Na semana passada a Câmara Municipal de Cornélio Procópio bateu um recorde que até faz merecer a presença de Jack Palance, o ator americano que apresentava casos absurdos no antigo programa de televisão "Acredite se quiser". O recorde é mais um dos despropósitos criados pela bancada aliada do prefeito Amin Hannouche (PP), um grupo de vereadores que mantém o legislativo municipal submisso aos interesses do prefeito.
Nesta terça-feira passada a Câmara teve uma sessão ordinária que durou exatos quatro minutos e trinta e quatro segundos. Isso mesmo: uma sessão de trabalhos da Câmara que durou menos de cinco minutos.
Mesmo que Cornélio Procópio fosse uma cidade sem problemas não se justificaria algo assim. E a cidade vive hoje uma realidade que nada tem de tranqüila: os problemas se acumulam, até pela evidente dificuldade técnica que o prefeito Amin Hannouche (PP) demonstra ter para tocar a administração do município.
Cornélio Procópio vive hoje uma situação difícil, tanto no aspecto moral quanto na questão técnica. Os problemas da cidade são muitos: obras emperradas, com algumas delas atrasadas em mais de um ano além dos prazos de execução; ruas esburacadas, de tal forma que o próprio prefeito já confessou que o conserto disso custaria quase todo o orçamento do município; problemas na limpeza pública, com um desleixo tão grande que em alguns locais existe risco até para a saúde pública e a segurança do cidadão; dificuldades graves de administração da área municipal da saúde, o que fica claro na denúncia recente de que o prefeito pretende instalar o SAMU na propriedade da família de um vereador aliado; insegurança tomando conta da cidade, o que fica constatado em estatística do próprio governo estadual, que coloca a cidade no topo em questão de falta de segurança...
Enfim, não faltam na cidade assuntos que exigem a atenção de seus vereadores. A lista de problemas é grande e todo cidadão procopense sabe disso. Que os vereadores dediquem menos de cinco minutos de trabalho para trabalhar pela cidade é mais um dos inacreditáveis absurdos gerados por esta Câmara.
Com atitudes como essa, os vereadores ligados ao prefeito Amin Hannouche lançam o legislativo municipal num descrédito inédito na história de Cornélio Procópio. E não é a primeira vez que fazem isso. É sempre pouquíssimo trabalho pelo interesse público e muita ambição pessoal.
No âmbito do município a até mesmo da própria Câmara muitos são os assuntos que exigiriam sérias discussões e um aplicado empenho no trabalho, questões que pedem muito mais tempo que os menos de cinco minutos de trabalho que os vereadores concederam na última terça-feira para a cidade que os elegeu.