sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Seis capitais concentram 25% do PIB do país, diz IBGE

GAZETA DO POVO, 10 de dezembro de 2010

Curitiba está em 4.º lugar no ranking de contribuição para o PIB em 2008


Apenas seis dos 5.564 municípios brasileiros geravam aproximadamente um quarto de toda a renda do país em 2008 (R$ 3,031 trilhões). Se a lista for ampliada para 51 cidades, chega-se à metade do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país. Por outro lado, é necessário contabilizar a renda gerada por 1.313 municípios da base do ranking para se alcançar 1% do total da riqueza nacional.

Os dados fazem parte da pesquisa PIB dos Municípios 2008, divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a coordenadora do levantamento, Sheila Zani, os números revelam que ainda existe forte concentração de renda no país.

“Observamos que em toda a série da pesquisa, desde 1999, há uma enorme concentração, sem alterações significativas entre os municípios que têm as maiores participações no PIB. Mesmo entre aqueles que lideram a lista há grandes diferenças”, afirmou.

Entre os primeiros do ranking de contribuição para o PIB do país em 2008 estão: São Paulo (11,8%), Rio de Janeiro (5,1%), Brasília (3,9%), Curitiba (1,4%), Belo Horizonte (1,4%) e Manaus (1,3%). As mesmas capitais aparecem entre os seis municípios com maiores PIBs desde o início da série, em 1999.

Capital paranaense - Apesar de Curitiba ser a quarta capital com maior contribuição para o PIB do país em 2008, a participação se mantém estagnada desde 1999. No período entre 1999 e 2008, o índice de 1,4% se repetiu em todos os anos, com exceção de 2001, quando a capital registrou participação de 1,3%. O resultado de Curitiba é bastante semelhante ao de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que também tem o índice de 1,4% predominando no período. A capital mineira registrou por duas vezes, em 2000 e 2006, participação de 1,3%.

O desempenho da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) também se manteve estável nesse período. A RMC ocupa a sétima colocação no ranking das mesorregiões com participação de 2,8% no PIB do país, o que representa um avanço de 0,1% no período.

Brasil - Em relação ao ano anterior, o levantamento aponta que São Paulo e Rio de Janeiro, embora tenham se mantido na liderança, perderam participação percentual em relação ao país. Em 2007, São Paulo era responsável por 12,1% de toda a geração de renda no país, e a capital fluminense por 5,3%.

Sheila Zani afirmou que a perda de participação da capital paulista pode ser explicada, em parte, pelo desempenho do setor financeiro. O estado paulista detém 51% do valor dos serviços financeiros do país, sendo boa parte concentrada na capital.

“Embora o volume do setor financeiro tenha aumentado muito em 2008, o diferencial de juros cobrados pelos bancos caiu muito, já que para fazer frente à crise financeira no segundo semestre de 2008, o governo abriu crédito, mas diminuiu a margem de juros dos bancos e reduziu tarifas bancárias nos bancos públicos. Isso causou um efeito dominó, atingindo também os bancos privados e impactou muito o município de São Paulo”, afirmou.

A coordenadora da pesquisa também destacou que o ano de 2008 não foi bom para a indústria da capital paulista, pois os setores que mais cresceram foram os que estão fora do município, em cidades do interior do estado, como o automobilístico e o de extrativismo mineral.

Ainda de acordo com o levantamento, no caso do Rio de Janeiro, a perda de participação pode ser explicada principalmente pela queda no setor de energia elétrica e pelo maior crescimento dos municípios do norte fluminense, impulsionados pelo desempenho da extração de petróleo.

“As tarifas de energia elétrica tiveram queda de 4,1%, o que causou impacto na economia da capital fluminense. Além disso, a indústria extrativa, que não está presente na capital, cresceu bastante em 2008. Por isso, esse resultado está muito mais ligado ao desenvolvimento de outros municípios do estado do que propriamente a perda da capital”, explicou.

