segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Gastos de governos com a crise atingem três trilhões de dólares

FERNANDO CANZIAN, Folha de S. Paulo, 13 de setembro de 2009

Saída da crise deixa endividamento recorde. Um ano depois de o banco Lehman Brothers quebrar, gastos dos governos contra a crise somam quase US$ 3 trilhões


Nos países emergentes, o retorno da atividade se sustenta com o crescimento do mercado interno e da atividade privada. Exemplo disso foi o avanço de 1,9% do PIB brasileiro no segundo trimestre do ano.

Nas economias avançadas, é o endividamento público recorde no pós-Segunda Guerra que tira os países da maior crise global desde a década de 1930.
Pela primeira vez na história moderna a crise fará com que em 2009 o crescimento global seja liderado pelos emergentes, e não pelo mundo rico.

Grandes desafios persistem: o setor privado dará conta de manter o crescimento nos países ricos quando as ajudas estatais terminarem? Qual a consequência da explosão do endividamento público sobre o futuro da economia mundial?

Embora os mercados já tenham recuperado boa parte das perdas desde o colapso do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, o desemprego em vários países bateu recorde em várias décadas.

A volta dos lucros corporativos nos EUA e em outros países ricos se dá como consequência do corte de custos e de pessoal.

Enquanto os problemas de fundo que detonaram a crise seguem sem solução, o ímpeto para uma nova regulação global a fim de evitar um novo desastre diminui rapidamente.
Passado um ano, as famílias norte-americanas e em vários países ricos seguem endividadas como nunca. E ainda perdem suas casas e empregos.

Já os bancos, embora sigam entupidos com os chamados "ativos tóxicos" que quase os levaram à falência, voltam a pagar elevados bônus a seus executivos. Mesmo os produtos financeiros "exóticos" em Wall Street ensaiam um retorno.

Um retrocesso na recuperação global não está descartado. Por isso, os países do G20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) devem manter pacotes de estímulo de cerca de US$ 2,5 trilhões.

Nos EUA, só em áreas fortemente dependentes de dinheiro público, como saúde e educação, há criação de empregos. Em agosto, o desaparecimento de "apenas" 250 mil vagas foi considerado boa notícia.

O quadro segue desolador no país. Por mês, ainda há cerca de 300 mil ordens de despejo contra mutuários inadimplentes e mais de cem bancos foram fechados neste ano pelo governo.

Dois dos maiores ícones do capitalismo norte-americano, a General Motors e o Citigroup, têm hoje o Estado como principal acionista. O governo também controla a maior seguradora do mundo, a AIG, e as duas maiores empresas de crédito imobiliário do planeta, a Fannie Mae e a Freddy Mac.

Ao redor do mundo, especialmente nos países avançados, o desemprego também segue alto e a atividade baixa.

Mas economias importantes como Japão, Alemanha e França mostram sinais de que já saíram da recessão, embora dependentes de dinheiro estatal.

Nenhum comentário: