GAZETA DO POVO, 25 de setembro de 2009
Dados do MEC mostram que é muito difícil atrair os melhores estudantes para a carreira docente no Brasil
Mulher, aluna sempre de escola pública, que tirou nota abaixo de 20 (numa escala de zero a 100) no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com renda familiar de até dois salários mínimos e cuja mãe nunca estudou – esse é o perfil dos participantes do Enem de 2007 que declararam a intenção de escolher o magistério como profissão. O levantamento, feito a partir de dados do exame e publicado no boletim Na Medida, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostra que atrair os alunos de melhor desempenho para a carreira docente ainda é uma meta distante da realidade brasileira.
Dos jovens que fizeram a prova do Enem em 2007, apenas 5,2% optaram pela profissão de professor do ensino fundamental ou médio. Como 25% dos candidatos não haviam escolhido a profissão que pretendiam seguir, estima-se que a probabilidade de cada participante do exame escolher o magistério como profissão é de 6,69% – 7,21% entre as mulheres e 5,60% entre os homens.
Entre os alunos de escola pública, a probabilidade de lecionar na educação básica é de 7,27%, contra 4,57% dos alunos que estudaram parcialmente ou sempre em escola privada. Um candidato com renda familiar de até 2 salários mínimos tem 7,88% de chance de escolher o magistério, mais que o triplo de um aluno na faixa acima de 30 mínimos (2,56%). De acordo com a escolaridade da mãe, entre os filhos de mulheres que nunca estudaram, a probabilidade de ser professor é de 9,54%, contra 5,07% dos filhos de mulheres com curso superior.
Com base nesses dados, o Inep conclui que “é pouco provável que o país esteja selecionando os professores entre os melhores alunos”. O resultado contrasta com os indicadores dos países desenvolvidos, onde a carreira de professor atrai profissionais com alto nível de formação, conforme demonstra relatório da consultoria McKinsey & Company, também com dados de 2007. Nos dez países com melhores notas no Programme for International Student Assessment (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – Canadá, Austrália, Bélgica, Finlândia, Hong Kong, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Cingapura e Coreia do Sul –, os professores são selecionados entre os 30% melhores graduados. Na Finlândia, esse porcentual se estreita para 10%, enquanto na Coreia do Sul são selecionados os 5% melhores.
Desinteresse
Na avaliação da presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes de Carvalho, o desinteresse dos jovens com melhor formação pelo magistério não surpreende, em razão dos baixos salários e da falta de perspectivas na carreira. “Para nós, essa realidade vem se aprofundando”, avalia.
Marlei cobra das três esferas de governo uma política incisiva para reverter esse quadro, com recomposição salarial e programas específicos de escolarização dos docentes. “É um desafio gigantesco, pois o país tem um déficit de 200 mil professores”, ressalta.
Dados do MEC mostram que é muito difícil atrair os melhores estudantes para a carreira docente no Brasil
Mulher, aluna sempre de escola pública, que tirou nota abaixo de 20 (numa escala de zero a 100) no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com renda familiar de até dois salários mínimos e cuja mãe nunca estudou – esse é o perfil dos participantes do Enem de 2007 que declararam a intenção de escolher o magistério como profissão. O levantamento, feito a partir de dados do exame e publicado no boletim Na Medida, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostra que atrair os alunos de melhor desempenho para a carreira docente ainda é uma meta distante da realidade brasileira.
Dos jovens que fizeram a prova do Enem em 2007, apenas 5,2% optaram pela profissão de professor do ensino fundamental ou médio. Como 25% dos candidatos não haviam escolhido a profissão que pretendiam seguir, estima-se que a probabilidade de cada participante do exame escolher o magistério como profissão é de 6,69% – 7,21% entre as mulheres e 5,60% entre os homens.
Entre os alunos de escola pública, a probabilidade de lecionar na educação básica é de 7,27%, contra 4,57% dos alunos que estudaram parcialmente ou sempre em escola privada. Um candidato com renda familiar de até 2 salários mínimos tem 7,88% de chance de escolher o magistério, mais que o triplo de um aluno na faixa acima de 30 mínimos (2,56%). De acordo com a escolaridade da mãe, entre os filhos de mulheres que nunca estudaram, a probabilidade de ser professor é de 9,54%, contra 5,07% dos filhos de mulheres com curso superior.
Com base nesses dados, o Inep conclui que “é pouco provável que o país esteja selecionando os professores entre os melhores alunos”. O resultado contrasta com os indicadores dos países desenvolvidos, onde a carreira de professor atrai profissionais com alto nível de formação, conforme demonstra relatório da consultoria McKinsey & Company, também com dados de 2007. Nos dez países com melhores notas no Programme for International Student Assessment (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – Canadá, Austrália, Bélgica, Finlândia, Hong Kong, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Cingapura e Coreia do Sul –, os professores são selecionados entre os 30% melhores graduados. Na Finlândia, esse porcentual se estreita para 10%, enquanto na Coreia do Sul são selecionados os 5% melhores.
Desinteresse
Na avaliação da presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes de Carvalho, o desinteresse dos jovens com melhor formação pelo magistério não surpreende, em razão dos baixos salários e da falta de perspectivas na carreira. “Para nós, essa realidade vem se aprofundando”, avalia.
Marlei cobra das três esferas de governo uma política incisiva para reverter esse quadro, com recomposição salarial e programas específicos de escolarização dos docentes. “É um desafio gigantesco, pois o país tem um déficit de 200 mil professores”, ressalta.
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