Brasília, terceira colocada na lista, sofreu pequeno ganho de participação, de 3,8% para 3,9% entre 2007 e 2008, influenciado por reajustes salariais, o que também impulsionou o comércio.

Na outra ponta, entre os cinco municípios de menor PIB, todos nas regiões Norte e Nordeste, estão: Areia de Baraúna (PB), São Luis do Piauí (PI), São Feliz do Tocantins (TO), Santo Antônio dos Milagres (PI) e São Miguel da Baixa Grande (PI). Juntas, as economias dessas cidades representavam aproximadamente 0,001% do total do país.

Curitiba apresenta o 4º maior PIB do país

AGÊNCIA BRASIL, 10 de dezembro de 2010

Cerca de 50 cidades eram responsáveis por metade do PIB do país


A cidade de Curitiba, com 1,4%, é a quarta capital do país no ranking de contribuição para o PIB do país. A cidde fica atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Os dados fazem parte da pesquisa PIB dos Municípios 2008, divulgada hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a coordenadora do levantamento, Sheila Zani, os números revelam que ainda existe forte concentração de renda no país.

Apenas seis dos 5.564 municípios brasileiros geravam aproximadamente um quarto de toda a renda do país em 2008 (R$ 3,031 trilhões). Se a lista for ampliada para 51 cidades, chega-se à metade do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país. Por outro lado, é necessário contabilizar a renda gerada por 1.313 municípios da base do ranking para se alcançar 1% do total da riqueza nacional.

“Observamos que em toda a série da pesquisa, desde 1999, há uma enorme concentração, sem alterações significativas entre os municípios que têm as maiores participações no PIB. Mesmo entre aqueles que lideram a lista há grandes diferenças”, afirmou.

Entre os primeiros do ranking de contribuição para o PIB do país em 2008 estão: São Paulo (11,8%), Rio de Janeiro (5,1%), Brasília (3,9%), Curitiba (1,4%), Belo Horizonte (1,4%) e Manaus (1,3%). As mesmas capitais aparecem entre os seis municípios com maiores PIBs desde o início da série, em 1999.

Em relação ao ano anterior, o levantamento aponta que São Paulo e Rio de Janeiro, embora tenham se mantido na liderança, perderam participação percentual em relação ao país. Em 2007, São Paulo era responsável por 12,1% de toda a geração de renda no país, e a capital fluminense por 5,3%.

Sheila Zani afirmou que a perda de participação da capital paulista pode ser explicada, em parte, pelo desempenho do setor financeiro. O estado paulista detém 51% do valor dos serviços financeiros do país, sendo boa parte concentrada na capital.

“Embora o volume do setor financeiro tenha aumentado muito em 2008, o diferencial de juros cobrados pelos bancos caiu muito, já que para fazer frente à crise financeira no segundo semestre de 2008, o governo abriu crédito, mas diminuiu a margem de juros dos bancos e reduziu tarifas bancárias nos bancos públicos. Isso causou um efeito dominó, atingindo também os bancos privados e impactou muito o município de São Paulo”, afirmou.

A coordenadora da pesquisa também destacou que o ano de 2008 não foi bom para a indústria da capital paulista, pois os setores que mais cresceram foram os que estão fora do município, em cidades do interior do estado, como o automobilístico e o de extrativismo mineral.

Ainda de acordo com o levantamento, no caso do Rio de Janeiro, a perda de participação pode ser explicada principalmente pela queda no setor de energia elétrica e pelo maior crescimento dos municípios do norte fluminense, impulsionados pelo desempenho da extração de petróleo.

“As tarifas de energia elétrica tiveram queda de 4,1%, o que causou impacto na economia da capital fluminense. Além disso, a indústria extrativa, que não está presente na capital, cresceu bastante em 2008. Por isso, esse resultado está muito mais ligado ao desenvolvimento de outros municípios do estado do que propriamente a perda da capital”, explicou.

