, entre eles Paulo Bernardo (Planejamento), Celso Amorim (Relações Exteriores) e Orlando Silva (Esportes).

Junto à entrada do Alvorada, vários militantes se aglomeraram, com camisas, bandeiras, buzinas e apitos, gritando: “Dilma! Dilma”. Quando Celso Amorim chegou, os militantes perguntaram até se o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia telefonado para Dilma, para cumprimentá-la. O ministro respondeu que não sabia.

Com tantas autoridades querendo participar da “festa privê”, nomes como os deputados do PC do B, Ignácio Arruda, Renato Rabelo, Vanessa Grazziotin tiveram de esperar cerca de 30 minutos para ter autorização para entrar no Alvorada.

Por conta da demora da autorização para entrar, os carros desses deputados fecharam a entrada, impedindo que outros veículos prosseguissem. O ministro Paulo Bernardo, irritado com a demora, desceu do carro e teve que andar pelo menos 300 metros até a entrada da residência oficial, junto com sua mulher, senadora Gleise Helena Hoffman e os assessores especiais Marco Aurélio Garcia e Clara Ant. Por volta de 00h10, Dilma deixou o Alvorada.

Serra diz que enfrentou 'forças terríveis' na campanha e se despede com 'até logo'

O ESTADO DE S. PAULO, 1 de novembro de 2010

Tucano cita vitórias nos Estados como exemplo de força da oposição, ignora Aécio Neves e faz elogios a Alckmin


Derrotado pela segunda vez na corrida pelo Palácio do Planalto, Serra fez um breve discurso ao lado da família e das principais lideranças da oposição no final da noite de ontem. Durante os 10 minutos em que falou, sinalizou que pretende se manter como protagonista no cenário político brasileiro. "Quis o povo que não fosse agora", afirmou o tucano, com os olhos marejados.

"Para os que nos imaginam derrotados, eu quero dizer: nós estamos apenas começando uma luta de verdade. Estamos no começo do começo desta luta. E nós vamos dar nossa contribuição ao País em defesa da pátria, da liberdade, da democracia e do direito que todos têm de falar e da justiça social", afirmou Serra. "Vamos dar nossa contribuição, nossa frente de partidos, de indivíduos e de parlamentares. Essa será nossa luta", completou.

Acompanhado dos presidentes do PSDB, Sérgio Guerra (PE), do DEM, Rodrigo Maia (RJ), do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, do prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), entre outros, o tucano disse receber a derrota com "respeito e humildade". Agradeceu a votação e os militantes, cumprimentou Dilma pela vitória, desejando que "faça bem" para o País, e enalteceu o empenho da campanha do PSDB em combater, segundo ele, "forças terríveis" em "meses duríssimos".

Confiança. Aliados disseram que o tucano recebeu com serenidade e tranquilidade o resultado, mas que ficou bastante "abatido" com a derrota. "Achei que fosse ganhar", teria dito Serra a um dos coordenadores de sua campanha. Antes de receber a notícia, o tucano estava confiante. Almoçou no Palácio dos Bandeirantes com os principais apoiadores de sua campanha e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se manteve afastado durante a disputa eleitoral. No encontro, Serra fez piadas e contou histórias das viagens que fez pelo País.

Após a definição de que a vitória de Dilma era irreversível, o tucano refugiou-se na casa do secretário de Cultura, Andrea Matarazzo, no Jardim América, para escrever o discurso da derrota. Enquanto isso, líderes do DEM, PSDB e PPS reuniram-se para discutir o futuro da oposição e a forma como os partidos se posicionarão diante do governo Dilma.

Numa tentativa de mostrar que a oposição não estaria enfraquecida com sua derrota, Serra citou a vitória de dez governadores do PSDB nas urnas. Falou, especialmente, de Alckmin, com quem manteve relação conflituosa no passado. Os dois tucanos acabaram a corrida eleitoral mais próximos, em razão do empenho do governador eleito na eleição presidencial - o candidato, porém, não citou o senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves.

"Quero lembrar ainda que ao lado desses 43 milhões e 600 mil recebemos também votos que elegeram dez governadores, que nos apoiaram em todo o nosso País, entre os quais um está presente", observou Serra. "Meu querido companheiro de muitas jornadas Geraldo Alckmin. Você se empenhou na minha eleição mais do que se empenhou na sua, sinceramente", anotou.

