quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Número de mortos em operações no Rio chega a 13, diz polícia

ESTADÃO ONLINE, Merval Pereira, 24 de novembro de 2010

Cidade já sofre o quarto dia de ataques; pelo menos 14 suspeitos foram presos em diversas localidades


A Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro aumentou o número de mortos no balanço parcial da operação que realiza em diversos locais em resposta à onda de crimes na cidade. Segundo a PM, pelo menos 12 pessoas foram mortas desde terça-feira à noite e outras três ficaram feridas. Por enquanto, 14 foram presos nas operações, incluindo dois suspeito de incendiar um ônibus.

Oito mortes foram registradas em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, em ações do 39º Batalhão (Guaxá) e 54º Batalhão (Jardim Floresta). Duas pessoas foram presas e foram apreendidos um fuzil AR15, três pistolas 9mm, uma pistola 380, uma espingarda calibre 12, uma pistola 40, uma submetralhadora calibre 9mm e três mochilas com drogas.

Outras três mortes ocorreram na comunidade Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, e outro suspeito morreu no Morro do Tuiuti, em São Cristovão, todos na zona norte carioca. Nestes locais, quatro pistolas e um revolver foram apreendidos. No Morro do Encontro, um suspeito foi preso. Na Vila Kennedy, uma pessoa foi detida e foram encontradas uma granada, duas bombas caseiras, uma garrafa pet com material inflamável e uma moto foi recuperada.

Duas pessoas foram presas em Antares, onde grande quantidade de entorpecente ainda não contabilizado (maconha, crack e lança perfume) foi apreendida. Em Rolas, cinco foram detidos, entre eles um foi reconhecido como participante da queima de um ônibus. Em Anchieta, duas pessoas foram presas.

No Complexo do Alemão, na Penha, zona norte, três inocentes foram baleados. De acordo com as primeiras informações, eles são um policial, um homem de cerca de 30 anos, que foi ferido no pé, e o empresário Alvaro Lopes, de 81 anos, baleado no braço esquerdo, no pátio de sua empresa. "Vi o caveirão passando e senti o meu braço ensanguentado. Eu estava no pátio e não tive tempo para nada", disse o empresário que já teve alta do Hospital Getúlio Vargas.

Alerta - Por causa da onda de ataques na cidade, o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, assinou um decreto que coloca a corporação em estado de prontidão. Com isso, todas as folgas dos policiais são suspensas e os agentes precisam voltar aos batalhões de todo o Estado.

O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, disse na terça-feira que acionará a Força de Segurança Nacional caso seja necessário. Além disso, será intensificada a presença de policiais rodoviários em determinadas áreas e 13 presos que integram facções criminosas devem ser transferidos de presídios.

Ataques - Criminosos ignoraram o reforço do policiamento nas ruas e queimaram 13 veículos, desde às 22 horas de ontem. O primeiro carro foi incendiado na noite de ontem, por volta das 22 horas, na Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido, acesso ao Túnel Rebouças, principal ligação entre a zona norte e a zona sul da cidade.

Em seguida, quatro carros foram queimados em Niterói, na Região Metropolitana, com coquetéis molotov. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, os bandidos fuzilaram uma cabine da Polícia Militar e queimaram um Fiat Palio. Em Belford Roxo, também na Baixada Fluminense, dois ônibus da Viação Regina foram queimados. Na Via Dutra, na altura de Engenheiro Pedreira um coletivo da viação Expressão São Geraldo foi incendiado.

Dois ônibus foram queimados foram queimados em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Um caro foi queimado no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio. Nesta manhã, um ônibus da Viação Três Amigos foi queimado em Vicente de Carvalho, no subúrbio do Rio, nas proximidades da estação do Metrô, que não interrompeu os serviços por causa do ataque.

Em Santa Cruz, na zona oeste, outros dois coletivos foram incendiados. Um ônibus foi atacado na Rua Felipe Cardoso, enquanto uma van foi queimada na Rua Urucrânia. Ao menos quatro passageiros ficaram levemente feridos neste último ataque.

O suspeito de ter realizado um dos ataques, em Vicente de Carvalho, foi preso indo em direção ao Morro do Juramento. Segundo a Divisão de Homicídios, que efetuou a prisão, Magno Tavares Santos, de 24 anos, é morador do Complexo do Alemão, na Penha, e foi reconhecido por testemunhas.

