quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Chuva castiga agricultura e pecuária

GAZETA DO POVO, 10 de setembro de 2009

Em algumas regiões do Paraná choveu em apenas três dias a média do mês. Estragos vão da lavoura à infra-estrutura das propriedades de pecuária


Quando todos já vislumbravam uma das melhores safras de trigo dos últimos anos, chuvas intensas e ventos fortes que atingiram o Sul do país nesta semana frustraram as expectativas dos triticultores paranaenses. Em algumas regiões, choveu em apenas três dias o que costuma chover em todo o mês de setembro. A região mais prejudicada foi o Centro-Sul, justamente onde estão concentradas as lavouras de trigo do estado. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), essa região recebeu cerca de 150 milímetros chuva desde o início da semana, volume que, em condições normais, deveria ser distribuído ao longo do mês.

O excesso de umidade preocupa porque pega as lavouras de trigo em um período crítico de desenvolimento, ou então já prontas para a colheita. Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), um terço da lavouras do estado ainda está em fase de desenvolvimento vegetativo e floração e cerca de 60% dos trigais paranaenses estão em frutificação e maturação. Apenas 7% das lavouras foram colhidas até o momento. O normal para esta época do ano seria um índice de cerca de 20%.
Ainda não há estimativas oficiais sobre o tamanho do estrago causado pelas chuvas às lavouras de trigo, mas é certo que a previsão feita pelo Deral no início do mês deverá ser revista para baixo nas próximas semanas, afirma Otmar Hubner, agrônomo do departamento. “O novo levantamento deve sair só no fim do mês, mas dá para adiantar que a situação é preocupante”, relata. A estimativa inicial era de que o Paraná, maior produtor de trigo do país, responsável por mais da metade da produção nacional, colhesse 3,49 milhões de toneladas, mas essa expectativa caiu para 3,17 milhões de toneladas após um mês de agosto mais chuvoso que o normal. No ano passado, numa das maiores safras da história, os triticultores paranaenses colheram 3,21 milhões de toneladadas.

Além do trigo, que é a principal cultura de inverno do Paraná, o excesso de chuva também pode prejudicar outras lavouras, como aveia e cevada, mas nesses casos os danos não devem ser tão expressivos.

Segundo o Instituro Somar, o clima continua instável em todo o Sul do Brasil nos próximos dias. As precipitações serão mais intensas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, mas as chuvas continuam também no Paraná, diz a meteorologista Daniele Otsuki. Os maiores volumes estão previstos para a parte Nordeste do Paraná, que deve receber até 70 mm entre hoje e domingo. O Centro-Oeste terá chuvas de até 15 mm no período, enquanto o restante do estado acumulará em média 30 mm até o final desta semana.

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