quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Publicidade oficial cresce com eleições

O GLOBO, 22 de outubro de 2009

Verba do Governo Federal em jogo está em torno de R$ 500 milhões. Empresas estatais como a Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Economica Federal também participam do reforço publicitário em 2010


A maior parte das agências de publicidade do país já iniciou a corrida para participar das licitações em andamento de diversos órgãos públicos, como ministérios, estatais e prefeituras. Para 2010, ano eleitoral, está em jogo uma verba em torno de R$ 500 milhões, de acordo com levantamento feito pelo GLOBO com base em informações de mercado e nos editais já publicados ou em análise na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). A grande expectativa é pela conta da Petrobras, que divulga seu cronograma nos próximos dias. Para 2010, a verba da estatal para marketing oscila até R$ 250 milhões.

De acordo com Armando Strozemberg, presidente da agência Euro Contemporânea e vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), os órgãos públicos respondem anualmente por 30% do bolo publicitário do país. Em 2008, segundo o projeto Inter-Meios, o total em mídia chegou a R$ 21,4 bilhões.

Para Gustavo Bastos, da agência 11/21, conquistar contas publicitárias do governo é importante, sobretudo em tempos de crise, pois garante às empresas maior segurança e estabilidade, pois a receita é garantida.

Segundo dados da Secom, a Caixa Econômica Federal — que não abriu edital para o ano que vem, pois renovou com as agências atuais — é a estatal com o maior orçamento para publicidade em 2009: R$ 260 milhões. Em seguida, vêm Petrobras, com R$ 250 milhões, e Banco do Brasil, com R$ 150 milhões, valor idêntico ao da Presidência da República. Segundo as agências, em algumas licitações, chegam a participar até 60 empresas.

Na Petrobras, o edital já está em análise no Departamento de Normas da Secom, de acordo com fontes. Segundo a estatal, a divulgação será feita até o fim do mês. A empresa vai selecionar três agências. A última licitação foi feita em 2007 e teve validade de dois anos. Após uma série de brigas judiciais, as agências Heads, F/Nazca e a Quê levaram a conta, cujo contrato vence no fim deste ano. As três empresas dividem igualmente 75% da verba. Para o restante (25%), a estatal promove concorrência interna entre as três companhias para produzir algumas campanhas grandes.

— A verba da Petrobras será entre R$ 230 milhões e R$ 250 milhões — disse uma fonte ligada ao processo.

O Banco do Brasil (BB) também está preparando edital para reforçar seus investimentos publicitários. Com as aquisições da Nossa Caixa, do Banco do Piauí e de metade do Banco Votorantim, a instituição financeira pretende aumentar sua verba entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões já em 2010. Procurado, o BB não comentou.

— Com as aquisições, é preciso reavaliar esses investimentos para enfrentar a concorrência. A ideia é associar todas as marcas ao BB — diz um executivo que acompanha o assunto.

Atualmente, o Ministério da Cultura (com verba orçada em R$ 14 milhões para 2010), Furnas (R$ 20 milhões) e Eletronorte (R$ 6 milhões) já lançaram seus editais para selecionar uma agência de publicidade cada. O Ministério da Saúde, que irá escolher quatro empresas, tem verba estimada em R$ 99 milhões para o próximo ano. A Infraero só fará licitação da sua conta de R$ 15 milhões se as atuais agências não quiserem renovar o contrato.

— Há muitas licitações importantes em andamento para as agências. E isso está aquecendo o mercado, pois vários grupos estão se preparando para isso. Este ano, o mercado não está muito bem, pois a crise reduziu o investimento em mídia. Mesmo que essas empresas não usem toda a verba, a cifra é, na maioria, de três dígitos — disse um outro publicitário.

As agências também esperam a definição da data pela Prefeitura do Rio para a entrega de documentos e o início da seleção de três empresas de publicidade. A verba para 2010 é de R$ 42 milhões. Desde 2005, por uma decisão do ex-prefeito Cesar Maia, a cidade não contrata empresas para prestar esse serviço. Procurada, a Prefeitura não se pronunciou.

— Com os Jogos de 2016, a conta da Prefeitura do Rio passa a ser uma das mais importantes do país — afirmou um publicitário, cuja empresa está participando do processo.

Especialistas acreditam que, com a redução do investimento pelas empresas privadas, afetadas pela crise, os gastos dos órgãos públicos são fundamentais ao setor.

— Como 2010 é o último ano do governo Lula, a disputa será mais intensa. É como se fosse um último grito — diz uma fonte do setor.

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