terça-feira, 13 de outubro de 2009

Doenças e clima afetam produção do trigo na região de Cornélio Procópio

AGORA CORNÉLIO, 13 de outubro de 2009

Redução de produtividade e qualidade do produto causada por chuva e ataque de doenças fúngicas prejudica a comercialização. Queda de produtividade chega a 50%


Em entrevista concedida ao repórter Paulo Bueno da Rádio Cornélio e do site de notícias Agora Cornélio, o economista do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), Santo Pulcinelli Filho (foto) disse que as condições climáticas adversas têm levado prejuízos aos produtores de trigo. Inicialmente, segundo ele, esperava-se uma colheita em torno de 433 mil toneladas já que foram plantados 170 mil hectares nos 23 municípios da região de Cornélio Procópio. No entanto, a partir de julho começou a chover acima do normal, inclusive os índices pluviométricos são os maiores dos últimos 60 anos e o trigo é uma cultura que não gosta muito de chuva e foi atacado por doenças fúngicas, principalmente a bruzone.

Em consequência disso, houve uma redução na produtividade e na qualidade do produto. "Hoje, nossas estimativas giram em torno de 240 mil toneladas de trigo e com a redução do PH, fato que prejudica a comercialização no mercado", lamenta o técnico. Santo Pulcinelli Filho lembra que há mais de 20 dias as cooperativas e moinhos de trigo estão fora do mercado, deixando preocupados os produtores da região de Cornélio Procópio.

A produtividade esperada estava na faixa de R$ 2,4 a R$ 2,6 mil por hectare plantado, mas o resultado desta safra ficou em torno de R$ 1,4 mil. Isso representa uma redução de 50% só na produtividade. A qualidade do produto também está se refletindo nos preços. Hoje, o preço mínimo para o tipo um de trigo garantido pelo governo seria R$ 33 por saca e o preço de mercado chega no máximo a R$ 20 por saca. "Isso não cobra nem mesmo o custo de produção que está na faixa de R$ 23", observa. Diante disso, o especialista alerta que a maioria dos produtores de trigo não vai conseguir pagar suas dívidas junto aos bancos, cooperativas e revendas de insumos agrícolas.

O economista do Deral local assinala ainda que, a qualidade do produto não é boa e os moinhos, principalmente, vão comprar dentro da especificação de PH, que precisam da matéria prima para a fabricação especialmente da farinha. Isso reflete nos prejuízos para os produtores de trigo que totalizam hoje cerca de R$ 158 milhões nos 23 municípios da região de Cornélio Procópio. Ele adianta que tem notícias de que em outras regiões do Estado do Paraná os produtores de trigo já estão fazendo uma movimentação, visando chamar atenção do governo para dirimir seus prejuízos.

Santo Pulcinelli Filho afirma também que, o país consome anualmente 11 milhões de toneladas de trigo e o Brasil está muito longe de ser auto suficiente na sua produção. Isso, de acordo com ele, obriga o governo a importar aproximadamente 5 milhões 450 mil toneladas de trigo. A produção a nível de Brasil está estimada em 6 milhões de toneladas e o Paraná que é o maior produtor deve colher apenas 3 milhões de toneladas de trigo. "Isso vai obrigar o país a importar mais trigo para suprir a demanda do mercado interno", enfatiza. O economista adverte que esta conjuntura atual deve se refletir no próximo plantio, inclusive, com perspectiva de redução de plantio de trigo na região de Cornélio Procópio porque os produtores estão cansados de somar prejuízos.

Frutas

A região de Cornélio Procópio tem hoje uma área plantada de pelo menos 6 mil e 500 hectares de frutas, com destaque para a banana que ocupou espaço de 2 mil 839 hectares na safra de 2006, seguido da uva com mil e 48 hectares, abacate 346 hectares, laranja 191 hectares, pêssego 106 hectares e goiaba 36 hectares. A afirmação é do economista do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), Santo Pulcinelli Filho. Ele acredita, inclusive, em aumento na área plantada de frutas, uma vez que muitos produtores estão aderindo à fruticultura nos 23 municípios da região de Cornélio Procópio.

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