Brasília, terceira colocada na lista, sofreu pequeno ganho de participação, de 3,8% para 3,9% entre 2007 e 2008, influenciado por reajustes salariais, o que também impulsionou o comércio.

Na outra ponta, entre os cinco municípios de menor PIB, todos nas regiões Norte e Nordeste, estão: Areia de Baraúna (PB), São Luis do Piauí (PI), São Feliz do Tocantins (TO), Santo Antônio dos Milagres (PI) e São Miguel da Baixa Grande (PI). Juntas, as economias dessas cidades representavam aproximadamente 0,001% do total do país.

Paraná tem maiores taxas de analfabetismo do Sul

FOLHA DE LONDRINA, 10 de dezembro de 2010

Índice de analfabetismo funcional está acima da média nacional, aponta estudo do Ipea


O Paraná é o Estado da Região Sul que tem maior proporção de analfabetos na população com 15 anos ou mais A informação consta de um comunicado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feito a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE Os resultados foram divulgados ontem.

Em 2009, 6,7% da população paranaense com idade igual ou superior a 15 anos era analfabeta. Em Santa Catarina, a proporção verificada foi de 4,9%, e no Rio Grande do Sul, 4,6%. Nacionalmente, o índice de analfabetismo registrado foi de 9,7%. Nas taxas de analfabetismo funcional, o Paraná também teve o pior desempenho entre os Estados do Sul (veja gráfico) Para o instituto, uma pessoa é considerada analfabeta funcional se tiver nível de escolaridade inferior a quatro anos de estudo.

Wagner Roberto do Amaral, chefe do Departamento da Diversidade da Secretaria de Estado da Educação, apontou que o Governo do Paraná vem empreendendo esforços para reduzir as taxas de analfabetismo. Ele disse que nos últimos anos mais de 400 mil pessoas com idade igual ou superior a 15 anos passaram pelo programa Paraná Alfabetizado.

''Temos investido em locais alternativos, que em muitos casos não possuem equipamentos públicos. A dificuldade é encaminhar o aluno para a continuação dos estudos. A pessoa sente que, para estar alfabetizada, precisa estar em um ambiente escolar. A ausência de oferta dessa continuidade é um limite Por falta de condições de afirmar essa identidade de pessoa alfabetizada, ela talvez não se declare alfabetizada'', comentou Amaral.

O Paraná acompanhou a tendência nacional de queda das taxas de analfabetismo e analfabetismo funcional. O estudo aponta, porém, que o analfabetismo tem sido reduzido de forma lenta. Segundo o Ipea, a falta de investimentos em educação se reflete na maior proporção de analfabetos em grupos sociais historicamente vulneráveis.

''O legado de atraso educacional foi sendo sedimentado e, em alguma medida, contribuiu para o aprofundamento das desigualdades e da exclusão social no País, razão pela qual a incidência do analfabetismo é bem maior entre os mais velhos, pobres, residentes no Nordeste e em áreas rurais'', afirmou o coordenador de Educação do Ipea, Paulo Corbucci.

PIB per capita do londrinense é menor que do brasileiro

FOLHA DE LONDRINA, 10 de dezembro de 2010


A pesquisa PIB dos Municípios 2008 divulgada hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que o PIB per capita (tudo o que foi produzido dividido pelo número de habitantes) de Londrina em 2008 foi R$ 15.902,05. Toda a riqueza do município neste ano foi R$ 8 bilhões.

O PIB per capita londrinense é menor do que PIB per capita brasileiro registrado em 2008 que foi R$ 15.989,77. O Produto Interno Bruto do Brasil é de R$ 3 trilhões.

No Paraná, o PIB per capita londrinense também é menor do que o das maiores cidades do estado, como Foz do Iguaçu, Maringá e Ponta Grossa. Já o PIB per capita de Curitiba é de R$ 23.696,43.


