terça-feira, 1 de setembro de 2009

Rio Tibagi será desviado para início da segunda etapa das obras da Usina de Mauá

JORNAL DE LONDRINA, 1 de setembro de 2009


Esse procedimento temporário é necessário para que ocorra a limpeza, escavação e regularização do trecho do leito do rio onde será erguida a barragem



Após a abertura dos túneis de desvio, parte das águas do Tibagi continuará correndo pelo leito normal e parte irá para os dois ductos escavados em rocha na margem direita (um com 314 metros de extensão e outro com 360). Dentro de alguns meses, toda a água passará pelos túneis de desvio. De acordo com a AEN, esse procedimento temporário é necessário para que ocorra a limpeza, escavação e regularização do trecho do leito do rio onde será erguida a barragem.

Essa estrutura terá 725 metros de comprimento na crista e 85 metros de altura máxima e nela serão empregados cerca de 630 mil metros cúbicos de concreto compactado com rolo, volume suficiente para construir dez estádios como o Maracanã. Já o barramento ficará na região do Salto Mauá e vai permitir a formação de um reservatório com quase 80 quilômetros de extensão e 84 quilômetros quadrados de superfície. No fim de 2010, os túneis de desvio serão fechados por comportas para que ocorra o enchimento do reservatório.

O evento de terça-feira (1º) contará com a presença do governador Roberto Requião (PMDB).


Primeira etapa fica pronta, sob protestos de ambientalistas
SIMONI SARIS, Jornal de Londrina, 1 de setembro de 2009

Construção foi ignorada nas discussões do Comitê da Bacia do Rio Tibagi, que aprovou o diagnóstico da bacia sem considerar o empreendimento


O governador Roberto Requião (PMDB) participa hoje, em Telêmaco Borba, do evento no qual será realizado o desvio temporário do Rio Tibagi, marco da conclusão da primeira etapa da instalação da Usina Hidrelétrica de Mauá. O desvio possibilitará o início das obras de adequação do leito para construção da barragem e formação do reservatório da usina, no final de 2010.

Desde o início das discussões acerca da construção da usina, a obra é alvo de ataques de ambientalistas porque, segundo eles, deverá alagar 5,5% de uma área de alta biodiversidade. Apesar do risco ao meio ambiente, a usina foi ignorada nas discussões do Comitê da Bacia do Rio Tibagi, que há cerca de duas semanas aprovou o diagnóstico da bacia sem considerar o empreendimento. O diagnóstico é a primeira das três etapas a serem cumpridas antes de ser concluído o Plano de Bacia do Rio Tibagi. Ambientalistas questionam a qualidade do trabalho aprovado.

“Faltou esmero. Na questão da flora, por exemplo, eles pegaram um levantamento do início do século passado. Não teve trabalho de campo e não tocaram no assunto das hidrelétricas”, disse o presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Consemma), Fernando Barros. Ele também chamou o comitê de “chapa branca” por não ser um órgão de controle social. “O comitê é formado pela Copel, Sanepar e Sudhersa.”

A ONG Meio Ambiente Equilibrado (MAE) acusa o comitê de “omissão” ao não considerar a construção da Usina Hidrelétrica de Mauá e por descrever as relações com o rio de apenas 13 municípios quando há 42 cidades na área de abrangência da Bacia do Tibagi. “Londrina é o maior município da bacia e o plano é importante porque vai definir os valores cobrados pelo uso da água e os recursos que serão enviados ao município. O diagnóstico não aponta nada, não sei para que serve”, cobrou a membro da ONG MAE, Laila Menechino.

Comedido, o secretário municipal do Ambiente, Carlos Levy, disse ter participado pela primeira vez de uma reunião do comitê e, por isso, não se sente à vontade para criticar o trabalho já feito. Mas externou sua preocupação com o fato de o diagnóstico não ter analisado o uso da água do Tibagi no abastecimento humano. “Existem fatos graves não considerados, como por exemplo, eventos críticos como a paralisação do abastecimento por causa da proliferação de algas tóxicas [ocorrido em 2006 na Estação de Captação da Sanepar de Londrina]”, destacou Levy.

Gerente metropolitano da Sanepar de Londrina e presidente do comitê, Sérgio Bahls não quis comentar os questionamentos dos ambientalistas, mas disse que vai levar as questões para análise da Câmara Técnica. Ele discordou que o comitê seja formado apenas por órgãos oficiais. “Há 40 membros representando a sociedade. O comitê não é da Sanepar, da Sudhersa e da Copel. É de toda a sociedade.” Sobre o diagnóstico, ele afirmou apenas que a aprovação foi feita por unanimidade.

Plano norteará melhorias
O Plano de Bacia do Rio Tibagi, que irá nortear as melhorias daquela região, deve ficar pronto no primeiro semestre de 2010. O diagnóstico aprovado há cerca de duas semanas é a primeira das três etapas a serem cumpridas antes das audiências públicas que antecedem a conclusão dos trabalhos. A segunda fase irá contemplar o cenário da bacia para os próximos cinco, dez e 15 anos e, por último, a consolidação do trabalho. As duas próximas etapas serão feitas de forma terceirizada com recursos da Agência Nacional das Águas (ANA), que ainda fará a licitação para contratação da empresa responsável pelo trabalho. “Nossa meta é finalizar o Plano de Bacia em junho de 2010”, afirmou o coordenador da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema) e membro do comitê, José Luiz Scroccaro.

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