Confirmados Mantega, Miriam Belchior e Tombini no governo de Dilma Roussef

VEJA ONLINE, Merval Pereira, 24 de novembro de 2010


A equipe de transição de Dilma Rousseff confirmou, em nota divulgada às 14h50 desta quarta-feira , os três primeiros nomes da equipe do novo governo: Guido Mantega, permanece no Ministério da Fazenda, enquanto Alexandre Tombini (diretor de normas do Banco Central), assume a Presidência do Banco Central e Miriam Belchior (coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC), vai comandar o Ministério do Planejamento. No caso de Tombini, a indicação ainda depende do aval do Senado.

“A presidente eleita determinou que a nova equipe assegure a continuidade da bem sucedida política econômica do Governo Lula – baseada no regime de metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal – e promova os avanços que levarão o Brasil a vencer a pobreza e alcançar o patamar de nação plenamente desenvolvida”, informa o texto divulgado pela assessoria da presidente.

Ainda na tarde desta quarta-feira, os novos ministros devem conceder uma entrevista coletiva sobre a formação da equipe econômica da presidente eleita. A entrevista irá acontecer no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da equipe de transição.

Os nomes anunciados nesta quarta-feira já haviam sido divulgados informalmente por fontes ligadas ao grupo de transição. O primeiro a ter o nome confirmado por Dilma foi Guido Mantega.

Depois de definir os principais nomes da equipe econômica, a presidente eleita se dedica agora a escolher o “núcleo duro” de seu governo. Só depois disso é que irá se debruçar sobre a escolha dos outros ministérios – alvos da cobiça de petistas e aliados, especialmente os do PMDB e do PSB.

Também nesta quarta-feira, o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, aceitou um convite de Dilma Rousseff para integrar o novo governo. De acordo com ele, a presidente eleita ofereceu a ele mais de uma opção de cargos. A decisão final ainda não foi tomada.

Lógica da escolha

O GLOBO, Míriam Leitão, 24 de novembro de 2010


Alexandre Tombini tem várias qualidades, mas não está sendo escolhido por elas e sim pela suposição de que será dócil ao comando da Fazenda. Com Miriam Belchior no Planejamento e Guido Mantega na Fazenda, o PT fica forte no governo e, dentro do PT, o que está sendo fortalecido é a turma dos gastadores. O problema é que a inflação está subindo.

O importante não é o nome do presidente do Banco Central, mas sim o princípio da autonomia da instituição. E ela não está garantida, apesar das declarações da presidente eleita, Dilma Rousseff, feitas até agora. Tombini está sendo escolhido na expectativa de que com uma diretoria de funcionários públicos, sem economistas de fora, possa ser fácil executar a ideia de uma coordenação entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central.

Tombini é elogiado por ex-dirigentes do Banco Central e por seus colegas: fez uma carreira brilhante e diversificada que foi da fiscalização ao departamento de pesquisas, e ao de normas. Passou três anos no FMI sob o comando de um dos melhores quadros da burocracia brasileira, Murilo Portugal. Mas o que pesou foi o pressuposto de que ele não exigirá respeito à autonomia. Com a inflação subindo e o cenário internacional se complicando, mais cedo do que se imagina o dilema vai se colocar para o governo Dilma.

Henrique Meirelles e, antes dele, Armínio Fraga, administraram com autonomia de fato a política monetária durante os três mandatos em que vigora o regime de metas de inflação. Não existe meia autonomia. Não existe coordenação possível entre Fazenda e Banco Central porque cada um tem que fazer o seu papel. O BC defende a moeda; a Fazenda defende o Tesouro da pressão dos ministérios gastadores - às vezes em aliança com o Planejamento -; e os ministérios setoriais pressionam por mais gastos. Cada um segundo a sua natureza.

Guido Mantega nos últimos dois anos inverteu a natureza da Fazenda e foi o que mais incentivou o aumento de gastos. A racionalidade fiscal tinha algum apoio no ministro Paulo Bernardo. O Banco Central decide por um colegiado do qual há muito tempo Tombini participa, mas tinha a liderança de Henrique Meirelles. Com isso, enfrentou e venceu várias brigas na hora de aplicar o amargo remédio da elevação dos juros diante dos riscos inflacionários.

Guido Mantega não só permaneceu, mas sua equipe está sendo fortalecida. Pelo menos, um dos seus subordinados, Nelson Barbosa, pode ser ministro também. O secretário do Tesouro, Arno Augustin, responsável direto pelas manobras contábeis que tornaram pouco confiáveis os indicadores de superávit primário, foi convidado por Mantega a permanecer. Miriam Belchior é o PAC no Planejamento, com todo o expansionismo fiscal que o plano significou até hoje, incluindo-se alguns projetos de alto risco de estouro das previsões de custo como trem-bala e Belo Monte. O risco fiscal subiu muito com as nomeações feitas até agora para o novo governo.