Curitiba – R$ 23.696,43

Cascavel – R$ 15.214,21

Foz do Iguaçu – R$ 18.831,07

Maringá – R$ 18.558,68

Ponta Grossa – R$ 16.137,42



Região Metropolitana

Na região metropolitana de Londrina, o menor PIB é de Jataizinho, com R$ 6.746,05. Apenas Ibiporã e Rolândia têm PIBs per capita maiores que Londrina.

Bela Vista do Paraíso – R$ 12.858,48

Cambé – R$ 15.650,80

Ibiporã – R$ 17.920,63

Jataizinho – R$ 6.746,05

Rolândia – R$ 16.651,89

Sertanópolis – R$ 14.378,48

Tamarana – R$ 10.276,66



No estado
As cidades paranaenses com menores PIBs per capita estão nas na região metropolitana de Curitiba: Almirante Tamandaré (R$ 4.955,85) e Piraquara (R$ 4.531,97)

Já os maiores PIBs per capita estão em Araucária – R$ 94.965,63 – devido à refinaria da Petrobras e no pequeno município de Japira, que tem populaçaõ de 5 mil habitantes e PIB per capita de R$ 48.439,03.

Entre os estados da região sul, o menor PIB per capita está no Paraná:

Região Sul – R$ 18.257,79

Paraná – R4 16.927,98

Rio Grande do Sul – R$ 18.378,17

Santa Catarina – R$ 20.368,64


Depoimentos confirmam atos secretos na Assembleia Legislativa

GAZETA DO POVO, 10 de dezembro de 2010

Em julgamento de Abib Miguel, servidores afirmaram que pessoas foram contratadas de modo irregular


Servidores da Assembleia Legislativa do Paraná confirmaram, em depoimento judicial, que pessoas foram contratadas de modo irregular, ignorando a documentação necessária para a nomeação. As declarações, que reforçaram a existência de atos secretos no Legislativo estadual, marcaram o início do julgamento do ex-diretor-geral da Casa Abib Miguel, o Bibinho, na manhã de ontem.

Os depoimentos fazem parte da ação judicial que acusa Bibinho e outros dois ex-diretores da Assembleia – José Ary Nassiff e Cláudio Marques da Silva, que também estão presos, de providenciar a contratação de mais de uma dezena de integrantes da família Gbur, que teriam recebido salário sem nunca ter trabalhado na Casa. O envolvimento da família teria possibilitado o desvio de mais de R$ 13 milhões, mas o Ministério Público (MP) estima que o rombo com o esquema de funcionários fantasmas é bem maior e supera a casa dos R$ 100 milhões.

Seis pessoas prestaram depoimentos ontem. Thayse Gbur contou que trabalha em uma empresa que lava carrros e que foi informada pelo Ministério Público que esteve na lista de funcionários da Assembleia. Disse que cedeu cópias de documentos pessoais para um parente do marido, Alessandro Gbur, com a promessa de ser beneficiada por um seguro. Acrescentou que não assinou documento algum nem abriu conta bancária. Dois permissionários de táxi confirmaram que Eduardo Gbur, que também já esteve na lista de servidores da Assembleia, é taxista pelo menos desde 2008.

Marco Antonio Marconcin, que presidiu a comissão de sindicância instalada pela Assembleia, disse que a investigação interna não encontrou prova de que o ex-diretor participou de qualquer ato ilícito, mas reforçou que toda a contratação de pessoal, necessariamente, passava pela diretoria-geral.

O atual diretor de pessoal, Antonio Carlos Gulbino, afirmou que era coordenador de recursos humanos até março e que encontrou arquivos incompletos de funcionários. Segundo ele, algumas pastas estavam sem o ato de nomeação, tinham número de ato incompatível ou não tinham a documentação assinada pelos responsáveis pela contratação. Gulbino ainda acrescentou que, em tese, tais pessoas não poderiam ser incluídas na folha de pagamento sem a documentação completa.

