quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

“Catanduvas contribuiu, agora precisa de retorno”, diz prefeito

GAZETA DO POVO, 1 de dezembro de 2010


O prefeito de Catanduvas, Aldoir Bernart (PMDB), está em Brasília desde ontem tentando sensibilizar o governo federal para destinar mais recursos para o município. A cidade do Oeste paranaense abriga a primeira penitenciária federal de segurança máxima construída no país, em funcionamento desde maio de 2006. Nos últimos cinco dias, a prisão recebeu 20 acusados de envolvimento nos distúrbios ocorridos no Rio de Janeiro.

Segundo ele, a penitenciária deu mais segurança aos moradores, mas existem promessas de investimentos que não foram cumpridas. “No dia da inauguração da penitenciária, o então mi­­nistro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse no discurso que a infraestrutura da cidade iria melhorar. Mas o fato é que ainda não melhorou”, lembra o prefeito.

O descontentamento da população é antigo – em julho do ano passado uma manifestação fechou por 10 horas a PR-471, na Região Oeste do estado. Bernart espera ser recebido amanhã pelo ministro das Relações Institu­cionais, Alexandre Padilha.


Como a penitenciária impacta na população de Catanduvas?
Todas essas notícias de transferências de presos que saíram nos últimos dias deixaram a população um pouco assustada. Não estávamos acostumados com tanto noticiário. Acredito que tudo isso, aos poucos, vai se resolvendo. Mas é mais um motivo para a gente buscar novos recursos junto ao governo federal. É preciso lembrar que, além da penitenciária, nós temos uma unidade do Cindacta que controla o espaço aéreo da região. Por toda essa contribuição que temos dado à segurança do país, acredito que possamos ter algum retorno. Nosso município tem poucos recursos, depende do que recebe do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Dá para melhorar.

A cidade se tornou mais perigosa depois da instalação da penitenciária, em 2006?
Não. Desde a instalação, nada aconteceu na cidade. Inclusive temos até mais segurança.

Familiares, advogados e pessoas ligadas aos presos passaram a morar em Catanduvas?
Alguns familiares vão e ficam por lá. Mas a maioria só faz a visita e em seguida volta para casa. Os familiares em geral só circulam pela cidade, mas não se instalam.

O município é suficientemente compensado por abrigar a penitenciária?
Até hoje, não. Já tivemos várias audiências aqui em Brasília, com a ajuda de deputados da bancada do Paraná, e nada aconteceu em nossa cidade. O município foi parceiro do governo federal, doou o terreno para que a penitenciária fosse construída. A não ser pelas emendas de parlamentares, nada aconteceu de investimentos federais. É por isso que estamos tentando marcar essa audiência com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Nossa cidade enfrenta várias dificuldades, não temos saneamento básico, muitas ruas não têm calçamento e os colégios, que estão a 500 metros da penitenciária, precisam de reformas.

O que o senhor espera da reunião com o ministro? O que será solicitado?
Espero que o município seja atendido na área de infraestrutura e educação. Também precisamos de auxílio para a saúde porque não temos um hospital.

Se hoje fosse realizado um plebiscito entre os moradores de Catanduvas para decidir se a penitenciária deveria continuar ou não na cidade, qual seria o resultado?
A população não tem nada contra ou a favor da penitenciária. A única coisa que eles reclamam é que, quando houve a decisão pela instalação, antes até de eu ser prefeito, foi prometido que a cidade receberia uma infraestrutura melhor. Os moradores estão revoltados porque não tiveram nada de benefício. Catanduvas contribui, mas precisa de algum retorno. Acho que é uma boa chance para que a cidade possa enfim ser atendida.

O governo federal fez promessas que não cumpriu para a população?
No dia da inauguração da penitenciária, o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse no discurso que a infraestrutura da cidade iria melhorar. Mas o fato é que ainda não melhorou.

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