É o que mostram as declarações de bens apresentadas à Justiça Eleitoral pelos vereadores londrinenses que disputarão as eleições em outubro
Os seis vereadores de Londrina que tentarão, no dia 3 de outubro, trocar a Câmara Municipal pela Assembleia Legislativa ou pela Câmara dos Deputados declararam à Justiça Eleitoral um total de R$ 1.470.479,21 em bens. O valor é cerca de 25% superior aos R$ 1.187.046,20 que os seis, juntos, declararam em 2008. Do grupo, apenas no caso de Roberto Fortini (PTC) não foi registrada evolução de patrimônio, mas decréscimo. Hoje, em Londrina, um vereador recebe subsídio mensal, bruto, de R$ 5.724 - valor que sobe para R$ 7.300 no caso do presidente da Mesa.
Ao todo, concorrem à Assembleia os vereadores Sandra Graça (PP), Gerson Araújo (PSDB), Roberto Fortini (PTC), Sebastião Raimundo da Silva (PDT) e o presidente da Casa, José Roque Neto (PTB). A Câmara Federal tem apenas Jairo Tamura (PSB) na disputa - ele que, a exemplo dos demais, mas à exceção de Sandra e Araújo, está no primeiro mandato no Legislativo municipal.
A maior evolução patrimonial foi registrada nas candidaturas de Roque Neto e Tamura: o petebista, por exemplo, que declarou possuir R$ 100 em espécie, na campanha de 2008, agora tem bens avaliados em R$ 74.697,02 - um veículo de R$ 70 mil e o restante depositado em duas contas correntes. O valor mais recente é pouco menos de 750 vezes maior que o declarado há dois anos.
Tamura, que em 2008 apresentou patrimônio de R$ 62.898 - um lote de terras, uma motocicleta, ações do Banestado e um veículo de R$ 38.800 -, agora declarou R$ 239.098, valor quase quatro vezes superior. Nos bens agora apresentados, estão novamente os de 2008 - com a diferença de que o mesmo carro de R$ 38.800 foi apresentado com o valor de R$ 42 mil -, além de mais um veículo (R$ 23 mil) e 20% de um lote de terras no Distrito de San Cristobal, no Paraguai (R$ 150 mil).
Vereador de segundo mandato, Gerson Araújo, que declarou R$ 184.291 no atual pleito, apresentara R$ 139 mil há dois anos. Sandra, atualmente no terceiro mandato e cujos bens estão agora em R$ 477.162,67, registrou, em 2008, um total de bens de R$ 403.765,43. Sebastião Raimundo da Silva (PDT) passou de R$ 216.725,63 em 2008 para R$ 289.226,52 este ano. O único a apresentar queda nos valores foi Fortini: R$ 206.004 no atual pleito, contra R$ 364.557,14 anotados quando disputou a Câmara em 2008.
Procurado ontem pela FOLHA - a exemplo dos dois candidatos com a maior evolução patrimonial em dois anos, em termos proporcionais, Roque Neto e Tamura -, Fortini reagiu irritado: ''Os números de 2008 que o TSE está dando estão errados; isso não existe. Está tudo de acordo com a minha declaração de renda''.
Quanto foi apresentado em bens naquele ano, portanto? ''Não lembro, mas acho que está na mesma proporção do que apresentei agora. Vou pedir a retificação'', garantiu. Dois anos depois? ''Hoje (ontem) que eu vi isso'', encerrou.
Tamura alegou que a evolução quase quatro vezes maior que o valor de 2008 se justifica por bens oriundos de herança do pai - doados, no entanto, admitiu o parlamentar, em 1995. ''Em 2008 os valores dos bens estavam com valores de 1995, agora foram atualizados. Achei que a declaração não tivesse interesse pelo valor, mas pelos bens declarados'', argumentou. Se vale a pena ser vereador em Londrina? ''A gente gasta mais do que ganha'', riu.
Aparentemente descontraído, Roque Neto resumiu a que atribuir uma evolução de R$ 100 para R$ 74.697,02 em dois anos: ''É tudo pela graça de Deus''. Em seguida, explicou: ''Em 2008 o partido eu não tinha experiência nenhuma nesse tipo de declaração; eu possuía apenas roupas e livros, tinha sido padre e, na Igreja, tinha carro, moradia e telefone. Saí mesmo só com a roupa do corpo e os livros'', alegou, lembrando que se licenciou do sacerdócio em 2004. ''Depois, até 2008, virei assalariado; não tinha dinheiro nenhum. Só agora, vereador, é que pude ir montando uma casa, alugada, e possuindo outros bens'', definiu.