A funcionária Cleia Carazzai confirmou que era responsável pelo registro em livro da sequência dos atos de nomeação e que recebeu ordem do ex-diretor de pessoal Cláudio Marques da Silva de deixar espaços não preenchidos para serem completados quando necessários. Também admitiu que, em 2008, preencheu no livro uma sequência de atos referentes aos anos de 2003 e 2006.

O processo, que corre na 9.ª Vara Criminal, é o primeiro que chega à fase de depoimentos. O ex-diretor, acusado de chefiar um esquema de desvio de recursos públicos por meio da contratação de funcionários fantasmas, é réu em mais uma ação judicial e alvo de uma série de investigações do Ministério Público.

Sem imprensa - A defesa de Bibinho solicitou à juíza Ângela Ramina que a imprensa não estivesse presente na audiência. Pediu ainda que, como havia apenas um advogado de defesa, só um promotor participasse dos interrogatórios. A juíza decidiu que a imprensa poderia permanecer na sala de audiência porque o processo é público e determinou que não fossem feitas gravações de imagem e áudio ou entrevistas, em respeito à privacidade das pessoas que estavam lá.

A previsão inicial era de que o interrogatório levaria três dias. Mas a defesa – que avaliou que os depoimentos do dia não acrescentaram novidades ao processo e que o Ministério Público não apresentou ainda nenhuma prova cabal do envolvimento de Bibinho em ações ilícitas – decidiu dispensar as 46 testemunhas que falariam a favor do ex-diretor-geral. O julgamento, então, foi suspenso, até que a última testemunha de acusação seja ouvida.


Bibinho leva palavras cruzadas ao tribunal
Vindo do quartel central da Polícia Militar, no qual está preso desde agosto, Bibinho deu mostras de que chegou ao fórum, na manhã de ontem, preparado para passar o tempo. Nas mãos, uma revista de palavras cruzadas. Nos primeiros instantes na sala de audiências, optou pelo silêncio e permaneceu cabisbaixo, muitas vezes com os olhos fechados. Folheava a revista, mas sem sacar a caneta do bolso da camisa para preencher as lacunas.

Em muitos momentos, o ex-diretor-geral parecia distante e pensativo. Tirava os óculos e, segurando-os pela haste, ficava girando, com o olhar perdido. Mas, por vezes, Bibinho se mostrava interessado no que estava sendo dito nos depoimentos, inclusive orientando o advogado sobre o que devia ser perguntado às testemunhas ou contestando, ao pé do ouvido, algumas declarações feitas. “Isso lá é pergunta, pô!”, comentou sobre um questionamento do MP a uma testemunha acerca do procedimento para a abertura de contas bancárias de funcionários. “Isso [que está sendo perguntado] está nos autos?”, indagou ao advogado, em forma de cochicho, em outro momento. Muitas vezes mexia a cabeça, concordando ou discordando do que estava sendo dito pelas testemunhas.


Prefeitos são denunciados por contratação de parentes

FOLHA DE LONDRINA, 10 de dezembro de 2010


O Ministério Público do Paraná ajuizou duas ações civis públicas pela prática de atos de improbidade administrativa no município de Tamboara, no Noroeste do Paraná, relacionadas à prática de nepotismo tanto pelo atual prefeito municipal, Reinaldo Gimenez Milan, quanto pelos seus antecessores no cargo, Milton de Jesus Rodrigues e Luís Rogério Gimenez.

Segundo a 1ª Promotoria de Justiça de Paranavaí, responsável pelas ações, o atual prefeito Reinaldo Gimenez Milan teria contratado ilegalmente, para o exercício de cargos comissionados, parentes seus, do vice-prefeito e de secretários municipais. Os ex-prefeitos Milton de Jesus Rodrigues, já falecido, e Luís Rogério Gimenez, por outro lado, teriam realizado a contratação de parentes um do outro, e também de parentes de vereadores e secretários municipais.