Apesar dos desmentidos, muito convenientes para a equipe de formação do novo governo, Meirelles foi convidado inicialmente a ficar e a conversa ficou inconclusa. Até que houve a reação furiosa de Dilma Rousseff ao pressuposto da autonomia do BC. O relevante é que se a autonomia estivesse implícita nem Meirelles a reclamaria, nem essa conversa provocaria fúria na presidente eleita, Dilma Rousseff.

Mesmo que venha a dizer que manterá a autonomia e o status ministerial do BC, o que a presidente gostaria era de mudar a forma de operação da equipe. Mas não será possível ao novo governo submeter o BC à Fazenda por um motivo com a qual não se negocia: a realidade. A inflação está subindo forte. O IPCA-15 de ontem foi mais alto do que a mais alta expectativa: 0,86%. A inflação de serviços está em 7,4%. Nos IGPs, a inflação saiu de -2% para quase 10% em doze meses. Há uma conjugação de fatores: preços de alimentos, pressão de cotações de commodities, contratos reajustados pelos IGPs e demanda aquecida. Num relatório da MB Associados analisando cada produto, a maioria tem pressão de alta. Sobram arroz e leite com tendência de queda. Com a demanda aquecida, inflação alta, gastos em expansão e crise externa, qualquer erro cobrará um preço alto do novo governo.

Adolescente morre em tiroteio no RJ e pai aplaude, ironizando PM

O GLOBO, Merval Pereira, 24 de novembro de 2010

Estudante de 14 anos foi baleada nas costas e morreu no hospital.
Três pessoas, que seriam moradores, morreram na Vila Cruzeiro.



A Secretaria estadual de Saúde confirmou a morte de uma adolescente de 14 anos, baleada nas costas, durante o conflito entre a PM e criminosos na Vila Cruzeiro, na Penha, no subúrbio do Rio.

Segundo parentes, a estudante estava em casa, mexendo no computador, quando foi atingida pelo tiro. Ela já chegou morta ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

Na porta da unidade de saúde, a família chorava. Num gesto de desespero, o pai da vítima se dirigiu aos prantos aos policiais que estavam próximo, e batendo palmas disse: "Parabéns, a operação de vocês matou mais um inocente".

A Secretaria estadual de Saúde informou que outras duas pessoas, que seriam moradores da favela, também morreram no hospital. Ao menos, outras sete pessoas foram baleadas no tiroteio.

Outros 12 mortos em operações - Chega a 12 o número de mortos em operações da Polícia Militar no Rio e na Baixada Fluminense nesta quarta-feira (24). O objetivo das ações é buscar suspeitos envolvidos nos ataques que ocorreram desde domingo (21). As informações constam do último balanço oficial da Polícia Militar, divulgado às 15h30.

Segundo o balanço, 13 pessoas foram presas nas ações desta quarta-feira e um policial militar ficou ferido. Nas ações, também foram apreendidas armas de diversos calibres e drogas.

Segundo informações do 4º BPM (São Cristóvão), um suspeito de tráfico foi baleado e morreu durante um tiroteio no Morro do Tuiti, em São Cristóvão, na Zona Norte da cidade.

De acordo com a Polícia Militar, nas comunidades de Guaxá e Jardim Floresta, ambas área do batalhão de Belford Roxo, oito pessoas foram mortas.

Na comunidade do Faz Quem Quer, área do batalhão de Rocha Miranda, outras três pessoas morreram.

Na Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, a Polícia Militar prendeu um homem de 23 anos, que portava duas bombas caseiras, uma granada e gasolina. O suspeito foi encaminhado para a 34° DP (Bangu). Nesta ação, uma moto roubada foi recuperada.
saiba mais

Imagens Globocop - Imagens feitas pelo Globocop no início da tarde desta quarta-feira mostram homens fortemente armados se reunindo em um dos acesso à Vila Cruzeiro, na Penha, subúrbio do Rio. Eles chegam ao local em grupos, em motos, armados com fuzis e apontam os fuzis para o alto. Tiros chegaram a ser disparados. Após imagens veiculadas, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) deu início a uma operação no local.

Foram registrados pelo menos 15 ataques desde a noite de terça-feira (23) até a manhã desta quarta, no Rio e Grande Rio. Cinco ônibus, 12 carros e uma van foram incendidados.

Suspeito preso - Policiais civis da Divisão de Homicídios (DH) prenderam em flagrante, na manhã desta quarta-feira, um suspeito de ter incendiado um ônibus na Avenida Vicente de Carvalho, no subúrbio do Rio.

Segundo os agentes, o suspeito, que seria morador do conjunto de favelas do Alemão, disse que estava acompanhado de dois menores. A DH participava de uma investigação, quando avistou os suspeitos correndo por um dos acessos ao Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, próximo do local onde o ônibus foi incendiado. Os menores conseguiram fugir.

