segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Vereadores ligados ao prefeito de Cornélio Procópio são uma vergonha para a cidade

INSTITUTO AME CIDADE, 3 de outubro de 2011


Não é só a comparação com a pronta ação da Câmara de Cambé e sua produtiva CPI da Saúde que faz a Câmara de Cornélio Procópio passar uma vergonha danada. Hoje sob o domínio de um grupo de vereadores comandado pelo prefeito Amin Hannouche (PP), o legislativo procopense não cumpre com o seu dever constitucional de fiscalizar. Este grupo é também responsável por atitudes lamentáveis em relação ao uso do dinheiro público.

No tocante à fiscalização dos atos da prefeitura, o grupo de vereadores age de forma contrária a qualquer transparência, barrando até pedidos de informações básicas. Nenhuma fiscalização é possível dentro dos trâmites do legislativo.

O grupo atua ainda fazendo pressão contra qualquer cidadão que atue de forma cívica buscando um controle social sobre o uso do dinheiro público. Isso já foi feito contra o Instituto Ame Cidade, num processo em que a presidência da Câmara contratou um advogado que já fez diversas vezes a defesa profissional do prefeito cassado de Londrina, Antonio Belinati que, junto com o prefeito Hannouche, é um dos chefes regionais do PP, o partido de Paulo Maluf.

A tentativa de intimidação também foi usada contra a vereadora Aurora Fumie Doi (PMDB), uma parlamentar conhecida pela dignidade política e profissional. Apenas por pedir transparência aos colegas, Aurora foi ameaçada de cassação em um processo encaminhado à Câmara e acatado prontamente pelos vereadores do prefeito. O processo foi proposto pelo PP, o partido de Belinati, Hannouche e Maluf.

Aurora foi a única vereadora que deu voto contrário em um fato recente criado pelo grupo do prefeito e repudiado pelos procopenses: o aumento das cadeiras de vereadores, de 9 para 11. Este aumento coloca a cidade numa situação política até constrangedora em relação à Cambé, que terá 10 vereadores na próxima legislatura, um a menos que Cornélio Procópio.

Acontece que Cambé (com cerca de 97 mil habitantes) tem mais que o dobro de população em relação a Cornélio Procópio (próxima a 45 mil). E lá os vereadores tiveram o bom senso de manter a quantidade atual de vereadores.

Em outras cidades da região, seus vereadores acataram a vontade da população e não aumentaram o número de cadeiras no legislativo. Mas em Cornélio Procópio, os vereadores da situação ainda atraiçoaram os eleitores ao fingir que não fariam o aumento. Entre as manobras traiçoeiras teve até a palavra do presidente da Câmara, que afirmou que a Câmara se manteria com 9 cadeiras. E logo depois impuseram um furtivo decreto elevando as vagas para a próxima legislatura para 11.


Grupo do prefeito criou
um aumento salarial

para eles mesmos
Os vereadores comandados por Amin Hannouche são responsáveis também pelo recente aumento salarial em que cada vereador teve o salário elevado de 2.900,00 líquidos, para R$ 3.345,20, também líquidos. Neste caso, a vereadora Aurora não só votou e se manifestou contra o aumento, como também passou a doar todos os meses para entidades sociais a parcela do aumento que julgou abusivo. Foi uma forma de fazer o dinheiro (que legalmente não tinha como recusar) ser revertido em um benefício público.

Um comparativo com os salários de vereadores da região também deixa os vereadores do prefeito numa situação vergonhosa. Em Londrina, um vereador ganha hoje mensalmente R$ 5.724,00. E a relação entre o orçamento das duas cidades tem um fosso econômico enorme. O orçamento de Londrina já alcança 1 bilhão.

Para 2012 a previsão do orçamento de Cornélio Procópio é de cerca de R$ 60 milhões. Um nível mais próximo de comparação pode ser Cambé, neste ano de 2011 com R$ 144 milhões de orçamento. Pois o salário de um vereador em Cambé é de exatamente R$ 4.215,18, em valor bruto.


Depois de avalizarem coisas
desastrosas, vereadores são
obrigados a voltar atrás

Os vereadores que obedecem ao comando de Amin Hannouche se furtam ao dever constitucional de fiscalizar os atos do Executivo e, por isso mesmo, são obrigados a passar vergonha em processos que demonstram claramente sua falha moral e técnica.

Recentemente o prefeito Hannouche foi obrigado a fazer um acordo com o Ministério Público do Trabalho em um processo que já estava em andamento na Justiça na área da Saúde. A administração do chefe político do PP cometeu várias irregularidades, algumas delas inclusive em detrimento a direitos trabalhistas básicos de trabalhadores humildes. Amin Hannouche teve que voltar atrás e pagar uma espécie de indenização aplicada em serviços para a população. Tudo com o monitoramento do MP. Teve também que se comprometer legalmente a não repetir seu desastroso modelo de terceirização da saúde.

