terça-feira, 20 de outubro de 2009

40% dos municípios do Paraná já sofreram com o tempo neste ano

BEM PARANÁ, 20 de outubro de 2009

Na média, Coordenadoria Estadual da Defesa Civil registrou um evento severo natural por dia de janeiro a outubro


Ao menos 40% dos municípios paranaenses já foram atingidos por desastres naturais neste ano. O índice representa quase o dobro do número de ocorrências registrados até o começo de outubro do ano passado, quando 23% dos municípios haviam sido surpreendidos por eventos severos. Relatório da Defesa Civil do Paraná aponta que, até ontem, haviam sido registradas pelo menos 294 ocorrências que afetaram 161 dos 399 municípios paranaenses. No mesmo período de 2008, foram 192 ocorrências que atingiram 92 municípios.

O ano de 2009 tem sido marcado por eventos naturais constantes no Paraná. Entre o dia 1º de janeiro e 19 de outubro, transcorreram 292 dias no calendário, ou seja, na média, computa-se praticamente uma ocorrência por dia. Em 2008, o índice foi de 0,6 eventos a cada dia.
Segundo a Defesa Civil, 84 municípios paranaenses foram atingidos por desastres naturais somente no mês de setembro. Foram registrados pelo menos 83 ocasiões com relatos de eventos severos, dentre vendavais, tempestades, alagamentos, granizo, enchentes e inundações. O número de residências danificadas foi superior a seis mil, afetando um total de mais de 108 mil pessoas. Se forem calculados os números de eventos diários, o índice é de 2,7 somente para aquele mês.

Em outubro, pelo menos 47 municípios já foram afetados por algum tipo de desastre natural. De acordo com relatório da Defesa Civil, foram registradas ao menos 58 ocorrências, cerca de 1,8 por dia. Os eventos mais comuns foram os vendavais e tempestades, que atingiram pelo menos 70% destes municípios. Mais de 62 mil pessoas foram afetadas e 5,3 mil casas foram danificadas. Somando os dados de setembro e outubro, 170 mil pessoas foram prejudicadas no Estado por conta das variações do tempo.

Seca
Desde o início do ano, a situação não tem sido diferente no Estado. Já no primeiro mês de 2009, 24 ocorrências afetaram 23 municípios paranaenses. No lugar das chuvas observadas atualmente, o início do ano foi castigado pelas estiagens. Pelo menos 12 dos 23 municípios apresentaram episódios de estiagem. Os vendavais, tempestades, granizo e alagamentos também deixaram rastros em cerca de sete municípios.

Durante os meses de fevereiro e março, cerca de 18 ocorrências em cada mês afetaram em torno de 17 municípios. Os vendavais, tempestades e chuvas de granizo passaram a ficar mais frequentes e os estragos chegaram a atingir boa parte da população. Em abril e maio, as ocorrências foram aumentando para 25 a cada mês, que afetaram em torno de 23 municípios.

Nos meses de junho e agosto, a situação ficou um pouco mais calma. Junho registrou 12 ocorrências que afetaram 11 municípios e em agosto foram quatro municípios afetados por quatro ocorrências. Neste meio termo, o mês de julho foi movimentado. Ao todo, cerca de 28 ocorrências afetaram 18 municípios neste mês.
De acordo com o major Osni José Bortolini, chefe da divisão de Defesa Civil do Paraná, é fato que tanto o número de ocorrências está superior neste ano quanto o tamanho do estrago que estes eventos naturais têm causado. “Certamente esses eventos mais severos e que tem causado um estrago muito maior nos municípios tem como causa as mudanças climáticas que estão acontecendo em todo o mundo e, no nosso caso, acentuadas pelo efeito do El Niño, que está atuando na região Sul. Estamos localizados na região onde ocorre o encontro de frentes quentes e frias, então o número de ocorrências tem sido muito superior e deve permanecer assim”, afirmou.


Destruição do Norte ao Sul
As cidades de Londrina e Ibiporã foram castigadas por três fortes temporais nos últimos cinco dias. No domingo, ventos de até 90 quilômetros por hora e chuva de granizo voltaram a atingir os dois municípios. No total, 500 pessoas foram afetadas em Londrina e cerca de 20 mil em Ibiporã. As duas no Norte do Estado.

O temporal de domingo durou menos de meia hora em Londrina, mas foi o suficiente para derrubar dezenas de árvores, destelhar casas e alagar diversos pontos da cidade. Segundo levantamento da Defesa Civil, mais de 220 residências foram danificadas e 15 pessoas tiveram de ser alojadas. Outras 16 fora removidas para abrigos públicos.

As regiões Sul, Leste e parte do Centro da cidade fora as regiões mais atingidas. Às margens do Lago Igapó, localizado na zona Sul da cidade, diversos eucaliptos foram derrubados com a tempestade e obstruíram a pista de caminhada. Um balanço aponta que 70% das árvores foram ao chão. Mais de 500 árvores já foram derrubadas na cidade coms temporais das últimas semanas. Na semana passada o município decretou situação de emergência.