Disque-denúncia recebeu 95 ligações - Desde o início da nova onda de ataques ocorridos na cidade – com carros e ônibus incendiados e cabines de PM baleadas – o Disque-Denúncia, até a manhã desta quarta-feira, recebeu 95 ligações com informações sobre supostos responsáveis pelos crimes. De acordo com o serviço, as denúncias começaram a ser feitas no último sábado (20).

As informações estão sendo filtradas e repassadas à polícia. O serviço não está oferecendo qualquer recompensa pelas informações.

Tiroteios em favelas do subúrbio - Uma série de tiroteios em favelas do subúrbio do Rio deixou os moradores e comerciantes em pânico nesta manhã. De acordo com informações da polícia, a PM faz operações no Morro da Fé, no conjunto de favelas da Penha, e no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. Os tiroteios são intensos.

Comerciantes da Avenida Vicente de Carvalho, nas imediações do Morro da Fé, na Penha, fecharam as portas e motoristas evitam passar pela região. Um ônibus foi incendiado próximo à estação do metrô.

Operações -
Policiais civis retornaram à favela de Manguinhos, no subúrbio, na manhã desta quarta-feira, onde realizam uma operação atrás de suspeitos de terem participado dos ataques. Houve troca de tiros na chegada da polícia.

De acordo com a assessoria da PM, o comandante-geral Mário Sérgio Duarte e toda a corporação estão de prontidão para o combate às ações criminosas. Com isso, todos os policiais que estão de folga estão sendo convocados para trabalhar. Além disso, está em andamento a operação Fecha Quartel, na qual os policiais que fazem serviços burocráticos são designados para auxiliar no patrulhamento nas ruas.

Dois veículos incendiados em Santa Cruz
Bombeiros do quartel de Santa Cruz foram acionados na manhã desta quarta-feira para conter um incêndio num ônibus na Rua Felipe Cardoso, próximo do conjunto Cesarão, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

Logo em seguida, foram chamados também para conter o fogo que atinge uma van na Estrada Urucânia, no mesmo bairro. Bombeiros dizem que ainda não sabem se os incêndios foram provocados por criminosos. Também não há informações sobre feridos.

PM de prontidão - Após os ataques entre a noite de terça-feira e a madrugada desta quarta-feira, a Polícia Militar informou que todo seu contingente está de prontidão. Segundo o relações públicas da PM, coronel Lima Castro, todos os policiais militares foram convocados e o expediente não tem horário de término.

“Toda a Polícia Militar está de prontidão. O esquema anterior era de redução de folgas, mas nesse momento todos os policiais que estavam em casa foram convocados e o expediente não tem hora para acabar”, informou o coronel.


A Polícia Militar do Rio afirmou nesta manhã que a estratégia traçada inicialmente pelos órgãos de segurança pública não falhou. “Fizemos uma reunião no Quartel General, quando foram dadas novas ordens, mas a participação da comunidade é fundamental. Estamos trabalhando em cima de denúncias e checando informações. As tropas continuam nas ruas e daremos seqüência ao trabalho hoje. Vai ser feito uma reunião para que se verifique se os horários tem que ser trocados, policiais remanejados e definir esses locais. Já temos alguma coisa preparada desde ontem”, disse Lima Castro.


Cronologia dos ataques
Nesta quarta-feira, nova onda de ataques assusta os moradores. Um ônibus foi queimado em Vicente de Carvalho e um carro foi incendiado nem Cavalcanti, ambas subúrbio, e um ônibus e uma van também ficaram em chamas em dois pontos distintos de Santa Cruz, na Zona Oeste, onde a polícia ainda invetsiga se o incêndio tem relação com os ataques.

Os novos ataques aconteceram em diferentes pontos do estado. Segundo a PM, os crimes aconteceram na Dutra; no Rio Comprido, na Zona Norte; no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste; em Belford Roxo e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; e em São Gonçalo e Niterói, na Região Metropolitana.

Nas últimas 24 horas, pelo menos 15 ataques foram registrados pela Polícia Militar. Os locais alvos de violência foram a Linha Vermelha, a Via Dutra, Irajá e Del Castilho, no subúrbio; Tijuca e Estácio, na Zona Norte; Laranjeiras e Lagoa, na Zona Sul, Santa Cruz, na Zona Oeste; Vicente de Carvalho, Cavalcanti e Jardim América, todos no subúrbio.



Motorista conta como socorreu vítima queimada em van incendiada no Rio

G1, 24 de novembro de 2010

Segundo Jorge Fontes, sogro dirigia veículo incendiado.
Ele conta que crimonosos atearam fogo antes de passageiros descerem.


