quinta-feira, 17 de junho de 2010

Justiça bloqueia em Londrina imóvel avaliado em R$ 750 mil de vereador petista e ex-secretário de governo

JORNAL DE LONDRINA, 17 de junho de 2010

Justiça quer impedir venda de imóvel no valor de R$ 750 mil que o vereador já tentava negociar; ex-secretário de Gestão Pública do governo Nedson Micheleti e atual vereador pelo PT é acusado de enriquecimento ilícito pelo Gaeco


O vereador Jacks Dias (PT) foi acusado pelo Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de enriquecimento ilícito e teve seus bens considerados indisponíveis pelo juiz da 8ª Vara Cível, José Ricardo Alvarez Vianna. A medida cautelar atendeu ação proposta pelo Ministério Público (MP), a segunda contra Dias baseada na acusação do recebimento de propina da empresa de segurança Setrata. O petista teria recebido pouco mais de R$ 227 mil, enquanto era secretário de Gestão Pública na administração de Nedson Micheleti.

Segundo a promotora, Leila Voltarelli, o Gaeco pediu o bloqueio quando soube que Dias tentava vender um imóvel no condomínio fechado Terras de Santana, cujo valor está estimado em R$ 750 mil. O MP não tem o levantamento de outros bens do vereador. “O fato dele estar colocando seus bens a venda caracteriza a intenção de dilapidar [o patrimônio] e dificultaria o ressarcimento ao erário”, disse.

A ação principal de improbidade administrativa em que Dias é acusado pede a suspensão dos direitos políticos por até 10 anos, perda da função pública, devolução dos valores acrescidos, proibição de contratar com poder público, multa e indenização por danos morais. “A ação é baseada na admissão das vítimas [os proprietários da empresa Setrata] de que pagaram o valor para o vereador, além de provas testemunhais de um funcionário que trabalhou no setor financeiro e apreensão de documentos contábeis”, explicou Leila Voltareli.

Segundo os promotores, durante a operação de busca e apreensão de documentos na Setrata, foram obtidos documentos que demonstravam 33 saques feitos durante o período de 2005 a 2008 cujos valores variavam de R$ 1 mil a R$ 11 mil. Segundo o promotor Jorge Barreto, os indicativos de que esses valores foram para Dias estão na contabilidade da empresa. “Os registros na contabilidade apresentam vários indicativos que os saques eram feitos para pagar o então secretário”.

Defesa - Desde o início das investigações, Jacks Dias tem negado o recebimento de qualquer valor da Setrata. Ontem, a reportagem do JL tentou falar com o vereador, mas ele não atendeu o telefone celular. Seu advogado, João Gomes, disse que ele mantém as negativas e refutou os depoimentos dos funcionários da Setrata. “Até que se diga isso na frente de um juiz isso não é prova”, argumentou.

Gomes ainda afirmou que a casa de R$ 750 mil é único bem do vereador e ex- secretário municipal Jacks Dias, que tem como profissão original a de bancário. “Pelo que eu saiba, ele não tem mais nada. Pode ser que seja o esforço de toda uma vida”. Ainda conforme o advogado, o motivo da venda é o divórcio do vereador. “Ele está passando por um dolorido processo de separação judicial e a casa era para que ele e a esposa dividissem o valor”.

Centronic - Está previsto para hoje o depoimento no Gaeco de dois representantes da empresa Centronic Segurança, que também teriam pagado propina para Dias durante o seu período como secretário de Gestão Pública. Segundo informações do delegado Alan Flore, do Gaeco, o gerente de Londrina e também o proprietário da empresa, com sede em Curitiba, prestarão esclarecimentos sobre o caso que ainda está em investigação.

Nenhum comentário: