JORNAL DE LONDRINA, 24 de janeiro de 2011
Fecharam-se as cortinas. A Escola de Circo de Londrina (ECL) pode encerrar as atividades. Instalada em um terreno na Avenida Higienópolis, cedido pela Sercomtel desde 2004, a ECL terá de devolver o espaço, a pedido da própria empresa de telecomunicação da cidade, que quer vender o terreno para investir em expansão. A escola alega não ter local para a mudança. Já a empresa afirma que a ECL não aceitou a alternativa oferecida.
Na última quinta-feira, a luz da ECL foi cortada sem nenhum aviso prévio, segundo a diretora, Jerusa Rocha. “Estávamos tendo aula e, de repente, acabou a luz. Fomos ver e a Copel estava cortando. Desligaram e tiraram o relógio. Havia pessoas treinando, fazendo exercícios aéreos, gente pendurada. Ficamos todos no escuro”, conta. Mas o impasse vem de longa data.
O terreno da Sercomtel foi cedido à ECL, que firmou parceria com o município. “Fizemos convênio com a prefeitura para utilizar o espaço que estava abandonado.” Entretanto, a prefeitura quer de volta o terreno, para vender e aplicar o recurso na expansão da Sercomtel. “Eles querem forçar a nossa saída de lá. Fomos conversar com o prefeito na terça-feira de manhã e ele nos disse que a Copel está pressionando para vender o terreno”, afirma Jerusa.
Segundo a diretora, a Sercomtel havia se comprometido a construir um barracão na zona norte para abrigar a ECL. “Nós sugerimos um local na zona leste, mas dissemos que iríamos para a zona norte em último caso”, ressalta Jerusa. De acordo com ela, o grupo só não se mudou dali porque não houve a construção do barracão, em vista de o terreno escolhido ser uma rua e não ter sido desapropriado. “Estávamos em ano de eleição e depois eles não entraram mais em contato.”
Já para a Sercomtel, a ECL não quis o espaço oferecido. “Nós oferecemos e eles não aceitaram”, disse, em entrevista gravada por telefone, o presidente da empresa, Fernando Kireeff. Segundo ele, a Sercomtel pediu o terreno quando o acordo venceu. “No curto prazo, vamos precisar do espaço. No médio, queremos colocar a área à venda.” Kireeff não quis comentar valores do terreno.
O presidente da Sercomtel também negou que o recurso seria utilizado para pagar dívidas da Ask, empresa de call center (Veja abaixo). “Com o recurso, queremos acelerar a expansão da Sercomtel” justificou. Kireeff descartou ainda que a Companhia de Energia do Paraná (Copel) tenha pressionado pela venda. “É nosso interesse”, declarou.
Os professores e integrantes da Escola de Circo de Londrina (ECL) se dizem “desolados” com o corte de luz do local. Além disso, eles reclamam da falta de patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), negado neste ano. Um parecer da secretaria de Cultura informa que o projeto foi negado por ser realizado no terreno da Sercomtel.
“Não tivemos o projeto aprovado porque a escola está num terreno pedido para desocuparem”, afirma Jerusa Rocha, diretora da ECL. O secretário municipal de Cultura, Leonardo Ramos, confirma. “Eles acabaram tendo um projeto não selecionado porque colocavam o espaço como sendo ali. Nós não podíamos aprovar um projeto onde sabemos que há em andamento uma ordem de despejo”, afirmou, em entrevista gravada, por telefone.
Segundo Ramos, há a possibilidade que o município entre com uma ordem de despejo. O presidente da Sercomtel, Fernando Kireeff negou. “Nosso departamento jurídico está analisando as possibilidades e desdobramentos. Não posso adiantar nada”, disse.
Sercomtel assume dívida de R$ 23 milhões da Ask!
O ESTADO DE S. PAULO, 17 de janeiro de 2011
Valor resulta do acúmulo de prejuízos desde a criação da companhia de call center em 1999. Dívida será transformada em capital para reverter em ações. A medida faz parte do plano de reestruturação da Sercomtel e está regularizando uma situação de fato, uma vez que a Sercomtel já possuía a maioria das ações integralizadas da empresa, mas ainda não detinha a maioria das ações subscritas. A telefônica travava uma luta judicial com o sócio Atende Bem.
O presidente da Sercomtel, Fernando Kireeff, explicou que no passado a telefônica já havia realizado uma série de medidas que culminou na estabilização da operação da Ask!, como a redução de despesas, concentração das operações em Londrina (com o fechamento do site de São Leopoldo/RS) e reestruturação interna.
Um estudo interno avaliou a viabilidade da Ask! a longo prazo e chegou à conclusão, do ponto de vista estratégico e econômico-financeiro, que seria vantajoso manter a Ask! aberta e operando, apesar dos prejuízos acumulados em outros anos. Desde a sua criação, em 1999, a Ask! acumulou prejuízos na ordem de R$ 23 milhões.
A Sercomtel é a maior credora da Ask! – a operadora já aportou R$ 11, 7 milhões em empréstimos para a companhia nos últimos anos. Fechando a Ask!, a Sercomtel não teria chance de recuperar seus créditos e teria de assumir de imediato todas as dívidas da companhia.
Kireef explica que a Sercomtel vai transformar a dívida da Ask! para com a operadora (R$ 11, 7 milhões) em capital, revertendo esse capital em ações.
A companhia de call center ainda ganhará um fôlego extra para fazer seu saneamento financeiro, que inclui o pagamento de dívidas com outros credores, de cerca de R$ 7 milhões, que serão negociadas ao longo do tempo.