“Eles atearam fogo sem que ninguém tivesse descido da van”, disse emocionado o genro do motorista de uma van incendiada nesta quarta-feira (24) em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Jorge Fontes também dirige uma van na mesma linha e foi chamado para prestar socorro às vítimas pelo próprio sogro.

Segundo Fontes, os criminosos teriam assaltado os passageiros antes de atearem fogo na van. “A princípio, a informação que me passaram foi de que dois criminosos pegaram a van na altura de Antares e, uns 500 metros, depois anunciaram o que seria um assalto. Eles então roubaram os pertences das vítimas, espalharam gasolina e acenderam o fogo sem esperar ninguém descer”, explicou o motorista.
Passageira de van sofreu queimaduras durante ataque no RioPassageira de van sofreu queimaduras durante
ataque no Rio (Foto: Jadson Marques/AE/AE)

Ao todo, segundo ele, quatro pessoas ficaram feridas. Já a Secretaria estadual de Saúde confirma apenas três atendimentos: o motorista do veículo sofreu queimaduras no braço esquerdo e nos tornozelos; a cobradora da van queimou as pernas e os pés; e um passageiro também teria sofrido queimaduras nas pernas e nos pés.

Sensação de medo
Jorge contou que ao chegar ao local do incêndio encontrou seu sogro desesperado. “Quando cheguei o vi chorando, falando que estava com medo de morrer. Ele já trabalha com van faz tempo e essa é primeira vez que isso acontece”, disse.

A onda de violência também preocupa o motorista. “A gente vê essas coisas acontecendo lá pra baixo e nunca imagina que vai acontecer com a gente. Eu trabalho com van durante todo dia. Ando de madrugada, de dia e a gente acaba tendo medo, né?”, disse.

O fogo consumiu todo o veículo, no entanto, segundo Fontes, a van estava no seguro. “Deu perda total. Mas tava no seguro, agora vamos ver como vai ser. Meu primo está lá no local aguardando a chegada perícia”, explicou.

Ônibus também foi incendiado em Santa Cruz
Os bombeiros do quartel de Santa Cruz foram acionados para conter um incêndio num ônibus na Rua Felipe Cardoso, próximo do conjunto Cesarão, no mesmo bairro.

No subúrbio, dois carros são incendiados
Mais dois carros foram incendiados por criminosos na manhã desta quarta-feira (24). De acordo com bombeiros do quartel de Irajá, o crime ocorreu na Estrada de Botafogo, em Costa Barros, no subúrbio do Rio, no trecho entre as comunidades do Morro da Pedreira e Fazenda Botafogo. De acordo com os bombeiros, os suspeitos teriam rendido os motoristas e mandado eles descerem dos carros, antes de atear fogo aos veículos. Os motoristas não se feriram.

Dez mortos em operações

Dez pessoas morreram durante operações realizadas pela Polícia Militar, na manhã desta quarta em comunidades do Rio. As operações acontecem simultaneamente na cidade, em busca de suspeitos envolvidos nos ataques que ocorreram desde domingo.

Na comunidade de Guaxá, área do Batalhão de Belford Roxo, três pessoas foram mortas. Lá, foram apreendidos um fuzil, uma espingarda e uma pistola. Em Jardim Floresta, na mesma área, quatro pessoas morreram e quatro armas foram apreendidas.

Na comunidade do Faz Quem Quer, área do Batalhão de Rocha Miranda, outras três pessoas morreram. Duas pistolas e um revólver foram apreendidos.

Na Vila Kennedy, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, a Polícia Militar prendeu um homem de 23 anos, que portava duas bombas caseiras, uma granada e gasolina. O suspeito foi encaminhado para a 34° DP (Bangu). Nesta ação, uma moto roubada foi recuperada.

Suspeito preso - Policiais civis da Divisão de Homicídios (DH) prenderam em flagrante, nesta manhã, um suspeito de ter incendiado um ônibus na Avenida Vicente de Carvalho, no subúrbio do Rio.

Segundo os agentes, o suspeito, que seria morador do conjunto de favelas do Alemão, disse que estava acompanhado de dois menores. A DH participava de uma investigação, quando avistou os suspeitos correndo por um dos acessos ao Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, próximo do local onde o ônibus foi incendiado. Os menores conseguiram fugir.

Disque-denúncia recebeu 95 ligações - Desde o início da nova onda de ataques ocorridos na cidade – com carros e ônibus incendiados e cabines de PM baleadas – o Disque-Denúncia, até a manhã desta quarta-feira (24), recebeu 95 ligações com informações sobre supostos responsáveis pelos crimes. De acordo com o serviço, as denúncias começaram a ser feitas no último sábado (20).

