GAZETA DO POVO, 5 de outubro de 2009
Faltam informações e atualizações frequentes no site que promete apresentar dados completos sobre a atuação dos deputados na Assembleia
Passado mais de um mês do lançamento do Portal da Transparência da Assembleia Legislativa do Paraná, as informações disponibilizadas no site ainda são insuficientes para que a sociedade possa fiscalizar a atuação dos 54 parlamentares. Enquanto os gastos referentes a setembro não foram publicados, a prestação de contas da deputada Beti Pavin (PMDB) continua sem qualquer informação, embora ela já tenha apresentado as notas fiscais de agosto. O link que deveria dar acesso à lista de servidores da Casa, que foi divulgada em papel no mês de abril, leva a uma página em branco. Além disso, os Diários Oficiais, hoje com circulação restrita aos gabinetes dos deputados, não foram divulgados no portal – nem há previsão para que isso ocorra.
Prometido pelo presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), desde junho do ano passado, quando veio à tona o esquema gafanhoto, o site foi lançado com pompa no último dia 27 de agosto. No entanto, segundo especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, somente a transparência total permitirá o controle social sobre a atuação dos deputados e sobre a legalidade dos gastos que eles realizam. “Não pode haver meia transparência. Ela é o principal antídoto contra a corrupção e tem de ser encarada dessa forma”, defende Gil Castelo Branco, economista e consultor de economia da ONG Contas Abertas. “Essa não pode ser só uma palavra mágica usada politicamente para valorizar quem criou o site e dar a falsa imagem de que o órgão está sendo claro.”
Apesar de considerar o lançamento do portal um avanço, Castelo Branco alerta que a página precisa ser atualizada frequentemente e permitir uma interação com os usuários. Para ele, a Assembleia paranaense deveria divulgar não só o nome dos servidores, mas seus cargos, salários e gabinetes em que trabalham. Outra necessidade seria publicar os Diários Oficiais. “De nada adianta colocar o site no ar, se ele não cumprir sua função de controle social. Se impedir que esse ritual seja cumprido, o portal não tem razão de existir”, afirma.
Além das informações financeiras sobre os gastos dos deputados e da Casa, o consultor argumenta que o site do Legislativo do Paraná deveria trazer informações sobre a atuação de cada parlamentar, como fazem o Senado e a Câmara Federal, que divulgam a frequência nas sessões, a participação nas comissões e os projetos apresentados. “O país só vai mudar se houver uma participação maior da sociedade, que possa ocorrer do cidadão para dentro das instituições e não delas para fora.”
Justificativas
Principal responsável pela elaboração do Portal da Transparência, o deputado Durval Amaral (DEM) considerou positivo o primeiro mês de atividade do site. Segundo ele, a página recebeu mais de 366 mil acessos em setembro e 3,5 mil apenas nos dois primeiros dias de outubro. “Por si só, os números mostram que as pessoas têm acompanhado e consultado o site”, disse. “Isso prova a importância do portal para que a sociedade possa exercer esse controle social sobre a Assembleia.”
Amaral, no entanto, reconheceu que a página ainda precisa de aperfeiçoamentos, que, de acordo com ele, estão sendo feitos aos poucos. O parlamentar revelou que a mesa executiva anunciará hoje a decisão de que os gastos dos deputados serão divulgados todos de uma única vez, até o 15° dia do mês seguinte à prestação de contas. “Publicar aos poucos cria muito transtorno do ponto de vista gerencial”, explicou.
Em relação às despesas da deputada Beti Pavin, Amaral afirmou que os dados podem ter passado despercebidos pela Comissão de Tomadas de Contas ou apresentaram algum problema técnico ao serem enviados para análise. “Vou checar o que aconteceu, mas garanto que, com a uniformização da publicação das despesas, isso não vai mais acontecer”. Questionado sobre a falha na abertura da lista de servidores, o democrata afirmou que o arquivo é bastante pesado e depende da capacidade do computador para ser acessado. Segundo ele, esse problema já está sendo corrigido.