Durante a tarde de domingo, o Instituto Tecnológico Simepar registrou a ocorrência de 90 milímetros de chuva em apenas duas horas no município. Até as 16 horas de ontem, foram registrados 143 milímetros de chuva, mais do que o esperado para todo o mês.
Em Ibiporã, as fortes chuvas afetaram cerca de 20 mil pessoas. De acordo com a Defesa Civil, ao menos 203 residências foram danificadas e 16 pessoas foram encaminhadas a abrigos públicos. Outras sete foram desalojadas e estão em casa de parentes ou amigos. A chuva constante fez subir em dois metros o nível do Rio Tibagi e fez transbordar em alguns pontos o córrego Jataizinho. As famílias que moram às margens do córrego foram retiradas de suas casas. A Biblioteca Municipal teve de ser interditada porque o local foi inteiramente inundado.

Ainda no domingo, outros 36 municípios, principalmente das regiões Sudoeste, Noroeste e Oeste do Paraná, foram atingidos pelo mau tempo. Na cidade de Ampére, os ventos atingiram a marca dos 115 quilômetros por hora. Em Paranavaí o Simepar registrou ventos de 106 quilômetros por hora. Em Loanda, 50 residências foram danificadas pelo temporal com granizo.

Problemas para Copel e Sanepar
Um dia após o temporal que atingiu a região de Londrina, equipes próprias e contratadas da Copel continuavam em campo executando reparos nas redes de distribuição de energia. Dos 35 mil domicílios que estavam sem energia elétrica na noite de domingo, momentos após a passagem da tempestade, menos de 3 mil continuavam aguardando ontem a conclusão das obras de recuperação do sistema elétrico.

Com 50 equipes de emergência e de manutenção mobilizadas, a expectativa da Copel era de normalizar completamente o atendimento aos consumidores nas áreas urbanas de Londrina e região próxima ainda durante a noite de segunda. Hoje ainda terão continuidade os reparos em áreas rurais de difícil acesso e no sistema elétrico de Ibiporã, onde as equipes locais da Copel trabalhavam com reforços vindos de Cambé e Centenário do Sul.

No final da tarde de ontem estavam sem eletricidade em decorrência do temporal de domingo 864 unidades consumidoras na cidade de Londrina, 791 em Ibiporã e 150 em Jataizinho. Na região de Apucarana, onde chove desde sábado, cerca de mil domicílios estão sem energia elétrica. No Vale do Ivaí, mais de uma centena de postes foram quebrados com o temporal do domingo — a maior parte deles de um ramal que atende a consumidores rurais.

Água
As chuvas também trazem problemas para o abastecimento de água no Estado. Em Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná, são cerca de 18.400 habitantes da área urbana afetados. O principal problema enfrentado pela Sanepar decorre do alto índice de turbidez da água captada do rio Alívio, que estava 11 vezes superior a um dia normal de chuva.

Em Paranavaí, na madrugada de domingo, houve o rompimento da adutora (tubulação de grande diâmetro) que transporta a água bruta da captação até a ETA. O problema foi causado pela queda de energia elétrica na captação. Quando houve o restabelecimento da eletricidade, o bombeamento abrupto provocou uma grande pressão na tubulação. O incidente deixou 68.722 ligações residenciais e outras 9.728 comerciais sem água até o início da tarde. Mas ontem, um raio na subestação da Copel na cidade voltou a deixar consumidores sem água.

Previsão é de novos temporais no interior
O volume de chuvas para outubro, assim como já havia ocorrido desde julho, vai superando a média histórica em praticamente todo o Estado. E a previsão é de mais chuva ao longo da semana. Hoje, há previsão de chuva fraca na Capital na parte da manhã. De tarde, o sol aparece entre nuvens. No interior do Estado, pode chover apenas nas partes mais próximas da divisa com São Paulo.

Para amanhã, voltam os avisos de chuva forte acompanhadas de ventos e descargas atmosféricas na faixa que vai do Oeste ao Norte paranaenses. Chove ainda no Sul e Centro do Paraná. Na Capital e no Litoral a instabilidade deve chegar com mais força apenas a partir de quinta-feira. Novos temporais podem atingir o Norte do Paraná.
Na Capital, o sol retorna a partir da sexta-feira, com as temperaturas em elevação gradativa. No interior os termômetros devem registrar máximas acima de 33ºC a partir da quinta-feira. Em Curitiba, ela chega a 27ºC na sexta.

As fortes chuvas são provocadas pelo calor vindo do Centro-Oeste do País, da Bolívia e do Paraguai, aliado à umidade abundante nessas áreas, o que favorece a ocorrência de chuvas em todas as regiões paranaenses. A Defesa Civil está pedindo doações de telhas, colchões e alimentos para atender a população dos municípios que sofreram mais danos.

Estado é crítico no rio Tibagi, em Jataizinho
FOLHA DE LONDRINA, 20 de outubro de 2009

O excesso de chuvas dos últimos dias fez subir muito o nível do Rio Tibagi. Homens do Corpo de Bombeiros fizeram o monitoramento do local e a situação é bastante complicada. "A situação é crítica. O rio subiu bastante e estamos retirando os moradores de suas casas", informou o sub-tenente Saul Brenzink.

"O rio já chega na porta de algumas casas e oferece risco à comunidade", disse. Ruas já estão tomadas pela água. "Temos situação crítica, próxima de alagamento total na Vila Bernard. A chuva não pára e vai piorar", explicou.

Caminhões da prefeitura ajudam na retirada de móveis dos moradores. Famílias foram encaminhadas para abrigos. "Aqui são 23 familias, pelo menos cem pessoas diretamente afetadas", disse.

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