quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pesquisadores discutem aplicação de inseticida

JORNAL DE LONDRINA, 14 de outubro de 2009

Parâmetros atuais foram definidos na década de 80, ainda são considerados seguros pelos especialistas, mas não são respeitados por muitos produtores rurais


Pesquisadores de soja se reúnem hoje e amanhã na unidade da Embrapa em Londrina para discutir se é preciso mudar os níveis de controle do percevejo e da lagarta, as principais pragas da cultura. Para os estudiosos, os atuais níveis são seguros. No entanto, no campo os produtores não seguem a orientação e acabam aplicando inseticida antes que seja necessário, perdendo dinheiro e jogando mais química no ambiente.

O objetivo do encontro é debater se os níveis atuais, definidos na década de 80, ainda estão válidos ou se é necessário estabelecer novos parâmetros. Segundo a Embrapa Soja, o inseticida só deve ser aplicado na soja quando houver mais de dois percevejos por metro ou mais de 20 lagartas por metro. A planta ainda suporta uma desfolha de 30%.

Para o pesquisador da Embrapa Adeney de Freitas Bueno, os indicadores ainda estão adequados. “Pelos ensaios que a equipe entomológica [que estuda insetos] da Embrapa conduz, há segurança nesses índices. Mas queremos discutir se a pesquisa está realmente correta ou não e, se estiver, o que precisa mudar para que o produtor atue de forma correta”, afirmou. “O produtor tem aplicado cada vez mais inseticida e cada vez mais cedo.”

Essa atitude, segundo o pesquisador, traz vários malefícios. “Quando o inseticida é aplicado muito cedo, mesmo que não traga prejuízo para a lavoura, traz para o bolso do produtor. Ele está tendo um custo que não precisa”, reforçou Bueno. Mas não é só a saúde financeira que é afetada. “Inseticidas são química e têm efeito colateral. Aplicados de forma desnecessária acabam até eliminando inimigos naturais de outras pragas. A consequência disso é que tem aumentado cada vez mais o aparecimento de outras pragas na lavoura”, enfatizou. “Não é porque aspirina é barata que a pessoa deve tomar o tempo todo. O mesmo raciocínio deve ser levado para a lavoura.”

Para o presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissinati, é necessário que o produtor mude de conduta e siga as orientações dos órgãos de pesquisa. “O produtor acaba comprando um pacote que já vem a semente e o inseticida. Com o produto na mão, se vê estimulado a aplicar o produto antes mesmo que seja necessário”, afirmou.

Aliado a essa “facilidade”, está o receio do produtor de perdas na lavoura. “Ele tem medo de passar o ciclo da aplicação. Não quer correr risco. Mas fazendo assim as pragas vão ganhando resistência”, observou. Para Pissinati, é preciso levar mais orientação ao agricultor. “Embrapa e Emater sempre fazem dia de campo e alertam sobre os níveis de controle de pragas e o produtor precisa ter mais paciência e seguir as recomendações.”

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