Serra agradeceu à população a energia que recebeu e brincou sobre o que fará com ela no futuro. "Recebi toda a energia para essa campanha - foram sete meses, de muita movimentação e equilíbrio também - que foi necessário. Chego hoje nessa etapa final com a mesma energia, o problema é como despender essa energia, que me foi passada por todo o Brasil", disse o tucano.

Após encerrar seu discurso, pediu a todos que cantassem os últimos versos do Hino Nacional, que considera "muito significativos". Em seguida, cumprimentou correligionários e sua mulher, Monica Serra. Ao finalizar, chamou ao palco a filha, Verônica, alvo de quebra de sigilo fiscal em episódio que marcou a campanha presidencial.

Serra já havia encerrado o discurso, quando Verônica cochichou em seu ouvido. Havia esquecido de agradecer alguém. "E um abraço ao Fernando Henrique, que está nos assistindo pela TV", assinalou.


O Discurso de José Serra

No dia de hoje, os eleitores falaram e nós recebemos com respeito e humildade a voz do povo. Quero aqui cumprimentar a candidata eleita Dilma Rousseff (PT) e desejar que ela faça bem para o nosso país.

Eu disputei com muito orgulho a Presidência da República. Quis o povo que não fosse agora. Mas digo, aqui, de coração, que sou muito grato aos 43,6 milhões de brasileiros e brasileiras que votaram em mim. Sou muito grato a todos e a todas que colocaram um adesivo, uma camiseta que carregaram uma bandeira com Serra 45.

Quero agradecer também aos milhões de militantes que lutaram nas ruas e na internet por um Brasil soberano, democrático e que seja propriedade do seu povo.

Eu recebi tanta energia nessa campanha, foram sete meses de muita energia, de muita movimentação e de muito equilíbrio também, que foi necessário. E eu chego hoje, nesta etapa final, com a mesma energia que tive ao longo dos últimos meses. O problema é como dispender essa energia nos próximos dias e semanas

Ao lado desses 43,6 milhões de votos, nós recebemos, também, votos que elegeram dez governadores que nos apoiaram. Dos quais, um está presente. Um companheiro de muitas jornadas, Geraldo Alckmin. Ele se empenhou na minha eleição, mais do que se empenhou na dele

A maior vitória que nós conquistamos nessa campanha não foi mérito meu, mas foi de vocês [imprensa]. Nesses meses duríssimos, onde enfrentamos forças terríveis, vocês alcançaram uma vitória estratégica no Brasil. Cavaram uma grande trincheira, construíram uma fortaleza, consolidaram um campo político de defesa da liberdade e da democracia do Brasil

Vi centenas e milhares de jovens que me lembraram o jovem que eu fui um dia, sonhando e lutando por um país melhor, como eu faço até hoje. Onde os políticos fossem servidores do povo e não se servissem do nosso povo

Para os que nos imaginam derrotados, eu quero dizer: nós apenas estamos começando uma luta de verdade. Nós vamos dar a nossa contribuição ao país, em defesa da pátria, da liberdade, da democracia, do direito que todos têm de falar e de serem ouvidos. Vamos dar a nossa contribuição como partidos, como parlamentares, como governadores. Essa será a nossa luta

Por isso a minha mensagem de despedida nesse momento não é um adeus, mas um até logo. A luta continua. Viva o Brasil.

Maioria do eleitorado nacional será governado por partidos de oposição

AGÊNCIA BRASIL, 1 de novembro de 2010

Aproximadamente 71 milhões de pessoas estão em estados governados pela oposição


A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) terá, a partir de 1º de janeiro de 2011, que se relacionar com dez governadores de partidos da oposição. Os estados governados por eles representam mais da metade do eleitorado nacional, somando aproximadamente 71 milhões de pessoas.

O PSDB foi o partido que mais elegeu governadores. Foram quatro em primeiro turno e mais quatro na votação deste domingo (31). O partido também vai comandar os dois maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, com cerca de 30 milhões de eleitores, e Minas Gerais, com 14,5 milhões.

Os tucanos governarão ainda os estados do Paraná, de Goiás, do Tocantins, do Pará, de Roraima e de Alagoas, que somam19,6 milhões de eleitores. A oposição nos estados fica completa com o DEM que ganhou os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Norte, que somam 6,7 milhões de eleitores.

Em contrapartida, Dilma contará com o apoio de 16 governadores de partidos da base aliada. Esses estados somam cerca de 62 milhões de eleitores. O PT comandará cinco estados, entre eles a Bahia, que é o quarto maior colégio eleitoral com 9,5 milhões. O partido da presidente eleita ainda comandará o Rio Grande do Sul, Sergipe, o Acre e o Distrito Federal, que juntos reúnem 11,8 milhões de eleitores.

O PMDB, que tem a Vice-Presidência da República com Michel Temer, além de governar o terceiro maior colégio eleitoral do país – Rio de Janeiro, com 11,5 milhões de eleitores – vai administrar também mais quatro estados: Mato Grosso do Sul, Maranhão, Mato Grosso e Rondônia. Esses estados somam mais 9,1 de eleitores.

A maior surpresa destas eleições foi o PSB. O partido estará à frente de seis estados, praticamente empatado com o PMDB no número de eleitores que comandará – 20 milhões. Serão governados pelo PSB os estados de Pernambuco, do Ceará, Piauí, da Paraíba, do Espírito Santo e Amapá. Os dois maiores, Ceará e Pernambuco, somam 12,1 milhões de eleitores. O Amazonas, com 2 milhões de eleitores, será comandado pelo PMN, partido que mantém independência em relação ao governo federal.

Dilma Rousseff terá também uma forte base aliada no Congresso Nacional. Na Câmara, são 387 deputados que prometem apoio ao novo governo, contra 108 parlamentares de partidos de oposição. Existem ainda 18 deputados – 15 do Partido Verde (PV) e 3 do P-SOL – que adotam postura independente.

No Senado, Dilma governará com uma maioria mais tranquila que a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dos 81 senadores, 61 integram partidos da coligação que ganhou a eleição. A oposição, ficará com 20 senadores.

Os partidos que elegeram bancadas expressivas no Congresso, como o PP, com 4 senadores e 41 deputados; o PR, com 3 senadores e 41 deputados; e o PDT, com 2 senadores e 28 deputados não conseguiram eleger nenhum governador.

Vitória aponta novo rumo do PT

O GLOBO, 1 de novembro de 2010

Partido vai conduzir suas bandeiras históricas, como legalização do aborto, poupando Dilma. Palocci e Paulo Bernardo serão nomes fortes no Planalto, que terá de buscar o equilíbrio com o PMDB


Ao mesmo tempo em que vive seu auge, com a eleição de Dilma Rousseff e a perspectiva de formar suas maiores bancadas históricas no Congresso, o Partido dos Tra­­balhadores tem à frente o desafio de equilibrar sua inédita força po­­lítica com as exigências da governabilidade, balizada pelo aliado PMDB. Dessa forma, bandeiras ideológicas do PT – do controle social da mídia à legalização do aborto – poderão ter de ficar restritas à mobilização social e partidária, poupando o futuro governo de desgastes. Para isso, o partido se prepara para exercitar sua musculatura, na era pós-Lula, pe­­lo Legislativo, sem “imposições programáticas”.

Na opinião do vice-presidente do partido, Hum­­berto Costa (PE), o resultado das urnas é uma de­­monstração de que o PT já não vive mais à sombra de Lula e conseguiu amadurecer pa­­ra não ficar à sombra também da máquina ad­­ministrativa federal.
Escândalos influenciaram a campanha

Agência O Globo

Cuidadosamente calculada pelo presidente Lula e executada com mão de ferro pelo PT, a blindagem da campanha de Dilma Rousseff à Presidência se mostrou frágil diante dos escândalos que atingiram nomes da confiança da candidata: o ex-prefeito de Belo Ho­­rizonte Fernando Pimentel e a ex-ministra Erenice Guerra. Lula e integrantes do Planalto já te­­miam a “maldição de setembro”, numa referência a 2006, quando apareceram as denúncias sobre os “aloprados do PT”, que levaram o presidente ao segundo turno contra o tucano Geraldo Alckmin. Mas, nesta campanha, os escândalos respingaram antes.