As informações estão sendo filtradas e repassadas à polícia. O serviço não está oferecendo qualquer recompensa pelas informações.

Tiroteios em favelas do subúrbio - Uma série de tiroteios em favelas do subúrbio do Rio deixa os moradores e comerciantes em pânico, na manhã desta quarta-feira (24). De acordo com informações da polícia, a PM faz operações no Morro da Fé, no conjunto de favelas da Penha, e no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. Os tiroteios são intensos, mas não há informações sobre feridos ou sobre apreensões.

Comerciantes da Avenida Vicente de Carvalho, nas imediações do Morro da Fé, na Penha, fecharam as portas e motoristas evitam passar pela região. Um ônibus foi incendiado próximo à estação do metrô.

Operações -
Policiais civis retornaram à favela de Manguinhos, no subúrbio, na manhã desta quarta-feira, onde realizam uma operação atrás de suspeitos de terem participado dos ataques. Houve troca de tiros na chegada da polícia, mas não há informações sobre feridos.

De acordo com a assessoria da PM, o comandante-geral Mário Sérgio Duarte e toda a corporação estão de prontidão para o combate às ações criminosas. Com isso, todos os policiais que estão de folga estão sendo convocados para trabalhar. Além disso, está em andamento a operação Fecha Quartel, na qual os policiais que fazem serviços burocráticos são designados para auxiliar no patrulhamento nas ruas.

Dois veículos incendiados em Santa Cruz - Bombeiros do quartel de Santa Cruz foram acionados na manhã desta quarta-feira (24) para conter um incêndio num ônibus na Rua Felipe Cardoso, próximo do conjunto Cesarão, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

Logo em seguida, foram chamados também para conter o fogo que atinge uma van na Estrada Urucânia, no mesmo bairro. Bombeiros dizem que ainda não sabem se os incêndios foram provocados por criminosos. Também não há informações sobre feridos.

13 ataques entre noite de terça (23) e madrugada de quarta (24)
Após 13 ataques entre a noite de terça-feira (23) e a madrugada desta quarta-feira (24), a Polícia Militar informou que todo seu contingente está de prontidão. Segundo o relações públicas da PM, coronel Lima Castro, todos os policiais militares foram convocados e o expediente não tem horário de término.

“Toda a Polícia Militar está de prontidão. O esquema anterior era de redução de folgas, mas nesse momento todos os policiais que estavam em casa foram convocados e o expediente não tem hora para acabar”, informou o coronel.

Estratégias não falharam, diz PM - A Polícia Militar do Rio afirmou nesta manhã que a estratégia traçada inicialmente pelos órgãos de segurança pública não falhou.

“(A estratégia) Não falhou. Fizemos uma reunião no Quartel General, quando foram dadas novas ordens, mas a participação da comunidade é fundamental. Estamos trabalhando em cima de denúncias e checando informações. As tropas continuam nas ruas e daremos seqüência ao trabalho hoje. Vai ser feito uma reunião para que se verifique se os horários tem que ser trocados, policiais remanejados e definir esses locais. Já temos alguma coisa preparada desde ontem”, disse o Relações Públicas da PM, coronel Lima Castro.

Cronologia dos ataques - Nesta quarta-feira (24), nova onda de ataques assusta os moradores. Um ônibus foi queimado em Vicente de Carvalho e um carro foi incendiado nem Cavalcanti, ambas subúrbio, e um ônibus e uma van também ficaram em chamas em dois pontos distintos de Santa Cruz, na Zona Oeste, onde a polícia ainda invetsiga se o incêndio tem relação com os ataques.

Os novos ataques aconteceram em diferentes pontos do estado. Segundo a PM, os crimes aconteceram na Dutra; no Rio Comprido, na Zona Norte; no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste; em Belford Roxo e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; e em São Gonçalo e Niterói, na Região Metropolitana.

Desde domingo, três cabines da Polícia Militar foram baleadas e aconteceram, no total, 22 ataques, com 23 veículos incendiados, sendo 14 nas últimas 24 horas. Outros dois veículos encontrados em chamas ainda têm o incêndio invetsigado para verificar se há relação com os ataques.Os locais alvos de violência foram a Linha Vermelha, a Via Dutra, Irajá e Del Castilho, no subúrbio; Tijuca e Estácio, na Zona Norte; Laranjeiras e Lagoa, na Zona Sul.

