sexta-feira, 18 de junho de 2010

Gaeco vai indiciar em Londrina todos os envolvidos no caso Centronic

JORNAL DE LONDRINA, 18 de junho de 2010

Dono da empresa foi ouvido ontem sobre pagamentos ao vereador petista Jacks Dias e ex-secretário de Gestão do governo Nedson Micheleti; delegado acredita que “houve negociata”


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) concluiu que não houve concussão – exigência indevida de vantagem por funcionário público – e sim corrupção no relacionamento entre o vereador Jacks Dias (PT) e a Centronic, empresa de segurança privada que ainda presta serviços à Prefeitura de Londrina.

Na quarta-feira, Jacks foi denunciado à Justiça em um caso semelhante e teve bens bloqueados – inclusive uma casa em condomínio fechado. A investigação apontou que ele recebeu pagamentos que chegariam a R$ 227 mil da empresa Setrata, uma terceirizada de limpeza de prédios municipais, quando era secretário de Gestão Pública, entre 2005 e 2008.

Até antes do depoimento de Nilson Godoes, proprietário da Centronic, no dia de ontem, o Gaeco ainda averiguava a possibilidade de que Jacks tivesse pressionado a empresa a pagar propina. Após o empresário ser ouvido, agora o delegado Alan Flore acredita que “houve uma negociata, um claro acordo por parte de ambos”. Em um depoimento está a informação de que o então secretário de Gestão costumava enviar currículos, pessoalmente, para a Centronic, como forma de indicação política para contratações de trabalhadores. Nas eleições em que Jacks venceu como vereador, a Centronic, por sua vez, abriu as portas para que ele conversasse pessoalmente com os funcionários.

Ao delegado, Godoes confirmou em depoimento informal que pagou convites para um jantar do PT em 2008 – mas se negou a responder oficialmente e confirmar no depoimento a mesma questão que fora objeto de um comentário espontâneo. “Orientado pelo advogado, decidiu ficar calado. O estranho é ter silenciado apenas quanto a este ponto”, afirmou Flore.

O delegado do Gaeco avaliou como “interessante” a afirmação do dono da Centronic, que se sente vítima de perseguição ou vingança de Paulo Iora, gerente da empresa em Londrina. Aos investigadores, Iora relatou ter ouvido de Godoes sobre pagamentos ao ex-secretário. O delegado afirma que, diante das suspeitas, deve indiciar todos os envolvidos em breve. O inquérito aguarda a conclusão de uma auditoria em documentos apreendidos na casa de Paulo Iora e na sede da Centronic em Londrina. Em um deles, a expressão “pagamento por fora à Prefeitura” chamou a atenção.

Desde o início da investigação, Jacks nega todas as denúncias e informações. Ontem, afirmou que não pretende falar publicamente sobre tais casos. Responderá, apenas, em juízo – “e aos meus eleitores, de forma direta”.

O advogado da Centronic, Elias Mattar Assad, avaliou como positivo o depoimento. Segundo ele, a pergunta sobre o jantar pago ao PT não foi respondida para “evitar interpretações erradas”. Assad afirmou ainda que o dono da Centronic nega com veemência qualquer tipo de ilegalidade. “Não houve pedido nem pagamento por parte do agente público. Mesmo porque não havia motivos para isso”, frisou.

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