Na segunda ação, voltada contra os ex-prefeitos, o MP-PR contesta outras diversas nomeações irregulares, como a que levou Milton de Jesus Rodrigues a indicar a própria filha para o cargo comissionado de assessora de departamentos. Essa mesma filha, aliás, teria sido recontratada depois pelo prefeito seguinte, Luís Rogério, para o cargo comissionado de encarregada pela Divisão de Creches. Os cargos em questão, segundo a ação civil pública, seriam na verdade relativos a funções burocráticas, por natureza indicados para ocupação por servidores efetivos, mediante prévia aprovação em concurso público.

Somando-se esta a outras dez nomeações ilegais, o Ministério Público apurou que os beneficiados perceberam indevidamente vantagens públicas em valores originais – isto é, não corrigidos – da ordem de R$ 696.280,08. Diante dos fatos a 1ª Promotoria de Justiça de Paranavaí requereu à Justiça, entre outras providências, o sequestro dos bens dos envolvidos, como forma de garantir a reparação dos prejuízos causados ao erário, a declaração da nulidade das nomeações realizadas e o retorno de todos os valores desviados ilicitamente às contas da Prefeitura de Tamboara.

Que fazer com nossas cidades?

O ESTADO DE S. PAULO, Washington Novaes, 10 de dezembro de 2010


No momento em que estas linhas são escritas, continuam em Cancún, no México, as discussões no âmbito da Convenção do Clima, com escassas possibilidades de que até hoje à noite ou a madrugada de amanhã se consiga chegar a algum acordo sobre redução de emissões de poluentes obrigatório para todos os países - como já se comentou neste espaço na semana passada. Mas sucedem-se ali as discussões, até entre os que acreditam que novas tecnologias poderão conduzir às grandes soluções para o drama das mudanças climáticas e os que lembram que não se conseguirá caminhar por aí sem equacionar também o problema das desigualdades no consumo no mundo, com os países industrializados (menos de 20% da população mundial) respondendo por quase 80% do consumo de recursos e com um gasto per capita de energia muitas vezes superior ao dos países mais pobres. Sem falar, ainda, na questão da fome, que continua a afligir quase 1 bilhão de pessoas.

Mais um ângulo da discussão foi acentuado em Cancún por um relatório do Banco Mundial (Estado, 5/12), lembrando que as áreas urbanas do mundo, já com mais de 50% da população total, emitem dois terços dos gases e são a causa mais importante do agravamento das mudanças climáticas - o que sugere que não haverá solução adequada sem provê-las de energia "limpa" e renovável. "Precisamos de cidades mais verdes", diz o documento, repetindo o mote de mais de mil prefeitos num compromisso assinado em 2008 e não cumprido.

Outro estudo recente, do Prêmio Nobel de Química de 1998, professor Walter Kohn (Portal do Meio Ambiente, 23/9), lembra que o petróleo e o gás natural respondem hoje por 60% do consumo global de energia (somado o carvão, chega-se perto de 80%) e que a geração por esses caminhos ainda crescerá nas próximas décadas, com muitos países tentando aproximar-se do padrão de consumo dos EUA (que consomem, por exemplo, cinco vezes mais gasolina per capita que a média global). Mas ainda nesta primeira metade do século, pensa ele, as energias solar e eólica assumirão a vanguarda. Só na última década a fotovoltaica multiplicou a potência instalada em 90 vezes e a eólica, em dez vezes. Em dois anos (Envolverde, 10/11) as centrais termoelétricas a energia solar chegaram a 940 MW de capacidade instalada, principalmente na Espanha (onde há mais 28 em construção) e nos EUA.