Bandidos voltam a caçar PMs no Rio

O GLOBO, Blog Repórter do Crime, 24 de novembro de 2010



A única evidência de que os novos ataques do tráfico tenham o objetivo de propaganda são as ordens que partiram da penitenciária de Catanduvas - para onde foram enviados os chefes do crime há cerca de quatro anos, justamente no início do governo Cabral. No entanto, parece não haver mais dúvidas de que a intenção dos bandidos é disseminar o pânico por meio de ações relâmpago, com arrastões e incêndios de carros de passeio, nos quais o motorista é o principal alvo. O sinal de que a violência visa intimidar o Estado é que os policiais militares voltaram a ser caçados pelos criminosos, como ocorreu no final de 2006. Só ontem duas cabines da PM foram metralhadas e hoje em Araruma dois policiais militares foram mortos numa emboscada. Em muitos arrastões, os bandidos procuram como loucos se há policiais entre os motoristas assaltados. Na Via Dutra, ontem à noite, os criminosos cismaram que um motorista era policial e ameaçavam matá-lo.

Como se vê é a total inversão de valores. Em vez de caçados, os bandidos é que estão caçando os policiais. Isso me faz lembrar um velho ditado da infância: quem não faz, leva.

Se a resposta do governo não for firme e rápida, os grupos clandestinos mais violentos da polícia podem vir a se unir e partir para o revide, com o risco de inocentes serem mortos em favelas e se manchar de sangue os esforços do poder público para os grandes eventos esportivos previstos para o Rio, como os Jogos Militares, no ano que vem. Fato é que as ações do fim de semana já estão alterando os hábitos dos cariocas e desestimulando a chegada de estrangeiros. Uma fonte da área da saúde me informou que três consultores da OPAS e da OMS desistiram de continuar no Rio, onde estavam trabalhando pela liberação de mais de U$ 200 milhões para programas de saúde. Eles ficaram chocados com as imagens de carros incendiados na Linha Vermelha, no domingo à tarde.

Apesar disso, outra fonte, da área de segurança, está convencida de que a situação é crítica, mas não há motivo para pânico. "Trata-se de um grupo de baderneiros que aproveitou o relaxamento das operações policiais em favelas após a morte de um menino num Ciep", diz a fonte, destacando que a medida coincidiu com o período pré-eleitoral. Para evitar algum desastre junto à opinião pública, as operações em favelas passaram a ser centralizadas pelos dois chefes das polícias, desde agosto deste ano. O discurso do PPP (Pau, PAC e Porrada) foi substituído pelo dos investimentos no policiamento de proximidade, também conhecido como policiamento comunitário.

Como disse ontem, a situação exige interação total de todos os organismos de segurança em todas as esferas de governo. Diagnóstico rápido, planejamento instantâneo e ação terão que estar na receita óbvia a ser empregada pela Secretaria de Segurança, se quiser obter êxito no combate ao crime. Para isso vai precisar investir mais em inteligência e ocupar permanentemente os locais considerados mais vulneráveis, assim como ocorreu com a política de pacificação de favelas. Se já existem 12 UPPs que colocaram a polícia de modo permamente nos morros, já está passando da hora de se ocupar da mesma forma vias expressas que garantem o direito de ir e vir livremente, com segurança. O grande desafio é o déficit de policiais e a ausência de uma polícia de policiamento das ruas. Beltrame tem se esforçado mas, em quatro anos, só conseguiu levar de volta à PM metade dos 5 mil policiais cedidos a outros órgãos. Ontem eu soube que há 300 policiais que trabalham como motoristas de comandantes de unidades da PM.

Nesse contexto, o poder público vai receber grande contribuição do Disque-Denúncia (2253-1177), que desde a semana passada criou uma força-tarefa para analisar o modus-operandi, os locais e os principais suspeitos de estarem à frente das quadrilhas que tentam dominar o asfalto. São informações essenciais para a Secretaria de Segurança fazer o diagnóstico necessário para enfrentar com inteligência e precisão a nova emergência.

O terror e a Lei

O GLOBO, Merval Pereira, 24 de novembro de 2010



O governo do Rio está tomando providências em diversas frentes, invadindo várias favelas controladas pela facção criminosa que estaria promovendo esses arrastões, e ao mesmo tempo o governador Sérgio Cabral pediu que a Polícia Rodoviária Federal entrasse em alerta máximo, oficialmente para ajudar no controle das vias expressas como as Linhas Vermelha e Amarela, onde têm acontecido muitos ataques dos bandidos. Na realidade, as autoridades lidam também com uma denúncia de que um caminhão de explosivos estaria sendo desviado para o Rio para atentados, o que configura o caráter terrorista das ações dos últimos dias.

Este foi um primeiro pedido oficial do governo do Rio ao governo Federal, dando a dimensão da gravidade do caso, e o Ministro da Justiça ofereceu até mesmo a Força Nacional de Segurança.