Fecharam-se as cortinas. A Escola de Circo de Londrina (ECL) pode encerrar as atividades. Instalada em um terreno na Avenida Higienópolis, cedido pela Sercomtel desde 2004, a ECL terá de devolver o espaço, a pedido da própria empresa de telecomunicação da cidade, que quer vender o terreno para investir em expansão. A escola alega não ter local para a mudança. Já a empresa afirma que a ECL não aceitou a alternativa oferecida.
Na última quinta-feira, a luz da ECL foi cortada sem nenhum aviso prévio, segundo a diretora, Jerusa Rocha. “Estávamos tendo aula e, de repente, acabou a luz. Fomos ver e a Copel estava cortando. Desligaram e tiraram o relógio. Havia pessoas treinando, fazendo exercícios aéreos, gente pendurada. Ficamos todos no escuro”, conta. Mas o impasse vem de longa data.
O terreno da Sercomtel foi cedido à ECL, que firmou parceria com o município. “Fizemos convênio com a prefeitura para utilizar o espaço que estava abandonado.” Entretanto, a prefeitura quer de volta o terreno, para vender e aplicar o recurso na expansão da Sercomtel. “Eles querem forçar a nossa saída de lá. Fomos conversar com o prefeito na terça-feira de manhã e ele nos disse que a Copel está pressionando para vender o terreno”, afirma Jerusa.
Segundo a diretora, a Sercomtel havia se comprometido a construir um barracão na zona norte para abrigar a ECL. “Nós sugerimos um local na zona leste, mas dissemos que iríamos para a zona norte em último caso”, ressalta Jerusa. De acordo com ela, o grupo só não se mudou dali porque não houve a construção do barracão, em vista de o terreno escolhido ser uma rua e não ter sido desapropriado. “Estávamos em ano de eleição e depois eles não entraram mais em contato.”
Já para a Sercomtel, a ECL não quis o espaço oferecido. “Nós oferecemos e eles não aceitaram”, disse, em entrevista gravada por telefone, o presidente da empresa, Fernando Kireeff. Segundo ele, a Sercomtel pediu o terreno quando o acordo venceu. “No curto prazo, vamos precisar do espaço. No médio, queremos colocar a área à venda.” Kireeff não quis comentar valores do terreno.
O presidente da Sercomtel também negou que o recurso seria utilizado para pagar dívidas da Ask, empresa de call center (Veja abaixo). “Com o recurso, queremos acelerar a expansão da Sercomtel” justificou. Kireeff descartou ainda que a Companhia de Energia do Paraná (Copel) tenha pressionado pela venda. “É nosso interesse”, declarou.
Os professores e integrantes da Escola de Circo de Londrina (ECL) se dizem “desolados” com o corte de luz do local. Além disso, eles reclamam da falta de patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), negado neste ano. Um parecer da secretaria de Cultura informa que o projeto foi negado por ser realizado no terreno da Sercomtel.
“Não tivemos o projeto aprovado porque a escola está num terreno pedido para desocuparem”, afirma Jerusa Rocha, diretora da ECL. O secretário municipal de Cultura, Leonardo Ramos, confirma. “Eles acabaram tendo um projeto não selecionado porque colocavam o espaço como sendo ali. Nós não podíamos aprovar um projeto onde sabemos que há em andamento uma ordem de despejo”, afirmou, em entrevista gravada, por telefone.
Segundo Ramos, há a possibilidade que o município entre com uma ordem de despejo. O presidente da Sercomtel, Fernando Kireeff negou. “Nosso departamento jurídico está analisando as possibilidades e desdobramentos. Não posso adiantar nada”, disse.
Sercomtel assume dívida de R$ 23 milhões da Ask!
O ESTADO DE S. PAULO, 17 de janeiro de 2011
Valor resulta do acúmulo de prejuízos desde a criação da companhia de call center em 1999. Dívida será transformada em capital para reverter em ações. A medida faz parte do plano de reestruturação da Sercomtel e está regularizando uma situação de fato, uma vez que a Sercomtel já possuía a maioria das ações integralizadas da empresa, mas ainda não detinha a maioria das ações subscritas. A telefônica travava uma luta judicial com o sócio Atende Bem.
O presidente da Sercomtel, Fernando Kireeff, explicou que no passado a telefônica já havia realizado uma série de medidas que culminou na estabilização da operação da Ask!, como a redução de despesas, concentração das operações em Londrina (com o fechamento do site de São Leopoldo/RS) e reestruturação interna.
Um estudo interno avaliou a viabilidade da Ask! a longo prazo e chegou à conclusão, do ponto de vista estratégico e econômico-financeiro, que seria vantajoso manter a Ask! aberta e operando, apesar dos prejuízos acumulados em outros anos. Desde a sua criação, em 1999, a Ask! acumulou prejuízos na ordem de R$ 23 milhões.
A Sercomtel é a maior credora da Ask! – a operadora já aportou R$ 11, 7 milhões em empréstimos para a companhia nos últimos anos. Fechando a Ask!, a Sercomtel não teria chance de recuperar seus créditos e teria de assumir de imediato todas as dívidas da companhia.
Kireef explica que a Sercomtel vai transformar a dívida da Ask! para com a operadora (R$ 11, 7 milhões) em capital, revertendo esse capital em ações.
A companhia de call center ainda ganhará um fôlego extra para fazer seu saneamento financeiro, que inclui o pagamento de dívidas com outros credores, de cerca de R$ 7 milhões, que serão negociadas ao longo do tempo.
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