Amaral ainda defendeu-se das críticas dos especialistas, que pedem, entre outras coisas, a divulgação dos Diários Oficiais e de informações detalhadas sobre os servidores da Casa. “O controle social tem que obedecer aos requisitos estabelecidos em lei. Tudo aquilo que é de interesse público e que está respaldado por lei vai para o ar”, garantiu. Seguindo esse pressuposto, o deputado adiantou que irá disponibilizar no portal a pauta diária das sessões e a tramitação dos projetos. “Pessoalmente, defendo a divulgação da frequência, dos projetos elaborados, de como votou cada parlamentar”, declarou. “Mas, como tudo no parlamento, isso depende de um entendimento entre os deputados.”
Faltam informações e atualizações frequentes no site que promete apresentar dados completos sobre a atuação dos deputados na Assembleia
Passado mais de um mês do lançamento do Portal da Transparência da Assembleia Legislativa do Paraná, as informações disponibilizadas no site ainda são insuficientes para que a sociedade possa fiscalizar a atuação dos 54 parlamentares. Enquanto os gastos referentes a setembro não foram publicados, a prestação de contas da deputada Beti Pavin (PMDB) continua sem qualquer informação, embora ela já tenha apresentado as notas fiscais de agosto. O link que deveria dar acesso à lista de servidores da Casa, que foi divulgada em papel no mês de abril, leva a uma página em branco. Além disso, os Diários Oficiais, hoje com circulação restrita aos gabinetes dos deputados, não foram divulgados no portal – nem há previsão para que isso ocorra.
Prometido pelo presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), desde junho do ano passado, quando veio à tona o esquema gafanhoto, o site foi lançado com pompa no último dia 27 de agosto. No entanto, segundo especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, somente a transparência total permitirá o controle social sobre a atuação dos deputados e sobre a legalidade dos gastos que eles realizam. “Não pode haver meia transparência. Ela é o principal antídoto contra a corrupção e tem de ser encarada dessa forma”, defende Gil Castelo Branco, economista e consultor de economia da ONG Contas Abertas. “Essa não pode ser só uma palavra mágica usada politicamente para valorizar quem criou o site e dar a falsa imagem de que o órgão está sendo claro.”
Apesar de considerar o lançamento do portal um avanço, Castelo Branco alerta que a página precisa ser atualizada frequentemente e permitir uma interação com os usuários. Para ele, a Assembleia paranaense deveria divulgar não só o nome dos servidores, mas seus cargos, salários e gabinetes em que trabalham. Outra necessidade seria publicar os Diários Oficiais. “De nada adianta colocar o site no ar, se ele não cumprir sua função de controle social. Se impedir que esse ritual seja cumprido, o portal não tem razão de existir”, afirma.
Além das informações financeiras sobre os gastos dos deputados e da Casa, o consultor argumenta que o site do Legislativo do Paraná deveria trazer informações sobre a atuação de cada parlamentar, como fazem o Senado e a Câmara Federal, que divulgam a frequência nas sessões, a participação nas comissões e os projetos apresentados. “O país só vai mudar se houver uma participação maior da sociedade, que possa ocorrer do cidadão para dentro das instituições e não delas para fora.”
Justificativas
Principal responsável pela elaboração do Portal da Transparência, o deputado Durval Amaral (DEM) considerou positivo o primeiro mês de atividade do site. Segundo ele, a página recebeu mais de 366 mil acessos em setembro e 3,5 mil apenas nos dois primeiros dias de outubro. “Por si só, os números mostram que as pessoas têm acompanhado e consultado o site”, disse. “Isso prova a importância do portal para que a sociedade possa exercer esse controle social sobre a Assembleia.”