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A máquina de ganhar eleição

Rogerio Waldrigues Galindo

O lulismo, ou o petismo, con­­seguiu o que o PSDB sonhou e não atingiu: um projeto de longo prazo com base nas urnas.

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“O PT aprendeu com os erros e conseguiu separar o que é o papel do partido e o que é o papel do go­­verno”, disse Costa às vésperas das eleições. “O partido também avançou muito no seu papel questionador, e acredito que esses avanços vão ajudar no futuro go­­verno Dilma. O PT vai ter uma função muito mais evoluída no próximo governo porque sabe hoje como deve atuar.”

A presidente eleita já decretara que bandeiras históricas do partido serão assunto da sociedade civil organizada. Na campanha, repetia: “Movimento é movimento, sindicato é sindicato, e governo é governo.” Na trincheira de governo, para auxiliar nessa separação, estarão Antonio Palocci, cotado para a Casa Civil, e o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, nome certo no primeiro escalão. Entre as batalhas que o PT tentará travar em paralelo estão a redução da jornada de trabalho, a descriminalização do aborto, a taxação de grandes fortunas e a audiência prévia à reintegração de terras invadidas.

Usada em tom de ameaça pela oposição, essa nova relevância programática do PT foi um trunfo pouco alardeado internamente, em parte para evitar temores so­­bre as “imposições” que o partido poderia fazer a Dilma. Em setembro, o deputado cassado José Dirceu (PT-SP) sintetizou a petroleiros: “A eleição da Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político, porque a Dilma nos representa.” Dirceu, forte articulador do PT, elegeu o filho Zeca na Câmara e aguarda apenas o julgamento do mensalão no STF para retomar uma vida política mais ativa.

Sua volta ao Executivo é impro­­vável, mas jamais foi descartada. O discurso de Dilma é igual ao dele: não existe pena de “banimento”.

A disputa que ele mencionou, com o acirramento e escândalos da reta final de campanha, fortaleceu os aliados moderados.

“É Dilma quem dará o ritmo, o perfil e a coloração da prática política do governo. Não há temor (de excessos) do PT. Eles já têm a Pre­­sidência, uma vantagem imensa. Para o PMDB, é fundamental a boa convivência na coalizão, especialmente saindo de uma campanha tão violenta”, explica Moreira Franco (PMDB), um dos coordenadores do programa de governo, que acabou ficando na gaveta.

Porém o documento final eliminou as propostas polêmicas do PT e serviu de “embrião” para “pe­­sos e balanços” entre os aliados.

A primeira grande prova de força do PT será a queda de braço com o PMDB pelas presidências da Câmara e do Senado, em fevereiro. Dela, sairão também as relações da “governabilidade” de Dil­­ma. Na Câmara, os “nomes naturais” são Cândido Vaccarezza (PT- SP) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

O desafio de sair da sombra de Lula

O GLOBO, 1 de novembro de 2010

A presença constante de Lula na campanha tornou mais opacas as ideias da candidata. Agora ela terá de dissipar dúvidas sobre um duplo comando na Presidência


Dilma Rousseff chega ao poder como um enigma. Deve a meteórica carreira política ao presidente Lula, por quem demonstra uma admiração próxima do fervor religioso. “Ele é o grande mestre que nos ensinou o caminho.” Foi assim que ela se referiu ao seu patrono na política desde que assumiu o papel de candidata do Partido dos Trabalhadores.

Suceder a Lula não é tarefa fácil. O êxito na batalha para eleger Dilma é eloquente sobre seu carisma e poder de influência na política. Ele a escolheu solitário, quando ela era a opção mais improvável até mesmo pelo absoluto anonimato. Há dois anos, Dilma aparecia com apenas 2% nas pesquisas do Instituto Datafolha. Na campanha, a sombra do criador contribuiu para tornar ainda mais opaca a nuvem de ideias da criatura. Dilma superou os adversários também na produção de programas de governo. Mas com resultado nulo: entre a manhã e a tarde de uma sexta-feira de agosto, por exemplo, ela assinou (“Apenas rubriquei”, disse) e registrou na Justiça Eleitoral dois programas de governo contraditórios nos fundamentos.

A recente polêmica sobre o aborto é ilustrativa de suas opções por posições sobre as quais pairam entendimentos com mais de um sentido. “Abortar não é fácil para mulher alguma”, disse há 17 meses. “Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto.Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização. O aborto é uma questão de saúde pública. Há uma quantidade enorme de mulheres brasileiras que morrem porque tentam abortar em condições precárias.”