Como este modelo de terceirização absolutamente destrutivo havia sido aplaudido por sua bancada, os vereadores demonstraram no mínimo incompetência ao avalizar um esquema que foi definido pelo MP em termos trabalhistas como algo do século dezenove.


A estranha doação de
terreno para empresa
sonegadora de imposto

Outro fiasco vergonhoso foi a doação de um terreno público para uma empresa que era processada pela própria prefeitura por não recolher ISS. Na prática, o grupo do prefeito na Câmara autorizou duas vezes a doação irregular. Dois vereadores votaram favoravelmente também como membros do Condei, o organismo municipal responsável pelas doações. Depois de uma Ação Popular movida pela vereadora Aurora e acatada pela Justiça, a Câmara teve que voltar atrás e anular a doação.

E tem também o caso das diárias irregulares de viagem pagas pela Câmara a vereadores. A partir de denúncia do Instituto Ame Cidade, o Ministério Público entrou com uma ação que envolve todo o grupo de vereadores do prefeito, além de uma suplente de seu partido. O caso, que é chamado pelos procopenses de "Farras das Diárias", não envolve a vereadora Aurora, que sempre foi contra as diárias e jamais fez uso delas. O processo está em andamento na Justiça.

Câmara de Cambé apresenta hoje relatório de CPI na Saúde e pode abrir Comissão Processante contra o prefeito

INSTITUTO AME CIDADE, 3 de outubro de 2011


Na quarta-feira passada publicamos aqui no blog matéria sobre o bom exemplo de representatividade política demonstrado na prática pela Câmara de Cambé com os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a terceirização da Saúde naquele município. O relatório final da CPI − divulgado nesta segunda-feira e agora disponibilizado na íntegra na internet − pede a devolução de R$ 1,9 milhão aos cofres da prefeitura.

Além do pedido da devolução o documento aponta várias irregularidades, entre elas a falta de procedimentos básicos de fiscalização e documentação legal na relação entre a prefeitura e o Instituto Atlâantico, que impossibilitam o acompanhamento obrigatório de instituições como o Tribunal de Contas do Paraná.

A prefeitura de Cambé deixou de exigir até a prestação de contas do Instituto Atlântico durante a execução dos serviços prestados e ao final do contrato, exigências estabelecidas no instrumento de Convênio e na Constituição Federal.

A instalação da CPI há cerca de quatro meses foi uma medida tomada diante das denúncias de corrupção na área da Saúde em Londrina, no escândalo que envolveu o Instituto Atlântico e que teve até a prisão de duas dezenas de pessoas pelo Gaeco. Como o Instituto Atlântico também prestava serviços básicos de saúde em Cambé, os vereadores cambeenses resolveram investigar de forma preventiva a relação entre a prefeitura e o Instituto Atlântico, o que resultou na descoberta de irregularidades extremamente prejudiciais à população, incluindo o sobrepreço de R$ 1,9 milhão em um contrato firmado entre a OSCIP e a prefeitura, que teve um aditivo neste montante antes mesmo do contrato começar a vigorar.

A CPI nasceu com a aprovação de nove entre os dez vereadores da Câmara. O único que votou contra foi o vereador Júnior Félix, líder do prefeito João Pavinato (PSDB). Sua alegação foi a de que não havia qualquer indício de irregularidade no contrato entre o Instituto Atlântico e a prefeitura de Cambé, o que acabou sendo desmentido pelos fatos constatados pela CPI.

Esta resposta quase imediata dos vereadores de Cambé ao interesse público de sua cidade é de dar inveja a outros municípios da região, como é o caso de Cornélio Procópio, onde a necessária independência do legislativo municipal foi destruída por uma maioria de vereadores que obedece a ordens do prefeito.

O relatório da CPI será enviado ao Tribunal de Contas do Paraná e para o Procurador Geral de Justiça do Estado do Paraná, com uma solicitação de atenção ao caso. O relatório segue também para o Ministério Público, com a recomendação de que o MP entre com Ação Civil Pública com o objetivo de recuperar os valores desviados, com pedido liminar de afastamento de prefeito.

Além do afastamento do prefeito Pavinato, o relatório da CPI pede que sejam afastados o secretário de Governo, Luiz Cesar Lazari, o secretário de Controle Interno, David Maireno, e o chefe de Gabinete do prefeito, Rômulo Ianke dos Santos.

O relatório segue também de forma oficial e acompanhado de ofício da Câmara de Cambé para o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), responsável em Londrina pela investigação que culminou com a Operação Antissepsia, a ação que desmantelou um esquema de corrupção que envolveu a prefeitura de Londrina e o Instituto Atlântico, objeto de investigação posteriormente em Cambé.

O relatório será lido em plenário da sessão desta segunda-feira e sua votação pode levar à criação de uma Comissão Processante, que pode determinar até a cassação do prefeito de Cambé.


Para ler na íntegra do relatório da CPI de Cambé, clique aqui.