Essa ação nos morros é uma reação para demonstrar à facção criminosa que não haverá recuo no combate ao crime organizado.

Além da ação terrorista coordenada para acuar as autoridades, há também a bandidagem que, expulsa dos morros, está no asfalto tentando reverter seus prejuízos.

Seria de se esperar que esse tipo de crime aumentasse nas ruas da cidade, e que muitos desses criminosos fossem para outras cidades do interior do estado, onde o índice de criminalidade tem crescido.

Inclusive porque a tática do governo é avisar com antecedência que vai invadir este ou aquele morro, dando tempo para os bandidos saírem sem resistir à chegada da polícia, para evitar um banho de sangue e colocar em risco os moradores.

Isso porque a ideia principal das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) não é acabar com o tráfico de drogas, mas sim acabar com o domínio dos bandidos sobre o território das favelas.

Interessa mais a essa política liberar as favelas para os cidadãos do que propriamente impedir o tráfico e prender os traficantes.

Mas a única coisa a fazer é continuar na estratégia de ir avançando no domínio do território ocupado pelos bandidos.

Sucessivos governos deixaram esses criminosos tomarem conta das favelas da cidade e agora para alcançar uma pacificação desses territórios é preciso devolver ao Estado o chamado "monopólio da força" onde os criminosos o exercem.

O Ministério da Justiça ofereceu também vagas em presídios federais para que sejam transferidos bandidos que continuam mandando ordens de dentro dos presídios estaduais, mas se as ameaças continuarem será preciso pedir a ajuda das Forças Armadas.

A tendência natural do governo, qualquer governo, é tentar reduzir o tamanho da ameaça, e é por isso que o secretário de Segurança José Beltrame, que está fazendo um excelente trabalho, diz que essas ações são feitas por uma facção criminosa pequena que não se conforma com a perda de espaço para suas ações nos morros da cidade.

Pode ser, mas o que estamos vendo são ações coordenadas, como se fossem treinadas com o objetivo único de causar impacto na população.

Os métodos são de ataques terroristas, com táticas de guerrilha. Tudo indica que são pessoas treinadas, muitos indícios de que há ex-soldados cooptados pelos traficantes.

Naquele episódio da tomada do Hotel InterContinental, em São Conrado, os filmes mostravam movimentos dos bandidos muito organizados, com claro preparo militar.

"Devido à existência do controle territorial armado por narcotraficantes e milícias, a retomada definitiva, com a retirada das armas, é uma questão estratégica e não tática", afirma um trabalho da Casa das Garças, um instituto de estudos do Rio, já abordado pela coluna, sobre as favelas do Rio.

O trabalho chegou à conclusão de que "o Estado e a sociedade civil estão presentes nas favelas. A ausência do Estado ocorre apenas em uma função: o policiamento ostensivo. Porém, este é o ponto primordial para que todos os demais direitos e equipamentos sejam acessados".

O estudo indica como ação prioritária após a "retomada definitiva e a pacificação", entre outras, a formalização dos negócios e a regularização da situação fundiária e do habite-se.

O mesmo grupo prepara-se agora para analisar as experiências de regularização de títulos em diversos países. No Rio, há uma ação bem-sucedida do Instituto Atlântico dando títulos de propriedade à comunidade do Cantagalo, um morro incrustado entre Copacabana e Ipanema.

O economista Sérgio Besserman, que já foi presidente do IBGE, também acha, como já registramos aqui na coluna, que o principal serviço público que o Estado está deixando de oferecer as populações dessas comunidades é a segurança, "não a segurança de não ter crime, de não ter tráfico, mas a segurança de a pessoa poder andar livremente".

Concordando com o objetivo básico das UPPs, Besserman acha que "se vai ter tráfico em Botafogo, em Copacabana, no Recreio, combatam o tráfico com inteligência. Mas a rua, a praça, o poder tem que ser do povo, através do Estado".

Se a situação chegar ao ponto de o governo estadual ter de pedir a intervenção das Forças Armadas, haverá uma nova situação, isso porque o Exército ganhou poder de polícia para ações urbanas em recente reforma do sistema de Defesa nacional, mas não está claro se ele pode exercê-lo nas cidades ou apenas nas fronteiras, no combate ao contrabando de armas e drogas.

A atuação das Forças Armadas nos conflitos urbanos sempre foi um tema polêmico, e embora seja cada vez maior a certeza de que as tropas brasileiras estão preparadas para agir em favelas do Rio de Janeiro, depois da experiência de campo nas favelas de Porto Príncipe, há ainda dúvidas sobre até que ponto elas poderiam atuar na repressão ao crime organizado.