sexta-feira, 18 de junho de 2010

Comércio do PR é o que mais emprega e fatura no Sul

GAZETA DO POVO, 18 de junho de 2010

Estado tem o 3.º maior polo comercial do país, mas o avanço concentrado nos pequenos negócios impede um aumento mais forte do salário médio


No ano em que a economia foi atingida pela maior crise das últimas sete décadas, o comércio paranaense apresentou desempenho invejável. Além de formarem o terceiro maior polo comercial do país em receita bruta (atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais), as empresas desse setor no Paraná passaram em 2008 a ser também as que mais empregam na Região Sul. Naquele ano, os 118,5 mil varejistas e atacadistas paranaenses empregaram 621,5 mil pessoas e faturaram R$ 126,6 bilhões. Com isso, responderam por 38,6% de toda a movimentação financeira do comércio sulista. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O principal motor do Paraná esteve no varejo e, mais especificamente, nas pequenas lojas. Enquanto no Brasil se destacam os números do segmento de veículos, no estado foram as áreas de vestuário, alimentos e aquela fatia que o IBGE identifica como “outros produtos em lojas especializadas” que mais aumentaram sua relevância. Esse último tipo de atividade, que inclui uma grande variedade de lojas (de locadoras de vídeo e lan houses a papelarias e livrarias), empregou 216,3 mil pessoas no Paraná em 2008 – um crescimento de 29,5% em relação ao ano anterior. “O comércio de menor porte vem crescendo já há algum tempo na esteira de benefícios fiscais, como o regime de tributação Simples”, cita o assessor econômico da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), Vamberto Santana.

Hipermercados e supermercados, o segmento específico que é o maior empregador do comércio, também aumentaram seus quadros de funcionários, mas num ritmo bem menor: 1,9%, para 63,8 mil pessoas. O emprego na venda de combustíveis e lubrificantes, outra área com grande peso no comércio geral, recuou 4,8% no mesmo período. “O comércio do Paraná segue de perto a distribuição verificada nacionalmente, com o atacado se destacando em receita e o varejo em número de empresas pessoal empregado”, diz o técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Fábio Carvalho.

Salários menores

A força do comércio “formiguinha” no Paraná tem reflexo na menor massa salarial do comércio local em relação ao gaúcho. Mesmo tendo um contingente de pessoas maior trabalhando no setor – e um faturamento bruto também mais forte –, o Paraná distribuiu um total de salários e outras remunerações de R$ 5,9 bilhões. Com isso, a remuneração média do trabalhador no estado foi de R$ 9,5 mil ao ano. No Rio Grande do Sul, a massa salarial chegou a R$ 6,1 bilhões, com renda média anual de R$ 10,4 mil.

“Há uma diferença de perfil de comércio. O maior número de trabalhadores em pequenas empresas pode gerar uma média salarial mais baixa, uma vez que as grandes companhias tendem a remunerar melhor os funcionários”, diz Cid Cordeiro, economista e técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (Dieese-PR).

Fotografia - “A Pesquisa Anual do Comércio tem um caráter estrutural. Há menos análise dos números porque sua função é apresentar os dados gerais do setor”, explica Carvalho, do IBGE. Pois desse “retrato” surge, no Paraná, um comércio altamente concentrado no atacado. No Brasil, 44,6% da receita setor está nas mãos dos atacadistas. No Paraná, essa fatia é de 49,4%, enquanto em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, ela fica em torno dos 40%. Uma das explicações estaria na localização geográfica do estado, que propicia a instalação de centros de distribuição de produtos para outros estados.

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