Às vésperas da eleição, depois de uma reunião com líderes religiosos, afirmou: “Sou favorável à valorização da vida. E eu, pessoalmente, sou contra o aborto, que é uma violência contra a mulher.”

Seus discursos dos últimos nove meses sugerem que o governo teria uma premissa econômica e lançaria pelo menos duas reformas “estruturantes”, como gosta de dizer. A primeira das reformas, anunciou, será no sistema político-partidário. Assim descreveu. “Vamos unir o melhor das nossas energias para fazer a reforma política. Quero dizer com todas as letras aos partidos e ao país: não dá mais para adiar essa reforma. Ela é uma necessidade vital para corrigir equívocos, vícios e distorções. Para dar eficácia ao voto do eleitor e credibilidade à representação parlamentar. Para dar transparência às instituições e garantir mecanismos reais de controle pelo cidadão da vida parlamentar. Para fortalecer os partidos, estimular o debate público e a participação popular.”

Aparentemente, seria uma reforma ampla, geral e irrestrita, que poderia levar até à mudança no sistema de representação no Congresso. Mas a candidata sempre se conteve no limite da ambiguidade. A outra reforma, segundo ela, será no sistema tributário. “Nossa estrutura tributária é caótica, apesar de áreas de excelência na administração, e, se não tivermos coragem de reconhecer isso, jamais faremos essa reforma tão urgente e necessária. Entre outras coisas, vamos investir para informatizar todos os tributos. Ampliar a base de arrecadação e diminuir as alíquotas. Outra grande meta do governo Lula, que vamos completar e que foi realizada, mas iremos aprofundar, é a desoneração do investimento. Porque ele melhora o crescimento econômico.”

Dilma chega ao poder dizendo-se coerente com as ideias e os princípios que defendia nos anos 70. Se alguém mudou, portanto, foram os adversários. “Não sucumbimos aos modismos ideológicos. Persistimos em nossas convicções, buscando, a partir delas, construir alternativas concretas e realistas.”

Durante a campanha, elegeu alguns ícones para traçar essa linha divisória em relação aos competidores. Um deles foi a “reorganização do Estado”. “Alguns ideólogos chegavam a dizer que quase tudo seria resolvido pelo mercado. O resultado foi desastroso. Aqui, o desastre só não foi maior, como em outros países, porque os brasileiros resistiram a esse desmonte e conseguiram impedir a privatização de Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica ou Furnas.”

Dessa forma, para Dilma, o Estado brasileiro precisa ser “reconstituído”. E repetiu essa ideia como um mantra, expressa em termos vagos como em toda evocação de uma filosofia mística. “Vamos recompor a capacidade do Estado de planejar, gerir e induzir o desenvolvimento do país. Reforçar também a capacidade de planejar do Estado brasileiro, a integração entre o Estado e o setor produtivo, setor privado, entre o governo e a sociedade. Entre o governo federal, entre o governo dos estados e dos municípios.”

Preocupada em se distinguir dos adversários, acentuou a retórica estatizante e adotou símbolos como a Petrobras — hoje, principal canal de investimentos do setor público.

Alguns setores empresariais seriam privilegiados. “Vamos adotar um princípio que o presidente Lula adotou logo no início do governo”, avisou. “Quando o Brasil voltou a produzir plataformas aqui, deixamos de exportar empregos para Cingapura e Coreia. O princípio é muito claro e diz assim: ‘Tudo que pode ser produzido no Brasil deve ser produzido no Brasil’. Porque somos capazes, com o mesmo preço, qualidade e prazo. É para empregar e gerar renda aqui, como o presidente Lula fez, e não exportar empregos.”

Sempre grata ao “grande mestre”, Dilma já chegou a citar Lula 29 vezes em um discurso. Seu maior desafio é construir uma identidade à margem do patrono político. Não apenas para esclarecer o rumo — e as diferenças — de seu governo, mas, sobretudo, dissipar eventuais dúvidas sobre um duplo comando na Presidência da República.

Lula defende manter Guido Mantega e Henrique Meirelles no governo Dilma

O GLOBO, 1 de novembro de 2010


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já aconselhou a sucessora, Dilma Rousseff, a manter Guido Mantega no Ministério da Fazenda e Henrique Meirelles no comando do Banco Central.

Apesar de Lula dizer publicamente que não interferirá no governo Dilma, a Folha apurou que ele já teve algumas conversas com ela sobre a formação do ministério.

Lula disse a Dilma que acha que deu certo a "dobradinha" entre Mantega, tido como mais desenvolvimentista, e Meirelles, mais conservador, na crise econômica internacional de 2008/ 2009.

Para Lula, a manutenção dos sinalizaria uma continuidade que acalmaria o mercado financeiro numa hora de preocupante valorização do real em relação ao dólar e de possibilidade de guerra cambial entre os países.

Meirelles seria um indicador da permanência do conservadorismo light adotado por Lula na política econômica. Já Mantega atenderia aos que pedem contraponto aos defensores de maior ortodoxia fiscal e monetária.

Além disso, há a avaliação de que a eventual manutenção de apenas um deles acabaria por chancelar um lado da disputa. Apesar do acerto na crise, há histórico anterior de embates entre os dois.

O petista também deu conselho a Dilma sobre o destino de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e coordenador da campanha dela.

Lula gostaria que Palocci chefiasse a Casa Civil e que fosse o chefe da transição da parte do novo governo --função que já cumpriu em 2002.

Palocci, que caiu no episódio da quebra de sigilo do caseiro Francenildo, é muito identificado com Lula. Há setores no PT que bombardeiam a ida de Palocci para cargo tão poderoso, sob o argumento de que ele seria uma sombra para Dilma.

Essas alas petistas defendem Palocci na Saúde, mas ele não gosta da ideia.

Se Palocci não for para a Casa Civil, crescem, nessa ordem, as chances de Paulo Bernardo (Planejamento) e de Alexandre Padilha (Relações Institucionais) de ocupar o posto. Bernardo está alguns pontos à frente. Dilma gosta de Padilha, também cotado para ser o novo chefe de gabinete da Presidência.

Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, deve ocupar a pasta dos Direitos Humanos ou outro cargo no Palácio do Planalto, como a Secretaria-Geral.

Um auxiliar direto de Lula avalia que é significativa a possibilidade de Dilma seguir os conselhos do atual presidente. Mas afirma que os dois deverão, publicamente, evitar tratar do ministério porque já ocorrem pressões de petistas e aliados por cargos no novo governo. Ela já disse a auxiliares que não pretende anunciar logo nomes do primeiro escalão.

Numa estratégia de ocupação de espaço, Meirelles prefere ir para um ministério e indicar o sucessor no BC.

O atual presidente do BC defende Alexandre Tombini, diretor de Normas da instituição. A cúpula do PMDB já recebeu pedido de Meirelles para indicá-lo para a Fazenda, mas Dilma resiste. É mais provável que ela peça para Meirelles ficar onde está.

Apesar da sugestão de Lula a favor de Mantega, Dilma também pensa em Luciano Coutinho --atual presidente do BNDES-- para a Fazenda.

O deputado federal José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), coordenador jurídico da campanha, é cotado para o Ministério da Justiça ou para a vaga em aberto no STF (Supremo Tribunal Federal). Na Petrobras, é dada como certa a manutenção de Sérgio Gabrielli.

Emocionado, Lula abraça Dilma e diz que ela foi uma 'guerreira'

O GLOBO, 1 de novembro de 2010


Ao receber a presidente eleita no Palácio da Alvorada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a abraçou com força e disse:

- Parabéns, você foi uma guerreira. Valeu! Você vai fazer um belo governo!.

Dilma e os demais convidados - ministros, governadores e parlamentares - já saíram do Alvorada. No entanto, ela não seguiu para a festa armada na Esplanada dos Ministérios.

Os quase dez mil simpatizantes da presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff (PT), foram frustrados com a ausência de Dilma na festa da vitória promovida pelo PT. O próprio partido anunciou que Dilma compareceria ao evento. No entanto, por volta das às 23h45m, o apresentador da festa informou que, devido ao cansaço e a série de tarefas do dia em que venceu o segundo turno, a presidente eleita do Brasil não pode discursar para a militância.

Na festa na Esplanada apenas lideranças, comanda pelo governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), discursaram para comemorar a vitória petista. No DF, o partido elegeu cinco deputados federais, 15 deputados distritais e o governador. Os dois senadores eleitos, Rodrigo Rollemberg (PSB) e Cristovam Buarque (PDT) também integram a chapa vitoriosa.

No discurso, Agnelo afirmou que implementará mudanças radicais e com maior velocidade com ajuda de Dilma na presidência. Ele reafirmou os compromissos de fazer um governo pautado pela moralidade.

Por inúmeras vezes militantes petistas gritaram palavras de ordem contra o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) repetindo "Roriz nuca mais". Eles também vaiavam cada vez que o vice-governador eleito Tadeu Fiippelli (PMDB), ex-aliado de Roriz, era citado pelo locutor. As vaias foram continua durante o rápido discurso do peemedebista.

Lula avisa que continuará a ser protagonista na cena política

O ESTADO DE S. PAULO, 1 de novembro de 2010

Apesar de descartar participar formalmente do próximo governo, presidente diz que quer seguir 'ajudando o Brasil'


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 31, que continuará à frente da rede de movimentos sociais e sindicais depois que deixar a Presidência. Em entrevista no pátio da Escola Estadual João Firmino, onde votou pela manhã, afirmou que estará à disposição de sua sucessora, a "companheira" Dilma Rousseff, para eventuais embates com os adversários e diálogos com empresários e aliados.

"Não tenho como desaparecer da minha relação com a sociedade de uma hora para a outra", afirmou. "Quero continuar viajando, ajudando o Brasil e a política", ressaltou. "Sou um ser humano político."

Nas respostas sobre o futuro político, Lula sugeriu que a disputa de 2014 é um tema de interesse da imprensa, enquanto a preocupação dele é permanecer em evidência nas ruas após deixar o governo. "Ela (Dilma) vai tomar posse no dia 1º. Eu vou para a terra e ela continua. Eu, no nosso barco", afirmou. E repetiu semblante de falta de interesse toda vez que foi perguntado sobre um possível terceiro mandato, dizendo não ter "vontade" de voltar ao Planalto.

Ao comentar o poder das ruas, ele observou que deixa o governo com 80% de aprovação. Mas descartou participar formalmente do futuro governo e mesmo das atividades do PT, mas estará aberto para conversas com Dilma. "Eu sou companheiro da Dilma, gente, lógico que eu vou discutir com ela muitas coisas", disse. "A única tarefa que eu não quero é ter tarefa dentro do governo ou do partido."

Se a situação da "companheira" estiver tranquila, Lula pretende se dedicar aos afagos a sindicatos e organizações não governamentais em atividade nos grotões do País e à sua imagem no exterior. "Eu tenho muita coisa a fazer no Brasil. Tenho relação muito forte com o movimento social. Vou continuar andando pelo País", disse. "Ainda temos que construir uma solidez forte na América Latina, a integração ainda não é total."

Para Lula, Dilma deve construir um governo com a "cara" dela, com pessoas de confiança que possa colocar e tirar. E sinalizou que a petista vai recorrer à mesma fórmula usada por ele em momentos de turbulência política – colar nos críticos a tarja de preconceituoso.

No primeiro mandato, o presidente acusava adversários de preconceito contra um ex-metalúrgico. Ontem, Lula disse que a petista sofreu por ser mulher. "Acho que é uma coisa delicada o que aconteceu nessa campanha, a disseminação do ódio e do preconceito", disse. "Em política, isso é muito grave."

PMDB. A uma pergunta sobre o apetite do aliado PMDB por cargos, o presidente respondeu que é um "grande engano" achar que o partido tomará conta do governo. Avaliou que Dilma está preparada para lidar com os aliados de forma "republicana" e montar uma equipe de acordo com a sua base de sustentação política. "Não tenho dúvida que fará um grande governo."

O presidente fez críticas às igrejas pela postura no debate do aborto e à imprensa por agir de "má fé" e "explorar" politicamente o discurso religioso, especialmente uma declaração recente do papa Bento XVI. "Acho que as igrejas vão ter de pensar o seu papel, porque muita gente usou e abusou do direito de vender inverdades", afirmou. "Alguns setores da imprensa erram ao tentar nivelar a política por baixo."