Sempre que esse tema entra em discussão, é posto o argumento da inviabilidade das energias "alternativas" por causa do preço mais alto - que estaria aqui em R$ 290/MWh, ante R$ 120 nas centrais termoelétricas convencionais e R$ 85 nas hidrelétricas. Só que é uma conta na qual não entram as chamadas "externalidades" ambientais e sociais das fontes mais poluidoras, principalmente os custos que geram para os sistemas de saúde. Nos países onde os controles "ambientais" são mais severos, o avanço das energias renováveis é muito forte (Business Green, 24/8): na União Europeia, mais 8% em 2009, comparado com 2008, enquanto o gás recuou 10,1% e o carvão, 9,2%; a meta é chegar com as renováveis a 20% da matriz energética em 2020.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em 2009 os investimentos no mundo nessa área chegaram a US$ 162 bilhões, quatro vezes mais que em 2004. E o Brasil ficou em quinto lugar, com US$ 7,8 bilhões (39% menos que em 2008), atrás da China e dos EUA (Ambiente Energia, 22/7). Diz o Pnuma que o Brasil pode economizar, só com a substituição de lâmpadas, pelo menos 3% da energia que consome, que significaria R$ 2 bilhões anuais e 4 milhões de toneladas de dióxido de carbono não emitidas.

Com a recente queda no custo, o setor das renováveis por aqui começa a expandir-se. Está entrando em construção a primeira fábrica de painéis para geração de energia solar, fruto de investimento de R$ 500 milhões de empresas brasileira e suíça, para produzir já em 2012 nada menos que 850 de mil painéis por ano, que custarão R$ 300 cada, para gerar por unidade 150 watts (O Eco, 29/11). Já no Ceará, um empresário começou a instalar postes de iluminação pública abastecidos por energias solar e eólica. O poste tem mecanismo em forma de avião, com três metros de comprimento, que captura energias do vento e do Sol e as deposita numa bateria com capacidade de até mil watts e autonomia de uma semana.

Até no Parque Indígena do Xingu estão sendo instaladas placas solares em aldeias, onde o Instituto SocioAmbiental promove cursos de capacitação (Socioambiental, 5/12) No Deserto do Saara, cientistas do Japão e da Argélia unem-se em projeto de fabricar células fotovoltaicas com silício ali abundante e gerar energia a ser enviada para várias partes do mundo por supercondutores resfriados por nitrogênio líquido. A primeira usina terá potência de 100 mil MW.

E provoca muito inveja projeto já em execução nos arredores de Paredes, em Portugal (New Scientist, 9/10), para implantar uma "cidade sustentável", que terá um computador central com uma rede de sensores ligada a cada edifício, para monitorar temperatura, umidade, uso de energia (que será de fontes fotovoltaica e eólica), uso de água, geração de lixo, etc. Embora prevista para 2015, ela começará a funcionar no ano que vem. Os edifícios pré-fabricados serão cobertos por vegetação, para amenizar a temperatura, e poderão abastecer uns aos outros de água e energia caso necessário por alguma contingência. Nesses edifícios, a água de cozinha, reciclada, será usada nos banheiros. A água da chuva será filtrada e mantida em lagos públicos cercados por vegetação, que, depois de crescida, será abatida e usada para gerar biocombustível. O lixo, todo reciclado. Uma rede de câmeras em toda a cidade ajudará a encontrar crianças perdidas. E muito mais.

Chega a dar inveja. E fazer pensar, mais uma vez: quando serão discutidos a sério os dramáticos problemas das nossas cidades, principalmente as megacidades?

Escrivão e falso advogado são presos acusados de extorsão em Araucária

GAZETA DO POVO, 10 de dezembro de 2010

Eles pediam dinheiro de pessoas presas para liberá-las no dia seguinte. Mulher de um dos presos denunciou o esquema


Um escrivão da polícia civil de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e um falso advogado foram presos acusados de extorsão na manhã desta sexta-feira (10). Além deles, um casal de supostos traficantes, cujo homem teria se beneficiado do esquema para sair da prisão, também foi detido. De acordo com investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), o escrivão Gilberto Mansilha Ramos e Ricardo Ravazzani, estelionatário que se passava por advogado, cobravam dinheiro das pessoas que haviam sido presas. Mediante o pagamento, o preso era liberado.

O esquema foi denunciado pela mulher de um homem que havia sido preso e não foi solto porque devia um pagamento de uma detenção anterior. Na casa de Ramos, a polícia encontrou R$ 20 mil. Ele foi acusado de concussão (extorsão praticada por servidor público).

Segundo as investigações, uma equipe da Polícia Militar deteve um grupo de oito pessoas que estariam consumindo drogas dentro de uma oficina mecânica na noite de 29 de novembro. Dos oito detidos no local, segundo informações do Gaeco, somente dois foram realmente presos.

Na delegacia, foi lavrado auto de prisão em flagrante somente contra o proprietário do estabelecimento. Um outro homem passou a noite na carceragem e foi liberado na manhã seguinte, depois de pagar R$ 6 mil referentes a um acerto com Ramos e Ravazzani. Ainda está sendo investigado se os outros seis detidos foram liberados mediante pagamento.

O acordo foi negado para o dono da oficina porque em uma prisão anterior ele não teria efetivado o pagamento combinado. Os familiares dele conversaram com a família do preso liberado e foram orientados a contratar Ravazzani, que intermediou o acerto na delegacia com o escrivão.

A família gravou a conversa com o advogado, que confirmou a existência do acerto para a liberação. Ravazzani abriu a possibilidade para a família do dono da oficina conseguir o mesmo benefício, realizando o pagamento dos honorários advocatícios, que seriam repassados para a sua liberação.

De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, Ricardo Ravazzani não possui registro na entidade. O MP-PR vai oferecer denúncia criminal do caso nos próximos dias.

As gravações feitas pela família foram entregues ao Gaeco e divulgadas nesta quinta-feira (9).

Confira aqui as conversas na íntegra

Reestruturação da Viação Garcia vai começar pelas linhas metropolitanas

JORNAL DE LONDRINA, 10 de dezembro de 2010

Segundo o novo presidente da companhia, Mário Luft, a pretensão é investir 30% do faturamento da empresa nas linhas de Londrina, Maringá e Paranavaí


O processo de reestruturação da Viação Garcia começará pelas linhas do transporte metropolitano de Londrina, Maringá e Paranavaí. A informação é do novo presidente da companhia, Mário Luft, que concedeu entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (10). O empresário adquiriu a Garcia no final de novembro, em uma transação que pode chegar a R$ 400 milhões.

Segundo Luft, a pretensão é investir 30% do faturamento nas linhas metropolitanas. Os investimentos também serão realizados na ampliação da frota e dos serviços de fretamento e turismo, com atuação nacional e internacional. O novo presidente informou que já foram comprados 50 novos ônibus, que estarão disponíveis até junho do próximo ano.

Saiba maisViação Garcia é vendida por R$ 400 milhõesLuft assume Viação Garcia e promete R$ 30 mi em investimentos
Mais mudanças

Luft contou que, embora pretenda dar continuidade ao modelo atual de gestão, fará algumas modificações. Sem revelar em que setores agirá, o empresário afirmou que, em alguns meses, sem especificar datas, haverá novas contratações. "Encontramos um quadro de situação financeira tranquila. Vamos modificar algumas áreas”.

Ele adiantou que o departamento de marketing deverá receber reforços. “A logomarca vai receber uma atualização, vai ficar mais leve e moderna, para firmar a identidade da empresa. Dentro de alguns anos, a Garcia será bem diferente do que é agora”, disse.

O patrimônio da Viação Garcia envolve também as empresas Princesa do Ivaí e Ouro Branco, num total de 562 ônibus, 97 caminhões, 50 equipamentos de apoio (carros, empilhadeiras, entre outros) e 35 garagens espalhadas por vários Estados. “A nossa equipe é muito boa. [Os funcionários] estão bem alinhados com o momento de transição”, contou.

Luft disse estar satisfeito e contente com a transação e não pretende tirar a sede da empresa de Londrina. "A sede atual é um patrimônio histórico. Para enfrentar o fim de ano, teremos mais 120 ônibus reservas, que estarão disponíveis para as 1.200 viagens extras de dezembro”.