Amaral, no entanto, reconheceu que a página ainda precisa de aperfeiçoamentos, que, de acordo com ele, estão sendo feitos aos poucos. O parlamentar revelou que a mesa executiva anunciará hoje a decisão de que os gastos dos deputados serão divulgados todos de uma única vez, até o 15° dia do mês seguinte à prestação de contas. “Publicar aos poucos cria muito transtorno do ponto de vista gerencial”, explicou.
Em relação às despesas da deputada Beti Pavin, Amaral afirmou que os dados podem ter passado despercebidos pela Comissão de Tomadas de Contas ou apresentaram algum problema técnico ao serem enviados para análise. “Vou checar o que aconteceu, mas garanto que, com a uniformização da publicação das despesas, isso não vai mais acontecer”. Questionado sobre a falha na abertura da lista de servidores, o democrata afirmou que o arquivo é bastante pesado e depende da capacidade do computador para ser acessado. Segundo ele, esse problema já está sendo corrigido.
Amaral ainda defendeu-se das críticas dos especialistas, que pedem, entre outras coisas, a divulgação dos Diários Oficiais e de informações detalhadas sobre os servidores da Casa. “O controle social tem que obedecer aos requisitos estabelecidos em lei. Tudo aquilo que é de interesse público e que está respaldado por lei vai para o ar”, garantiu. Seguindo esse pressuposto, o deputado adiantou que irá disponibilizar no portal a pauta diária das sessões e a tramitação dos projetos. “Pessoalmente, defendo a divulgação da frequência, dos projetos elaborados, de como votou cada parlamentar”, declarou. “Mas, como tudo no parlamento, isso depende de um entendimento entre os deputados.”
O conteúdo do Portal da Transparência
Apesar de estar no ar há quase 40 dias, o Portal da Transparência da Assembleia está desatualizado e permanece obscuro em vários pontos. Veja quais as principais falhas do site:
- Os gastos de setembro ainda não foram publicados.
- As despesas de agosto da deputada Beti Pavin (PMDB) não estão no site, apesar de ela já ter prestado contas e recebido o dinheiro de volta.
- A lista de servidores, divulgada em papel no mês de abril, permanece fora do ar.
- Só há divulgação das despesas a partir de agosto deste ano e não de todo o mandato dos deputados, que começou em janeiro de 2007.
- Dos R$ 27,5 mil da verba de ressarcimento, são divulgados apenas R$ 15 mil. A cota postal e telefônica (R$ 3,2 mil) e a cota transporte (R$ 9,3 mil) não são publicadas.
- As notas fiscais divulgadas só mostram o CNPJ das empresas e não o nome delas.
- Não são divulgadas as verbas extras destinadas às lideranças e à mesa executiva.
- Os gastos administrativos da Casa são apresentados de forma genérica, sem detalhamento.
- Estão fora do site informações de quais os cargos, quanto recebem e em que gabinetes trabalham os comissionados.
- Também não há informações detalhadas sobre os servidores de carreira.
- Não são publicadas as licitações da Casa nem os Diários Oficiais.
- Não há qualquer informação sobre o desempenho parlamentar de cada deputado: currículo, como votou, frequência nas sessões nem quantos projetos apresentou.
- Os arquivos estão no formato PDF, o que dificulta comparar e organizar os dados.
Em Brasília
Como comparação, é possível encontrar mais transparência nos portais da Câmara Federal e do Senado:
- Os dois sites já publicaram os gastos de setembro, com o nome das empresas além do CNPJ.
- No site da Câmara, aparecem as despesas desde o início dos mandatos, apesar de as notas fiscais só estarem disponíveis a partir de abril deste ano. Alguns deputados, inclusive, já divulgaram despesas programadas para outubro.
- Na página do Senado, os gastos podem ser acessados a partir de fevereiro de 2008, também com divulgação das notas fiscais a partir de abril de 2009.
- Ambos os portais trazem informações específicas sobre cada parlamentar: como votou, presença nas sessões, projetos apresentados, participação nas comissões, relatorias de matérias.
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